27 dezembro 2023

ALCANÇANDO O MUNDO ATÉ QUE CRISTO VOLTE

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 14: MISSÕES E A VOLTA DO SENHOR JESUS).

Ev. WELIANO PIRES


Neste tópico, o comentarista segue a interpretação do texto de Mateus 24.14, aplicando-o à Igreja na presente dispensação. Segundo esta interpretação, o arrebatamento da Igreja só ocorrerá quando a tarefa da evangelização de todo o mundo for concluída.

Na sequência, o comentarista aborda a questão da urgência da evangelização de todo o mundo, partindo também da premissa de que isso está relacionado à vinda de Jesus. Para justificar o seu argumento, ele cita a parábola dos talentos (Mt 25.19-30); a metáfora da colheita antes da ceifa, usada por Jesus (Jo 4.35); a escassez de obreiros para a ceifa (Mt 9.37); e a noiva que precisa de preparar para o encontro com o noivo (Ap 19.6-9).


1. “E este evangelho do Reino será pregado”. O texto de Mateus 24.14, que está no texto áureo desta lição diz o seguinte: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.” Este texto faz parte do chamado Sermão Profético ou Sermão Escalógico, proferido por Jesus aos seus discípulos, pouco tempo antes da sua morte, no Monte das Oliveiras. Este Sermão foi registrado por Mateus, nos capítulos 24 e 25; por Marcos no capítulo 13; e em parte por Lucas, no capítulo 17; João não registrou este Sermão. 

O Sermão Profético é uma resposta a uma tripla pergunta dos discípulos a Jesus, feita após eles lhe mostrarem a estrutura do templo admirados com a construção. Jesus lhes disse que o templo seria completamente destruído e não ficaria ali pedra sobre pedra  que não fosse derrubada (Mt 24.2). A pergunta dos discípulos foi feita em cima desta afirmação de Jesus e continha três partes: Quando aconteceria a destruição do templo? Quais seriam os sinais da sua vinda? e quais seriam os sinais do fim do mundo? 

Respondendo a estas perguntas, Jesus proferiu o Sermão profético, que trata sobre várias questões escatológicas, como a destruição de Jerusalém em 70 d.C, o princípio de dores, a vinda de Jesus, a grande tribulação, o juízo final e a eternidade. A profecia de Jesus referente à destruição do templo se cumpriu literalmente, no ano 70 d.C., quando o exército romano, sob o comando do general Tito invadiu Jerusalém, destruiu a cidade e o templo. Os judeus fugiram e os que conseguiram escapar da morte, tiveram que abandonar a sua terra. 

As respostas para as outras duas perguntas estão descritas ao longo de todo o sermão profético. Entretanto, elas não estão em ordem cronológica e um versículo não é necessariamente a continuidade do outro. Muitos equívocos na interpretação deste sermão ocorrem devido à confusão que muitas pessoas fazem dos seguintes eventos escatológicos: a destruição de Jerusalém, o arrebatamento da Igreja, a vinda do Filho do homem, a Grande Tribulação, o Dia do Senhor e o fim do mundo. Todos estes eventos são escatológicos e fazem parte dos últimos acontecimentos da história da humanidade. Entretanto, eles são completamente diferentes. 

Por desconhecerem essas diferenças, eu já ouvi pregadores dizerem que nós devemos orar para que a vinda de Jesus não aconteça no inverno ou em dias de sábado, usando o texto de Mateus 24.20. Este texto diz: “Orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno ou no sábado”. Aqui Jesus não estava falando da sua vinda e sim da fuga dos judeus, na destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. e também na Grande Tribulação. 

Usam também o texto de Mateus 24.22, que diz: “E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos, serão abreviados aqueles dias”, para dizer que “o tempo hoje está passando muito rápido, pois Deus abreviou os nossos dias”. Primeiro, os nossos dias continuam sendo de 24 horas e não estão passando mais rápido. O que ocorre é que nos tempos pós modernos, nós corremos muito e não percebemos o tempo passar como antigamente. Segundo, o texto está se referindo ao período da Grande Tribulação, como está no versículo 21, que fala de uma “grande aflição que nunca houve antes e não haverá depois”. São estes os dias que foram abreviados, não no sentido de passarem mais rápido, mas de serem reduzidos a quantidade. 

A destruição de Jerusalém e a fuga dos judeus da sua terra já se cumpriu. O princípio de dores abrange todo o período que vai desde a ascensão de Jesus até o arrebatamento da Igreja. Todos os sinais mencionados por Jesus, como os terremotos, fomes, pestes, guerra, rumores de guerra, perseguição e ódio aos cristãos, aparecimento de falsos mestre e falsos cristos estão acontecendo desde o início da Igreja e são indicadores de que o fim está próximo e se intensifica na Grande Tribulação. Jesus usou como exemplo, as contrações de uma mulher em um parto normal. Quando está próximo do momento da criança nascer, aparecem as primeiras dores e vão se intensificando até o momento final. 

A vinda de Jesus terá duas fases distintas: o arrebatamento, que será num abrir e fechar de olhos, quando a Igreja será levada a encontrar o Senhor nos ares (1 Co 15.52; 1 Ts 4.16,17); e a manifestação de Jesus em glória, quando Ele virá no final da Grande Tribulação com a Igreja, vencerá o Anticristo e implantará o seu Reino Milenial (Zc 14.4; Mt 24.30). 

Numa leitura cuidadosa destes textos bíblicos, é possível compreender que se trata de dois eventos diferentes. Tanto o texto de Mateus 24.30, como o texto de Zacarias 14.4, mostram que o Senhor aparecerá no Céu, visível a todas as tribos da terra. O profeta Zacarias diz que Ele pisará sobre o Monte das Oliveiras e o monte se dividirá no meio. Já o texto de 1 Coríntios 15.52 e Tessalonicenses 4.16,17 mostram que o Senhor virá rapidamente e a Igreja subirá ao seu encontro nos ares. Paulo usa a palavra grega "átomos" trazida por "num momento". Esta palavra significa a menor fração de tempo ou um milésimo de segundo. Seria impossível todas as tribos da terra, que não estão esperando o Senhor, vê-lo em tão pouco tempo e ainda se lamentarem sobre Ele.

Entre o arrebatamento da Igreja e a manifestação de Jesus em glória, haverá na terra a Grande Tribulação, com o governo do Anticristo, o aparecimento do Falso Profeta, com terríveis destruições e manifestações satânicas. Por outro lado, no Céu acontecerá as Bodas do Cordeiro e o Tribunal de Cristo, onde os salvos receberão recompensa pelo seu trabalho na obra do Senhor. 

No final da Grande Tribulação, Jesus descerá com a Igreja para socorrer Israel que estará cercado pelo Anticristo e seus aliados. Após vencer o Anticristo e os seus exércitos, Jesus lançará o Anticristo e o Falso Profeta do Lago de Fogo e prenderá Satanás por mil anos. Começará então o Reino Milenial de Cristo, que durará mil anos. No final dos mil anos, o diabo será solto e arregimentará uma grande multidão em revolta contra Cristo e serão mais uma vez derrotados. 

Nesse momento, então, o diabo será lançado no Lago de Fogo, onde já estarão o Anticristo e o Falso Profeta. A partir daí, começará o Juízo Final e todos aqueles, cujos nomes não estiverem no Livro da Vida, serão também lançados no Lago de Fogo. Somente aqui, será o fim do mundo. O dia do Senhor também não é a vinda de Jesus, é o seu julgamento contra as nações e também contra Israel. Portanto, conforme demonstrado acima, a vinda de Jesus não é o fim do mundo. 


2. A urgência da tarefa. Aqui o comentarista fala da urgência da evangelização por causa da volta de Jesus. Que é urgente a necessidade de pregar o Evangelho em todo o mundo, todo cristão verdadeiro, que conhece as Escrituras, concorda. Mas esta urgência não é porque Jesus só virá quando todo o mundo for evangelizado, conforme foi explicado no subtópico anterior. 

A Igreja precisa urgente se voltar para a evangelização, mas por outras razões. Primeiro, porque é uma ordem expressa do Senhor Jesus e não podemos desobedecê-la, conforme já vimos em lições anteriores (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; At 1.8). Segundo, porque se não pregarmos o Evangelho, as pessoas não conhecerão a Cristo e, consequentemente, estarão eternamente perdidas. 

Conforme vimos na lição passada, haverá julgamento de Deus, para os que negligenciarem esta missão. Falando ao profeta Ezequiel, Deus lhe disse que, se ele não cumprisse a ordem de alertar o ímpio, este morreria em seus pecados, mas Deus iria requerer dele o seu sangue (Ez 3.18). Da mesma forma que Deus enviou os profetas para convocar o povo de Israel ao arrependimento, Jesus também enviou a Sua Igreja a para anunciar o Evangelho aos perdidos. A Igreja, portanto, não pode deixar de cumprir esta missão. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 133-153

Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.398


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