01 setembro 2020

Lição 10: Provai se os espíritos são de Deus


Lição 10: Provai se os espíritos são de Deus

Data: 06 de Setembro de 2020



TEXTO ÁUREO

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1Jo 4.1).


VERDADE PRÁTICA

“Através dos dons espirituais, a Igreja discerne os espíritos enganadores.”


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


Neemias 6.10-14; 1 Tessalonicenses 5.20,21; 1 Coríntios 14.29.


Neemias 6

10 — E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te.

11 — Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei.

12 — E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram.

13 — Para isso o subornaram, para me atemorizar, e para que eu assim fizesse e pecasse, para que tivessem alguma causa a fim de me infamarem e assim me vituperarem.

14 — Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me.


1 Tessalonicenses 5

20 — Não desprezeis as profecias.

21 — Examinai tudo. Retende o bem.


1 Coríntios 14

29 — E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.


INTRODUÇÃO


NA LIÇÃO PASSADA ESTUDAMOS:


  • Os detalhes da resistência dos samaritanos à reconstrução dos muros de Jerusalém.

  • A natureza dos ataques espirituais à obra de Deus:  Quem estava por trás dos ataques e as orientações bíblicas para a batalha espiritual.

  • Os meios que o Inimigo utiliza para neutralizar a fé do crente;

  • As armas espirituais que Neemias utilizou para vencer as oposições à obra de Deus.


NESTA LIÇÃO ESTUDAREMOS:


  • Como o Inimigo ataca por meio dos falsos profetas.

  • O cuidado que devemos ter com os falsos profetas;

  • Os relatos bíblicos de casos de falsos profetas no Antigo e no Novo Testamento.

  • Como e por que devemos julgar as profecias.


I. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS!


1. Os samaritanos observaram que os judeus davam muito valor à palavra dos profetas.

Os samaritanos viram os efeitos que as profecias de Ageu e Zacarias tiveram no governador Zorobabel, no Sumo Sacerdote Josué e no povo, despertando-os a reconstruir o Templo. Estas profecias também levou-os a não fazerem acordo com os samaritanos.

Os samaritanos percebendo que os judeus valorizavam as profecias, subornaram uns falsos profetas e a profetisa Noadias, para tentar amedrontar Neemias, dizendo que ele estaria em perigo e deveria fugir. Neemias, evidentemente, recusou esta profecia.  (Ne 6.10-14).

Uma das características de um falso profeta é que ele profetiza para obter vantagem, agradando ao ‘cliente’. Balaão é um exemplo disso.

 

2. Neemias tinha o dever de examinar a profecia recebida e ele o fazia! Neemias percebeu que a tal profecia contrariava a Lei de Deus, pois, pedia para ele entrar no Templo e ele não podia, por não ser sacerdote. Além disso estranho o teor da profecia, recomendando que ele fugisse. Ele tinha consciência de que Deus o levantara para fazer aquela obra. Não fazia sentido agora, Deus mandar ele fugir. “Conheci que não era de Deus”. (Ne 6.12). É preciso ter discernimento ao ouvir uma profecia, para saber se é de Deus ou não. Somente o Espírito Santo de Deus pode nos capacitar com este dom.


II. A BÍBLIA REVELA A EXISTÊNCIA DOS FALSOS PROFETAS


1. NO ANTIGO TESTAMENTO:

a. O trágico exemplo relatado em 1 Reis 13. Neste episódio, um profeta de Deus recebeu ordens para profetizar contra a idolatria de Jeroboão. Deus foi bem claro, ordenando-lhe que ele não deveria comer naquela cidade e não deveria voltar pelo mesmo caminho. Porém, um falso profeta lhe disse o contrário. Ele não teve discernimento e seguiu o que disse o falso profeta, contrariando as ordens de Deus. Por causa disso, um leão o matou. Com este episódio, aprendemos que toda profecia que contraria a Palavra de Deus deve ser rejeitada, pois, Deus não se contradiz.


b. Nos dias de Jeremias, falsos profetas combatiam a Palavra de Deus, com falsas profecias(Jr 29.21-23). Os falsos profetas Acabe, filho de Colaías, e Zedequias, filho de Maaséias profetizaram mentiras, dizendo que Deus iria entregar Nabucodonosor, rei da Babilônia nas mãos dos judeus, sendo que Deus havia dito o contrário a Jeremias, que Nabucodonosor dominaria Judá e levaria o povo para o cativeiro. 


c. Quando o rei Josafá, de Judá, visitou o rei Acabe, de Israel. (1Rs 22.5-28,35-37). O rei Josafá era um rei justo. Porém, se aliou a Acabe, que era ímpio. Acabe arrumou uma guerra contra o rei da Síria e chamou Josafá, seu aliado, para ir com ele à guerra. Josafá resolveu antes de ir, consultar os profetas. Os profetas mentiram, para agradar Acabe, dizendo que ele venceria aquela guerra. Joasafá não se convenceu e perguntou se ainda havia algum profeta. Acabe respondeu que sim, mas, que ele não gostava de consultá-lo, pois, ele ‘só profetizava males ao seu respeito’. Tratava-se de Micaías, que profetizou a derrota e se cumpriu, pois, Acabe morreu na guerra. 


d. Ainda nos dias de Jeremias, falsos profetas conseguiram influenciar alguns dos sacerdotes e enganar o povo, por meio deles. “Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?”(Jr 5.31). Infelizmente, muitos reis e sacerdotes se deixaram levar pelos enganos dos falsos profetas. Na atualidade também há pastores que são enganados, por não conhecerem as Escrituras e por falta de discernimento espiritual. 


2. NO NOVO TESTAMENTO:

a. Jezabel de Tiatira. “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria.” (Apocalipse 2.20). Na Igreja de Tiatira, uma das sete Igrejas da Ásia, para as quais Jesus enviou cartas através do apóstolo João, o pastor permitiu que uma suposta profetisa enganasse a Igreja com falsos ensinos, permitindo a prostituição e os alimentos sacrificados aos ídolos. Infelizmente, em nossos dias, principalmente nas campanhas e cultos de libertação, aparecem esses tipos de pregadores, sem conhecimento bíblico, trazendo falsos ensinos à Igreja. Os pastores precisam estar alertas quanto a isso. Cabe a eles, ensinar a  Igreja e zelar pela Sã doutrina. Deus vai cobrar isso deles. 


b. A Bíblia adverte que nos últimos tempos aparecerão falsos profetas. O aparecimento de falsos profetas e falsos mestres é um dos sinais da Vinda de Jesus. Em vários textos do Novo Testamento Jesus e os seus apóstolos nos alertaram sobre isso (Mt 24; 2 Pe 2; Jd 1; etc.)


c. O espírito do Anticristo estará então operando grandemente (1Jo 2.18; 4.2,3). É um perigo quando as pessoas se deixam levar por sinais miraculosos, pois, segundo a Bíblia, os demônios também realizam sinais sobrenaturais, para enganar as pessoas. A Bíblia diz que no governo do Anticristo haverá muitos sinais miraculosos, para enganar o mundo e fazê-lo apoiar o seu governo. Farão descer até fogo do céu. “E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens.” (Apocalipse 13.13)


d. Os falsos profetas operarão sinais e prodígios de mentira, com todo engano e injustiça (2Ts 2.9,10). O fato de haver sinais sobrenaturais não comprovam que um ensino é verdadeiro. Martinho Lutero disse que “Todo ensino que não se enquadra nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que chova milagres todos os dias”.


III. DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS.


Há um equívoco por parte de muitos cristãos, de que não podemos julgar, baseando-se num entendimento equivocado de Mateus 7.1. Ora, o que Jesus proíbe ali, é um hipócrita julgar, sem olhar para os próprios erros e se por a vasculhar a vida dos outros, procurando erros, para lhes pronunciar sentença de condenação. Mas, o próprio Jesus diz em João 7.24: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça". A Bíblia também nos manda julgar as profecias (1 Co 14.29); os falsos profetas e falso profetas (Mt 7.15); o litígio entre os irmãos (1 Co 5.1-5); a origem das manifestações espirituais (1 Jo 4.1); o que está sendo pregado, comparando-o com as Escrituras (1 Ts 5.21); e julgar os que estão em práticas pecaminosas causando escândalos (1 Co 5.12,13).


1. Deus quer a sua Igreja revestida com todos os dons do Espírito Santo. Os dons espirituais servem para edificar, confortar e consolar a Igreja. Uma Igreja sem dons espirituais é uma Igreja sem vigor espiritual, sem discernimento e sem as operações do Espírito Santo. O mesmo Paulo que disse para julgar as profecias e para examinar tudo e reter o bem, também disse para buscar com zelo os melhores dons (1 Co 12.31); para não extinguir o Espírito (1 Ts 5.19) e não desprezar as profecias. (1 Ts 5.20).


2. O despertamento renova os dons. Muitas pessoas pensam que os dons espirituais trazem o despertamento. Mas, é ao contrário. Deus nos desperta através da sua Palavra para o buscarmos e quando o buscamos, Ele nos capacita com o dons espirituais. Por isso, eu não acredito em avivamento  onde não tem oração e ensino bíblico. 


IV. POR QUE DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?


1. Porque a Palavra de Deus nos manda julgá-las (1Ts 5.19-21; 1Co 14.29). A Bíblia nos ordena a julgar as profecias, porque Deus sabe que há falsos profetas querendo enganar o seu povo. Não existe mais profetas como os do Antigo Testamento, cujas mensagem eram consideradas a Palavra de Deus. Hoje, o que não pode ser julgado ou contestado é somente a Bíblia. A pregação, profecia, as revelações, a tradição, os hinos, o comportamento, etc. podem e devem ser julgados pelo crivo das Escrituras. Aquilo que contrariar a palavra de Deus deve ser rejeitado.


2. Porque os que profetizam são sujeitos a falhas. A pessoa que tem um dom espiritual não é infalível. Ele pode, inclusive confundir a própria vontade, ou entendimento com algo que Deus mandou falar. Mas, há também aqueles que usam de má fé, para atingir os seus objetivos pessoais, profetizando aquilo que Deus não mandou. Por exemplo, alguém que deseja que a sua filha case com um rapaz rico, profetizar que Deus está aprovando o casamento dos dois, sendo que Deus não mandou falar nada.


3. Porque pode haver conhecimento prévio dos fatos. Há muitos falsos profetas que ficam sabendo de algum segredo e para ganhar fama, dizem que foi Deus que revelou. Isso é abominável, mas, tem pessoas que fazem isso, para dar credibilidade às suas profecias.


4. Existe a possibilidade de que o “profeta”, seja influenciado por um espírito maligno.(1Rs 22.7,11,19,21-23). Acabe era um rei ímpio, que casara com Jezabel e praticou muitas atrocidades, entre elas a de mandar matar os profetas do Senhor e substituir o culto ao Senhor, pelo culto a Baal. Deus já havia decidido que iria matá-lo. Então perguntou que o induziria a ir à batalha contra o rei da Síria. Um espírito maligno se apresentou e disse que falaria mentiras na boca dos profetas, para que ele acreditasse e fosse à guerra. Deus permitiu e isso aconteceu. 


V. COMO DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?


1. Examinando as Escrituras. A Bíblia é o nosso manual de fé e conduta. No Cristianismo não podemos admitir outro escrito sagrado, palavra profética, tradição, decisão de concílio, etc. que estejam no mesmo patamar da Palavra de Deus. Um dos pilares da Reforma Protestante era Sola Scriptura: somente a Escritura poderia dar a última palavra em questões doutrinária. Portanto, se a profecia contrariar as Escrituras deve ser rechaçada.


2. Através do dom de discernimento de espíritos. O diabo e astuto e uma das suas especialidades é o disfarce. Ele nunca se apresenta como se fosse o diabo. Mas, aparece como se fosse anjo de luz ou com a Palavra de Deus distorcida. Mesmo conhecendo as Escrituras, precisamos do discernimento de espíritos, para saber a origem de algumas manifestações espirituais. Em Éfeso, uma jovem adivinhadora, elogiava Paulo e sua equipe missionária por vários dias. Paulo, pelo Espírito Santo, conheceu que aquilo era uma manifestação do inimigo para enganar e repreendeu o espírito maligno daquela jovem. (Atos 16.17).


3. A profecia se conhece pelo seu “sabor” (Jó 6.6,7; 12.11). Quem tem o Espírito Santo conhece a voz do Senhor e imediatamente achará estranho, aquilo que não é de Deus. O Espírito Santo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Logo, se um ‘estrangeiro’ vem com outro sotaque, ele logo percebe que é estranho. 

O povo de Efraim lutou contra Jefté e ele teve o apoio dos gileaditas. O povo de Gileade usou uma estratégia, para impedir os inimigos de fugirem. Quando pegavam alguém fugindo, dizendo ser um aliado, eles diziam:

"Então diga: Chibolete". Se ele dissesse: "Sibolete", sem conseguir pronunciar corretamente a palavra, prendiam-no e matavam-no no lugar de passagem do Jordão.” (Jz 12.6).


CONCLUSÃO


Quando julgamos as profecias para comprovar a sua autenticidade, preservamos a Sã doutrina, evitando que a Igreja seja enganada. 

O exame das profecias serve também para disciplinar a pessoa que usou inadequadamente o dom de profecia, levando-a ao arrependimento.

Para se julgar uma profecia é preciso usar a Palavra de Deus e o discernimento espiritual. 


NOTAS E REFERÊNCIAS: 

Bíblia Sagrada - Edição Almeida Revista e Corrigida;

Lições Bíblicas. 3º Trimestre de 2020. RJ: CPAD.

NORTON, Stanley (Ed.) Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, pp.476,477).



Pb. Weliano Pires

Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Ministério do Belém

São Carlos-SP


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