07 julho 2023

A NORMALIZAÇÃO DO PECADO

(Comentário do 3º tópico da Lição 02: A deturpação da Doutrina bíblica do pecado)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, f falaremos da normalização do pecado nos tempos atuais. O espírito da Babilônia tenta apresentá-lo algo normal e inofensivo. As principais consequências disso são: crise ética na sociedade; imoralidade sexual generalizada; e a dessacralização da vida. A sociedade atual está mergulhada em uma crise ética e moral, semelhante às cidades de Sodoma e Gomorra e aos povos cananeus que o Senhor expulsou da terra que Ele deu a Israel. Algumas práticas, que até pouco tempo eram repudiadas e consideradas vergonhosas, hoje são defendidas publicamente e até incentivadas. Em lições posteriores, abordaremos com mais profundidade estas questões.


1- Crise ética e moral. O conceito de ética surgiu na Grécia antiga, no século a.C. Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14-15). A palavra ética vem do grego “ethos”, que significa costumes ou hábitos. Já a palavra moral tem origem no latim “mos”, que significa “normas” ou “regras”. Sendo assim, a ética se refere aos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral, por sua vez, é a prática dessa conduta ética. Não são a mesma coisa, porém, estão relacionadas. Em termos práticos, a ética seria a teoria e a moral a prática. Por exemplo, a ética de um certo grupo diz que ele deve ser verdadeiro. A moral seria os membros deste grupo não mentirem. 


Os princípios e práticas do que é certo e errado no Cristianismo estão fundamentados nas Escrituras Sagradas, que é o padrão de Deus. Este padrão permanece inalterado (Mt 24.35) e os seus princípios não podem jamais ser relativizados, revogados ou adaptados aos interesses humanos, pois, o que norteia o padrão de conduta do cristão é a Palavra de Deus. Nenhuma Igreja, convenção, ou qualquer organização humana tem autoridade para estabelecer novas doutrinas, além daquilo que já foi estabelecido nas Escrituras (Gl 1.9). 


Devido ao afastamento de Deus e dos princípios da Sua Palavra, a sociedade pós-moderna adotou o relativismo e o politicamente correto. Segundo este modelo não existe verdade ou padrão absoluto, tudo é relativo. Este relativismo levou a sociedade atual a uma crise ética e moral sem precedentes. Várias práticas que antigamente eram consideradas imorais, vergonhosas, antiéticas e até criminosas, hoje são legalizadas e incentivadas.


2- Imoralidade sexual. Quando Deus criou o primeiro casal, uniu-os dizendo: “Portanto deixará o homem, o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e serão dois numa só carne.” (Gn 2.24). Isso nos ensina que a sexualidade criada por Deus deve ser heterossexual, monogâmica e dentro do casamento. Portanto, sexo antes do casamento (entre solteiros), ex-conjugal (adultério), polígamo, homossexual (entre pessoas do mesmo sexo), bestial (com animais), pornografia e outras abominações que é vergonhoso até citar, contrariam a vontade de Deus.


A sociedade pós-moderna, no entanto, rejeita a idéia da pureza sexual e diz que isso é um modelo opressor. Com o advento da chamada “revolução sexual” e a cultura da contestação do Cristianismo e seus valores, a sociedade ocidental aos poucos foi se afastando deste padrão judaico-cristão e mergulhando na promiscuidade e perversão sexual. As telenovelas passaram a exibir comportamentos que até então, eram tidos como imorais, como o uso de anticoncepcionais, o divórcio, a infidelidade conjugal, o sexo entre solteiros, o aborto, a prática homossexual, etc. 


Outro fator que contribuiu para o aumento da imoralidade sexual foi o crescimento da indústria pornográfica, através de fotos, vídeos e contos eróticos, envolvendo práticas sexuais pervertidas e contrárias aos princípios cristãos. A divulgação dessa cultura promíscua, aos poucos foi criando na sociedade ocidental, a ideia de que os valores cristãos são retrógrados, ou tabus a serem quebrados. Até mesmo nas escolas é ensinada essa cultura de liberdade sexual. A ideia de manter-se puro e casar virgem é ridicularizada entre a juventude, a ponto de jovens terem vergonha de confessar que ainda são virgens. 


Na questão da sexualidade humana, há dois extremos que que devem ser rejeitados: o primeiro é a ideia de que o sexo é mau, vergonhoso e deve ser evitado. O segundo é a libertinagem sexual, ou o sexo sem compromisso e sem nenhum princípio. O sexo é algo puro e prazeroso, criado por Deus, não apenas para a procriação como alguns pensam. Deus criou o relacionamento sexual com duplo propósito: a multiplicação da espécie humana e o prazer dentro do casamento. 


3- A dessacralização da vida. A vida humana pertence a Deus e, portanto, é sagrada (Gn 1.27). Deus formou o homem do pó terra e em seguida soprou em suas narinas o fôlego de vida (Gn 2.7). A vida é um dom de Deus. Cabe única e exclusivamente a Ele, decidir o dia de nascer e de morrer. Por isso, somos contra o aborto, o suicídio e a eutanásia. Não podemos aceitar a ideia de que a vida de quem sofre ou dos miseráveis deve ser interrompida. Deus está no controle de tudo e Ele sabe o momento certo de colocar fim em nossa existência terrena. Ana, a mãe de Samuel, disse em seu cântico de agradecimento a Deus, por Ele ter lhe dado o filho que ela havia pedido: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela.” (1 Sm 2.6). 


Deus valoriza tanto a vida, que proibiu terminantemente o assassinato (Ex 20.13) e determinou na Lei mosaica que, aquele que atentasse contra a vida do próximo, deveria ser morto: “E quem matar a alguém certamente morrerá.” (Lv 24.17). O cristão, portanto, defende a sacralidade da vida desde a sua concepção. O corpo humano também deve ser respeitado e protegido, pois pertence a Deus. Paulo disse que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (Ef 4.30). 


A sociedade atual, dominada pelo espírito da Babilônia, despreza a sacralidade da vida. Com isso, defendem o aborto, a eutanásia, o suicídio, a prostituição e todo tipo de agressão e profanação do próprio corpo, com o slogan: “meu corpo, minhas regras”. Há dois equívocos neste slogan: o primeiro é que o corpo não é nosso, é de Deus. Portanto, as regras também são dele. O segundo é que, no caso do aborto, o corpo do bebê não pertence à mãe, pois não é uma extensão do corpo dela. O embrião ou feto está alojado no corpo da mãe, mas não faz parte dela. É um novo ser em formação que está ali e deve ter o direito à vida garantido. Falaremos mais sobre este assunto na lição 5.


REFERÊNCIAS:


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.298

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