(Comentário do 1º tópico da Lição 11: Missões e a Igreja perseguida).
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, veremos que, inicialmente, a Igreja foi perseguida apenas pelos judeus e depois pelo Império Romano. O primeiro mártir desta perseguição judaica foi o diácono Estevão. Após a execução dele por apedrejamento, a perseguição se intensificou e a Igreja foi obrigada a se dispersar. Veremos ainda neste tópico que a perseguição continua sendo uma triste realidade para os cristãos atuais.
1. A perseguição contra Estêvão, o primeiro mártir. Estevão aparece pela primeira vez na Bíblia na ocasião da escolha dos sete diáconos, no capítulo 6 do livro de Atos dos Apóstolos. Houve uma espécie de discriminação entre os cristãos que cuidavam da assistência social às viúvas, dando preferência às viúvas dos judeus da Palestina. Os cristãos de fala grega foram reclamar disso com os apóstolos.
Os apóstolos, então, se reuniram e disseram que não seria correto eles deixarem a exposição bíblica e a oração para cuidar da assistência social. Resolveram, então, que a Igreja escolhesse sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para executarem este trabalho. Um destes sete homens era Estêvão, um homem cheio do Espírito Santo e de fé, que pregava ousadamente a Palavra de Deus e fazia muitos milagres entre o povo.
Não temos maiores informações sobre a pessoa e a origem de Estêvão. O seu nome em grego é "Stéphanos" e significa “coroa”. Estevão falava fluentemente o grego e era um judeu dos chamados "helenistas", ou seja, judeus que viviam fora da terra de Israel e falavam grego. Nada sabemos também sobre a sua conversão ao Cristianismo. Há uma tradição antiga que diz que ele fez parte dos setenta discípulos enviados por Jesus, mas não temos nenhuma comprovação disso.
Estevão era um fervoroso pregador do Evangelho, defensor da Doutrina Cristã e cheio do Espírito Santo. Por causa da sua pregação, ele foi conduzido ao Sumo sacerdote para ser interrogado. Os rabinos da chamada Sinagoga dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, resolveram debater com Estêvão os assuntos da Lei. O jovem Saulo, que era um fariseu, natural de Tarso da Cilícia, estava entre eles. Estes mestres da Lei não conseguiram resistir à sabedoria com que Estêvão falava. Irritados, resolveram subornar alguns homens para o acusarem falsamente de blasfêmia perante o sumo sacerdote.
Estevão não se deixou intimidar pelas ameaças e direcionou a sua pregação contra as autoridades religiosas de Israel (At 7.2-50). Na sequência, Estêvão mudou o foco da sua pregação e passou a denunciar a idolatria e apostasia de Israel, ao longo da sua história e confrontou os membros do Sinédrio, acusando-os de serem rebeldes como os seus pais e assassinos de Jesus, da mesma forma que os seus pais também perseguiram e mataram os profetas (At 7.51-53).
Os opositores não tinham como contestá-lo honestamente. A sua vida era irrepreensível, pois ele era um homem de Deus, que tinha boa reputação e bom testemunho de todos. O seu discurso também era irrefutável, do ponto de vista teológico, pois Estevão era um hábil expositor das Escrituras e falava com a sabedoria que o Espírito Santo lhe concedia. Os sinais e prodígios que ele realizava publicamente entre o povo, no poder do Espírito Santo, também eram inegáveis. Este servo de Deus venceu os debates através do conhecimento bíblico que possuía e, principalmente, pela sabedoria irresistível do Espírito Santo.
Diante do Sinédrio, Estêvão proferiu um longo discurso sobre as Escrituras, desde Abraão até Cristo, acusando-os de serem traidores e assassinos de Jesus. Enfurecidos, eles rangiam os dentes contra Estêvão. Entretanto, ele olhou para o Céu e disse que via os céus abertos e Jesus, em pé à direita de Deus. Tomados pelo ódio, aqueles homens tiraram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até à morte. Em sua morte, Estêvão imitou o seu Mestre, intercedeu pelos seus algozes e entregou o seu espírito a Deus (At 7.60). Estêvão foi o primeiro cristão a ser assassinado covardemente, por causa da sua fé em Cristo.
2. A igreja foi dispersada. Depois da execução de Estêvão, uma grande perseguição se levantou contra a Igreja de Jerusalém e os discípulos, com exceção dos apóstolos, tiveram que sair de Jerusalém, para não serem mortos (At 8.1). Saulo de Tarso, um dos principais algozes que participaram da morte de Estêvão, empreendeu uma ferrenha perseguição aos cristãos.
Esta perseguição liderada por Saulo se tornou obsessiva, contínua e violenta. Saulo não respeitava a dignidade humana e invadia as casas, arrastava homens e mulheres pelas ruas, para conduzi-los à prisão (At 8.3). Os cristãos não haviam cometido crime algum e apenas expressavam, de forma pacífica, a sua fé. Mas, eram levados com violência à prisão, sem nenhum direito à defesa.
Os cristãos fugiram de Jerusalém para outras cidades deixando as suas casas, famílias e trabalho. Mesmo assim, a perseguição se espalhou para além de Jerusalém. Saulo conseguiu autorização para ir a Damasco em busca de cristãos, para os conduzir a Jerusalém. Os métodos de perseguição usados por Saulo eram cruéis. Ele torturava os cristãos física e psicologicamente, com o objetivo de forçá-los a blasfemar e negarem a sua fé. Em seu próprio testemunho, posterior à sua conversão, ele confessa com tristeza, as atrocidades praticadas contra os cristãos (At 26.10.11).
O que Saulo e os demais perseguidores da Igreja não sabiam é que, na verdade, estavam contribuindo para o crescimento da Igreja, pois, com a perseguição, os cristãos se espalharam e pregavam o Evangelho onde chegavam. Filipe, por exemplo, fugiu para Samaria e ganhou muitas almas para Cristo.
No meio dessa caçada aos cristãos, o próprio Saulo teve um encontro com o Senhor Jesus no caminho de Damasco e se converteu ao Evangelho. A partir daí, passou a pregar o Evangelho e disputar com os Judeus em Damasco, provando nas Escrituras que Jesus era o Messias prometido a Israel. Com isso, ele passou a ser perseguido também. Os judeus formaram conselhos para o matarem e ele teve que fugir de Damasco (At 9.19-25). Chegando em Jerusalém, os próprios discípulos não acreditaram em sua conversão. Foi preciso Barnabé se aproximar dele, ouvi-lo e convencer a Igreja a recebê-lo (At 19.26-28).
Inicialmente, os cristãos dispersos pregavam o Evangelho apenas aos judeus que viviam fora de Israel (At 11.19). Mas, alguns cristãos de Chipre e Cirene anunciaram o Evangelho aos gentios em Antioquia da Síria e houve muitas conversões ali. Depois destas conversões, a Igreja de Jerusalém enviou Barnabé para lá, a fim de ensinar-lhes a Palavra de Deus aos novos crentes. Barnabé levou Saulo consigo para o ajudar neste trabalho e passaram um ano inteiro ali, ensinando a Palavra de Deus àquele povo (At 11.22-28). Esta Igreja se tornou a primeira Igreja missionária, como veremos na próxima lição.
3. A perseguição cristã é uma realidade. Hoje prejudicá-lo, ou eliminá-lo, usando os mais variados meios, sejam eles violentos ou não. No livro de apoio, o comentarista escreveu a seguinte definição para perseguição:
“A palavra perseguição vem do latim per, “através”, e sequi, “seguir”, que dá a ideia de algo que nos segue opressivamente, correndo atrás de nós, alguma severa ou sistemática opressão. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com intenção de prejudicá-la ou matá-la. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com intenção de prejudicá-la ou matá-la. A perseguição geralmente é uma tentativa constante e, por muitas vezes, sistemática, para eliminar ou prejudicar o indivíduo perseguido. Pode empregar ou não meios violentos. A perseguição pode ser mental. Pode envolver o ostracismo social.”
Ao longo da história da Igreja, vários sistemas políticos e religiosos se levantaram contra a Igreja do Senhor para tentar detê-la. Primeiro foram os judeus. Depois, vieram os romanos, os papas, o iluminismo, os comunistas, os muçulmanos, os católicos, etc. As perseguições iniciais eram violentas, porque aqueles povos eram violentos, da mesma forma que acontece hoje em muitos países da África, Oriente Médio e Ásia. Mas há também perseguições disfarçadas através de leis e multas que impedem o funcionamento da Igreja.
Os missionários pentecostais quando chegaram ao Brasil, em 1910 e nos anos subsequentes, também foram bastante perseguidos. Naquela época, o Catolicismo Romano era a religião oficial e perseguia de várias formas, as demais religiões. Os padres falavam para as pessoas não alugarem casa aos protestantes, não negociarem com eles e não podiam sequer usar os cemitérios para sepultar protestantes.
Havia muitas zombarias e afrontas aos protestantes. Perturbavam os cultos e jogavam pedras nos templos. Maridos proibiam as esposas de serem crentes, agredindo-as física e psicologicamente. Os patrões não queriam contratar crentes, ou ameaçavam demiti-los após a conversão ao Evangelho. Muitos jovens também foram agredidos e expulsos de casa pelos pais, por causa da fé evangélica.
Atualmente, esta não é mais a realidade do Brasil, pois a nossa Constituição garante a liberdade religiosa. A perseguição hoje no Brasil ocorre de forma disfarçada e através de leis que prejudicam a Igreja. Esta, no entanto, não é a realidade de outros países. Segundo o Portal Missões Portas Abertas, há vários tipos de perseguição atualmente no mundo: Nacionalismo religioso, perseguição comunista e pós comunista; hostilidade etno-religiosa, protecionismo denominacional, intolerância secular, perseguição islâmica; perseguição dos familiares dos cristãos; perseguição de ditadores; perseguição de corruptos e do crime organizado; etc. Muitos destes grupos são extremamente violentos: sequestram, torturam, e abusam sexualmente de cristãos.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 108-120.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, Ed. 95, p. 41.
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Estevão, O primeiro apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.
CABRAL, Elienai. O apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPA. 1ª Edição 2021.
ROTA DA PERSEGUIÇÃO: Uma jornada pelos dez países onde os cristãos são mais perseguidos. Publicação do Portal Missões Portas Abertas. Disponível em missao.portasabertas.org.br/rota-da-perseguicao
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