25 julho 2023

A CONCEPÇÃO DE CRISTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 05: A dessacralização da vida no ventre materno).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a concepção de Jesus Cristo. Falaremos sobre o episódio do anúncio do nascimento de Jesus, feito pelo Anjo Gabriel a uma virgem de Nazaré, chamada Maria, que estava comprometida com um homem da descendência de Davi, chamado José. Depois falaremos da miraculosa concepção de Jesus, que se deu por Obra e Graça do Espírito Santo, pois Maria, sua mãe, era virgem e não havia se relacionado sexualmente com o seu futuro esposo, José. Por último, falaremos da bênção do nascimento de um ser humano, trazendo como exemplo as gestações miraculosas de Maria e sua prima Isabel, a mãe de João Batista. 

1. O anúncio do nascimento. O nascimento do Salvador foi predito em vários textos do Antigo Testamento, com riqueza de detalhes. Imediatamente após a queda do primeiro casal, no diálogo com a serpente, temos o chamado "Proto Evangelho", que foi o primeiro anúncio do Evangelho, feito pelo próprio Deus: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3.15). Nesta profecia, Cristo é a semente da mulher que ferirá a cabeça da serpente, que é Satanás.

Moisés também assim profetizou ao povo: "O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Dt 18.15). O profeta semelhante a Moisés, nesta profecia, é um anúncio da vinda do Messias para salvar a humanidade. Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, em sua pregação, citou esta profecia de Moisés, referindo-se a Cristo (At 7.37).

O profeta Isaías, conhecido como o profeta messiânico, por ter sido o que mais profetizou a respeito do Messias, profetizou que o Messias nasceria de uma virgem e que Ele seria chamado "Emanuel", palavra hebraica que significa "Deus Conosco": “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel". (Is 7.14). O nascimento virginal é um milagre, pois, isto não acontece por meios naturais.

O cumprimento destas profecias aconteceu nos dias de Herodes, o grande. Maria, uma virgem da cidade de Nazaré, na Galiléia, estava desposada com um jovem, que era da descendência de Davi, chamado José. Estar desposado era uma espécie de noivado, na cultura Judaica da época do nascimento de Jesus, que acontecia cerca de um ano antes do casamento. A partir daí, a mulher era considerada a legítima esposa do homem com quem estava desposada, porém, não havia ainda o relacionamento sexual. Neste período em que José e Maria estavam desposados, Maria recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe deu o anúncio de que daria à luz um filho, o qual deveria chamar-se JESUS, e Ele salvaria o seu povo dos seus pecados.

A moça, evidentemente, se assustou e perguntou ao anjo como poderia acontecer isso, se ela nunca havia se relacionado sexualmente com nenhum homem. O anjo explicou a Maria que a concepção seria feita pelo Espírito Santo. Maria colocou-se à disposição do Senhor e disse: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1.38). José, no entanto, quando soube que a sua noiva estava grávida, sem que ele tivesse se relacionado com ela, resolveu deixá-la secretamente, para não desonrá-la (Mt 1.19). O mesmo anjo apareceu também a José e recomendou que ele não deixasse a sua noiva, pois aquela gravidez era do Espírito Santo: “José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”. (Mt 1.20,21).

2. A miraculosa concepção. No anúncio do anjo a Gabriel, a Maria e posteriormente a José, ficou claro que a concepção de Jesus seria algo milagroso e sobrenatural. Quando Maria ficou perplexa e sem entender como ficaria grávida sem houvesse o relacionamento sexual, o anjo lhe disse: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.35). 

Todo o processo de encarnação do Filho de Deus foi conduzido e realizado pelo Espírito Santo. O nascimento de Jesus aconteceu de forma natural como todos os demais, com exceção do fato de Maria, sua mãe, era virgem no momento do nascimento. Mas, a sua concepção foi algo milagroso e sobrenatural. É importante esclarecer que o fato de Jesus ter sido gerado pelo Espírito Santo no corpo de Maria, não significa que Jesus não teve conexão física com o corpo de Maria, como dizem alguns hereges. Se assim fosse, Ele não seria verdadeiramente humano. Jesus é verdadeiro Deus e se fez verdadeiramente homem, porém, não herdou a natureza pecaminosa (Jo 1.14; I Tm 3.16; Hb 2.14-17).

Tanto os judeus como os teólogos liberais contestam a doutrina da concepção e nascimento virginal de Jesus. Hoje, com as evidências arqueológicas e estudos dos idiomas bíblicos e de documentos antigos, fica difícil alguém contestar o nascimento e a vida terrena de Jesus. Entretanto, a Bíblia afirma claramente que José não a conheceu (não teve relacionamento sexual), até que ela desse à luz ao filho primogênito: “E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito…” (Mt 1.25). 

Há uma polêmica tola, por parte dos que não acreditam no nascimento virginal de Cristo. Esta polêmica gira em torno dos termos hebraicos “almah” (jovem) e “betulah” (virgem). Os judeus ortodoxos argumentam que Isaías usou a palavra hebraica “almah”, que significa uma mulher jovem, não necessariamente uma virgem. A palavra específica para virgem, segundo estes judeus, seria “betulah”. A palavra “almah” significa, realmente, uma jovem solteira e, uma das suas características, é a virgindade. Não há nenhuma passagem bíblica, onde esta palavra se refere a uma mulher que não seja virgem. No episódio em que Abraão mandou o seu servo Eliezer buscar uma esposa para o seu filho Isaque, o servo orou desta maneira: “Eis que estou junto à fonte de água; seja, pois, que a donzela [almah] que sair para tirar água e à qual eu disser: Peço-te, dá-me um pouco de água do teu cântaro.” (Gn 24:43)

Outro fator importante, que corrobora a tese do nascimento virginal de Jesus é a palavra grega "pathermos" que significa uma moça virgem. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, escrita muitos anos antes de Cristo, usou a palavra grega “pathermos”, em Isaías 7.14, para traduzir a palavra hebraica "almah" usada por Isaías e que foi traduzida por “virgem” em português. Evidentemente, os rabinos judeus, que traduziram a versão grega do Antigo Testamento, não sabiam que a palavra grega "pathermos" significa exclusivamente uma moça virgem e não qualquer moça jovem.

3. A bênção do nascimento. A capacidade de se reproduzir é uma dádiva de Deus aos seres vivos. O Criador criou o primeiro casal, uniu-os e ordenou que se multiplicassem e povoassem a terra. (Gn 1.26-28). Entretanto, esta reprodução não depende exclusivamente do casal. A geração de um novo ser no ventre materno é um milagre de Deus: “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.” (Ec 11.5). 

Muitos casais, aparentemente saudáveis e sexualmente ativos, se relacionam e não geram filhos. Outros geram, mas o útero da mãe não consegue manter a gravidez até o final. Na Bíblia há vários casos de mulheres que eram estéreis e clamaram a Deus por um milagre para que pudessem gerar filhos, como Sara, Rebeca, Raquel, Ana e Isabel. Deus ouviu as orações e elas geraram filhos, de forma milagrosa, fora da idade fértil. 

A Bíblia diz que “os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão.” (Sl 127.3). Sendo assim, os pais geram filhos e os criam, mas eles pertencem ao Senhor e, portanto, devem criá-los conforme as determinações de Deus em Sua Palavra. Infelizmente, vivemos em uma sociedade que estimula as pessoas a não gerarem filhos. Mulheres são estimuladas a se preocuparem com o seu corpo, com a beleza, a carreira, os estudos, a fama e, nesses casos, os filhos seriam obstáculos. Muitos homens também não querem ser pais, para não terem gastos ou sacrifícios. Infelizmente, até pessoas crentes se deixam levar por estas idéias malignas e não querem ter filhos. 

REFERÊNCIAS:
BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 60-71.
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 204-206.
ANDRADE, Claudionor de. As novas Fronteiras da Ética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 70-71
LIMA, Elinaldo Renovato. Ética cristã: Confrontando as questões do nosso tempo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.138-39.

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