03 setembro 2025

A IGREJA DIANTE DA PERSEGUIÇÃO

(Comentário do 1° tópico da Lição 10: A expansão da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do comportamento da Igreja diante da perseguição. Mesmo perseguida, a Igreja não se fragmentou, ou seja não se desorganizou e continuou firme na missão de proclamar o Evangelho. Na sequência, falaremos do luto da Igreja por causa da violenta morte de Estêvão, um dos seus obreiros mais ilustres. Por fim, veremos que a Igreja, mesmo perseguida e enlutada, não se desesperou, não se deixou dominar pela  tristeza e continuou a missão que o Senhor lhe ordenara. 

1. Embora perseguida, não fragmentada. Já falamos bastante em lições anteriores, sobre a intensa perseguição que a Igreja de Jerusalém enfrentou. No primeiro tópico da lição 4, vimos que esta igreja era perseverante, pois suportava o sofrimento por amor a Cristo e não negociava os seus valores, mesmo sob ameaças das autoridades. No terceiro tópico da mesma lição, vimos que a Igreja de Jerusalém era ousada em seu testemunho e enfrentava a oposição com destemor. 

Conforme vimos na lição passada, Estevão era um homem cheio do Espírito Santo, de fé e de sabedoria, usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo (At 6.8). Era também um sábio pregador, apto para defender corajosamente a sua fé perante os seus opositores. Certamente, Estevão era muito querido pela Igreja de Jerusalém. Perder um obreiro com este perfil, principalmente da forma violenta e covarde que foi a sua morte, naturalmente causou muita tristeza à Igreja.

Posteriormente, na lição 6, vimos que a Igreja de Jerusalém não temia a perseguição. Falamos nessa lição sobre os perseguidores iniciais da Igreja e das esferas dessa perseguição. Na esfera religiosa, os perseguidores eram os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Na esfera política, tratamos do caso de Herodes Agripa I, que mandou decapitar o apóstolo Tiago e prender o apóstolo Pedro. Este último, foi libertado da prisão por um anjo do Senhor.

Na lição passada vimos o martírio do diácono Estevão, que foi apedrejado até à morte, mediante falsas acusações de blasfêmia. Após a execução de Estêvão, levantou-se grande perseguição e eles tiveram que fugir de Jerusalém, para não serem presos ou mortos. Ficaram somente os apóstolos em Jerusalém. Isto, porém, não significa que os apóstolos deixaram de ser perseguidos, mas que a Igreja de Jerusalém precisava deles e eles se arriscaram pela causa de Cristo sem temer que fossem mortos. Os  cristãos que se dispersaram, pregavam o Evangelho onde chegavam. 

Em Atos 1.8, Jesus disse aos seus discípulos que viria sobre eles a virtude do Espírito Santo e eles seriam suas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Entretanto, após a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, eles se acomodaram e pregavam apenas em Jerusalém. Depois da morte de Estevão, o jovem fariseu, Saulo de Tarso, empreendeu uma caçada violenta aos cristãos, entrando nas casas arrastando homens e mulheres pelas ruas, os conduzia à prisão. Neste cenário de horrores, os discípulos se viram obrigados a fugir de Jerusalém e passaram a evangelizar toda a Judeia, Samaria e chegaram a Antioquia da Síria. 

2. A igreja em luto. O comentarista mencionou aqui o texto de Atos 8.2, que diz que alguns varões piedosos sepultaram e fizeram grande pranto por Estevão. Ele explicou também que a palavra kophetós, traduzida aqui como “pranto” significa também “choro”, “lamentação” e “luto”. Não sabemos ao certo quem eram estes varões, mas o mais provável é que fossem cristãos de Jerusalém que conviveram com Estevão e se lamentaram por ele, antes de fugirem da cidade. 

É natural do ser humano, mesmo os que são crentes fiéis, chorar e se entristecer pela morte de um ente querido. O cristão deve viver o seu momento de luto e manifestar naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Até o Senhor Jesus, em sua condição humana, chorou diante do túmulo de Lázaro. Entretanto, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitou e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos  e estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4.17).

3. Mas não desesperada. É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto, pela perda de alguém que ama, pois, reprimir o choro e a tristeza para parecer forte, pode trazer sérios problemas emocionais e à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista a sua esperança na vida eterna. Precisamos sempre nos lembrar de que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus antes de subir ao Céu prometeu aos seus discípulos que viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também estejam. (Jo 14.1-3). 

Se por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro lado, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas, nem dores. (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará algum sentido, se levarmos em consideração a Vida eterna. Do ponto de vista terreno, vivemos uma vida na contramão do mundo, sendo perseguidos e renunciando às próprias vontades e até a própria vida, por amor a Cristo. 

A Igreja de Jerusalém sentiu tristeza por causa da morte de Estevão e lamentou profundamente. Entretanto, aqueles cristãos jamais se desesperaram e não permitiram que o luto paralisasse a pregação do Evangelho. Foram impedidos de pregar em Jerusalém e tiveram que fugir, mas não reclamaram contra Deus e continuaram pregando em outras regiões. O Senhor continuou salvando almas e operando milagres. No comentário sobre este texto, a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal nos diz: “Às vezes, Deus nos faz sentir incomodados para que mudemos[…] o desconforto pode ser benéfico para nós, porque Deus pode trabalhar através de nossa dor”.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.41, 2025.
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 175-176.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Filipe: O primeiro evangelista da Igreja. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2019.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2013, pp.1493,1494.

02 setembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: A EXPANSÃO DA IGREJA

TEXTO ÁUREO:

“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.” (At 8.4,5).

VERDADE PRÁTICA:

A igreja só crescerá quando ultrapassar seus próprios limites e levar a mensagem de Cristo para além de suas paredes.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 8.1-8,12-15.

Objetivos da Lição: 

I) Apresentar como a perseguição contribuiu para a expansão da igreja primitiva; 
II) Expor a centralidade de Cristo e da Palavra de Deus na evangelização realizada pela Igreja; 
III) Enfatizar o papel da Igreja em apoiar e discipular os novos convertidos.

Palavra-Chave: EVANGELIZAÇÃO

Em termos simples, evangelização é o ato de comunicar o Evangelho aos perdidos. A evangelização é a missão suprema da Igreja. Esta missão não é somente da liderança da Igreja, ou de um departamento específico. Todo crente tem a responsabilidade de anunciar as Boas-Novas. A evangelização não se resume apenas a anunciar o Evangelho àqueles que ainda não o conhecem. Envolve também o discipulado, o batismo em águas e a integração do novo convertido à Igreja. 

Há pelo menos quatro tipos de evangelização. Para cada um deles há métodos diferentes:  
a) Evangelização pessoal. É aquela que é feita mediante um diálogo com uma pessoa. 
b) Evangelização coletiva. É feita através de um sermão proferido a uma platéia.
c) Evangelização nacional. É feito percorrendo a nossa pátria de cidade em cidade, falando do Evangelho e plantando Igrejas. 
d) Evangelização transcultural. Este modelo exige um pouco mais, pois além de conhecer o Evangelho, é preciso conhecer a cultura do outro país onde vamos evangelizar. 

INTRODUÇÃO

Esta lição é um desdobramento da lição passada, pois ela trata do comportamento da Igreja de Jerusalém após a morte do diácono Estêvão. O texto de Atos 8.1 diz: 

“... fez-se naquele dia [o dia da morte de Estêvão], houve uma grande  perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos”. 

Os discípulos que fugiram de Jerusalém, não se deram por vencidos e anunciavam o Evangelho onde chegavam. Se o inimigo pensou que iria parar a Igreja com esta violenta perseguição, o tiro saiu pela culatra, pois, esta dispersão dos cristãos de Jerusalém deu início à expansão da Igreja para além das fronteiras da Judéia. 

O diácono Filipe chegou à região de Samaria e pregava a Cristo, atraindo a atenção de multidões à sua pregação, pois eles ouviam e viam que ele realizava muitos milagres como expulsão de espíritos malignos e curas de enfermidades. Deus usa as situações adversas para realizar os seus desígnios. 

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A IGREJA DIANTE DA PERSEGUIÇÃO

No primeiro tópico, falaremos do comportamento da Igreja diante da perseguição. Mesmo perseguida, a Igreja não se fragmentou, ou seja não se desorganizou e continuou firme na missão de proclamar o Evangelho. Na sequência, falaremos do luto da Igreja por causa da violenta morte de Estêvão, um dos seus obreiros mais ilustres. Por fim, veremos que a Igreja, mesmo perseguida e enlutada, não se desesperou, não se deixou dominar pela  tristeza e continuou a missão que o Senhor lhe ordenara. 

II. A IGREJA QUE EVANGELIZA

No segundo tópico, falaremos da igreja que evangeliza. Com base na pregação de Filipe, falaremos da evangelização centrada na exposição da Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Em seguida, falaremos da evangelização centrada em Cristo. O tema da mensagem pregada por Filipe era Cristo e este também deve ser o centro da nossa pregação. 

III. A IGREJA QUE DÁ SUPORTE À EVANGELIZAÇÃO

No terceiro tópico, falaremos da Igreja que dá suporte à evangelização. Inicialmente, falaremos do suporte da Igreja ao trabalho evangelístico e missionário de Filipe em Samaria, enviando para lá Pedro e João. Na sequência, falaremos do trabalho de discipulado da Igreja de Jerusalém em Samaria. Os apóstolos foram a Samaria, para ensinar a doutrina cristã aos novos convertidos. Por fim, veremos que sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. Esta continua sendo a visão pentecostal, pois pregamos que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará. 

Bons estudos! 

Ev. WELIANO PIRES

AD-BELÉM/SÃOP CARLOS, SP

31 agosto 2025

A EXPANSÃO DA IGREJA

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO)

Nesta lição, veremos como a perseguição aos cristãos da igreja primitiva teve efeito diferente daquele que as autoridades políticas e religiosas pensavam alcançar (At 4.16-18). Em vez de a igreja recuar, a história de Atos vai nos mostrar que a perseguição resultou na dispersão de muitos cristãos por várias regiões além dos muros de Jerusalém (At 11.19). O interessante é que a igreja reagiu à forma como foi perseguida com muita coragem e resiliência. Embora afligida em razão da morte de um de seus mais ilustres irmãos, a igreja se manteve unida e comprometida com a pregação do Evangelho. Essa postura revela uma igreja consolidada na Palavra e cheia do Espírito Santo.

A história vai mostrar que foi em meio ao período de maior aflição que a igreja alcançou seu maior crescimento. Quanto mais renhida a peleja, maior era a fidelidade da igreja à mensagem do Reino e, por isso, ocorriam tantas conversões, milagres e libertações (At 5.12-16). Isso se deve ao fato de que a pregação não se baseava em discursos de autoajuda ou prosperidade material, mas na mensagem da cruz. Nesse sentido, a igreja da atualidade tem muito a aprender com os primeiros irmãos.

A Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global (CPAD), discorre que “tragicamente, depois de concluído o período registrado no Novo Testamento e depois da morte dos líderes originais da igreja, ela começou a se distanciar da revelação original de Deus. Os líderes da igreja começaram a modificar o modelo celestial de Deus, passando a estar em conformidade com os padrões mundanos e se adaptando excessivamente à cultura que estava à sua volta. Eles começaram a estruturar a sua organização, de acordo com ideais e propósitos humanos. Isto resultou na disseminação de ideias e padrões feitos pelo homem para a igreja. Se a igreja de Jesus Cristo desejar receber, outra vez, todo o plano, poder e presença de Deus, então o povo de Deus, como um todo, deve se afastar de seus próprios caminhos e aceitar o padrão do Novo Testamento, como modelo atemporal de Deus para a sua igreja” (2022, p.1948).

Portanto, a igreja deve se expandir pelo poder do Espírito e pela essência da Palavra de Deus, e não por modismos ou aconselhamentos de coachs das redes sociais, como se a vida se resumisse a um grande empreendimento terreno. Sabemos que uma vida próspera espiritualmente é resultado da obediência aos princípios e valores da Palavra de Deus. Se a igreja na atualidade quiser experimentar novamente do poder de Deus nos moldes da igreja primitiva, será necessário voltar às práticas das primeiras obras (Ap 2.5).

Fonte: 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.41, 2025.

28 agosto 2025

ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos de Estêvão e o martírio da Igreja. Veremos que diante da morte, Estêvão contemplou a vitória da Cruz, ao ver o Cristo glorificado, em pé à direita de Deus. Veremos ainda que em sua morte, Estêvão perdoou os seus algozes, assemelhando-se ao Senhor Jesus, que em sua morte rogou ao Pai que perdoasse àqueles que o crucificaram, pois não sabiam o que faziam.

1. Contemplando a vitória da cruz. Enfurecidos, aqueles homens rangiam os dentes contra Estêvão. Tomados pelo ódio, tiraram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até à morte. Entretanto, enquanto era apedrejado injustamente, Estêvão olhou para o Céu e disse: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). Estêvão contemplou o Cristo glorificado, levantando-se à direita do Pai, como um anfitrião que se levanta para receber um visitante ilustre em sua casa. 

Esta imagem, certamente, encheu o coração de Estêvão de uma alegria indizível, que somente a presença de Deus pode proporcionar, e lhe deu coragem para enfrentar a morte e não negar a sua fé. Foi assim também com muitos outros mártires do Cristianismo, aos quais os seus algozes lhe davam a oportunidade de renegar ao Senhor para não serem mortos, mas eles recusavam a proposta e davam as suas vidas com alegria, sabendo que partiriam ao encontro do Seu Senhor.

Do ponto de vista do triunfalismo e da teologia da prosperidade, que imperam em muitas igrejas da atualidade, Estêvão foi derrotado. A vitória, segundo estas novas teologias, seria Estêvão ordenar e todos aqueles homens ímpios caírem por terra. É claro que Deus pode fazer isso e muito mais, para livrar um servo seu. Mas a vitória para o crente fiel não será neste mundo. Paulo escreveu aos Coríntios que “se esperarmos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. (1Co 15.19). 

Somente aqueles que têm os olhos voltados para a eternidade, encaram as perseguições e até o martírio com serenidade, pois sabem que a morte para o salvo não é o fim. O apóstolo Paulo estava preso em uma masmorra e sabia que não sairia vivo dali, pois o Senhor já lhe tinha revelado. Entretanto, nestas circunstâncias, ele escreveu a segunda Epístola ao seu filho na fé, Timóteo, em tom de despedida, dando-lhe orientações para o exercício do ministério e motivando-o a continuar firme na fé. O apóstolo demonstrou a Timóteo a sua esperança na vida eterna (2Tm 4.7,8).

2. Perdoando o agressor. Estêvão foi o primeiro mártir cristão, que foi assassinado covardemente, por causa da sua fé em Cristo. Em sua vida, ele imitou a Cristo , pois se manteve fiel a Deus, foi usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo e foi também um pregador fiel às Escrituras, mesmo em meio à oposição ferrenha dos religiosos judeus, conforme vimos nos tópicos anteriores. 

Em sua morte também, Estêvão imitou o seu Mestre, pois intercedeu pelos seus algozes, dizendo: Senhor Jesus, não lhes imputes este pecado (At 7.60). O Senhor Jesus também fez isso, quando estava na Cruz, dizendo: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem (Lc 23.34). Estêvão entregou o seu espírito a Jesus, quando estava morrendo, assim como Jesus entregou o seu espírito ao Pai (Lc 23.46).

O cristão deve seguir o exemplo de Cristo em todas as coisas. Diante das perseguições, ofensas, tortura e morte, Jesus jamais revidou ou amaldiçoou os seus algozes. Ao contrário, Ele repreendeu os filhos de Zebedeu, quando queriam que descesse fogo do Céu para consumir os samaritanos (Lc 10.54,55); repreendeu também a pedro, quando reagiu à sua prisão no Getsêmani e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote (Jo 18.10,11).  

27 agosto 2025

ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca).

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos de Estêvão e a Igreja que defende a sua fé. Inicialmente falaremos da defesa da fé que Estêvão fez, mostrando como Deus sempre agiu na história do seu povo, com o objetivo de mostrar que Jesus é o Cristo. Falaremos ainda neste tópico sobre os corações endurecidos daqueles homens que, mesmo vendo os milagres realizados por Estêvão e a brilhante exposição das Escrituras, rejeitaram a mensagem de Deus. 

1. Deus na história do seu povo. Estêvão foi conduzido ao Sinédrio para se explicar a respeito das falsas acusações que os seus opositores lhe fizeram. Eles o acusaram de falar palavras blasfemas contra o templo e contra a lei, e teria dito que Jesus Nazareno iria destruir o templo e mudar os costumes que Moisés estabeleceu na Lei (At 6.13,14). 

É interessante que as pessoas que estavam presentes no Sinédrio olharam para Estêvão e viram que o seu rosto brilhava como o rosto de um anjo, como aconteceu com Moisés, ao descer do monte com as tábuas da lei. Era uma prova inequívoca de que Deus aprovou o seu ministério e que as acusações de blasfêmia contra Moisés, a Lei e o Templo eram falsas. 

Diante destas acusações, o sumo sacerdote, que era o presidente do Sinédrio, perguntou a Estêvão se aquilo era verdade. Estêvão, então, proferiu um longo discurso, discorrendo sobre as Escrituras, desde Abraão até Salomão, mostrando como Deus sempre agiu na história de Israel e que tudo aquilo apontava para Cristo. Por fim, acusou os seus algozes de serem traidores e assassinos de Jesus. 

Quando falamos em defesa da fé, nos referimos a uma explicação racional e lógica daquilo que cremos. Todo cristão precisa estar pronto para falar de Jesus e responder aos questionamentos que lhe fizerem sobre a fé cristã. Para isso, precisa estudar a Palavra de Deus e conhecê-la profundamente. Em sua defesa, Estêvão citou as Escrituras judaicas, interpretou-as corretamente até chegar em Cristo, que é o tema principal de toda a Bíblia. 

O pastor Eliel Gaby conta que o saudoso pastor José Pimentel de Carvalho, ex-presidente da Assembleia de Deus em Curitiba e da Convenção Geral, quando escalava um dos seus obreiros para pregar, costumava perguntar-lhes em qual texto bíblico iria pregar. Certa vez, o pastor Eliel estava escalado para pregar e, ao ser informado que pregaria em um texto do Antigo Testamento, o pastor José Pimentel respondeu: Você tem quinze minutos para chegar em Jesus. 

Infelizmente, muitos pregadores famosos gostam de falar das histórias e vitórias do povo de Deus no Antigo Testamento, mas pouco falam de Jesus. Usam textos do Antigo Testamento, fora do respectivo contexto, para sustentar outros evangelhos, como a teologia da prosperidade e o triunfalismo. Outros escolhem um tema que não tem nada a ver com o contexto geral da Bíblia, baseando-se apenas em uma frase de um versículo, interpretado de forma equivocada. Estêvão não fez isso, ele foi fiel às Escrituras. 

2. Corações endurecidos. Estêvão fez uma longa exposição das Escrituras aos membros do Sinédrio, que eram profundos conhecedores das Escrituras, provando que jamais blasfemou contra a Lei, ao contrário, demonstrou total respeito pela Palavra de Deus. Por fim, Estêvão foi usado pelo Espírito Santo para repreender aqueles homens, por causa da sua incredulidade e dureza de coração, assim como fizeram os seus pais que mataram os profetas que denunciavam os seus pecados (At 7.51). 

Além de toda esta argumentação baseada nas Escrituras, Estêvão foi usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo. Naquele ambiente, Deus fez o seu rosto brilhar como fizera com Moisés. Portanto, não havia dúvidas de que Estêvão era um homem de Deus e falava a verdade. Mas os seus adversários, com o coração endurecido, resistiram à verdade de Deus.

Esta resistência desmonta a tese calvinista da “Graça irresistível”. Segundo dizem, ninguém resiste à Graça de Deus. Mas a Bíblia mostra em vários textos as pessoas resistindo a Deus. O Espírito Santo fala aos corações dos pecadores e os capacita a entender a mensagem do Evangelho. Mas não força ninguém a crer. Jesus sempre dizia: Quem quiser vir a mim, se alguém quiser e quem quiser tome de graça, da água da vida. 

ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos de Estêvão e a que igreja que tem a sua fé contestada. Estêvão nos ensina que a fé cristã sempre será questionada, enfrentará oposições e será colocada à prova. Na sequência, falaremos da fé sob ataque. Uma Igreja verdadeiramente cristã, sempre estará sob ataque, pois foi assim com o Senhor Jesus e continuou com os seus apóstolos. Falaremos ainda da disputa dos opositores com Estêvão, que não era um debate honesto, mas uma forma de impor a opinião deles a qualquer custo. Por último, falaremos da falsa narrativa dos opositores contra Estêvão, destacando que a Igreja ao longo da história enfrenta o mesmo problema.


1. Aprendendo com Estêvão. Antes de falarmos do que podemos aprender com a vida e a morte de Estêvão, é importante trazer as poucas informações que temos sobre ele. Estevão aparece pela primeira vez na Bíblia, na ocasião da escolha dos sete diáconos, registrada no capítulo 6 do livro de Atos dos Apóstolos, conforme estudamos na lição passada. Um destes sete homens era Estêvão, um homem cheio do Espírito Santo e de fé, que pregava ousadamente a Palavra de Deus e fazia muitos milagres entre o povo. No capítulo 7 de Atos, temos o registro do seu discurso, o levante dos seus opositores e, consequentemente, a sua execução.  

Não temos maiores informações sobre a pessoa e a origem de Estêvão. O seu nome  grego é "Stéphanos" e significa “coroa”. Estêvão falava fluentemente o grego e era um judeu dos chamados "helenistas", ou seja, judeus que viviam fora da terra de Israel e falavam o idioma grego. Nada sabemos também sobre a sua conversão ao Cristianismo. Uma tradição antiga diz que ele fez parte dos setenta discípulos enviados por Jesus, mas não temos nenhuma comprovação disso.

Em seu livro: Estêvão, o primeiro apologista do Evangelho, assim escreveu o pastor Ciro Sanches Zibordi, sobre Estêvão: 


“... O primeiro grande apologista do evangelho e o protomártir da Igreja. Um diácono de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Um pregador que, ao defender o evangelho, foi morto por seus inimigos, mas teve o privilégio de ver o Filho do Homem em pé, à direita de Deus Pai! Enfim, um homem que deixou um legado”.


Estêvão enfrentou uma oposição ferrenha, vinda de judeus helenistas, tomados pelo ódio aos cristãos. Aprendemos aqui, a primeira lição com Estêvão: A fé cristã sempre enfrentará oposição e será confrontada. O cristão não pode ficar em cima do muro e terá que enfrentar as oposições com coragem. Jesus já havia alertado os seus discípulos de que eles seriam odiados por todos os povos, perseguidos e mortos, por causa do Nome dele (Mt 10.22; 24.9; Lc 21.17; Jo 15.21; 16.33).

Em sua pregação, Estêvão fez um longo discurso, defendendo a sua fé, de forma corajosa e com argumentos bíblicos, tornando-se o primeiro apologista da fé cristã, como veremos no próximo tópico. Com o discurso de Estêvão, aprendemos que todo cristão deve conhecer as doutrinas bíblicas e estar pronto a defender a sua fé, onde for questionado. É claro que isso gera perseguições e prejuízos. Estêvão manteve-se firme na fé, mesmo diante de uma oposição cerrada, que culminou em sua morte. Esta deve ser a postura de todo cristão. 


2. A fé sob ataque. Por causa da sua pregação, Estêvão foi conduzido à presença do sumo sacerdote para ser interrogado. Lucas inicia o seu relato sobre Estêvão, dizendo: “Estêvão cheio de fé e de poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.” (At 6.8). Por causa disto, levantaram-se contra ele vários opositores ferrenhos, tomados pelo ódio, de forma que rangiam os dentes contra ele (At 7.54). 

Entre estes opositores, estavam os que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, que disputavam com Estêvão, mas não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava (At 6.9,10). O jovem Saulo, que era um fariseu, natural de Tarso da Cilícia, estava entre eles. Estes mestres da Lei não conseguiram resistir à sabedoria com que Estêvão falava. Irritados, resolveram subornar alguns homens para o acusarem falsamente de blasfêmia perante o sumo sacerdote. 

O comentarista chama a nossa atenção aqui para o verbo grego anistemi, traduzido em Atos 6.9 por “levantaram”, que é a mesma palavra usada em Marcos 14.57, quando alguns se levantaram [anistemi] e testificaram falsamente contra Jesus. Isto nos mostra que da mesma forma que atacaram Jesus com falsos testemunhos, também irão atacar os seus discípulos, pois, como disse Ele, o discípulo não é maior do que o seu Senhor. No Livro Diário do Pioneiro, Ivar Vingren, filho mais velho do missionário sueco Gunnar Vingren, descreveu com base nas anotações do pai, os mais horrendos ataques e perseguições, que os crentes sofreram no Brasil, no início da Assembleia de Deus. 


3. A disputa com Estêvão. O texto de Atos 6.9, continua dizendo que este opositores que se levantaram contra Estêvão, “disputavam” com ele. A palavra grega traduzida por disputavam é suzéteó que significa discutir, disputar, questionar. A versão Revista e Atualizada a traduziu por “discutiam”. Entretanto, o que estes opositores fizeram não foi um debate honesto de ideias, com respeito às opiniões divergentes. Eles queriam impor a sua opinião a todo custo, silenciando o oponente.

É exatamente isso que acontece hoje em dia nos meios de comunicação, nas universidades e na sociedade em geral, cuja maioria esmagadora é anticristã. Nas escolas, professores atacam o Cristianismo e os seus valores, gratuitamente, sem ter nenhuma relação com o assunto a ser lecionado. E se algum aluno cristão responder aos ataques, passa a ser ridicularizado e perseguido. Por outro lado, fazem questão de enaltecer religiões, ideologias e grupos sociais anticristãos. 

Eu já assisti a alguns debates em programas de televisão, entre pastores e integrantes de outras religiões e ateus. Claramente se vê que o mediador não é imparcial e coloca a fé cristã como intolerante, fundamentalista e retrógrada. Nas reportagens, também, quando se fala de alguém que se diz evangélico e cometeu algum crime, fazem questão de dizer que era evangélico ou pastor, para tentar associar todos os cristãos àquele delito. Muitas vezes, o criminoso nem faz parte mais da Igreja, mas fazem questão de dizer que era evangélico. 


4. A falsa narrativa. Na literatura, a narrativa é um texto em prosa, com personagens que figuram situações fictícias ou imaginárias, como as novelas, contos, crônicas e fábulas. Entretanto, esta palavra ganhou outro significado, que é a construção de uma informação falsa, ou estória a respeito de uma pessoa ou de um grupo, com o objetivo de desconstruir a sua imagem e minar a sua credibilidade. Joseph Goebbels, ministro do governo nazista alemão, se valia desta prática e dizia que “uma mentira dita mil vezes, torna-se uma verdade”.


Ao longo da história, muitos governos totalitários usaram a construção de falsas narrativas contra os seus desafetos, para desconstruir a sua reputação e jogar a população contra eles. Nos dias do rei Acabe, temos o caso de Nabote, o jezreelita, que foi morto por causa de uma narrativa criada por homens inescrupulosos, a mando da rainha Jezabel, dizendo que ele havia blasfemado. O profeta Daniel também foi acusado injustamente de descumprir as leis do império medo-persa e foi parar na cova dos leões. 


No Novo Testamento, temos os registros de várias narrativas criadas pelos judeus contra Jesus, para descredibilizá-lo perante o povo. Diziam que Ele expulsava os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios; que Ele era um falso Messias e enganava o povo; que Ele dizia ser o rei dos judeus; por fim, espalharam a narrativa de que os seus discípulos haviam furtado o seu corpo do sepulcro, com o objetivo de negar a ressurreição. 


Os discípulos de Jesus, após a sua ascensão aos Céus, também foram vítimas de várias narrativas falsas, para os acusarem perante as autoridades romanas. Paulo, Barnabé e Silas, também foram acusados falsamente de desobediência às leis romanas e de afrontar outras religiões. O imperador romano Nero provocou um incêndio em Roma e espalhou a narrativa de que foram os cristãos que causaram este incêndio. Esta acusação causou grande revolta contra os cristãos em todo o império romano.


Da mesma forma, ao longo da história da Igreja os inimigos da fé cristã inventam narrativas para denegrir a imagem dos cristãos e, com isso, minar a sua credibilidade. No início da Assembleia de Deus aqui no Brasil, os católicos espalhavam as mais absurdas mentiras contra os protestantes. Até mesmo jornalistas desonestos publicavam acusações falsas contra os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, para evitar que o povo brasileiro se convertesse à fé evangélica. Ainda hoje, muitos espalham fake news na internet, principalmente contra pastores, acusando-os de serem maçons e de outras coisas. 


REFERÊNCIAS: 


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 20025. Ed. 102, p. 40.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Estevão: O primeiro apologista do Evangelho. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2018.

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

26 agosto 2025

CRIANDO FILHOS TEMENTES A DEUS

O que podemos fazer para que os nossos filhos cresçam espiritualmente saudáveis e sirvam a Deus?

Weliano Pires

Muitos pais cristãos pensam que basta orar pelos seus filhos e levá-los à Igreja. Isso é importante, mas não é o bastante para que eles cresçam temendo a Deus. Na sociedade pós-moderna, é um grande desafio para os pais cristãos criarem os seus filhos no temor e admoestação do Senhor, como a Bíblia recomenda.  Eles têm pouco tempo com os filhos, devido à correria no trabalho, estudos, Igreja e tempo gasto no trânsito. Por outro lado, os filhos passam várias horas por dia expostos a vários tipos de ensinos perniciosos e a práticas que contrariam a Palavra de Deus. O que podemos fazer para que os nossos filhos cresçam espiritualmente saudáveis e sirvam a Deus?

1. Ensino da Palavra de Deus. A Igreja local, principalmente o pastor e o professor da Escola Dominical, tem a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos crentes. Entretanto, o ensino da Palavra de Deus deve começar em casa. É de responsabilidade dos pais ensinar aos seus filhos a Palavra de Deus. Nos textos de Deuteronômio 6.4-8 e 11.18,19, o Senhor fala para os pais ensinarem a Lei do Senhor aos filhos, assentados com eles à mesa, andando com eles no caminho, ao deitar e ao levantar. 

No Livro de Provérbios também há várias referências recomendando aos pais que instruam os seus filhos, mostrando-lhes o caminho em que devem andar. O texto mais conhecido é Provérbios 22.5 que diz: “Instrui à criança no caminho em que deve andar e quando envelhecer não se desviará dele”. Este texto nos mostra que os pais têm a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos filhos. Este ensino, no entanto, não deve ser apenas teórico. Os pais devem ensinar os filhos “no caminho” e não sobre o caminho. Ou seja, devem ensinar, andando também no caminho. O ensino do “faça o que digo, mas não o que eu faço”, não convence ninguém, principalmente as crianças. 

É importante esclarecer também que este texto não é uma promessa de que se ensinarmos a Palavra de Deus, os nossos filhos nunca se desviarão. Isso é uma tendência, pois aquilo que ensinamos na infância as crianças tendem a guardar por toda a vida. Mas, cada um é livre para fazer as suas escolhas. Há muitos pais que são servos de Deus e ensinaram a Palavra de Deus aos seus filhos, tanto na teoria, como no exemplo. Mas os filhos cresceram e se enveredaram por caminhos tortuosos. Neste caso, os pais fizeram a parte deles. 

Não podemos negligenciar esta responsabilidade, ou deixá-los apenas a cargo da Igreja. Precisamos gastar tempo com eles, para orar, ler a Bíblia e ensiná-los a ter um relacionamento com Deus. Infelizmente, muitos pais crentes não se preocupam com a salvação dos seus filhos e não lhes ensinam a Palavra de Deus. Depois que os filhos crescem e dão trabalho ficam se perguntando onde erraram. 

2. Prioridades corretas. Na sociedade pós-moderna, há muita correria e excesso de atividades. Há cobrança por todos os lados no trabalho, nos estudos e até na Igreja. É preciso estar conectado e se qualificar, senão fica para trás e não consegue trabalho. Um empresário ou executivo de uma grande empresa, por exemplo, precisa estar antenado com várias informações da economia, política, tecnologia, leis, atualidades, etc. Participa de várias reuniões com acionistas, fornecedores, funcionários e clientes. Sendo assim, saem de casa cedo e voltam tarde, exaustos. Os operários, construtores, bancários, vigilantes, comerciantes, domésticas, atendentes, etc. também chegam em casa tarde, cansados e exaustos, tanto no aspecto físico como psicológico.  Sendo assim, não tem tempo e disposição para a família. 

Até mesmo os pastores e obreiros em geral tem tantas atividades, que muitas vezes não sobra espaço na agenda para a família. Mas não deve ser assim. Nos textos bíblicos em que há requisitos para se exercer o ministério, ou orientações para os obreiros, sempre é enfatizado o cuidado com a família. Escrevendo a Timóteo e a Tito, o apóstolo Paulo falou que os bispos e diáconos devem cuidar bem da sua casa e dos seus filhos (1Tm 3.2,4,12; Tt 1.5,6). Esta recomendação não se limita aos obreiros. Paulo disse também que “se alguém não cuida da sua família e dos seus, negou a fé e é pior do que o infiel”. (1Tm 5.8).

Se não podemos dar conta de fazer tudo o que nos é exigido, devemos estabelecer prioridades em nossa vida. Segundo o pastor Elinaldo Renovato de Lima, a ordem das prioridades na vida dos casais, para que a família esteja devidamente assistida é: 1) o cônjuge; 2) os filhos; e 3) a igreja local. Muitos casais erram e prejudicam a família colocando os filhos acima do cônjuge. Outros colocam a igreja local à frente da família, o que também é um erro, pois se as famílias estiverem desestruturadas, a Igreja também estará, pois ela é formada de famílias. Alguém poderia perguntar: E Deus? não está em primeiro lugar? Na verdade, Deus não entra nesta lista, porque Ele deve estar presente em todos os momentos da nossa vida. Seja em casa, na Igreja, no trabalho, no lazer, Deus precisa ocupar o primeiro lugar em nossa vida.

3. Disciplina e estímulo. A disciplina é um ponto bastante polêmico, principalmente, porque muitas pessoas não sabem o significado de disciplina e a confundem com agressão. Por um lado, há os liberais, que ensinam que não se pode jamais castigar uma criança e querem argumentar com as crianças de igual para igual, como se elas tivessem discernimento de adulto. Por outro lado, há os que praticam agressões e espancamentos, que podem até matar, achando que isso é disciplina. Isso é incompatível com a conduta cristã e é caso de polícia. Estes dois extremos devem ser evitados.

Do ponto de vista bíblico, a disciplina tem dois aspectos. A disciplina pode ser uma referência à repreensão ou castigo, como em Hebreus 12.7,8. Nesse caso, o pai pode corrigir o filho que lhe desobedece, mas esta correção precisa ser moderada e com amor. Também deve ser o último recurso, caso haja insistência na desobediência. O outro aspecto da disciplina é o treinamento para desenvolver hábitos saudáveis, sejam alimentares, morais ou espirituais (Ef 6.4; 1Tm 3.4). Os soldados e os atletas são usados como exemplos de disciplina. Os pais também devem ensinar bons hábitos aos seus filhos e treiná-los na prática. 

Nem só de disciplina vivem os filhos, como muitos pais antigos imaginavam. Deve haver também o estímulo por parte dos pais, para que o lar não se transforme num quartel. Os pais precisam elogiar os filhos quando eles acertarem. Há pais que são muito rápidos para repreender e criticar. Mas quando os filhos fazem algo de bom, ou obtém boas notas, dizem que não fizeram nada além da sua obrigação. Os pais também devem oferecer carinho, afago e brincar com eles, para que eles possam desenvolver afetividade para com os pais e os seus semelhantes.

25 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 9: UMA IGREJA QUE SE ARRISCA

TEXTO ÁUREO:

“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55).


VERDADE PRÁTICA:

A igreja foi capacitada por Deus para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé e valores.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 6.8-15; 7.54-60.


Objetivos da Lição:

I) Elencar os desafios enfrentados por Estêvão ao ter sua fé questionada e como isso reflete na experiência da Igreja hoje;

II) Mostrar a defesa da fé feita por Estêvão e sua aplicação para os cristãos na atualidade;

III) Refletir sobre o martírio de Estêvão e a importância da perseverança e fidelidade à missão da Igreja.


Palavra-Chave: MARTÍRIO


Segundo o dicionário, a palavra martírio significa “suplício e/ou morte como castigo, em decorrência da devoção a uma causa ou uma fé”. Esta palavra tem origem no termo grego martyrion, que inicialmente se referia ao testemunho de uma pessoa que presenciou um fato, diante de um tribunal. Posteriormente, o termo ganhou outro significado e passou a se referir aos sofrimentos e morte de uma pessoa por causa das suas convicções religiosas ou políticas. Estêvão foi o primeiro cristão a sofrer martírio e Tiago, filho de Zebedeu, foi o primeiro apóstolo martirizado. 


INTRODUÇÃO


Nesta lição estudaremos sobre o primeiro mártir do Cristianismo, que foi Estêvão, um dos sete diáconos escolhidos para cuidar da assistência social. Logo após a instituição dos diáconos em Atos 6, a partir do versículo 6 e em todo o capítulo 7, Lucas dedica-se ao embate entre Estêvão e os seus opositores, que culminou em sua morte por apedrejamento. 


Lucas inicia o seu relato dizendo que Estêvão cheio de fé e de poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo (At 6.8). Por causa disto, levantaram-se contra ele vários opositores ferrenhos, que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, que disputaram com Estêvão, mas não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava (At 6.9,10). 


Por não conseguirem vencer a sabedoria de Estêvão de forma honesta e com argumentos, os seus inimigos valeram-se de golpes baixos, como o da rainha Jezabel contra Nabote, e subornaram homens sem escrúpulos, para que o caluniassem perante o sumo sacerdote, acusando-o de blasfêmia. 


Por causa desta acusação falsa, Estêvão foi conduzido ao Sinédrio, mas não se intimidou e proferiu um longo discurso sobre as Escrituras, desde Abraão até Cristo, acusando as autoridades religiosas de serem traidores e assassinos de Jesus. Tomados pelo ódio, aqueles homens tiraram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até à morte.


TÓPICOS DA LIÇÃO


I. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA


No primeiro tópico falaremos de Estêvão e a que igreja que tem a sua fé contestada. Estêvão nos ensina que a fé cristã sempre será questionada, enfrentará oposições e será colocada à prova. Na sequência, falaremos da fé sob ataque. Uma Igreja que é verdadeiramente cristã, sempre estará sob ataque, pois foi assim com o Senhor Jesus e continuou com os seus apóstolos. Falaremos ainda da disputa dos opositores com Estêvão, que não era um debate honesto, mas uma forma de impor a opinião deles a qualquer custo. Por último, falaremos da falsa narrativa dos opositores contra Estêvão, destacando que a Igreja ao longo da história enfrenta o mesmo problema. 


II. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ


No segundo tópico, falaremos de Estêvão e a Igreja que defende a sua fé. Inicialmente falaremos da defesa da fé que Estêvão fez, mostrando como Deus sempre agiu na história do seu povo, com o objetivo de mostrar que Jesus é o Cristo. Falaremos ainda neste tópico sobre os corações endurecidos daqueles homens que, mesmo vendo os milagres realizados por Estêvão e a brilhante exposição das Escrituras, rejeitaram a mensagem de Deus. 


III. ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA


No terceiro tópico, falaremos de Estêvão e o martírio da Igreja. Veremos que diante da morte, Estêvão contemplou a vitória da Cruz, ao ver o Cristo glorificado, em pé à direita de Deus. Veremos ainda que em sua morte, Estêvão perdoou os seus algozes, assemelhando-se ao Senhor Jesus, que em sua morte rogou ao Pai que perdoasse àqueles que o crucificaram, pois não sabiam o que faziam. 


Ev. WELIANO PIRES

AD-BELÉM / SÃO CARLOS, SP.

A IGREJA DIANTE DA PERSEGUIÇÃO

(Comentário do 1° tópico da Lição 10: A expansão da Igreja). Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos do comportamento da Igreja dia...