Comentário do 1º tópico da Lição 12: O modelo de missões da Igreja de Antioquia)
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, falaremos da natureza e das características da Igreja de Antioquia. Inicialmente, veremos as informações da cidade de Antioquia da Síria. Depois, falaremos da Igreja de Antioquia, desde o seu nascimento, até se tornar uma base missionária de Paulo e Barnabé. Por último, veremos que esta Igreja não foi fundada pelos apóstolos e anciãos de Jerusalém e sim, por cristãos leigos, com pouca instrução sobre as doutrinas cristãs.
1- Antioquia da Síria. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria.
A cidade de Antioquia, mencionada aqui, que se tornou a base missionária de Barnabé e Saulo, é a Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era a capital da província romana da Síria e uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Ficava atrás apenas de Roma, que era a capital do Império, e de Alexandria, que era o maior centro cultural do mundo da época. Bem estruturada e com belas construções, Antioquia da Síria ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "Rainha do Oriente”.
Antioquia da Síria era uma cidade cosmopolita, ou seja, havia pessoas ali de várias partes do mundo e de várias culturas. Por isso, a cidade foi usada estrategicamente por Deus, para ser a base missionária, de onde saíram os missionários transculturais, que levariam o Evangelho por todo o Império Romano.
2- A igreja em Antioquia. O Evangelho chegou a Antioquia na ocasião da grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém, que se deu após a morte de Estêvão. Os cristãos foram dispersos por vários lugares e anunciavam o Evangelho por onde passavam. Filipe seguiu para Samaria e muitas pessoas se converteram ali.
Alguns destes cristãos dispersos passaram pela Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Inicialmente, eles anunciavam o Evangelho, somente aos judeus (At 11.19-21). Mas alguns homens chíprios e de Cirene, anunciaram o Evangelho também aos gentios (At 11.20). A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia.
A notícia de que muitas conversões haviam acontecido em Antioquia da Síria chegou à Igreja de Jerusalém. Os apóstolos, então, enviaram Barnabé, que era natural de Chipre, para lá. Chegando a Antioquia, Barnabé viu o crescimento do Evangelho na cidade e exortou os novos convertidos para que permanecessem na fé.
Vendo a necessidade do ensino bíblico para aqueles novos crentes, Barnabé partiu para Tarso, em busca de Saulo. Durante um ano, Barnabé e Saulo ensinaram a palavra de Deus nesta Igreja. Este discipulado e ensino bíblico promovidos por Barnabé e Saulo fizeram da Igreja de Antioquia uma Igreja fervorosa e bem estruturada.
Esta Igreja tinha o hábito de orar e jejuar e possuía em seu corpo de obreiros, ensinadores de excelência, como Barnabé e Saulo. A Igreja fazia missões locais em seu próprio reduto e muitas pessoas se converteram lá. Havia também o discipulado e o ensino da Palavra de Deus, que desenvolveu a espiritualidade da Igreja e formou bons obreiros.
3- Uma obra de leigos. A grande cidade de Antioquia da Síria foi evangelizada inicialmente por cristãos que não eram obreiros, de origem gentílica. Estes cristãos certamente tinham pouca instrução da doutrina cristã. Não eram pregadores eloquentes e preparados teologicamente como Estevão, Filipe, Paulo, Apolo e outros. Mas “a Mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram a Cristo”.
A Igreja de Antioquia, portanto, foi fundada por cristãos gentios anônimos, que não foram enviados pela Igreja de Jerusalém. É importante lembrar que os crentes de Jerusalém, em sua maioria judeus, tinham dificuldades de entender a universalidade do Evangelho.
Eles pregavam o Evangelho apenas aos judeus e não cumpriram a ordem do Senhor Jesus de ir aos confins da terra e pregar o Evangelho a toda criatura. Foi necessário o Senhor permitir que viesse uma grande perseguição, para que eles saíssem. Mesmo após a dispersão, eles pregavam em outros lugares apenas aos judeus. Entretanto, o Espírito Santo levantou estes cristãos leigos para pregar o Evangelho aos gentios. Em muitos lugares do Brasil, a Assembléia de Deus começou desta forma. Homens e mulheres simples, com pouquíssimos recursos e pouca instrução, iniciavam um ponto de pregação em suas próprias casas. Buscavam a Deus em oração e testificavam do que Deus havia feito em suas vidas. Milagres aconteciam e as pessoas iam se convertendo. Em pouco tempo, era preciso alugar um salão e era empossado um diácono ou presbítero para dirigir o trabalho.
A Igreja pode até começar com leigos, falando de Jesus aos que não o conhecem. Entretanto, é indispensável que, após a conversão, seja iniciado o processo de discipulado e ensino da Palavra de Deus, para que os novos crentes conheçam de fato o Evangelho. Sem este trabalho de educação cristã, as pessoas não permanecem na fé e podem se tornar presas fáceis dos falsos mestres.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 119-133.
Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 1962, 1965.
CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2021
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
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