(Comentário do 3º tópico da Lição 12: O modelo de missões da Igreja de Antioquia).
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, do início das missões cristãs a partir de Antioquia, trazendo o relato da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé, tendo João Marcos como cooperador. Depois, falaremos do roteiro e das principais atividades na primeira viagem missionária. Por último, falaremos das prestações de contas de Paulo e sua equipe à Igreja de Antioquia que os enviou.
1- O início das missões cristãs. Depois que o Espírito Santo ordenou à Igreja de Antioquia que separasse Barnabé e Saulo para a obra que Ele havia chamado, a Igreja se reuniu novamente em jejum e oração. A liderança da Igreja impôs as mãos sobre eles e os despediu para irem ao campo missionário (At 13.3).
O ato de impor as mãos não indica “transferência de unção”, como alguns ensinam. Significa que a Igreja reconhece o chamado de Deus e confere autoridade para o obreiro fazer a obra, para a qual Deus o chamou. Impor as mãos na ordenação de obreiros é um reconhecimento público por parte da Igreja, assim como o batismo em águas é uma confissão pública de que a pessoa nasceu de novo.
Quando Barnabé foi enviado a Antioquia pela Igreja de Jerusalém no início da evangelização, ele partiu para Tarso para buscar Saulo e ambos ficaram um ano em Antioquia, ensinando a Palavra de Deus (At 11.25), conforme já vimos no primeiro tópico. Neste período, alguns profetas foram de Jerusalém a Antioquia. Um deles, chamado Ágabo, foi usado por Deus para profetizar que viria uma grande fome em todo o mundo (At 11.27,28). A Igreja de Antioquia, então enviou uma ajuda aos necessitados da Judéia por meio de Barnabé e Saulo.
Na volta de Jerusalém, Barnabé e Saulo trouxeram consigo João Marcos, que era primo de Barnabé (At 12.25). Após o chamado do Espírito Santo, eles partiram em sua primeira viagem missionária e levaram João Marcos, como um cooperador da equipe (At 13.5). Esta primeira viagem missionária aconteceu entre os anos 46 e 48 d.C. Veremos a seguir o roteiro e as atividades desta viagem.
2- Roteiro da viagem e atividades missionárias. Barnabé, Saulo e João Marcos partiram de Selêucia, porto marítimo de Antioquia, rumo à província romana de Chipre, que era a terra natal de Barnabé (At 13.4,5). Desembarcaram na cidade de Salamina, em Chipre, onde havia uma população considerável de Judeus e anunciaram a Palavra de Deus nas sinagogas judaicas. O fato de haver mais de uma sinagoga indica que a comunidade judaica ali era grande.
Partindo de Salamina, atravessaram toda a Ilha de Chipre e chegaram à cidade de Pafos, que na época era a capital de Chipre. Ali, encontraram um falso profeta judeu, feiticeiro, chamado Barjesus, também chamado de Elimas, o qual estava em companhia do procônsul romano Sérgio Paulo, que era o procônsul de Chipre durante o governo do imperador Cláudio.
Sérgio Paulo era um homem prudente e chamou os missionários para lhe explicarem melhor o Evangelho. Porém, este feiticeiro procurava tirar-lhe a atenção. Diante disso, Saulo o repreendeu e ele ficou cego imediatamente (At 13.8-11). O procônsul ficou maravilhado com o ocorrido e creu na doutrina do Senhor. A partir deste episódio, Lucas passa a mencionar o nome de Paulo e não mais Saulo.
A equipe missionária partiu de Pafos em direção a Perge, na província da Panfília, que fica no litoral sul da Ásia Menor. Ali, João Marcos abandonou a missão e voltou para Jerusalém. O texto bíblico não relata nenhuma atividade dos missionários em Perge, nem tampouco a razão pela qual João Marcos resolveu voltar.
A próxima parada de Paulo e Barnabé, após o retorno de Marcos, foi na cidade de Antioquia da Pisídia, que ficava na Ásia Menor, no território que hoje pertence à Turquia. Ali havia uma grande comunidade judaica e uma base militar romana. Chegando à sinagoga foi dada a oportunidade a Paulo e Barnabé trouxessem uma palavra de consolação ao povo. Paulo fez um longo discurso, discorrendo sobre a história de Israel desde a saída do Egito até Cristo.
Um grande número de judeus nativos e prosélitos, ouvindo este discurso, creram e seguiram a Paulo e Barnabé. No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a pregação de Paulo novamente. Entretanto, um grupo de judeus, movidos pela inveja, contestava o que Paulo dizia, incitava o povo contra os missionários e os expulsaram da cidade. Diante disso, Paulo e Barnabé sacudiram o pó dos seus pés e partiram para Icônio.
A cidade de Icônio fazia parte da Frígia. Depois, passou a fazer parte da Licaônia e da Galácia. Hoje corresponde à cidade de Konya na Turquia. À semelhança de Antioquia da Pisídia, em Icônio também havia muitos judeus que ouviram a pregação de Paulo e creram. Mas os adversários também incitaram a população contra os missionários e eles, sob apedrejamento, fugiram para as cidades de Listra e Derbe, também na Licaônia.
Em Listra, Paulo começou a pregar e viu um homem coxo de nascença. Paulo olhou para o coxo e, vendo a fé dele, exclamou:
– Levanta-te, direito sobre os teus pés!
Imediatamente, o homem deu um salto e andou.
A multidão perplexa com o que acabara de ver, exclamou em voz alta, dizendo que “os deuses haviam se tornado humanos e descido até eles”. Então, passaram a chamar Paulo e Barnabé, respectivamente, de Mercúrio e Júpiter, deuses gregos. O sacerdote de Júpiter trouxe animais e queria oferecer sacrifícios. Paulo e Barnabé rasgaram as suas vestes e protestaram para que a multidão não fizesse aquilo.
Enquanto Paulo discursava para a multidão, os judeus de Icônio os cercaram e os apedrejaram. Em seguida, arrastaram-nos para fora da cidade, pensando que estivessem mortos. Depois que os algozes os deixaram, os discípulos os cercaram, eles se levantaram e retornaram para Derbe, passaram pelas cidades que haviam evangelizado na viagem e, finalmente, voltaram para a Igreja de origem, em Antioquia da Síria.
3- Prestando contas. De volta a Antioquia da Síria, Paulo e Barnabé relataram à Igreja que os enviara, tudo o que o Senhor havia feito por meio deles entre os gentios. Muitas almas foram salvas, sinais e maravilhas aconteceram e muitas Igrejas foram plantadas. Mesmo sofrendo grandes perseguições, os servos do Senhor chegaram à sua base missionária, regozijantes e com a sensação de dever cumprido.
O comentarista nos apresenta aqui, três lições importantes que aprendemos com o modelo missionário de Antioquia:
a. Não existe fundamento bíblico para se fazer missões independentes, sem estar vinculado a uma Igreja, prestando contas apenas a Deus;
b. Perseguições e obstáculos fazem parte da obra missionária, mas há também grandes resultados como salvação de almas e milagres que glorificam ao Senhor;
c. Quem leva a preciosa semente, andando e chorando, certamente colherá os seus frutos (126.6). Não precisamos modificar a mensagem para alcançar resultados. A nossa preocupação deve ser fazer a obra com fidelidade ao Senhor e os resultados virão.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 119-133.
Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 1962, 1965.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol. 1, CPAD, p. 680.
CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2021
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