12 julho 2023

A DESCARACTERIZAÇÃO DO CRISTIANISMO

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(Comentário do primeiro tópico da Lição 03: O perigo do ensino progressista) 

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a descaracterização do Cristianismo. O ensino progressista é diametralmente oposto ao Cristianismo, embora muitos dos seus adeptos façam muitos esforços para conciliá-los. O ensino progressista procura descaracterizar o verdadeiro Cristianismo, através da destruição da ortodoxia bíblica e corrupção da fé, para que as pessoas se tornem escravas do pecado, tendo a consciência cauterizada. O resultado disso é a deterioração moral generalizada, pois, não admitem que haja padrões de moralidade. 

1- A deterioração moral. Os dias que antecedem a vinda de Jesus foram descritos por Jesus e pelos seus apóstolos como tempos de apostasia, ódio aos cristãos, aumento da iniquidade e esfriamento do amor. (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2; Jd 1). O apóstolo Paulo, em sua segunda Epístola a Timóteo, descreveu as características dos últimos dias: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te." (2Tm 3.1-5).

A expressão "últimos dias", usada pelo apóstolo Paulo, pelo profeta Joel e por outros, não se refere apenas aos dias imediatamente anteriores à vinda de Jesus, mas a todo o período desta dispensação, que vai desde a ascensão de Jesus até o arrebatamento da Igreja (Jl 2.28; At 2.16-21; 1Tm 3.1; Hb 1.2). O fato de Paulo recomendar a Timóteo que se afastasse das pessoas que vivem nas práticas pecaminosas por ele citadas, indica que isso já estava acontecendo em seus dias. 

Paulo elaborou uma lista com dezoito práticas pecaminosas, que demonstram o aumento assustador da iniquidade, como consequência do afastamento de Deus. O primeiro pecado desta lista é o egoísmo (homens amantes de si mesmos). De fato vivemos uma época de egoísmo extremo, onde as pessoas só pensam em si mesmas e são indiferentes ao sofrimento alheio. O mais triste é saber que este comportamento está presente também no meio da Igreja. 

Na sequência, o apóstolo cita o materialismo (pessoas avarentas). Escrevendo aos Efésios, Paulo disse que a avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5.5). De fato, quem ama o dinheiro é capaz de fazer qualquer coisa para obtê-lo: mata, rouba, sequestra, trai, nega a Deus, etc. Paulo escreveu também que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6.10). 

Em terceiro lugar vem a presunção (presunçosos). A presunção consiste em superestimar a si mesmo e aos próprios feitos. É uma opinião demasiadamente boa e lisonjeira sobre si mesmo. Os presunçosos são narcisistas, pois sentem necessidades constantes de serem elogiados, reconhecidos e recompensados pelo que supostamente fazem. É um sentimento antagônico ao Cristianismo. 

Na mesma linha dos presunçosos, vem os soberbos, que se consideram superiores aos demais e acham que não precisam de ninguém, nem de Deus. Este foi o pecado do querubim ungido, que estava no Céu, se rebelou contra Deus, foi expulso e transformou-se em Satanás. Sendo criatura de Deus, devido à beleza e importância que ele achava que possuía, quis ser igual a Deus (Is 14.12-15; Ez 28.13-19). 

Em quinto lugar está o pecado da blasfêmia. O termo grego "blasfêmia" significa linguagem injuriosa, difamatória ou ultrajante, não apenas contra Deus, mas também contra o nosso próximo. Portanto, "blasfemos" neste texto não são apenas os que proferem insultos contra Deus, são também os que agridem com palavras, caluniam e difamam outras pessoas. Atualmente, esta prática é muito abundante, principalmente nas redes sociais. 

Neste mesmo grau estão os caluniadores, que inventam mentiras contra o próximo; os irreconciliáveis, que são implacáveis e rejeitam a conciliação; os traidores, que não cumprem o que prometeram e abandonam pessoas que estão em perigos; os cruéis, que são desprovidos de qual civilidade e indomáveis como animais selvagens; os obstinados, que não medem as consequências para atingir os seus objetivos; os ingratos, que não tem nenhum sentimento de gratidão a Deus ou ao próximo, pois acham que são merecedores e todos tem a obrigação de ajudá-los; os que são inimigos dos bons, que são pessoas que preferem os maus e prejudica as pessoas que fazem o bem; os profanos, que desprezam ou consideram comuns às coisas sagradas. 

A lista de pecados cita também os incontinentes, que são aqueles que nunca se satisfazem e cometem o pecado da glutonaria, que é uma das obras da carne (Gl 5.19-21). Este pecado não se refere apenas à comida, como muitos imaginam, mas a todo tipo de apetite descontrolado. Nesta mesma categoria estão os que são mais amigos dos prazeres que de Deus. São pessoas que se tiverem que escolher entre a Palavra de Deus e os prazeres da carne, ficam com a segunda opção. Infelizmente, há muitas pessoas nestas condições, pensando em “aproveitar a vida” e somente quando envelhecer, buscar a Deus. 

Temos ainda nesta lista os que não têm afeto natural e os que são desobedientes aos pais. São pessoas que desprezam os vínculos familiares e a autoridade dos pais. A obediência e honra aos pais é o primeiro mandamento com promessa, que é a promessa de viver bem e ter longevidade. Infelizmente em nossos dias, as relações familiares têm sido banalizadas, até por aqueles que deveriam defendê-las. Muitos jovens têm perdido a vida muito cedo, por desprezar e desonrar os pais. 

2- A erosão da ortodoxia. No terceiro tópico da lição 01, quando falamos sobre a posição da Igreja diante do espírito da Babilônia, vimos três pontos fundamentais, para a Igreja não sucumbir diante deste império maligno. O primeiro deles é não negociar a ortodoxia bíblica. Vimos que a palavra ortodoxia deriva de dois termos gregos: "orthos", que significa "correto" e "doxa", que significa "crença". Portanto, ortodoxia significa "crença correta" ou "conforme o padrão".  

As teses do ensino progressista são incompatíveis com a ortodoxia bíblica. Embora alguns progressistas, que se dizem cristãos, se esforcem para conciliar progressismo e teologia bíblica, os dois são completamente opostos e, inevitavelmente, entrarão em choque. Por isso, o progressismo tenta, a todo o custo, destruir a ortodoxia bíblica e reduzir a Bíblia a um aglomerado de experiências religiosas e mitológicas. 

A Bíblia, no entanto, não é um livro histórico ou mitológico como os progressistas querem que seja. A Bíblia é a inerrante, infalível, eterna, completa, inspirada e perfeita Palavra de Deus. A Bíblia autentica-se a si mesma e a sua veracidade pode ser confirmada por evidências internas e externas. As evidências internas são percebidas através da sua unidade, consistência, ação do Espírito Santo na vida dos seus leitores e através das profecias que já se cumpriram. As evidências externas, por sua vez, são as confirmações das suas narrativas históricas e as descobertas arqueológicas. 

A Bíblia foi escrita num período de aproximadamente mil e seiscentos anos, por cerca de quarenta escritores diferentes, que viveram em épocas muito diferentes, que tinham culturas diferentes. A maioria deles não se conheceram e não sabiam o que os outros haviam escrito. Outros foram contemporâneos, mas viveram em locais diferentes e não tiveram acesso ao que os outros escreveram. Eles também não sabiam que, aquilo estavam escrevendo, por inspiração do Espírito Santo, seria juntado a outros livros, que juntos formariam a revelação escrita de Deus. Um livro escrito nestas circunstâncias, é de se esperar que seja totalmente desconexo, inconsistente e contraditório. Entretanto, ao ler a Bíblia, podemos perceber que há uma unidade incrível e coerência entre os seus livros. Só há uma explicação para isso: Deus é o seu autor. 

Muitas seitas dizem que crêem na Bíblia, mas negam a sua autoridade e inerrância. Outras colocam no mesmo patamar da Bíblia, a palavra dos seus líderes, as publicações da sua religião, a tradição ou visões e revelações. Os reformadores, acertadamente, estabeleceram o princípio fundamental "Sola Scriptura", que afirma que somente as Escrituras têm autoridade inquestionável para estabelecer doutrinas para a Igreja. Jesus afirmou que a Palavra de Deus é a Verdade (Jo 17.17) e que são as Escrituras que testificam dele (Jo 5.39). Portanto, a Bíblia é o nosso único manual de fé e prática. Não podemos admitir nenhum outro manual de doutrina além da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. 

3- A corrupção da fé. Após a desconstrução da ortodoxia bíblica e, consequentemente, a deterioração moral  promovidos pelo ensino progressista, acontece a corrupção da fé. As pessoas passam a relativizar tudo, pois para elas não existem parâmetros ou padrões de conduta. Sendo assim, entregam-se a todo tipo de imoralidade e condutas reprováveis, pois, como vimos na lição passada, distorcem a doutrina do pecado. A consciência daqueles que se enveredam por estes enganos, se torna cauterizada, a ponto de não se sentirem culpadas. 

É importante destacar que não estamos nos referindo a pessoas que não conhecem a Bíblia, ou o Cristianismo. A referência aqui é àqueles que conhecem a Bíblia, mas, não querem se submeter aos seus ensinos, relativizando a verdade e selecionando aquilo que devem seguir. Estas pessoas valorizam excessivamente o amor de Deus e ignoram a sua Santidade e Justiça. O amor não pode ser dissociado da verdade. 

Infelizmente, em nossas Igrejas, há pessoas que adotam condutas imorais como o adultério, a prostituição, a corrupção, a mentira, etc., e acham que está tudo bem. Alguns trocam a esposa por outra mais nova, ignorando a verdade bíblica que diz que aquele que se divorcia da sua esposa e casa com outra, não sendo por causa de infidelidade conjugal, e casa com outra, comete adultério (Mt 19.9). O pior é que há pastores que não querem que falem nestes assuntos na Igreja, para não atingir pessoas que não querem abandonar o pecado e o relativizam. Mas a Igreja é a coluna e firmeza da verdade e, como tal, tem a obrigação de pregar a verdade bíblica, doa a quem doer. 

REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. 
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021. 
COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pág. 62-63.
GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. 
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD, pp.94-98.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. págs. 1260; 1497-1498.

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