19 setembro 2025

UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 12: O caráter missionário da Igreja de Jerusalém).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que formava discípulos. Inicialmente, falaremos do discipulado como a base para um crescimento saudável da Igreja. Não basta ganhar almas, é preciso ensinar-lhes a Palavra de Deus, para que tenham alicerce. Na sequência, veremos que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos em Antioquia e o significado desta denominação. Por último, falaremos da identidade cristã, que não se limita ao rótulo e sim à sua fé e estilo de vida.


1. A base do discipulado. A notícia de que os gentios haviam recebido o Evangelho chegou à Igreja de Jerusalém e Barnabé foi enviado a Antioquia para dar suporte ao novo trabalho. Barnabé era um levita, natural de Chipre, muito amoroso. Foi um dos primeiros a vender uma propriedade e doar o dinheiro para ajudar aos necessitados da Igreja (At 4.36,37).


O seu nome era José, mas os apóstolos o chamavam de Barnabé que significa "Filho da Consolação". Era um obreiro cheio do Espírito Santo, que tinha como característica principal o acolhimento. Quando Saulo se converteu, todos fugiam dele, pois não acreditavam que ele tivesse se convertido de verdade. Mas Barnabé se aproximou dele, ouviu o relato da sua conversão e o aproximou dos apóstolos. 


Ao chegar a Antioquia, Barnabé viu o crescimento do Evangelho naquela cidade e exortou os novos convertidos para que permanecessem na fé. Em seguida, partiu para Tarso, em busca de Saulo. Durante um ano inteiro, Barnabé e Saulo ensinaram a palavra de Deus nesta Igreja e ela se tornou uma Igreja rica em líderes, com vários profetas e doutores.


Barnabé e Saulo se dedicaram a ensinar a Palavra de Deus aos novos crentes em Antioquia (At 11.26). Este discipulado e ensino bíblico fizeram da Igreja de Antioquia uma Igreja fervorosa, bem estruturada, com bons obreiros, dedicada à oração e sensível à voz do Espírito Santo. Isso fez com que esta igreja se transformasse em uma base de missões transculturais, que enviou missionários a várias partes do mundo. 


2. Denominados de “cristãos”. Conforme explicou o comentarista, os cristãos de Jerusalém já haviam sido chamados internamente de “irmãos” (At 1.16); “crentes” (At 2.44); “discípulos” (At 6.1) e “santos” (At 9.13). Externamente eram chamados “os que eram do Caminho” (At 9.2; 19.9,23; 22.4; 24.14,22); e “Seita dos nazarenos” (At 25.4). Para os judeus, os cristãos eram seguidores de um falso profeta chamado Jesus de Nazaré, a quem eles haviam crucificado em um passado recente. As autoridades romanas, no entanto, pensavam que o Cristianismo fosse mais um partido religioso dos judeus. 


Em Atos 11.26, lemos: “...e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”. (At 11.26). O termo grego traduzido por cristãos aqui é “christianós”, que significa pessoas de Cristo, ou seguidores de Cristo. Alguns sugerem que a denominação “cristãos” foi usada inicialmente em tom de zombaria, mas, não há nenhuma comprovação disso, até porque os próprios apóstolos a usaram depois. 


A palavra cristãos aparece apenas três vezes no Novo Testamento: Neste texto de Atos 11.26, onde as pessoas de Antioquia chamaram os seguidores de Cristo de “cristãos”; Depois, em Atos 26.28, foi usada pelo rei Agripa, quando se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão; Por último, em I Pedro 4.6, o apóstolo Pedro escreveu aos seus leitores: “Se sofrer como cristão , não se envergonhe disso; antes , glorifique a Deus com esse nome.”


3. A identidade cristã. Não importa o rótulo ou a denominação que as pessoas nos dão. O importante é a nossa identidade como seguidores de Cristo. Se os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos por zombaria ou não, isso não tem nenhuma importância. O mais importante é que as nossas palavras e atitudes nos identifiquem com Cristo. O apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo". (1Co 11.1).  


Em Jerusalém, após o discurso ousado de Pedro, quando foi interrogado pelas autoridades por causa da cura do coxo, os líderes religiosos, vendo a ousadia de Pedro e João, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus (At 4.13). Esta semelhança entre os discípulos de Jesus e o Seu Mestre não pode se limitar às palavras, mas deve se refletir também nas atitudes. Estêvão, por exemplo, ao ser apedrejado de forma covarde e injusta, fez como Jesus e pediu que o Senhor perdoasse os seus algozes. 


O que será que as pessoas que nos cercam falam sobre nós? Tudo bem que discordam da nossa fé e até nos caluniam, pois não temem a Deus. Mas será que vêem alguma semelhança entre nós e Jesus? Se alguém que não nos conhece conversar conosco, saberá que somos seguidores de Cristo, ou ficará surpreso se alguém lhes falar que somos cristãos? Que possamos testemunhar de Cristo não apenas com palavras, mas também com o nosso estilo de vida. 

18 setembro 2025

UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL

(Comentário do 2º tópico da Lição 12: O caráter missionário da Igreja de Jerusalém).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da visão transcultural da Igreja de Jerusalém. Primeiro, falaremos da cultura grega ou helênica, com base na expressão “falaram aos gregos”, que se refere aos cristãos judeus pregando o Evangelho aos gentios. Na sequência, falaremos da contextualização da mensagem. Os cristãos judeus não podiam simplesmente usar o Antigo Testamento e falar do Messias, pois os gentios não tinham esta compreensão como os judeus. 


1. A cultura grega (helênica). Os cristãos já haviam anunciado o Evangelho a pessoas de fala grega, como em Samaria e em Cesaréia. Inicialmente, como vimos na lição passada, eles pregavam apenas aos judeus. Com a perseguição, eles se espalharam e pregaram também em Samaria. Mas, os samaritanos eram uma mistura de Israelitas com outros povos. Em partes, a cultura deles estava relacionada ao povo de Israel. 


Depois de pregar em Samaria, por ordem do Espírito Santo, Filipe pregou também a um oficial da rainha dos Etíope (At 8.26-39). Mas este homem era um prosélito, ou seja, um gentio convertido ao Judaísmo, que tinha ido a Jerusalém para adoração. Pedro pregou aos gentios na casa de Cornélio, seguindo a orientação de Deus, mas estes gentios eram pessoas que viviam na terra de Israel e conheciam bem a cultura judaica. O próprio Cornélio era um homem piedoso, temente ao Deus de Israel, que dava esmolas ao povo e orava continuamente a Deus (At 10.1).


No caso de Antioquia, porém, o texto diz que eles “falaram aos gregos”. Esta expressão se refere aos gentios que adoravam a outros deuses e não aos gentios convertidos ao Judaísmo. A cultura grega era aberta ao diálogo e à diversidade de ideias. Aliás, a democracia surgiu com os gregos, através do legislador Clístenes.  Antes deles, os reis eram considerados deuses ou representantes deles. Os gregos criaram as cidades-estados, chamadas de "pólis". Esta palavra deu origem  à palavra política. 


No aspecto religioso, havia diversidade religiosa e politeísmo entre os gregos. Eles tinham uma infinidade de divindades, uma para cada área: fertilidade, prosperidade, beleza, sabedoria, guerra, etc. Os gregos acreditavam que no Olimpo, o monte mais alto da Grécia, habitavam vários deuses. Zeus era o líder desses deuses do Olimpo e responsável pelos céus e pela terra. Hera, sua mulher, era a deusa da maternidade. 


2. Contextualizando a mensagem. Diferente do monoteísmo judaico, que não tolerava outros deuses, no politeísmo grego havia a abertura para novas religiões. A enorme diferença cultural e religiosa que havia entre o povo judeu e os gregos representava um grande desafio para os cristãos de Jerusalém. No Evangelho anunciado aos judeus e samaritanos, os cristãos mostravam pelas Escrituras judaicas que Jesus, o Nazareno era o Messias prometido a Israel. Pedro, Estevão, Filipe e Paulo fizeram isso, pregando aos israelitas. 


Entretanto, no caso destes cristãos que chegaram a Antioquia e falaram aos gregos, a mensagem pregada dessa forma não faria sentido, pois eles não conheciam as Escrituras judaicas, eram politeístas e não aguardavam nenhum Messias. Fazia-se necessário, portanto, contextualizar a mensagem do Evangelho para aquela cultura. O que isso significa? Evidentemente, não se trata de modificar a mensagem do Evangelho para adequá-la àquela cultura. A mensagem continuou sendo a mesma. Entretanto, em vez de apresentar Jesus como o Messias prometido a Israel, eles o apresentaram como Senhor. 


Em nossos dias, não é diferente. Se vamos anunciar o Evangelho aos católicos, devemos considerar que já tiveram contato com a Bíblia e tem muitas crenças em comum conosco: eles crêem que Jesus é Filho de Deus e é Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo, é muito diferente de pregar aos budistas, mulçumanos, hindus, etc. Isso é contextualizar a mensagem do Evangelho, mas sem abrir mão da sua essência. 

17 setembro 2025

UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 12: o caráter missionário da Igreja de Jerusalém)

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da Igreja com consciência missionária. Inicialmente, falaremos do avanço do Evangelho para além da fronteira de Israel. Na sequência, veremos que apesar de dispersos pela perseguição, os cristãos continuaram conscientes da sua missão de pregar o Evangelho a toda criatura. Por fim, falaremos dos cristãos que levaram o Evangelho a Antioquia, que eram leigos, ou seja, não faziam parte do grupo dos apóstolos e diáconos, mas eram capacitados pelo Espírito Santo. 

1. O Evangelho para além da fronteira de Israel. Este texto de Atos 11.19 tem um paralelo com o texto de Atos 8.1-4. Em ambos os casos, os cristãos se dispersaram por causa da perseguição após a morte de Estevão. No caso de Atos 8.1-4, os cristãos que fugiram de Jerusalém anunciavam a o Evangelho onde chegavam, mas somente aos judeus. Filipe, que era um dos sete diáconos, chegou a Samaria, pregou Cristo naquela cidade e muitos se converteram. Os samaritanos eram inimigos históricos dos judeus, mas eram também descendentes de Abraão, embora tenham se misturado com outros povos e adotado alguns costumes pagãos. Eles criam na Torah ou Pentateuco e aceitavam apenas esta parte do Antigo Testamento como Escrituras Sagradas. 

No caso de Atos 11.19, os cristãos ultrapassaram as fronteiras de Israel e pregaram aos gentios em Antioquia da Síria. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria.

A cidade de Antioquia, mencionada aqui, é a Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era a capital da província romana da Síria e uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Ficava atrás apenas de Roma, que era a capital do Império, e de Alexandria, que era o maior centro cultural do mundo da época. 

Era uma cidade bem estruturada e com belas construções, por isso, ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "Rainha do Oriente”. Antioquia da Síria era uma cidade cosmopolita, ou seja, havia pessoas ali de várias partes do mundo e de várias culturas. Por isso, a cidade foi usada estrategicamente por Deus, para ser a base missionária, de onde saíram os missionários transculturais, que levariam o Evangelho por todo o Império Romano.

2. Cristãos dispersados, mas conscientes de sua missão. Conforme vimos na lição 10, mesmo perseguida e dispersa, a igreja de Jerusalém não se desorganizou nem se fragmentou, mas continuou uma igreja forte e unida. Os cristãos tiveram que fugir de Jerusalém por causa da perseguição, mas não perderam a consciência da sua missão de levar o Evangelho a toda criatura. Os perseguidores da Igreja pensavam que pararem a marcha da Igreja com a perseguição em Jerusalém. Mas o efeito foi inverso, pois cada cristão que saiu de Jerusalém se tornou um missionário. 

Que nós também não nos afastemos jamais desta responsabilidade que o Senhor nos confiou, que é ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Jesus não nos deu uma opção de pregar o Evangelho ou não. Ele nos deu uma ordem e esta ordem deve ser cumprida por toda a Igreja em todos os lugares e épocas, independentemente das pessoas ouvirem ou não. Se vierem lutas, hostilidades e perseguições de qualquer tipo, a Igreja deve continuar a sua missão de proclamar o Evangelho em todo o mundo.  

3. Cristãos leigos, mas capacitados pelo Espírito. Estes cristãos que iniciaram a pregação do Evangelho na grande cidade de Antioquia eram cristãos comuns. Não tiveram sequer os seus nomes escritos nos anais da história da Igreja, mas o seu trabalho está registrado nos céus. Eram leigos, ou seja, não faziam parte do colégio apostólico, dos presbíteros, nem dos diáconos. Mesmo não tendo nenhum cargo de destaque ou fama e sem serem enviados pela Igreja, saíram pelo mundo anunciando o Evangelho e alcançando vidas. O mais importante eles tinham: a capacitação do Espírito Santo. A mão do Senhor era com eles. 

Em muitos lugares do Brasil, a Assembléia de Deus começou desta forma. Homens e mulheres simples, com pouquíssimos recursos e pouca instrução, iniciavam um ponto de pregação em suas próprias casas. Buscavam a Deus em oração e testificavam do que Deus havia feito em suas vidas. Milagres aconteciam e as pessoas iam se convertendo. Em pouco tempo, era preciso alugar um salão e era empossado um diácono ou presbítero para dirigir o trabalho. 

A Igreja pode até começar com leigos, falando de Jesus aos que não o conhecem. Entretanto, é indispensável que, após a conversão, seja iniciado o processo de discipulado e ensino da Palavra de Deus, para que os novos crentes conheçam de fato o Evangelho. Sem este trabalho de educação cristã, as pessoas não permanecem na fé e podem se tornar presas fáceis dos falsos mestres.

16 setembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12 - O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM

 TEXTO ÁUREO:
“E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.” (At 11.20).

VERDADE PRÁTICA:
Faz parte da missão da Igreja a evangelização de povos não alcança
dos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:
Atos 11.19-30.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:
I) Destacar o papel da dispersão cristã na expansão missionária da Igreja Primitiva; 
II) Enfatizar a importância da contextualização da mensagem do Evangelho para diferentes contextos culturais, sem, contudo, perder sua essência; 
III) Valorizar a prática do discipulado como base para o crescimento saudável e a manutenção da identidade da Igreja.

Palavra-Chave: MISSÃO

A palavra missão vem do latim missio, que significa o ato de enviar alguém para uma tarefa específica. Missão, portanto, é a incumbência ou encargo de se executar algo, a pedido ou por ordem de outrem. No nosso caso, a missão é o trabalho de anunciar o Evangelho, por ordem de Cristo. (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 1.8). Os apóstolos, na Igreja Primitiva, com poucos recursos e sob intensa perseguição dos judeus e dos romanos, se espalharam pelo mundo pregando o Evangelho. Existem vários tipos de missões: urbanas, rurais, escolares, em presídios, em hospitais, nacionais e transculturais. Para cada tipo de missão há diferenças no perfil do missionário, preparo, método e recursos utilizados.

INTRODUÇÃO

Na Lição 10, vimos que os cristãos de Jerusalém foram obrigados a fugir de Jerusalém, por causa da grande perseguição que se levantou contra eles após a morte de Estêvão. Entretanto, estes cristãos dispersos anunciavam o Evangelho onde chegavam, mas apenas aos israelitas e não haviam ainda saído para além do território de Israel. Na lição passada, vimos que Pedro foi enviado por Deus à casa de um homem gentio e pregou o Evangelho aos gentios. 
Na lição desta semana, avançaremos um pouco mais sobre a obra missionária da Igreja de Jerusalém, desta feita para além do seu território. Entre os cristãos dispersos, alguns seguiram para as regiões da Fenícia, Chipre e Antioquia e anunciavam o Evangelho, mas somente aos judeus. Entretanto, alguns deles, que eram de Chipre e de Cirene, chegaram a Antioquia da Síria e pregaram também aos gentios. A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia. Eram homens leigos na Palavra, mas que tinham consciência da responsabilidade missionária. 
Ao serem informados de que Antioquia recebera a Palavra do Senhor, a liderança da Igreja de Jerusalém enviou Barnabé, que era natural de Chipre, para dar suporte ao trabalho iniciado por aqueles cristãos leigos. Ao chegar a Antioquia, Barnabé se alegrou ao ver que muitas pessoas haviam se convertido e os exortou a que permanecessem firmes no Senhor. Depois disso, partiu para Tarso e trouxe Saulo para ensinar a Palavra de Deus àquela Igreja recém formada. Isso foi determinante para o futuro daquela Igreja que se tornou a primeira Igreja a fazer missões transculturais. 

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

No primeiro tópico, falaremos da Igreja com consciência missionária. Inicialmente, falaremos do avanço do Evangelho para além da fronteira de Israel. Na sequência, veremos que apesar de dispersos pela perseguição, os cristãos continuaram conscientes da sua missão de pregar o Evangelho a toda criatura. Por fim, falaremos dos cristãos que levaram o Evangelho a Antioquia, que eram leigos, ou seja, não faziam parte do grupo dos apóstolos e diáconos, mas eram capacitados pelo Espírito Santo. 

II. UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL

No segundo tópico, falaremos da visão transcultural da Igreja de Jerusalém. Primeiro, falaremos da cultura grega ou helênica, com base na expressão “falaram aos gregos”, que se refere aos cristãos judeus pregando o Evangelho aos gentios. Na sequência, falaremos da contextualização da mensagem. Os cristãos judeus não podiam simplesmente usar o Antigo Testamento e falar do Messias, pois os gentios não tinham esta compreensão como os judeus. 

III. UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que formava discípulos. Inicialmente, falaremos do discipulado como a base para um crescimento saudável da Igreja. Não basta ganhar almas, é preciso ensinar-lhes a Palavra de Deus, para que tenham alicerce. Na sequência, veremos que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos em Antioquia e o significado desta denominação. Por último, falaremos da identidade cristã, que não se limita ao rótulo e sim à sua fé e estilo de vida.

Ev. WELIANO PIRES 
AD-BELÉM / SÃO CARLOS, SP

15 setembro 2025

O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD

A lição desta semana destaca a consciência missionária que havia nos cristãos de Antioquia da Síria. A história nos conta que esta igreja funcionou durante muitos anos como a igreja base das missões realizadas em regiões fora da Palestina. Uma das características que se destacava nesta igreja era a intrepidez dos irmãos para testemunhar o Evangelho, apesar do pouco conhecimento que possuíam sobre as verdades fundamentais da graça. Mesmo assim, Deus usou o entusiasmo deles e o seu compromisso com as Escrituras Sagradas para fundar uma das igrejas mais importantes do mundo antigo (At 11.21).


A partir do relato de Atos dos Apóstolos, podemos observar o modo maravilhoso como Deus opera para alcançar vidas. Não foram os cargos do apostolado nem mesmo o profundo conhecimento de Paulo que fizeram da igreja de Antioquia um grande instrumento nas mãos de Deus, mas o amor pelas vidas. Os irmãos daquela igreja pregavam porque desejam cumprir o que foi ordenado por nosso Senhor: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Não havia a intenção, por parte desses irmãos, de distinguir judeus de gentios, mas apenas o desejo de cumprir a missão de anunciar a salvação por meio de Jesus Cristo.


O pastor Olinto de Oliveira, na obra Missões: a Hora Chegou, editada pela CPAD, ressalta que a igreja atual deve ter o mesmo compromisso com a pregação do Evangelho. “No exercício de uma vida cristã comprometida em ser como o Senhor Jesus, não existe dicotomia de propósitos, ou seja, não existe o que é meu e o que é do Senhor. Tudo é dEle e para Ele! ‘Porque dele, e por Ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!’ (Rm 11.36). Quando encarnamos essa realidade na sua totalidade, então viveremos uma vida completamente dedicada à obra de proclamação do Evangelho. Essa foi a lição de vida deixada pelo Senhor Jesus a ser seguida, como também os seus apóstolos e todos aqueles que serviram a Deus por fé antes do Novo Testamento à espera da chegada do Messias. Se queremos ser parecidos com o Senhor Jesus, temos que cultivar essa sensibilidade de sentir com o sentimento de Deus a necessidade que o mundo vive de conhecer a verdade que liberta. Quando esse sentimento for para nós o que foi em Jesus, estaremos totalmente absorvidos pela missão de anunciar a todos a mensagem salvadora da cruz” (2020, pp.52,53,55). Que nestes últimos dias, tenhamos a mesma consciência missionária que havia em nossos irmãos de Antioquia da Síria, pois nosso Senhor está prestes a voltar!

12 setembro 2025

O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um gentio)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do derramamento do Espírito Santo sobre os gentios. Veremos que o  Espírito Santo foi prometido também aos gentios, conforme Pedro explicou no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém. Na sequência, falaremos do recebimento do Espírito Santo pelos gentios, evidenciado pelo falar em línguas. Por último, veremos que o pentecostes entre os gentios foi visto e ouvido, da mesma forma que foi o de Jerusalém em Atos 2.


1. O Espírito prometido. Assim como o plano divino de salvação incluía os gentios, conforme vimos no tópico anterior, a promessa do derramamento do Espírito também não se restringia aos judeus. O próprio Pedro já havia falado isso no dia de Pentecostes, quando mencionou a profecia de Joel: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne…”. (At 2.16,17). A palavra hebraica “bâsâr” no texto de Joel 2.28 e a sua correspondente grega “sarx”, traduzidas por  carne, é uma referência a toda humanidade. 


Em outras profecias do Antigo Testamento, referentes à promessa do Espírito Santo, seja à entrada do Espírito Santo no interior dos que crerem, ou ao batismo no Espírito Santo, são promessas para toda a humanidade. Em João 7.38, Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” No versículo seguinte, João explica estas palavras de Jesus dizendo: “E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. 


Esta profecia do recebimento do Espírito mencionada por Jesus se refere à entrada do Espírito no crente e se aplica a todos os que nele cressem, não apenas aos israelitas. Da mesma forma, a promessa do derramamento do Espírito em Joel 2.28 seria para todos os povos. No dia de Pentecostes, Pedro inspirado pelo Espírito Santo disse: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”. (At 2.39). Esta promessa do revestimento de poder também não se restringiu também ao período apostólico, como ensinam os cessacionistas, mas está disponível a todos os que buscarem atualmente. 


2. O Espírito recebido. Antes que Pedro terminasse a sua pregação, foi interrompido pelo Espírito Santo que desceu sobre os seus ouvintes gentios, na casa de Cornélio: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. (At 10.44). Os cristãos judeus que acompanharam Pedro nesta missão viram os gentios serem revestidos de poder, da mesma forma que havia acontecido com a Igreja de Jerusalém, no Pentecostes (At 10.45). Como eles chegaram à conclusão de que aquelas pessoas foram batizadas no Espírito Santo? O versículo seguinte esclarece: “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus”. (At 10.46). 


No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. Em Samaria, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles foram batizados no Espírito Santo. O texto não diz que eles falaram em línguas, mas houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi cheio do Espírito Santo. Em Éfeso, Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos e, depois de explicar sobre o Espírito Santo, impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).


A doutrina pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Vejamos o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916:


“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4). 


A atual Declaração de fé das Assembléias de Deus segue a mesma posição acima, mas faz um esclarecimento sobre esta evidência inicial do falar em línguas: 


“O falar em línguas é a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e a manifestação dos dons. O batismo no Espírito Santo é uma bênção resultante da obra de Cristo no Calvário”.


3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”. Após o derramamento do Espírito Santo entre os gentios na casa de Cornélio, os crentes de Jerusalém ficaram sabendo que os gentios haviam recebido a Palavra de Deus. Entretanto, em vez de se alegrarem com esta notícia, ficaram chateados com Pedro e disseram: “Entraste em casa de homens incircuncisos, e comeste com eles.” (At 11.3). Pedro foi convocado a dar explicações sobre o ocorrido. Ainda bem que ele tinha levado seis irmãos judeus consigo e foram testemunhas de tudo o que acontecera na casa de Cornélio. 


Pedro, então, iniciou a sua exposição dos fatos ocorridos, desde o momento em que ele teve a visão e contou como o Espírito Santo o guiou até à casa de Cornélio. Por fim, explicou aos irmãos que, enquanto ele pregava, o Espírito Santo desceu sobre aquele povo, como aconteceu com eles no dia de  Pentecostes. Para concluir, Pedro perguntou: “Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.4-17). Dito isto, os irmãos se acalmaram e glorificaram a Deus, por ter concedido a salvação também aos gentios. 


Pedro não entrou em detalhes sobre a forma como o Espírito Santo desceu sobre aquele povo. O texto bíblico não diz que houve o som como de um vento forte e impetuoso, nem que foram vistas línguas repartidas como de fogo pousando sobre a cabeça deles, como aconteceu no Pentecostes. Entretanto, os irmãos judeus que foram com Pedro ouviram aquelas pessoas falar em outras línguas e magnificar a Deus, como aconteceu em Jerusalém. Portanto, o revestimento de poder foi comprovado por testemunhas oculares. A evidência inicial de que foram batizados no Espírito Santo, conforme já falamos, foi o falar em línguas e continua sendo. 

11 setembro 2025

A SALVAÇÃO DOS GENTIOS

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um estrangeiro)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da salvação dos gentios. Analisaremos o conteúdo da pregação de Pedro aos gentios, que foi totalmente cristocêntrica. Na sequência, falaremos da conversão dos gentios, destacando que todos os seres humanos, tanto judeus como gentios precisam crer em Cristo e se arrepender dos seus pecados para serem salvos. No Evangelho de Cristo não há privilegiados nem excluídos. 

1. Pregação aos gentios. Os judeus consideravam os povos não judeus como impuros e eram proibidos de se casarem com não judeus. Não podiam nem mesmo comer com eles, pois a comida dos gentios não seguia as recomendações da lei mosaica e, em muitos casos, era oferecida aos ídolos. Pedro sendo um judeu de nascimento, radical quanto aos preceitos da lei mosaica em relação aos gentios, tinha dificuldade de pregar o Evangelho aos gentios. Foi preciso Deus prepará-lo para o encontro com Cornélio, como vimos no tópico anterior. 

A Igreja de Jerusalém, de modo geral, tinha esta mesma dificuldade de Pedro, pois não compreendiam a universalidade da salvação. Segundo o teólogo Myer Pearlman, algumas questões estavam mal resolvidas na Igreja de Jerusalém, em relação aos gentios: Será que judeus e gentios poderiam receber igual salvação, ficando em pé de igualdade? Os crentes judeus poderiam ter comunhão e convívio com os gentios? Havia ainda a questão da exigência da circuncisão, guarda do sábado e abstinência de certos alimentos, que os cristãos de Jerusalém insistiam em impor também aos cristãos gentios. Somente no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém, em Atos 15, os apóstolos se reuniram para tratar do tema. 

Na verdade, Deus nunca excluiu os gentios da salvação. Na promessa feita à Abraão, o próprio Deus lhe falou: “...em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.3). As restrições que Deus fez no Antigo Testamento, em relação à mistura entre o povo de Israel e outros povos, visava unicamente a preservação da nação de Israel, pela qual Ele enviaria o seu Filho ao mundo. O Amor de Deus é o princípio fundamental da história da redenção da humanidade. Deus demonstrou o seu amor pela humanidade através da formação de Israel e no relacionamento de Deus com este povo. 

Entretanto, Isso não significa que no Antigo Testamento Deus não ligava para as outras nações como muitos imaginam. Deus sempre amou toda a humanidade e elaborou o seu plano salvífico a fim de salvar a todos. Podemos ver isso nas profecias, principalmente nas de Isaías, onde Deus prometeu a restauração de Israel e um futuro glorioso para esta nação, que incluía a participação dos gentios. Temos ainda os casos de Raabe, Rute, a viúva de Sarepta, Naamã, o povo de Nínive, que eram estrangeiros e foram alcançados por Deus. 

Quando Pedro chegou à casa de Cornélio, estava ainda receoso, dizendo que não era lícito a um judeu ajuntar-se aos gentios. Porém, logo em seguida, ele deixou claro que Deus lhe mostrou que não se deve considerar nenhum ser humano imundo e que Deus não faz acepção de pessoas. Conforme demonstrou o comentarista, a mensagem de Pedro era totalmente centrada em Cristo e deixou claro alguns princípios importantes sobre a salvação, para os quais devemos atentar: 

a) Deus ama a todos (At 10.34). Diferente do que ensinam os calvinistas, está claro na Bíblia que Deus ama a todas as pessoas e não faz acepção de pessoas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

b) Deus quer salvar a todos (At 10.35). Deus não somente ama a todos, mas quer salvar a todos, pois Ele não tem prazer na perdição do ímpio: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2.3,4)

c) Cristo é o Senhor de todos (At 10.36). Não existe salvação fora de Cristo (At 4.12). Ele é o centro do Evangelho, o Cordeiro de Deus que tira pecado do mundo (Jo 1.29); O caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6). 


2. A conversão dos gentios. No final da sua pregação aos gentios na casa de Cornélio, Pedro falou: “E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele [Jesus] é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos. A este [Jesus] dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome”. (At 10.42,43). Que pregação maravilhosa e cristocêntrica! Pedro, que até pouco tempo estava preso ao preconceito judaico em relação aos gentios, foi usado pelo Espírito Santo para mostrar que a salvação está disponível a todos.

Qualquer ensino que diz que Deus escolheu uns para a salvação e outros para a perdição, que Deus amou uns e rejeitou outros, que determinado grupo de pessoas é mais importante para Deus do que outros, ou que existem raça superior ou inferior, não tem nenhum fundamento nas Escrituras. Em toda a Bíblia está claro que Deus é justo e não faz acepção de pessoas. Não poderia ser diferente em relação à salvação. Deus, por sua Graça, colocou a salvação ao alcance de todos os seres humanos e deseja que todos sejam salvos. O único requisito para ser salvo é crer em Jesus, seu Filho, que é o Único Salvador.

10 setembro 2025

A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um gentio).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da revelação de Deus aos gentios. Inicialmente, falaremos da visão que Cornélio teve, na qual foi instruído por um anjo para que mandasse chamar a Pedro. Na sequência, falaremos da experiência espiritual que Pedro teve, onde Deus lhe mostrou vários animais considerados imundos pela lei e mandou que ele os comesse. Deus insistiu por três vezes e disse a Pedro para não considerar imundo àquilo que Deus purificou. Por último, falaremos da urgência da pregação do Evangelho. Não é porque Deus enviou um anjo para falar com Cornélio que a Igreja vai deixar de pregar e esperar que Deus envie anjos.

1. A visão de Cornélio. Cornélio era um centurião, ou um comandante de um pelotão de cem soldados romanos. Este centurião era um homem gentio, ou seja, não judeu, que vivia na cidade de Cesareia Marítima, localizada a cerca de 100 quilômetros de Jerusalém e a 48 quilômetros de Jope, onde Pedro estava hospedado naquela ocasião. Apesar de não ser judeu de nascimento, nem mesmo prosélito (convertido ao Judaísmo), Cornélio era um homem temente a Deus, justo, que dava esmolas aos pobres e orava continuamente a Deus. 

Havia outra cidade chamada Cesaréia de Filipe, que ficava no Norte da Judéia, onde Jesus perguntou aos seus discípulos: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? (Mt 16.13). A Cesaréia onde Cornélio vivia era uma cidade costeira do Mar Mediterrâneo, era a capital da província romana da Judeia. A capital religiosa da Judéia era Jerusalém, mas a capital administrativa do governo romano era Cesaréia Marítima, onde ficavam as residências dos procuradores romanos Pôncio Pilatos e Herodes. 

Não há nenhum registro ou mesmo indício de que Cornélio tenha ouvido falar de Cristo e do Evangelho antes disso. Mas como ele era temente a Deus e o buscava em oração, Deus se manifestou a ele através de um anjo. Cornélio estava orando em sua casa, às três da tarde, quando apareceu-lhe um anjo de Deus e o chamou pelo nome: Cornélio! Atemorizado e sem saber quem era, Cornélio respondeu: Que é, Senhor?

O anjo, então, disse a Cornélio que as suas orações e esmolas haviam subido para memória diante de Deus. Mas, ele deveria enviar emissários a Jope e procurar na casa de Simão, o curtidor, um homem chamado Simão, conhecido como Pedro, e este lhe diria o que ele deveria fazer. Imediatamente, Cornélio chamou dois criados da sua confiança e um soldado piedoso, contou-lhes a visão e os enviou a Jope, para que chamassem a Pedro. 

Com esta visão de Cornélio podemos aprender pelo menos três lições importantes: 

a) É do interesse de Deus se revelar àqueles que têm sede de Deus e não o conhecem, independente da etnia ou cultura;

b) Boas obras não salvam ninguém, pois a salvação é fruto da graça de Deus, obtida pela fé em Cristo (Ef 2.8-10). Cornélio era um homem temente a Deus e que praticava boas obras, mas precisava conhecer a Jesus para ser salvo;

c) Deus pode enviar enviar anjo para falar com alguém, mas os anjos não pregarão o Evangelho. Esta missão foi dada por Jesus à Igreja e não aos anjos.

2. A experiência espiritual de Pedro. Deus preparou tudo para a salvação do centurião Cornélio. Por um lado, conforme vimos acima, Deus trabalhou na casa de Cornélio, enviando-lhe um anjo para dar-lhe as instruções e mandar buscar Pedro. O anjo forneceu o nome, o sobrenome e o endereço de Pedro a Cornélio. Por outro lado, o mesmo Deus mostrou uma visão ao apóstolo Pedro, principal líder da Igreja de Jerusalém, a fim de prepará-lo para o encontro com um gentio. 

No dia seguinte à visão que Cornélio teve, estando os seus emissários já perto da cidade de Jope, onde Pedro se encontrava, sem saber da visão e sem ao menos conhecer Cornélio, Pedro subiu ao terraço da casa para orar, por volta do meio-dia. Enquanto preparavam a comida, ele teve fome e quis comer (At 10.9). De repente, ele teve uma visão, na qual viu o céu aberto e lhe apareceu um vaso como se fosse um grande lençol amarrado nas quatro pontas e dentro deste, vários tipos de animais: quadrúpedes, répteis e aves (At 10.10-12).

Enquanto ele olhava para aqueles animais, ouviu uma voz do Céu que lhe ordenava que matasse e comesse aqueles animais. Sabendo que aquelas espécies de animais eram consideradas imundas na lei e que os judeus não poderiam comê-los, Pedro disse: “De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi nada comum e imundo”. A voz lhe retrucou dizendo: Não faças tu comum ao que Deus purificou. (At 10.13-15). Isto se repetiu por três vezes e, finalmente, o vaso foi recolhido ao céu (At 10.16).

Pedro ficou pensativo sobre o significado daquela visão, pois o Senhor não lhe explicou. Enquanto isso, ele ouviu os criados de Cornélio chamarem à porta, perguntando se ali morava um homem chamado Simão, conhecido como Pedro. No mesmo instante, o Espírito Santo falou ao seu coração para que fosse com eles, sem duvidar, pois Deus os havia enviado. 

Deus sabia perfeitamente das convicções e do preconceito que estava entranhado em Pedro, em relação aos gentios. Por isso, deu-lhe esta visão, para que ele entendesse que esta barreira havia sido quebrada e que a porta da graça estava aberta também aos gentios e não apenas aos judeus. 

Deu trabalho para Pedro se desvencilhar desse preconceito. Mesmo após ter esta visão, ao chegar na casa de Cornélio, Pedro começou o seu discurso dizendo: “Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros…”. At 10.28). Anos mais tarde, ele foi repreendido por Paulo em Antioquia, porque ele se afastara dos gentios, para não constranger os judeus, em vez de repreender os judeus que faziam esta separação (Gl 2.11-15). 

3. A urgência da pregação do Evangelho. Neste ponto, o comentarista chama a nossa atenção para a urgência da pregação do Evangelho. Deus pode revelar o seu plano de salvação a alguém de forma excepcional, seja através de um anjo ou de uma visão. Na atualidade, há testemunhos de ex-muçulmanos, que buscavam a Deus com sinceridade, mas em seus países não era permitido pregar o Evangelho e Deus se revelou a eles por meio de anjos. Entretanto, isso não exclui a responsabilidade da Igreja de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). 

A pregação do Evangelho consiste em duas notícias, uma má e outra boa. A má notícia é que todos os seres humanos estão corrompidos pelo pecado e não podem, por si mesmos, fazer nada para mudar este quadro. A boa notícia, é que Deus, sendo riquíssimo em misericórdia, enviou o Seu Filho Jesus, como Cordeiro imaculado, para sacrificar-se pelos nossos pecados e, somente através dele podemos ser salvos (Lc 19.10; Jo 1.29; 1 Tm 1.15). Aqueles que não crerem em Jesus, inevitavelmente, serão condenados (Mc 16.16). 

A Igreja tem a obrigação de pregar a mensagem de Cristo ao mundo, quer aceitem, quer rejeitem. Não é papel da Igreja convencer as pessoas a receberem a Cristo. Este papel é do Espírito Santo. A nossa obrigação é pregar o Evangelho no poder do Espírito, com confiança no Senhor e fidelidade naquilo que pregamos. Não podemos modificar o conteúdo do Evangelho para atrair as pessoas. A fidelidade na pregação consiste em pregar a Palavra de Deus, exatamente como ela é, sem diminuir, acrescentar ou falsificar.

Infelizmente, na atualidade, muitos pregadores pregam "outros evangelhos" e não o Evangelho de Cristo. Pregam-se atualmente o evangelho da prosperidade, o evangelho judaizante, o evangelho dos usos e costumes, o evangelho social, etc. Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo disse que ainda que um anjo, ou um dos apóstolos anunciassem "outro evangelho", diferente do que ele havia anunciado, deveria ser considerado anátema ou maldito (Gl 1.9). 

09 setembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO

TEXTO ÁUREO:
“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10.47).

VERDADE PRÁTICA:
O episódio da igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra que Deus não faz acepção de pessoas.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 10.1-8,21-23,44-48.

Objetivos da Lição: 
I) Mostrar que Deus incluiu os gentios em seu plano de salvação; 
II) Ressaltar que a salvação é oferecida a todos os que creem em Jesus, independentemente de sua origem étnica ou cultural; 
III) Enfatizar a obra do Espírito Santo como confirmação do agir de Deus entre os gentios, demonstrando que o Pentecostes não foi exclusivo dos judeus.

Palavra-Chave: ACEITAÇÃO

A palavra-chave desta lição é aceitação e não se refere ao fato do pecador aceitar o Evangelho, mas à aceitação da Igreja em relação aos gentios. Os primeiros cristãos, que eram judeus, tiveram dificuldade para aceitar que Cristo veio quebrar todas as barreiras de separação e formar um único povo, unindo judeus e gentios, homens e mulheres, escravos e livres, etc. Após a conversão dos gentios na casa de Cornélio, Pedro foi convocado a dar explicações por ter entrado na casa de um gentio e ter comido com eles.

INTRODUÇÃO 

Na lição passada estudamos sobre a primeira expansão da Igreja de Jerusalém para fora do território da Judéia, quando o diácono Filipe, que havia fugido da perseguição em Jerusalém, proclamou o Evangelho em Samaria. Nesta lição, avançaremos um pouco mais sobre o tema da expansão da Igreja e trataremos da visita do apóstolo Pedro, sob a direção de Deus, à casa do centurião Cornélio, um homem gentio, que era piedoso e temente a Deus. 

Desde os primórdios, a Igreja de Jerusalém relutava em pregar o Evangelho aos gentios. Eles não haviam entendido ainda a universalidade do Evangelho e pensavam que a salvação era restrita ao povo de Israel e, no máximo, aos prosélitos, ou convertidos ao Judaísmo. Mesmo após a grande perseguição que se levantou após a morte de Estevão, os cristãos que se dispersaram, não anunciavam o Evangelho aos gentios, somente aos judeus. (At 11.19). Somente em situações especiais, como no caso do oficial da rainha da Etiópia, que foi evangelizado por Filipe, mas ele foi levado até lá pelo Espírito Santo.

O apóstolo Pedro foi escolhido por Deus para levar o Evangelho à um comandante do exército romano de Cesaréia, chamado Cornélio. Antes de enviá-lo, porém, Deus mostrou-lhe uma visão, para que ele se desprendesse da tradição judaica que proibia os israelitas de ter comunhão com estrangeiros, considerados imundos. Por outro lado, Deus enviou um anjo para falar com Cornélio para que mandasse chamar a Pedro e ouvisse as suas palavras. Deus é maravilhoso! Ele trabalha no coração do pregador do Evangelho e também no coração do ouvinte.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

No primeiro tópico, falaremos da revelação de Deus aos gentios. Inicialmente, falaremos da visão que Cornélio teve, na qual foi instruído por um anjo para que mandasse chamar a Pedro. Na sequência, falaremos da experiência espiritual que Pedro teve, onde Deus lhe mostrou vários animais considerados imundos pela lei e mandou que ele os comesse. Deus insistiu por três vezes e disse a Pedro para não considerar imundo àquilo que Deus purificou. Por último, falaremos da urgência da pregação do Evangelho. Não é porque Deus enviou um anjo para falar com Cornélio que a Igreja vai deixar de pregar e esperar que Deus envie anjos.

II. A SALVAÇÃO DOS GENTIOS

No segundo tópico, falaremos da salvação dos gentios. Analisaremos o conteúdo da pregação de Pedro aos gentios, que foi totalmente cristocêntrica. Na sequência, falaremos da conversão dos gentios, destacando que todos os seres humanos, tanto judeus como gentios precisam crer em Cristo e se arrepender dos seus pecados para serem salvos. No Evangelho de Cristo não há privilegiados nem excluídos. 

III. O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

No terceiro tópico, falaremos do derramamento do Espírito Santo sobre os gentios. Veremos que o Espírito Santo foi prometido também aos gentios, conforme Pedro explicou no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém. Na sequência, falaremos do recebimento do Espírito Santo pelos gentios, evidenciado pelo falar em línguas. Por último, veremos que o pentecostes entre os gentios foi visto e ouvido, da mesma forma que foi o de Jerusalém em Atos 2.

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 102, p.42, 2025.
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp.119,120,126.

08 setembro 2025

UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO

(Subsídio da Revista Ensinador Cristão/CPAD)

A lição desta semana aborda um dos dilemas enfrentados pela igreja primitiva: como a igreja formada por cristãos judeus lidaria com os gentios recém-convertidos? A experiência de Pedro com a revelação em Jope, bem como a sua visita à casa de Cornélio para esclarecê-lo a respeito do Evangelho, corroboram que a salvação pela graça não era uma bênção exclusiva da nação judaica, mas que havia se manifestado a todas as pessoas (Tt 2.11). A compreensão dessa verdade não foi fácil, pois o entendimento que os apóstolos tinham até então era de que a promessa abraâmica estava restrita aos seus descendentes conforme a carne. No entanto, a manifestação do Espírito na casa de Cornélio é um marco na história da igreja primitiva e mostra o interesse de Deus em chamar todos os povos para a comunhão do Espírito.

A forma didática como Pedro recebeu a revelação divina antes de ir à casa de Cornélio mostra que nosso Senhor precisava quebrar o preconceito religioso que ainda predominava na mente de Pedro. Deus não faz acepção de pessoas e a manifestação do Espírito, evidenciada pelas línguas estranhas faladas por Cornélio e sua família, mostravam que não havia barreiras étnicas ou geográficas para o Senhor operar (At 10.46).

De acordo com Lawrence O. Richards, na obra Comentário Devocional da Bíblia, editada pela CPAD, “Pedro tinha sido acompanhado por seis cristãos judeus. Posteriormente, o testemunho que eles deram, de que o Espírito Santo realmente tinha sido dado aos gentios, foi crucial para convencer a igreja de Jerusalém de que Cristo se estende a todos. Novamente, vemos circunstâncias especiais para um evento incomum. Os gentios deram evidência da presença do Espírito, falando em línguas. Posteriormente, Pedro relacionou isso com a experiência do Pentecostes. Como os gentios tinham recebido o mesmo dom que foi dado aos crentes judeus, obviamente eles foram aceitos por Deus. Assim, ‘quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?’ (At 11.17). Quando houve a necessidade de convencer uma igreja judaica cética de que Deus pretendia receber os convertidos gentios, foi dado um sinal especial. Nós não precisamos ser convencidos — ou não deveríamos. Nós sabemos, pelas Escrituras, que todos os que professam a Cristo como Salvador, quaisquer que sejam seus antecedentes, pertencem a Ele conosco” (2012, p.734). Este evento que impressionou a igreja primitiva revela a graça de Deus para salvar e a operação do Espírito quando há barreiras em nosso entendimento. Atos nos mostra a multiforme graça de Deus alcançando os mais distantes pecadores para salvação (1Tm 2.3,4). 


Fonte: 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p.41.

05 setembro 2025

A IGREJA QUE DÁ SUPORTE À EVANGELIZAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A expansão da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da Igreja que dá suporte à evangelização. Inicialmente, falaremos do suporte da Igreja ao trabalho evangelístico e missionário de Filipe em Samaria, enviando para lá Pedro e João. Na sequência, falaremos do trabalho de discipulado da Igreja de Jerusalém em Samaria. Os apóstolos foram a Samaria para ensinar a doutrina cristã aos novos convertidos. Por fim, veremos que sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. Esta continua sendo a visão pentecostal, pois pregamos que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará. 


1. O suporte da igreja. A Igreja é comparada a um corpo e os crentes são os seus membros (1Co 12.12-27). Todos os membros do corpo, independente da sua funcionalidade, trabalham para o bom funcionamento do organismo. Da mesma forma, os membros e obreiros da Igreja, cada um em sua vocação, devem trabalhar para o crescimento e edificação da Igreja. Falando sobre isso, o apóstolo Paulo explicou que os membros do corpo são interdependentes e não podem dizer que não precisam uns dos outros.  


Conforme já falamos, os cristãos tiveram que sair de Jerusalém para salvar a própria vida. Filipe evangelizou em Samaria, muitas pessoas receberam a Cristo e foram batizadas nas águas. Entretanto, por razões que não sabemos, não receberam o batismo no Espírito Santo. Os apóstolos, que haviam permanecido em Jerusalém, receberam a notícia de que os samaritanos haviam recebido a mensagem do Evangelho e enviaram Pedro e João para dar apoio ao novo trabalho. 


Aprendemos com o exemplo de Samaria que a Igreja local deve fornecer o apoio necessário para os obreiros que saem ao campo para abrir novos trabalhos, seja no âmbito local, ou no campo missionário. Um evangelista ou missionário enviado é um obreiro vinculado à Igreja local e como tal, atua sob a responsabilidade e supervisão desta. Sendo um enviado da igreja, evidentemente, quem envia um representante é responsável por ele e deve dar-lhe todo apoio.


Este suporte da Igreja não deve ser apenas financeiro. A Igreja local tem a responsabilidade de visitar os trabalhos abertos por seus obreiros, para tomar conhecimento das necessidades da obra e dar todo apoio teológico, financeiro, logístico e espiritual. Filipe estava sozinho em Samaria, com uma multidão de novos convertidos e precisava do apoio da liderança da Igreja de Jerusalém. Infelizmente, em muitos pontos de pregação e trabalhos menores, o obreiro que abre o trabalho fica lá abandonado e não recebe o apoio de outros companheiros. Por outro lado, em Igrejas bem estruturadas forma-se filas de obreiros querendo cooperar. 


2. A igreja que discipula. A missão da Igreja neste mundo envolve dois aspectos: pregar o Evangelho aos perdidos e, após a conversão, ensinar-lhes a Palavra de Deus. Filipe chegou a Samaria como um desbravador e anunciou Cristo aos samaritanos. Eles creram e foram batizados, mas precisavam receber as primeiras instruções sobre a fé cristã. Após a pregação do Evangelho, se a pessoa se decide por Cristo, o passo seguinte é a integração do novo crente ao corpo de Cristo, mediante as primeiras instruções, acompanhamento, orientação, oração, comunhão e exemplo. 


É preciso ensinar as verdades bíblicas aos novos crentes para que eles se tornem, de fato, discípulos de Jesus. A palavra discípulo no grego é "mathetes", que significa um aprendiz ou aquele que segue um mestre para aprender os seus ensinos. Esta palavra é encontrada exclusivamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos apóstolos. Discipular é a arte de fazer discípulos, ou convencer alguém a seguir os nossos ensinos e nos imitar. Entretanto, Jesus nos comissionou a fazer discípulos para Ele e não para nós mesmos.


O novo crente precisa aprender, crescer e amadurecer, para também ensinar a outras pessoas. Por isso, é indispensável frequentar os cultos de ensino, onde o pastor da Igreja faz a exposição da Palavra de Deus, com um tempo maior e após um período de oração. Igualmente, é imprescindível que toda a Igreja frequente a Escola Dominical, onde é ensinado sistematicamente a Palavra de Deus, com um tema específico em cada aula, atividades, dinâmicas em classes, perguntas e respostas e um ambiente propício para o aprendizado.


3. Sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. No caso de Samaria, os apóstolos Pedro e João quando chegaram oraram pelos novos crentes, para que recebessem o Espírito Santo. O texto bíblico nos informa que sobre nenhum deles tinha ainda descido mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Os apóstolos, então, lhes impuseram as mãos e eles receberam o Espírito Santo. (At 8.15-17). Conforme explicou o comentarista, o discipulado estava incompleto, pois faltava o ensino sobre o revestimento de poder do Espírito Santo. 


Estas pessoas já haviam sido salvas, pois creram em Jesus e foram batizadas. O Espírito Santo já havia entrado nele para morar. A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). 


Mesmo já sendo salvos, os crentes de Samaria precisavam do revestimento de poder, para também pregarem a Palavra de Deus ousadamente e com sabedoria. O batismo no Espírito Santo não é para a salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia, sabedoria e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26).


Lamentavelmente, muitas pessoas em nossos dias querem diminuir a importância do batismo no Espírito Santo, como se fosse algo opcional e sem importância. No final do Evangelho segundo Lucas e no início de Atos dos Apóstolos, podemos perceber que o revestimento do poder do Espírito Santo é uma necessidade e não uma opção: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49). “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.” (At 1.4).


Nestes dois textos o Senhor Jesus deixou claro para os seus discípulos, que eles precisavam ser revestidos de poder, antes de iniciar a missão da Igreja em Jerusalém. Os discípulos ficaram em oração, aguardando o cumprimento da promessa da descida do Espírito Santo. No Dia de Pentecostes, estando eles reunidos no cenáculo, em oração, todos foram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas e profetizar. A partir daquele momento, eles nunca mais foram os mesmos. Passaram a pregar ousadamente o Evangelho, sem nenhum temor. 

DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 03: O corpo e as consequências dos pecado) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, falaremos da trajetória...