08 outubro 2025

O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS

(Comentário do 2º tópico da Lição 02: O corpo – A maravilhosa obra da criação de Deus).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da relação entre o corpo humano e a glória de Deus. Com base nas palavras de Davi, no Salmo 139, veremos que Deus é o grande tecelão do corpo humano. Na sequência, veremos que o entendimento de que foi Deus quem nos criou, livra-nos de falsas especulações e leva-nos a louvar ao nosso Criador. Falaremos também sobre dois extremos que devemos evitar, em relação ao corpo humano: o desprezo e a idolatria. Por último, veremos que em relação ao corpo, o cristão não deve se preocupar com regras e sim em seguir os princípios bíblicos. 

1. O divino tecelão. Em uma linguagem poética, o salmista assim se expressou para Deus: “Pois possuíste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe”. (Sl 139.13). A palavra hebraica traduzida neste texto na Versão Almeida Revista e Corrigida por “entreteceste” é sâkak. Esta é uma palavra polissêmica, ou seja, tem vários significados e o seu contexto determinará o seu sentido na frase: Guardar, no sentido de cercar ou trancar; bloquear ou cobrir, com o objetivo de proteger; e tecer/entrelaçar, como um tecelão faz com os fios de um tecido. 

No verso 15 do mesmo Salmo, a palavra Sâkak aparece duas vezes: a primeira com o sentido de encobrir e a segunda, com sentido de tecer como um tecelão: “Os meus ossos não te foram encobertos [Sâkak], quando no oculto fui formado, e entretecido [Sâkak] como nas profundezas da terra”. (Sl 139.15). A Bíblia de Jerusalém traduziu a palavra neste verso, respectivamente por “escondido” e “tecido”. É ao segundo caso, que nos referimos aqui. 

A fabricação de tecidos antigamente era feita de forma artesanal. O tecelão entrelaçava os fios de algodão, lã, linho ou seda, até formar um pano. Hoje, são as máquinas que fazem isso. Entendemos, portanto, que Deus é o nosso ‘tecelão’, pois, Ele criou as células, juntou as células semelhantes, que formaram os tecidos, estes formaram os órgãos e juntos formaram o corpo humano. É exatamente assim que a ciência descreve a formação dos órgãos e tecidos do feto, no ventre materno. Deus criou a matriz, que foi o primeiro casal, deu-lhes a capacidade de se reproduzirem e ordenou-lhes a multiplicação da espécie. 

2. Entendimento e louvor. A compreensão da maravilhosa obra divina na formação do corpo humano liberta-nos de toda especulação e dúvida e produz um sentimento de gratidão e louvor. Davi declarou: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (Sl 139.14). No mesmo versículo o salmista usa a expressão “a minha alma o sabe muito bem”, demonstrando como a verdadeira fé produz entendimento e percepção espiritual corretos, gerando quietude interior. Quando o homem não se reconhece como obra do Criador, vive inquieto em busca de explicações sobre si mesmo e se torna vítima dos mais variados enganos, como a teoria evolucionista. Não glorifica a Deus e se perde em um mundo de idolatria e depravação (Rm 1.18-32).

Quando entendemos que somos obra das mãos de Deus, a reação natural é louvá-lo por esta obra maravilhosa, que é o nosso corpo. No Salmo 19.1, lemos o seguinte: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”. Isto significa que as coisas que Deus criou mostram a Sua glória e que há um Deus transcendente que criou tudo isso. A beleza e a grandeza das coisas criadas, testificam à humanidade da existência de Deus. 

Na mesma direção, o apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos disse que as coisas que foram criadas revelam o poder e a divindade de Deus, e os que não reconhecem isso são indesculpáveis diante de Deus: "Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis." (Rm 1.20). 

O entendimento de que Deus é o Criador nos conduz a louvá-lo. O salmista prosseguiu, dizendo: Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. (Sl 139.14). Quando temos o entendimento de que Deus é o criador e sustentador de todas as coisas, só nos resta nos prostramos diante dele, reconhecendo a sua grandeza e majestade, e louvar ao Seu Santo Nome. Os ateus e agnósticos não fazem isso, não porque tem certeza ou dúvidas da existência de Deus e sim, porque são arrogantes e não querem que Deus exista. Reconhecer que Deus existe, implica em submeter-se a Ele e negar a si mesmo. 

3. O perigo dos extremos. Há dois extremos em relação ao corpo humano que devemos rejeitar, pois são contrários às Escrituras: 

a. O desprezo. Na antiguidade, várias correntes filosóficas e religiosas viam o mundo material de forma negativa e, por isso, consideravam que o corpo humano era essencialmente mau. Este dualismo estava presente no maniqueísmo, platonismo e gnosticismo. Estas correntes de pensamento tinham diferenças entre si, mas tinham em comum a idéia de que a matéria era algo ruim. Infelizmente, muitos cristãos, por desconhecerem as Escrituras, acabam reproduzindo este pensamento. 

Estas pessoas fazem confusão entre carne e corpo humano. A palavra carne na Bíblia tem vários significados e um deles é o corpo humano, como em Êx 4.7: “... E tornou a meter a mão no peito; depois, tirou-a do peito, e eis que se tornara como a sua outra carne.” A expressão “sua outra carne” é uma referência ao restante do corpo e não apenas à parte que é considerada carne. Entretanto, nos textos bíblicos, principalmente no Novo Testamento, quando a palavra carne aparece de forma negativa, refere-se à natureza pecaminosa do ser humano e não ao corpo. É nesse sentido que o apóstolo Paulo fala das obras da carne, em Gálatas 5.19-21. O corpo humano não tem nada de mau, pois, foi criado por Deus e é o templo do Espírito Santo.

b) O culto ao corpo. O outro extremo, que também não tem fundamento bíblico, é a supervalorização e idolatria do corpo humano. Na Grécia Antiga havia o culto à beleza, principalmente o corpo masculino, que era esculpido totalmente despido e exposto nos ginásios. Na mitologia grega, o personagem Narciso, admirava muito a própria imagem e teria caído em um lago, contemplando e admirando a própria imagem. Por isso, as pessoas que têm profunda admiração pela própria imagem e sentem a necessidade de se auto exibir são chamadas de narcisistas. Com o advento das redes sociais, as pessoas buscam a todo custo o exibicionismo e o elogio, a fim de inflar o próprio ego. Para isso, vivem o tempo todo tirando fotos e editando-as com uma infinidade de filtros, a fim de melhorar a própria imagem. Nem mesmo os locais de culto escapam deste exibicionismo, conforme veremos no próximo tópico.

4. Princípios ou regras? O que fazer em relação ao corpo humano? Criar um código de regras rígidas e inflexíveis, como fazem os monges e legalistas? Evidentemente, como em todas as áreas da nossa vida, o nosso corpo precisa de limites e de algumas regras para viver bem, como alimentação balanceada, exercícios físicos, descanso e acompanhamento médico. Entretanto, mais importante e mais eficiente que um monte de regras, determinando o que podemos fazer ou não, é seguir os princípios bíblicos em todas as áreas da nossa vida. 
Em relação ao nosso corpo, devemos seguir a reflexão proposta pelo comentarista neste ponto: o que fazemos com o nosso corpo glorifica a Deus, ou visa agradar a nós mesmos? Será que estamos agradando a Deus, ou estamos buscando a glorificação do nosso corpo? O que estamos fazendo com o nosso corpo visa a saúde do corpo, ou temos a pretensão de atrair os olhares? 

Exibir o corpo com o objetivo de provocar desejos sexuais nos outros é um pecado chamado na Bíblia de lascívia. Por outro lado, olhar para o corpo de uma pessoa (homem ou mulher) com desejos impuros é outro pecado chamado de impureza. Jesus deixou claro que, se um homem olhar para uma mulher com desejos impuros, cometeu adultério com ela em seu coração: “Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”. (Mt 5.28).

07 outubro 2025

A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 02: O Corpo, a maravilhosa obra da criação de Deus)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do corpo como uma obra maravilhosa de Deus. Inicialmente, veremos que o corpo humano foi formado por Deus , a partir de uma matéria prima que havia sido criada por Ele: o pó da terra.  Na sequência, veremos que Deus, o autor da vida, criou também o corpo da mulher, usando uma das costelas do homem que havia criado. Por fim, falaremos da formação integral de cada ser humano, com corpo, alma e espírito, no ventre materno. 

1. Do pó da terra. O texto de Gênesis 2.7 nos diz: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra…” Muitos cientistas ateus e materialistas questionam esta possibilidade e fazem zombarias, achando simplista demais. Mas, é sabido que os elementos químicos presentes no corpo humano, como oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo e outros, também estão presentes no pó da terra. 

O corpo humano possui uma estrutura bem articulada, com funcionamento tão perfeito que desafia a compreensão humana, inclusive a ciência moderna, com todos os seus avanços. O comentarista mencionou a complexidade das células, órgãos e tecidos do nosso corpo. De fato, o nosso corpo funciona de forma impressionante! 

O nosso cérebro possui neurônios finíssimos, protegidos por uma caixa de ossos. Se qualquer deles se romper, as consequências são devastadoras para o restante do corpo. O nosso sangue percorre vários quilômetros diariamente, bombeado pelo coração sob uma pressão adequada, levando nutrientes e aquecimento a todos os órgãos do corpo. Se a pressão for maior ou menor, o corpo terá problemas. 

Como Deus fez uma estrutura tão perfeita e complexa, usando apenas o pó da terra? Ora, o Deus que criou do nada, um Universo tão vasto e complexo, com mais de um bilhão de galáxias e sustenta todas as coisas pelo seu imenso poder, não teria nenhuma dificuldade de transformar o pó da terra em um corpo humano e fazê-lo funcionar, colocando nele a alma e o espírito. 

2. Deus, o Autor da vida. Deus é o autor da vida, em todos os estágios. No princípio, Ele criou o corpo do homem usando uma matéria prima que Ele mesmo havia criado: o pó da terra. Depois, Ele criou a mulher usando o corpo do homem. Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, fez a primeira cirurgia, retirando uma das suas costelas e fez a mulher. 

A mulher não é menor do que o homem e, assim como este, também foi criada por Deus. Homem e mulher foram criados à imagem de Deus, conforme à sua semelhança. Ambos são iguais em importância e dignidade. Não é apenas o ser humano do sexo masculino que é imagem e semelhança de Deus. Como ser humano, homem e mulher são iguais perante Deus. 

O corpo da mulher é também uma obra prima das mãos de Deus, com a mesma complexidade e perfeição no funcionamento que tem o corpo masculino. Entretanto, Deus os fez com várias diferenças estruturais e funções diferentes. Não há dúvidas de que, fisicamente, o homem supera a mulher em força. A sua constituição anatômica é diferente. A força física, a estrutura muscular e óssea do corpo masculino são superiores às do corpo feminino. Na questão sexual, também há muitas diferenças entre homens e mulheres. 

Os adeptos da ideologia de gênero insistem que ninguém nasce homem ou mulher, que isso é uma “construção social”. Mas, isso é negar a realidade. Por mais que façam mutilações ou introduzam substâncias químicas e hormônios masculinos, o corpo da mulher continuará sendo feminino. Se encontrarem uma ossada de um corpo de mulher cem anos após a sua morte, o DNA comprovará que era um corpo feminino.

3. A individualizada formação integral. Embora Deus não continue criando os corpos dos bebês que nascem, Ele continua sendo o criador e doador da vida. Ele criou o primeiro casal e deu-lhe a capacidade de se reproduzir e ordenou que se multiplicassem, através da fecundação do óvulo. A vida pertence a Deus e só é possível gerar vida, a partir de uma vida. Um corpo sem vida não pode gerar outra vida. Há muitas discussões filosóficas, jurídicas, religiosas e biológicas sobre o início da vida humana. Alguns acham que o direito à vida deve ser concedido apenas após o nascimento e aos que podem ter uma vida digna. Entretanto, a vida é propriedade de Deus e somente Ele tem o direito de tirá-la (1 Sm 2.6).

Deus criou o primeiro casal na fase adulta e deu-lhes a capacidade de se reproduzir. Mas, a nova vida gerada é um também um ato criativo de Deus e pertence a Ele: "Pois em ti está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz." (Sl 36.5). Do ponto de vista bíblico, a vida tem início no momento da fecundação. A Biologia também mostra que a vida começa com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide.

Falando ao profeta Jeremias, o Senhor disse: "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta." (Jr 1.5). Na mesma linha de pensamento, o salmista diz no Salmo 139.16: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia."

Por esta razão, nós os  cristãos, somos contra o aborto em qualquer circunstância. Os defensores do aborto vêem em uma gravidez apenas um amontoado de células e defendem que a mulher deve ter o direito de eliminar a criança que ainda não nasceu, como se fosse uma parte indesejada do seu corpo. Entretanto, Deus que é presciente e soberano, vê ali nações que se formarão, profetas, reis, pastores e até o Salvador do mundo, que foi fecundado no ventre da sua mãe, e foi também um embrião e um feto. Somos igualmente contrários à eutanásia, à eugenia, ao suicídio, à tortura e a qualquer tipo de atentado à vida humana. Quem pratica ou apoia estas coisas, não pode ser considerado cristão.

Os defensores do aborto criaram o slogan "meu corpo, minhas regras", como defesa da liberdade de fazer o que quiserem com o corpo e, com isso, julgam ter o direito de escolher abortar ou não. Entretanto, no caso do aborto, não é o corpo da mãe que está em discussão e sim, um novo ser que está em seu ventre, cuja vida pertence a Deus. Matar um ser humano não é e não pode ser, uma decisão da mãe. O novo ser no ventre materno não é uma extensão do corpo da mãe e não tem culpa das circunstâncias que o levaram a ser gerado. Portanto, não pode pagar com a vida pelas decisões erradas de outrem.

06 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2: O CORPO — A MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO DE DEUS

TEXTO ÁUREO:

“Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” (Sl 139.14).

VERDADE PRÁTICA:

A ciência busca desvendar os mistérios do corpo humano, mas o crente descansa em saber que é obra da poderosa e perfeita mão de Deus.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Salmos 139.1-4,13-18.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:

I) Conduzir os alunos a reconhecerem que o corpo humano é uma criação maravilhosa de Deus, formada com propósito, sabedoria e amor;

II) Conscientizar os alunos sobre a importância de glorificar a Deus com o corpo, evitando extremos como o desprezo do corpo e sua idolatria;
III) Incentivar os alunos a compreenderem o papel do corpo nas relações interpessoais, na vida congregacional e no culto a Deus. No primeiro tópico, falaremos do corpo como uma obra maravilhosa de Deus. Inicialmente, veremos que o corpo humano foi formado por Deus , a partir de uma matéria prima que havia sido criada por Ele: o pó da terra. Na sequência, veremos que Deus, o autor da vida, criou também o corpo da mulher, usando uma das costelas do homem que havia criado. Por fim, falaremos da formação integral de cada ser humano, com corpo, alma e espírito, no ventre materno.

Palavra-Chave: CORPO

O corpo é a parte física do ser humano, formada por órgãos e tecidos, que se relaciona com  mundo ao seu redor através dos cinco sentidos: visão, audição, paladar e olfato. O corpo não tem vida própria e necessita da alma e do espírito para ter vida. Se a parte imaterial sair do corpo humano, imediatamente, os seus órgãos para de funcionar e inicia-se o processo de decomposição. 

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a primeira de quatro lições sobre a parte material do ser humano, que é o corpo, como uma obra magnífica da criação de Deus. A famigerada teoria evolucionista tenta explicar o surgimento do ser humano a partir de supostas evoluções de outras espécies, mas não conseguem apresentar a fase de transição. O ser humano, embora tenha um corpo físico, formado por vários órgãos e tecidos como os animais, ele possui raciocínio, consciência e religiosidade natural.

O racionalismo, que é uma corrente filosófica que procura explicar o Universo unicamente através da razão, busca explicações racionais para a existência humana há muitos séculos. Da mesma forma, o chamado cientificismo, que coloca a ciência como algo superior a todas as outras formas de compreensão do Universo, pensa que a ciência é capaz de explicar tudo sobre a existência humana.

Entretanto, o que vemos são inúmeras lacunas e perguntas sem respostas, que tem gerado crises existenciais, insatisfações generalizadas, doenças físicas e emocionais e incertezas. Se atentassem para a Palavra de Deus, veriam que o corpo humano é uma estrutura complexa, porém maravilhosa, que foi formada por Deus. Tanto a constituição quanto o funcionamento do corpo humano são maravilhosos e perfeitos. É inimaginável, pensar que tudo isso é obra do acaso.

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS

II. O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS

No primeiro tópico, falaremos da relação entre o corpo humano e a glória de Deus. Com base nas palavras de Davi, no Salmo 139, veremos que Deus é o grande tecelão do corpo humano. Na sequência, veremos que o entendimento de que foi Deus quem nos criou, livra-nos de falsas especulações e leva-nos a louvar ao nosso Criador. Falaremos também sobre dois extremos que devemos evitar, em relação ao corpo humano: o desprezo e a idolatria. Por último, veremos que em relação ao corpo, o cristão não deve se preocupar com regras e sim em seguir os princípios bíblicos.

III. O CORPO E A COLETIVIDADE

No terceiro tópico, falaremos sobre o corpo humano e a coletividade. Discorreremos sobre a prática relacional, pois não fomos criados para viver isolados socialmente. Na sequência, falaremos da prática congregacional, destacando o papel do corpo no culto ao Senhor. Por último, falaremos do uso exagerado dos recursos tecnológicos nos cultos.

Ev. WELIANO PIRES
AD--BELÉM / SÃO CARLOS, SP

O CORPO — A MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO DE DEUS

(SUBSÍDIOS  DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD).


Nesta lição, veremos com maiores detalhes uma das obras mais sublimes de nosso Criador: o corpo humano. De modo extraordinário, o Senhor formou o homem do pó da terra. O corpo é a estrutura material onde se encontra a alma e o espírito. A Bíblia o classifica também como templo do Espírito Santo e, como tal, precisa ser preservado (1Co 3.16). O cuidado com o corpo está além da simples nutrição ou atividade física. Cuidar do corpo significa também ter uma vida equilibrada de modo a evitar que os maus comportamentos e pensamentos da natureza humana pecaminosa tornem a predominar sobre o corpo. Ainda que por um tempo haja em nós uma incessante luta entre a carne e o espírito, nosso corpo deve ser apresentado para uma vida que ande no espírito e sirva a Deus com integridade (Gl 5.16).


Vale ressaltar que, antes da Queda, o propósito de Deus era que o homem desfrutasse da plenitude da vida em perfeita comunhão com seu Criador. Nesse sentido, o corpo humano fruía de plenas condições quando habitava o Éden. Conforme discorre o Comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global (CPAD), “ao criar os seres humanos à sua própria imagem, Deus designou as pessoas como seres triunos (isto é, ‘trifacetados’), com espírito, alma e corpo (1Ts 5.23; Hb 4.12). Deus formou Adão do pó da terra (corpo) e soprou em suas narinas o fôlego de vida (espírito), e ele se tornou ‘alma vivente’ (alma, Gn 2.7). Deus pretendia que, ao comer da árvore da vida e obedecer à sua instrução de não comer da árvore da ciência do bem e do mal, a humanidade continuasse a viver em sua condição perfeitamente criada (cf. Gn 2.16,17; 3.22-24). Somente depois que a morte entrou no mundo, como resultado do pecado humano, é que lemos sobre o corpo retornando ao pó e o espírito voltando para junto de Deus (Gn 3.19; 35.18; Ec 12.7; Ap 6.9). Em outras palavras, a separação do corpo do espírito e da alma (isto é, o momento da morte física) é resultado da maldição de Deus sobre a raça humana por causa do pecado. [...] O corpo também passará por uma transformação quando ressuscitar (isto é, quando voltar à vida para se unir à alma e ao espírito). Esta é a maneira como a nossa completa qualidade de ser humano será restaurada, no final, se tivermos entregado a nossa vida a Jesus Cristo”. (2022, pp.1106,1107).

A vida plena no Espírito deve ser destacada. Atualmente, nos deparamos com a busca demasiada por uma beleza perfeita e culto à imagem, inclusive por quem trabalha com mídias sociais. O excesso de exposição do corpo traz efeitos à mente e ao corpo. Nosso corpo é templo do Espírito e deve estar à serviço do Reino (Rm 12.1,2).

03 outubro 2025

A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES

(Comentário do 3º tópico da Lição 01: O homem - Corpo, Alma e Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da interação das três dimensões do ser humano. Veremos a relação do corpo, que a parte material do ser humano, com o espírito e alma, que formam a parte imaterial, abordando a chamada somatização, que são os sintomas físicos decorrentes dos problemas das crises da alma e do espírito. Por fim, falaremos de equilíbrio e saúde para o corpo, alma e espírito, mediante um viver santo e equilibrado.  


1. Corpo, afetos e somatização. O ser humano é formado por três partes: corpo, alma e espírito, conforme já vimos. Mas estas três partes estão interligadas e formam uma única pessoa e não três pessoas independentes. Sendo assim tudo o que acontece no corpo, seja bom ou mau, repercute na alma e no espírito e vice-versa. A palavra corpo em grego é soma, por isso, a manifestação no corpo, de sintomas derivados de problemas emocionais ou espirituais, é chamada de somatização. 


O Antigo Testamento usa a palavra hebraica “leb” [pronuncia-se lev] e o Novo Testamento usa o termo grego “kardia” [que deu origem à palavra cardiologia], traduzidos em nossa Bíblia por coração, para se referir à alma humana, como sede das emoções. Por exemplo, em Provérbios 15.13, Salomão disse: “O coração [heb. Leb] alegre aformoseia o rosto”. Isso significa que se a alma está alegre, esta alegria repercute no corpo. O oposto também acontece: “O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito [heb. Leb] abatido virá a secar os ossos” (Pv 17.22) “E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração [Gr. kardia] se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia”. (Lc 21.34).


É o que acontece muito em nossos dias, com as chamadas doenças psicossomáticas que são sofrimentos físicos, causados por problemas emocionais. Entre estas doenças estão a enxaqueca, gastrite, úlcera, irritação intestinal, manchas na pele, dores musculares e nas articulações, hipertensão, infarto, AVC, etc. Estas doenças aparecem devido ao estresse, ansiedade, depressão, traumas, pressões psicológicas, pecado, opressão maligna, entres outros problemas emocionais e espirituais. 


2. Equilíbrio e saúde.

Assim como os problemas emocionais e espirituais prejudicam o nosso corpo, o oposto também acontece. Isso acontece porque os cinco sentidos do nosso corpo são as portas de entrada para o nosso ser interior. Os olhos, por exemplo, são as janelas da alma. O salmista disse: “Não colocarei coisa má diante dos meus olhos…”. (Sl 101.3). Há um ditado popular que diz: “O que os olhos não vêem, o coração não sente”. Há pessoas que passam o dia inteiro vendo coisas ruins na internet e na televisão. Evidentemente, o seu interior será contaminado e a sua alma e espírito adoecerão. 


Em relação às doenças, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais, há três posicionamentos que devemos rejeitar, pois são contrários às Escrituras:


a) O ensino da chamada Ciência Cristã. Este ensino não tem nada de ciência e muito menos de cristão. É uma seita panteísta que tem como fundamento dos seus ensinos a negação da realidade da matéria. Sendo assim, negam a existência do pecado, doenças e sofrimentos. Segundo os proponentes dessa idéia, estas coisas só existem na mente das pessoas e, portanto, se mudarem a forma de pensar, estas coisas não existirão. A Seicho-no-ie tem ensino semelhante. 

b) O ensino da Teologia da prosperidade. Os teólogos da prosperidade não negam a existência das doenças, mas dizem erroneamente que todas elas são manifestações demoníacas, falta de fé ou punição pelo pecado. Por isso, ensinam que o crente fiel não pode ficar doente e, se adoecer, deve exigir a cura imediatamente, pois Jesus “já levou todas as doenças”, interpretando erroneamente Isaías 53.4.

c) A negação das doenças emocionais e espirituais. Há também os materialistas que negam a realidade espiritual e dizem que todas as doenças são apenas físicas e devem ser tratadas apenas com medicamentos. Ignoram que há doenças oriundas de opressões malignas, traumas emocionais e pecados. Para esse tipo de doenças, remédios são ineficazes e podem apenas aliviar os sintomas. 


REFERÊNCIAS:


QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

CIÊNCIA CRISTÃ – A SEITA. ICP – Instituto Cristão de Pesquisas – Série Apologética – Vol. IV. Publicado em: https://teologaroficial.com.br/ciencia-crista-a-seita/

TANIGUCHI, Masaharu. As Sutras da Seicho-No-Ie: Educação Divina e Treinamento Espiritual Para a Humanidade. Sociedade Religiosa Seicho-No-Ie no Brasil, 3ª edição, p. 302).

A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: O homem - Corpo, Alma e Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da distinção entre alma e espírito. Inicialmente, apresentaremos o conceito bíblico de alma e a distinção entre a alma humana e alma do animal. Depois, apresentaremos o conceito bíblico do espírito humano, que é distinto da alma, porém inseparável e com funções distintas. 





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1. A alma. A palavra traduzida por alma em nossa Bíblia, no hebraico é nephesh. No grego é psychē, de onde vêm as palavras portuguesas psicologia, psiquiatria, psicotécnico, etc. A palavra alma na Bíblia é uma palavra polissêmica, ou seja, tem vários significados e precisa ser entendida em seu respectivo contexto. Em alguns textos, como em Gênesis 1.20, a alma significa a própria vida. Nesse sentido, se aplica também à vida dos animais (Gn 1.24). Em outros textos, como  em 1 Pedro 3.20, a alma significa a própria pessoa humana (oito almas que se salvaram no dilúvio). Em Mateus 10.28, porém, a alma significa a parte imaterial junto com o espírito, que pode perecer eternamente no inferno. 


A alma é parte imaterial do ser humano que forma a nossa personalidade e tem como faculdades os sentimentos, a vontade e o intelecto. É a alma que dá vida ao corpo. Na morte física, a alma sai do corpo junto com o espírito (Gn 35.16-19). A alma humana jamais morrerá e voltará ao corpo na ressurreição, seja para a vida eterna, ou para a condenação eterna (Dn 12.2). Também não fica inconsciente, quando a pessoa morre, como dizem aqueles que defendem o “sono da alma”. Em Apocalipse 6.9-11, João viu as almas dos justos que morreram clamando a Deus por justiça. Nas lições 5 a 9, estudaremos com mais detalhes sobre a alma humana.


2. O espírito. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “o espírito pode ser brevemente definido como o componente de vida não material do ser humano ” a essência verdadeira da pessoa, dada por Deus — incluindo as nossas capacidades espirituais e a nossa consciência. É o aspecto pelo qual temos contato mais direto com o Espírito de Deus.” O espírito e a alma são distintos, mas, são inseparáveis. O espírito também é imortal. Ele separa-se do corpo junto com a alma, mas unir-se-ão novamente na ressurreição. As faculdades do espírito humano são a fé e a consciência. Através destas duas faculdades, o ser humano consegue conectar-se a Deus.

Assim como a palavra alma, a palavra espírito na Bíblia também tem mais de um significado. A palavra espírito no hebraico é ruach que significa vento, hálito, mente, espírito. O termo correspondente no grego é pneuma, que deu origem às palavras portuguesas pneu, pneumática, pneumonia, etc. Esta palavra aparece logo no segundo versículo da Bíblia: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito (Ruach) de Deus se movia sobre a face das águas”. (Gn 1.2). 


Nesse caso de Gênesis 1.2, a palavra Espírito (heb ruach) refere-se ao Espírito de Deus, que é divino, assim como o Pai e o Filho. Em outros textos, a palavra espírito se refere aos anjos (Hb 1.4); é usada também para se referir aos demônios (Mt 8.16); significa também o nosso ser interior (Sl 34.18); mas em outros textos, o espírito significa uma parte imaterial distinta da alma (1Ts 5.23; Hb 4.12). Estudaremos mais detalhadamente sobre o espírito humano nas lições 10 a 12. 


REFERÊNCIAS:


QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

LIMA, Elinaldo Renovato de. Tempo, Bens e Talentos: Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2019.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp.1106,1107

Teologia Sistemática Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 18ª Ed. 2024.

DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chronos e kairós. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2001, p.124.

02 outubro 2025

A TRICOTOMIA HUMANA

(Comentário do 1º tópico da Lição 01: O homem - Corpo, Alma e Espírito)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da tricotomia humana. Inicialmente, apresentaremos o aspecto doutrinário e teológico do ser humano, mostrando do ponto de vista bíblico, quem ele é, como foi formado e o propósito da sua criação. Na sequência, mostraremos o fundamento bíblico da tríplice natureza humana, chamada na teologia de tricotomia. Por último, falaremos da combinação dos aspectos físico (corpo) e espiritual (alma e espírito) do ser humano, que o diferencia de todos os seres criados por Deus. 1. Doutrina e teologia. Neste tópico, eu peço aos irmãos mais experientes, que tenham um pouco de paciência, pois eu preciso explicar alguns conceitos básicos da teologia, que são familiares para aqueles que já tem um conhecimento teológico mais avançado. Mas, eu escrevo também para alunos e professores iniciantes, que não sabem ainda o significado de muitos termos usados nesta lição.

A palavra doutrina usada aqui, também está presente em outros ramos do conhecimento, como o Direito e a Filosofia. Esta palavra deriva do latim doctrina, que por sua vez traduz os termos gregos didaskalia e didachē, que significam instrução, ensinamento ou conjunto de ensinos de um sistema. Quando falamos de doutrina bíblica, referimo-nos ao conjunto de informações sobre um determinado tema, tendo como base a Bíblia Sagrada.

No caso da doutrina bíblica do ser humano, que é o nosso assunto aqui, o comentarista nos apresentou alguns textos bíblicos que nos mostram quem é o homem, como ele foi criado e qual o propósito da sua criação (Gn 1.26-29; 2.15; Sl 8.3-9; Ef 1.3-6). Estes textos bíblicos acima nos apresentam o ser humano como um ser criado por Deus do pó da terra, criado à imagem de Deus, conforme à sua semelhança, um ser racional, menor que os anjos e capaz de dominar sobre as coisas criadas. O objetivo dessa criação divina é que o ser humano fosse santo e irrepreensível diante de Deus, para louvor e glória da sua graça. 

Na teologia, a doutrina do homem é chamada de Antropologia bíblica, que é o estudo do ser humano, do ponto de vista bíblico. Conforme falamos na introdução ao estudo deste trimestre, a palavra antropologia vem de dois termos gregos “antropos” (ser humano) e “logia” (estudo ou tratado. Chamamos de Antropologia bíblica, porque existem outros tipos de Antropologia que estudam o ser humano em outros aspectos, como Antropologia biológica, cultural, linguística, filosófica, estruturalista, etc.

A disciplina da Antropologia bíblica está ligada à chamada Teologia Sistemática, que é ramo da Teologia que trata de organizar o conjunto das principais doutrinas bíblicas e apresentá-las de forma mais compreensível. Estas doutrinas estão interligadas, por isso, é importante sistematizá-las, pois não é possível compreendê-las individualmente, sem conhecer as demais. As matérias que compõem a Teologia Sistemática são: Doutrina da Bíblia, Doutrina de Deus, Doutrina de Cristo, Doutrina do Espírito Santo, Doutrina do homem, doutrina do pecado, Doutrina da Salvação, Doutrina dos Anjos, Doutrina da Igreja e Doutrina das últimas coisas. 


2. A tríplice natureza. A Bíblia mostra que o ser humano é formado por três partes: corpo, alma e espírito. Mas, é importante esclarecer que sobre a constituição do ser humano, há três pontos de vista: monismo ou unitarismo, dicotomismo e tricotomismo. O  primeiro é antibíblico deve ser rejeitado. Os dois não são heresias, pois têm base nas Escrituras e são interpretações diferentes. 

a) Monismo. Ensina que o ser humano é uma unidade, formada apenas da parte física. Creem que o ser humano é apenas um amontoado de células e que não há vida após a morte. É o que diz o velho ditado popular que diz “morreu, acabou”. Não há apoio nas Escrituras para esse tipo de pensamento. Há algumas seitas que, embora creiam na vida após a morte, acreditam na mortalidade da alma e na aniquilação dos ímpios. Os principais defensores destas duas heresias são os adventistas e as Testemunhas de Jeová. 

b) Dicotomismo. Ensina que o homem é formado por duas partes, sendo uma material (o corpo) e outra imaterial (alma ou espírito, que eles consideram que é a mesma coisa). De fato, em alguns textos, principalmente no Antigo Testamento, alma e espírito são usados de forma intercambiável e sinonímica, como se fossem a mesma coisa. Entretanto, há outros textos que mostram a distinção destas três partes. Nós respeitamos a posição dos dicotomistas e não os consideramos hereges, mas discordamos dessa interpretação. 

c) Tricotomismo. Ensina que o homem é formado por três partes: o corpo (que é a parte física) a alma (a parte emocional) e o espírito (que é a parte espiritual, capaz de se conectar a Deus). A alma e o espírito são distintos, porém inseparáveis, como veremos no próximo tópico. Esta é a posição oficial da Assembleia de Deus. Cremos que o ser humano é ser tricotômico, formado por espírito, alma e corpo (1Ts 5.23; Hb 4.12). O Senhor Jesus, quando se fez homem, recebeu um corpo (Hb 10.5), uma alma (Mt 26.38) e um espírito (Lc 23.46). Sobre isso, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil faz a seguinte afirmação: 


“Entendemos que o ser humano é constituído de três substâncias, uma física, corpo, e duas imateriais, alma e espírito. Exemplo dessa constituição nós temos no próprio Jesus. Essa doutrina é chamada tricotomia. Cristo é apresentado nas Escrituras com essas três características distintas e essenciais: “todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis [...]” (1 Ts 5.23); “[...] e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas” (Hb 4.12). Em 1 Coríntios 2.14-16; 3.1-4, o apóstolo Paulo mostra o homem “natural”, termo que literalmente quer dizer “pertencente à alma”, o homem carnal e o homem “espiritual”. Por essas passagens do Novo Testamento, a natureza humana consiste numa parte externa, o corpo ou a carne, chamada “homem exterior” e uma parte interna, denominada “homem interior”, composta do espírito e da alma.”


3. Físico e espiritual. Diferente dos anjos, que são seres apenas espirituais, e dos animais, que são seres apenas materiais, a Bíblia ensina claramente que Deus formou o homem do pó úmido da terra, soprou em suas narinas e deu-lhe o espírito. A partir daí, o homem tornou-se “alma vivente” (heb. nephesh chayim). A palavra alma (heb. nephesh), neste texto, não se refere à alma, no sentido da sede das emoções, sentimentos e vontades, mas ao sopro de Deus, que corresponde à parte imaterial do ser humano, formado por alma e espírito. 

Algumas versões da Bíblia traduzem a expressão nephesh chayim  por “ser vivente”. O comentarista menciona o fato do termo hebraico chayim, traduzido na versão Almeida Revista e Corrigida por “vivente”, estar no plural. No hebraico, o sufixo “im” indica plural. Aqui é um plural de intensidade, indicando uma unidade composta e não três vidas diferentes. Corpo, alma e espírito são três partes de uma mesma vida e não três vidas.

O ser humano é a coroa da criação de Deus. Os demais seres vivos também foram criados por Deus, mas nenhum deles foi criado à imagem e semelhança de Deus. Deus deu ordem para que a terra e os mares produzissem seres vivos, conforme as suas respectivas espécies (Gn 1.20-24). O Criador deu ordem e tudo no universo passou a existir. Mas para criar o ser humano, houve uma deliberação de Deus, que o criou conforme a sua imagem e semelhança.

Esta imagem, evidentemente, não é física, pois Deus é Espírito e não possui uma forma física. A palavra imagem no hebraico é ‘tselem’ e significa imagem mental, moral e espiritual de Deus. Isso significa que Deus deu ao homem, algumas das suas próprias características, ou atributos. Claro que não na mesma proporção, pois o homem não é um ser divino. Deus fez o ser humano um ser moralmente puro. Mas o pecado corrompeu-lhe a natureza e agora ele precisa ser restaurado pelo Espírito Santo.  


REFERÊNCIAS:


QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, p.44.

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD. págs. 72-84.

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD. 1ª Ed. 2022.

01 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 1: O HOMEM — CORPO, ALMA E ESPÍRITO

Ev. WELIANO PIRES 

TEXTO ÁUREO:
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts 5.23).

VERDADE PRÁTICA:
Deus nos fez corpo, alma e espírito para glorificá-lo eternamente com todo o nosso ser.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 1.26-28; 2.7,18,21-23.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:

I) Levar os alunos a entenderem que o ser humano é formado por corpo, alma e espírito;
II) Ensinar a diferença entre alma e espírito com base nos termos originais, mostrando que ambos compõem a parte imaterial do homem; 
III) Conscientizar sobre a importância da harmonia entre corpo, alma e espírito, destacando como que os desequilíbrios em algumas dessas áreas podem afetar as demais.

PALAVRA-CHAVE: TRICOTOMIA
A palavra tricotomia deriva da junção de dois termos gregos: “trikhós”, (cabelo ou pelo) e “tomos” (corte ou cortado). Originalmente, a palavra tricotomia significava cortar ou depilar uma parte dos pelos do corpo para a realização de um procedimento médico. Posteriormente, a palavra tricotomia passou a ser usada em sentido filosófico, para se referir a algo que foi divido em três partes. Nesse sentido, a palavra tricotomia é usada na Matemática, Botânica, Medicina, Filosofia, etc. No sentido teológico, que é o assunto desta lição, refere-se à corrente teológica que afirma que o ser humano é formado por três partes: corpo, alma e espírito. 

INTRODUÇÃO 

Nesta primeira lição, introduziremos o tema do trimestre falando da criação do ser humano como um ser tripartite, formado por corpo, alma e espírito. Todos os outros seres foram criados por ordem de Deus: Haja isso e aquilo se formava. No caso do ser humano, Deus o formou do pó da terra, soprou em suas narinas e deu-lhe o espírito. Deus não fez isso com nenhum animal. Antes de criar o homem, Deus criou todo o Universo, possibilitando todas as condições para o homem viver nele. Por último, Deus criou o homem para dominar sobre as demais criaturas (Gn 1.26,27). 

Os naturalistas insistem em reduzir o ser humano à condição de mero animal, que evoluiu de outra espécie e dizem que não passa de um mamífero, como outro qualquer. Atualmente, alguns vão mais além e dão mais valor aos animais e às árvores que aos seres humanos. Entretanto, a Bíblia nos apresenta o ser humano como a coroa da criação de Deus, o único ser vivo criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27).

Deus criou o ser humano perfeito em todos os aspectos: físico, moral e espiritual. Entretanto, com a entrada do pecado no mundo, o ser humano foi totalmente corrompido e toda a sua posteridade, sem exceção, herdou uma natureza corrompida e pecaminosa. Sendo assim, todas as áreas do nosso ser foram afetadas pelo pecado. Somente por meio do sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário, o homem pode ser restaurado da queda, mediante a fé nEle.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A TRICOTOMIA HUMANA
No primeiro tópico, falaremos da tricotomia humana. Inicialmente, apresentaremos o aspecto doutrinário e teológico do ser humano, mostrando do ponto de vista bíblico, quem ele é, como foi formado e o propósito da sua criação. Na sequência, mostraremos o fundamento bíblico da tríplice natureza humana, chamada na teologia de tricotomia. Por último, falaremos da combinação dos aspectos físico (corpo) e espiritual (alma e espírito) do ser humano, que o diferencia de todos os seres criados por Deus. 

II. A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
No segundo tópico, falaremos da distinção entre alma e espírito. Inicialmente, apresentaremos o conceito bíblico de alma e a distinção entre a alma humana e alma do animal. Depois, apresentaremos o conceito bíblico do espírito humano, que é distinto da alma, porém inseparável e com funções distintas. 

III. A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES
No terceiro tópico, falaremos da interação das três dimensões do ser humano. Veremos a relação do corpo, que a parte material do ser humano, com o espírito e alma, que formam a parte imaterial, abordando a chamada somatização, que são os sintomas físicos decorrentes dos problemas das crises da alma e do espírito. Por fim, falaremos de equilíbrio e saúde para o corpo, alma e espírito, mediante um viver santo e equilibrado.

30 setembro 2025

O HOMEM — CORPO, ALMA E ESPÍRITO

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO)

Estamos iniciando um novo trimestre de estudos com a revista Lições Bíblicas Adultos, editada pela CPAD. Rogamos que as ricas bênçãos do Senhor sejam derramadas sobre a sua vida, ministério e família. Nesta rica oportunidade, estudaremos sobre a natureza humana a partir da Antropologia na visão bíblica. Deus constituiu o homem de corpo, alma e espírito. Estes aspectos fundamentam a Doutrina do Homem e apontam como o homem foi criado, bem como revela o propósito do Criador em trazê-lo à existência.

O estudo sistemático sobre a Doutrina do Homem tem a pretensão de dirimir em que consiste a natureza humana atrelada aos propósitos do Criador para a humanidade. Deus, por sua infinita graça, criou os seres humanos com o fim de glorificá-lo a partir de uma comunhão eterna. No estudo desta lição, sua classe é convidada a conhecer com maiores detalhes dos três componentes básicos da existência humana, a saber, corpo, alma e espírito. Para termos uma visão geral do assunto, Stanley M. Horton, na obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal (CPAD), Discorre:

“[...] A composição física dos seres humanos é a parte material da sua constituição que os une aos demais seres viventes, inclusive as plantas e os animais. As plantas, os animais, os seres humanos, todos podem ser descritos em termos de existência física. A ‘alma’ é considerada o princípio da vida física ou animal. Os animais possuem uma alma básica e rudimentar: apresentam evidências de emoções e são descritos com o termo psyché em Apocalipse 16.3 (ver também Gn 1.20, onde são descritos como nephesh chayyah, ‘de alma vivente’ no sentido de ‘indivíduos vivos’ dotados de certa medida de personalidade). Os seres humanos e os animais são distintos das plantas, em parte pela capacidade de expressar sua personalidade individual. O ‘espírito’ é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus. Pode-se distinguir o espírito da alma, sendo aquele ‘a sede das qualidades espirituais do indivíduo, ao passo que nesta residem os traços da personalidade’. Embora distintos entre si, não é possível separar a alma do espírito”. (1996, p.248).

No estudo da natureza humana, a compreensão desses três componentes é indispensável para que o cristão experimente a vontade de Deus em sua totalidade e tenha uma vida equilibrada.

DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 03: O corpo e as consequências dos pecado) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, falaremos da trajetória...