11 setembro 2025

A SALVAÇÃO DOS GENTIOS

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um estrangeiro)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da salvação dos gentios. Analisaremos o conteúdo da pregação de Pedro aos gentios, que foi totalmente cristocêntrica. Na sequência, falaremos da conversão dos gentios, destacando que todos os seres humanos, tanto judeus como gentios precisam crer em Cristo e se arrepender dos seus pecados para serem salvos. No Evangelho de Cristo não há privilegiados nem excluídos. 

1. Pregação aos gentios. Os judeus consideravam os povos não judeus como impuros e eram proibidos de se casarem com não judeus. Não podiam nem mesmo comer com eles, pois a comida dos gentios não seguia as recomendações da lei mosaica e, em muitos casos, era oferecida aos ídolos. Pedro sendo um judeu de nascimento, radical quanto aos preceitos da lei mosaica em relação aos gentios, tinha dificuldade de pregar o Evangelho aos gentios. Foi preciso Deus prepará-lo para o encontro com Cornélio, como vimos no tópico anterior. 

A Igreja de Jerusalém, de modo geral, tinha esta mesma dificuldade de Pedro, pois não compreendiam a universalidade da salvação. Segundo o teólogo Myer Pearlman, algumas questões estavam mal resolvidas na Igreja de Jerusalém, em relação aos gentios: Será que judeus e gentios poderiam receber igual salvação, ficando em pé de igualdade? Os crentes judeus poderiam ter comunhão e convívio com os gentios? Havia ainda a questão da exigência da circuncisão, guarda do sábado e abstinência de certos alimentos, que os cristãos de Jerusalém insistiam em impor também aos cristãos gentios. Somente no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém, em Atos 15, os apóstolos se reuniram para tratar do tema. 

Na verdade, Deus nunca excluiu os gentios da salvação. Na promessa feita à Abraão, o próprio Deus lhe falou: “...em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.3). As restrições que Deus fez no Antigo Testamento, em relação à mistura entre o povo de Israel e outros povos, visava unicamente a preservação da nação de Israel, pela qual Ele enviaria o seu Filho ao mundo. O Amor de Deus é o princípio fundamental da história da redenção da humanidade. Deus demonstrou o seu amor pela humanidade através da formação de Israel e no relacionamento de Deus com este povo. 

Entretanto, Isso não significa que no Antigo Testamento Deus não ligava para as outras nações como muitos imaginam. Deus sempre amou toda a humanidade e elaborou o seu plano salvífico a fim de salvar a todos. Podemos ver isso nas profecias, principalmente nas de Isaías, onde Deus prometeu a restauração de Israel e um futuro glorioso para esta nação, que incluía a participação dos gentios. Temos ainda os casos de Raabe, Rute, a viúva de Sarepta, Naamã, o povo de Nínive, que eram estrangeiros e foram alcançados por Deus. 

Quando Pedro chegou à casa de Cornélio, estava ainda receoso, dizendo que não era lícito a um judeu ajuntar-se aos gentios. Porém, logo em seguida, ele deixou claro que Deus lhe mostrou que não se deve considerar nenhum ser humano imundo e que Deus não faz acepção de pessoas. Conforme demonstrou o comentarista, a mensagem de Pedro era totalmente centrada em Cristo e deixou claro alguns princípios importantes sobre a salvação, para os quais devemos atentar: 

a) Deus ama a todos (At 10.34). Diferente do que ensinam os calvinistas, está claro na Bíblia que Deus ama a todas as pessoas e não faz acepção de pessoas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

b) Deus quer salvar a todos (At 10.35). Deus não somente ama a todos, mas quer salvar a todos, pois Ele não tem prazer na perdição do ímpio: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2.3,4)

c) Cristo é o Senhor de todos (At 10.36). Não existe salvação fora de Cristo (At 4.12). Ele é o centro do Evangelho, o Cordeiro de Deus que tira pecado do mundo (Jo 1.29); O caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6). 


2. A conversão dos gentios. No final da sua pregação aos gentios na casa de Cornélio, Pedro falou: “E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele [Jesus] é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos. A este [Jesus] dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome”. (At 10.42,43). Que pregação maravilhosa e cristocêntrica! Pedro, que até pouco tempo estava preso ao preconceito judaico em relação aos gentios, foi usado pelo Espírito Santo para mostrar que a salvação está disponível a todos.

Qualquer ensino que diz que Deus escolheu uns para a salvação e outros para a perdição, que Deus amou uns e rejeitou outros, que determinado grupo de pessoas é mais importante para Deus do que outros, ou que existem raça superior ou inferior, não tem nenhum fundamento nas Escrituras. Em toda a Bíblia está claro que Deus é justo e não faz acepção de pessoas. Não poderia ser diferente em relação à salvação. Deus, por sua Graça, colocou a salvação ao alcance de todos os seres humanos e deseja que todos sejam salvos. O único requisito para ser salvo é crer em Jesus, seu Filho, que é o Único Salvador.

10 setembro 2025

A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um gentio).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da revelação de Deus aos gentios. Inicialmente, falaremos da visão que Cornélio teve, na qual foi instruído por um anjo para que mandasse chamar a Pedro. Na sequência, falaremos da experiência espiritual que Pedro teve, onde Deus lhe mostrou vários animais considerados imundos pela lei e mandou que ele os comesse. Deus insistiu por três vezes e disse a Pedro para não considerar imundo àquilo que Deus purificou. Por último, falaremos da urgência da pregação do Evangelho. Não é porque Deus enviou um anjo para falar com Cornélio que a Igreja vai deixar de pregar e esperar que Deus envie anjos.

1. A visão de Cornélio. Cornélio era um centurião, ou um comandante de um pelotão de cem soldados romanos. Este centurião era um homem gentio, ou seja, não judeu, que vivia na cidade de Cesareia Marítima, localizada a cerca de 100 quilômetros de Jerusalém e a 48 quilômetros de Jope, onde Pedro estava hospedado naquela ocasião. Apesar de não ser judeu de nascimento, nem mesmo prosélito (convertido ao Judaísmo), Cornélio era um homem temente a Deus, justo, que dava esmolas aos pobres e orava continuamente a Deus. 

Havia outra cidade chamada Cesaréia de Filipe, que ficava no Norte da Judéia, onde Jesus perguntou aos seus discípulos: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? (Mt 16.13). A Cesaréia onde Cornélio vivia era uma cidade costeira do Mar Mediterrâneo, era a capital da província romana da Judeia. A capital religiosa da Judéia era Jerusalém, mas a capital administrativa do governo romano era Cesaréia Marítima, onde ficavam as residências dos procuradores romanos Pôncio Pilatos e Herodes. 

Não há nenhum registro ou mesmo indício de que Cornélio tenha ouvido falar de Cristo e do Evangelho antes disso. Mas como ele era temente a Deus e o buscava em oração, Deus se manifestou a ele através de um anjo. Cornélio estava orando em sua casa, às três da tarde, quando apareceu-lhe um anjo de Deus e o chamou pelo nome: Cornélio! Atemorizado e sem saber quem era, Cornélio respondeu: Que é, Senhor?

O anjo, então, disse a Cornélio que as suas orações e esmolas haviam subido para memória diante de Deus. Mas, ele deveria enviar emissários a Jope e procurar na casa de Simão, o curtidor, um homem chamado Simão, conhecido como Pedro, e este lhe diria o que ele deveria fazer. Imediatamente, Cornélio chamou dois criados da sua confiança e um soldado piedoso, contou-lhes a visão e os enviou a Jope, para que chamassem a Pedro. 

Com esta visão de Cornélio podemos aprender pelo menos três lições importantes: 

a) É do interesse de Deus se revelar àqueles que têm sede de Deus e não o conhecem, independente da etnia ou cultura;

b) Boas obras não salvam ninguém, pois a salvação é fruto da graça de Deus, obtida pela fé em Cristo (Ef 2.8-10). Cornélio era um homem temente a Deus e que praticava boas obras, mas precisava conhecer a Jesus para ser salvo;

c) Deus pode enviar enviar anjo para falar com alguém, mas os anjos não pregarão o Evangelho. Esta missão foi dada por Jesus à Igreja e não aos anjos.

2. A experiência espiritual de Pedro. Deus preparou tudo para a salvação do centurião Cornélio. Por um lado, conforme vimos acima, Deus trabalhou na casa de Cornélio, enviando-lhe um anjo para dar-lhe as instruções e mandar buscar Pedro. O anjo forneceu o nome, o sobrenome e o endereço de Pedro a Cornélio. Por outro lado, o mesmo Deus mostrou uma visão ao apóstolo Pedro, principal líder da Igreja de Jerusalém, a fim de prepará-lo para o encontro com um gentio. 

No dia seguinte à visão que Cornélio teve, estando os seus emissários já perto da cidade de Jope, onde Pedro se encontrava, sem saber da visão e sem ao menos conhecer Cornélio, Pedro subiu ao terraço da casa para orar, por volta do meio-dia. Enquanto preparavam a comida, ele teve fome e quis comer (At 10.9). De repente, ele teve uma visão, na qual viu o céu aberto e lhe apareceu um vaso como se fosse um grande lençol amarrado nas quatro pontas e dentro deste, vários tipos de animais: quadrúpedes, répteis e aves (At 10.10-12).

Enquanto ele olhava para aqueles animais, ouviu uma voz do Céu que lhe ordenava que matasse e comesse aqueles animais. Sabendo que aquelas espécies de animais eram consideradas imundas na lei e que os judeus não poderiam comê-los, Pedro disse: “De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi nada comum e imundo”. A voz lhe retrucou dizendo: Não faças tu comum ao que Deus purificou. (At 10.13-15). Isto se repetiu por três vezes e, finalmente, o vaso foi recolhido ao céu (At 10.16).

Pedro ficou pensativo sobre o significado daquela visão, pois o Senhor não lhe explicou. Enquanto isso, ele ouviu os criados de Cornélio chamarem à porta, perguntando se ali morava um homem chamado Simão, conhecido como Pedro. No mesmo instante, o Espírito Santo falou ao seu coração para que fosse com eles, sem duvidar, pois Deus os havia enviado. 

Deus sabia perfeitamente das convicções e do preconceito que estava entranhado em Pedro, em relação aos gentios. Por isso, deu-lhe esta visão, para que ele entendesse que esta barreira havia sido quebrada e que a porta da graça estava aberta também aos gentios e não apenas aos judeus. 

Deu trabalho para Pedro se desvencilhar desse preconceito. Mesmo após ter esta visão, ao chegar na casa de Cornélio, Pedro começou o seu discurso dizendo: “Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros…”. At 10.28). Anos mais tarde, ele foi repreendido por Paulo em Antioquia, porque ele se afastara dos gentios, para não constranger os judeus, em vez de repreender os judeus que faziam esta separação (Gl 2.11-15). 

3. A urgência da pregação do Evangelho. Neste ponto, o comentarista chama a nossa atenção para a urgência da pregação do Evangelho. Deus pode revelar o seu plano de salvação a alguém de forma excepcional, seja através de um anjo ou de uma visão. Na atualidade, há testemunhos de ex-muçulmanos, que buscavam a Deus com sinceridade, mas em seus países não era permitido pregar o Evangelho e Deus se revelou a eles por meio de anjos. Entretanto, isso não exclui a responsabilidade da Igreja de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). 

A pregação do Evangelho consiste em duas notícias, uma má e outra boa. A má notícia é que todos os seres humanos estão corrompidos pelo pecado e não podem, por si mesmos, fazer nada para mudar este quadro. A boa notícia, é que Deus, sendo riquíssimo em misericórdia, enviou o Seu Filho Jesus, como Cordeiro imaculado, para sacrificar-se pelos nossos pecados e, somente através dele podemos ser salvos (Lc 19.10; Jo 1.29; 1 Tm 1.15). Aqueles que não crerem em Jesus, inevitavelmente, serão condenados (Mc 16.16). 

A Igreja tem a obrigação de pregar a mensagem de Cristo ao mundo, quer aceitem, quer rejeitem. Não é papel da Igreja convencer as pessoas a receberem a Cristo. Este papel é do Espírito Santo. A nossa obrigação é pregar o Evangelho no poder do Espírito, com confiança no Senhor e fidelidade naquilo que pregamos. Não podemos modificar o conteúdo do Evangelho para atrair as pessoas. A fidelidade na pregação consiste em pregar a Palavra de Deus, exatamente como ela é, sem diminuir, acrescentar ou falsificar.

Infelizmente, na atualidade, muitos pregadores pregam "outros evangelhos" e não o Evangelho de Cristo. Pregam-se atualmente o evangelho da prosperidade, o evangelho judaizante, o evangelho dos usos e costumes, o evangelho social, etc. Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo disse que ainda que um anjo, ou um dos apóstolos anunciassem "outro evangelho", diferente do que ele havia anunciado, deveria ser considerado anátema ou maldito (Gl 1.9). 

09 setembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO

TEXTO ÁUREO:
“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10.47).

VERDADE PRÁTICA:
O episódio da igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra que Deus não faz acepção de pessoas.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 10.1-8,21-23,44-48.

Objetivos da Lição: 
I) Mostrar que Deus incluiu os gentios em seu plano de salvação; 
II) Ressaltar que a salvação é oferecida a todos os que creem em Jesus, independentemente de sua origem étnica ou cultural; 
III) Enfatizar a obra do Espírito Santo como confirmação do agir de Deus entre os gentios, demonstrando que o Pentecostes não foi exclusivo dos judeus.

Palavra-Chave: ACEITAÇÃO

A palavra-chave desta lição é aceitação e não se refere ao fato do pecador aceitar o Evangelho, mas à aceitação da Igreja em relação aos gentios. Os primeiros cristãos, que eram judeus, tiveram dificuldade para aceitar que Cristo veio quebrar todas as barreiras de separação e formar um único povo, unindo judeus e gentios, homens e mulheres, escravos e livres, etc. Após a conversão dos gentios na casa de Cornélio, Pedro foi convocado a dar explicações por ter entrado na casa de um gentio e ter comido com eles.

INTRODUÇÃO 

Na lição passada estudamos sobre a primeira expansão da Igreja de Jerusalém para fora do território da Judéia, quando o diácono Filipe, que havia fugido da perseguição em Jerusalém, proclamou o Evangelho em Samaria. Nesta lição, avançaremos um pouco mais sobre o tema da expansão da Igreja e trataremos da visita do apóstolo Pedro, sob a direção de Deus, à casa do centurião Cornélio, um homem gentio, que era piedoso e temente a Deus. 

Desde os primórdios, a Igreja de Jerusalém relutava em pregar o Evangelho aos gentios. Eles não haviam entendido ainda a universalidade do Evangelho e pensavam que a salvação era restrita ao povo de Israel e, no máximo, aos prosélitos, ou convertidos ao Judaísmo. Mesmo após a grande perseguição que se levantou após a morte de Estevão, os cristãos que se dispersaram, não anunciavam o Evangelho aos gentios, somente aos judeus. (At 11.19). Somente em situações especiais, como no caso do oficial da rainha da Etiópia, que foi evangelizado por Filipe, mas ele foi levado até lá pelo Espírito Santo.

O apóstolo Pedro foi escolhido por Deus para levar o Evangelho à um comandante do exército romano de Cesaréia, chamado Cornélio. Antes de enviá-lo, porém, Deus mostrou-lhe uma visão, para que ele se desprendesse da tradição judaica que proibia os israelitas de ter comunhão com estrangeiros, considerados imundos. Por outro lado, Deus enviou um anjo para falar com Cornélio para que mandasse chamar a Pedro e ouvisse as suas palavras. Deus é maravilhoso! Ele trabalha no coração do pregador do Evangelho e também no coração do ouvinte.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

No primeiro tópico, falaremos da revelação de Deus aos gentios. Inicialmente, falaremos da visão que Cornélio teve, na qual foi instruído por um anjo para que mandasse chamar a Pedro. Na sequência, falaremos da experiência espiritual que Pedro teve, onde Deus lhe mostrou vários animais considerados imundos pela lei e mandou que ele os comesse. Deus insistiu por três vezes e disse a Pedro para não considerar imundo àquilo que Deus purificou. Por último, falaremos da urgência da pregação do Evangelho. Não é porque Deus enviou um anjo para falar com Cornélio que a Igreja vai deixar de pregar e esperar que Deus envie anjos.

II. A SALVAÇÃO DOS GENTIOS

No segundo tópico, falaremos da salvação dos gentios. Analisaremos o conteúdo da pregação de Pedro aos gentios, que foi totalmente cristocêntrica. Na sequência, falaremos da conversão dos gentios, destacando que todos os seres humanos, tanto judeus como gentios precisam crer em Cristo e se arrepender dos seus pecados para serem salvos. No Evangelho de Cristo não há privilegiados nem excluídos. 

III. O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

No terceiro tópico, falaremos do derramamento do Espírito Santo sobre os gentios. Veremos que o Espírito Santo foi prometido também aos gentios, conforme Pedro explicou no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém. Na sequência, falaremos do recebimento do Espírito Santo pelos gentios, evidenciado pelo falar em línguas. Por último, veremos que o pentecostes entre os gentios foi visto e ouvido, da mesma forma que foi o de Jerusalém em Atos 2.

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 102, p.42, 2025.
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp.119,120,126.

08 setembro 2025

UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO

(Subsídio da Revista Ensinador Cristão/CPAD)

A lição desta semana aborda um dos dilemas enfrentados pela igreja primitiva: como a igreja formada por cristãos judeus lidaria com os gentios recém-convertidos? A experiência de Pedro com a revelação em Jope, bem como a sua visita à casa de Cornélio para esclarecê-lo a respeito do Evangelho, corroboram que a salvação pela graça não era uma bênção exclusiva da nação judaica, mas que havia se manifestado a todas as pessoas (Tt 2.11). A compreensão dessa verdade não foi fácil, pois o entendimento que os apóstolos tinham até então era de que a promessa abraâmica estava restrita aos seus descendentes conforme a carne. No entanto, a manifestação do Espírito na casa de Cornélio é um marco na história da igreja primitiva e mostra o interesse de Deus em chamar todos os povos para a comunhão do Espírito.

A forma didática como Pedro recebeu a revelação divina antes de ir à casa de Cornélio mostra que nosso Senhor precisava quebrar o preconceito religioso que ainda predominava na mente de Pedro. Deus não faz acepção de pessoas e a manifestação do Espírito, evidenciada pelas línguas estranhas faladas por Cornélio e sua família, mostravam que não havia barreiras étnicas ou geográficas para o Senhor operar (At 10.46).

De acordo com Lawrence O. Richards, na obra Comentário Devocional da Bíblia, editada pela CPAD, “Pedro tinha sido acompanhado por seis cristãos judeus. Posteriormente, o testemunho que eles deram, de que o Espírito Santo realmente tinha sido dado aos gentios, foi crucial para convencer a igreja de Jerusalém de que Cristo se estende a todos. Novamente, vemos circunstâncias especiais para um evento incomum. Os gentios deram evidência da presença do Espírito, falando em línguas. Posteriormente, Pedro relacionou isso com a experiência do Pentecostes. Como os gentios tinham recebido o mesmo dom que foi dado aos crentes judeus, obviamente eles foram aceitos por Deus. Assim, ‘quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?’ (At 11.17). Quando houve a necessidade de convencer uma igreja judaica cética de que Deus pretendia receber os convertidos gentios, foi dado um sinal especial. Nós não precisamos ser convencidos — ou não deveríamos. Nós sabemos, pelas Escrituras, que todos os que professam a Cristo como Salvador, quaisquer que sejam seus antecedentes, pertencem a Ele conosco” (2012, p.734). Este evento que impressionou a igreja primitiva revela a graça de Deus para salvar e a operação do Espírito quando há barreiras em nosso entendimento. Atos nos mostra a multiforme graça de Deus alcançando os mais distantes pecadores para salvação (1Tm 2.3,4). 


Fonte: 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p.41.

05 setembro 2025

A IGREJA QUE DÁ SUPORTE À EVANGELIZAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A expansão da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da Igreja que dá suporte à evangelização. Inicialmente, falaremos do suporte da Igreja ao trabalho evangelístico e missionário de Filipe em Samaria, enviando para lá Pedro e João. Na sequência, falaremos do trabalho de discipulado da Igreja de Jerusalém em Samaria. Os apóstolos foram a Samaria para ensinar a doutrina cristã aos novos convertidos. Por fim, veremos que sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. Esta continua sendo a visão pentecostal, pois pregamos que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará. 


1. O suporte da igreja. A Igreja é comparada a um corpo e os crentes são os seus membros (1Co 12.12-27). Todos os membros do corpo, independente da sua funcionalidade, trabalham para o bom funcionamento do organismo. Da mesma forma, os membros e obreiros da Igreja, cada um em sua vocação, devem trabalhar para o crescimento e edificação da Igreja. Falando sobre isso, o apóstolo Paulo explicou que os membros do corpo são interdependentes e não podem dizer que não precisam uns dos outros.  


Conforme já falamos, os cristãos tiveram que sair de Jerusalém para salvar a própria vida. Filipe evangelizou em Samaria, muitas pessoas receberam a Cristo e foram batizadas nas águas. Entretanto, por razões que não sabemos, não receberam o batismo no Espírito Santo. Os apóstolos, que haviam permanecido em Jerusalém, receberam a notícia de que os samaritanos haviam recebido a mensagem do Evangelho e enviaram Pedro e João para dar apoio ao novo trabalho. 


Aprendemos com o exemplo de Samaria que a Igreja local deve fornecer o apoio necessário para os obreiros que saem ao campo para abrir novos trabalhos, seja no âmbito local, ou no campo missionário. Um evangelista ou missionário enviado é um obreiro vinculado à Igreja local e como tal, atua sob a responsabilidade e supervisão desta. Sendo um enviado da igreja, evidentemente, quem envia um representante é responsável por ele e deve dar-lhe todo apoio.


Este suporte da Igreja não deve ser apenas financeiro. A Igreja local tem a responsabilidade de visitar os trabalhos abertos por seus obreiros, para tomar conhecimento das necessidades da obra e dar todo apoio teológico, financeiro, logístico e espiritual. Filipe estava sozinho em Samaria, com uma multidão de novos convertidos e precisava do apoio da liderança da Igreja de Jerusalém. Infelizmente, em muitos pontos de pregação e trabalhos menores, o obreiro que abre o trabalho fica lá abandonado e não recebe o apoio de outros companheiros. Por outro lado, em Igrejas bem estruturadas forma-se filas de obreiros querendo cooperar. 


2. A igreja que discipula. A missão da Igreja neste mundo envolve dois aspectos: pregar o Evangelho aos perdidos e, após a conversão, ensinar-lhes a Palavra de Deus. Filipe chegou a Samaria como um desbravador e anunciou Cristo aos samaritanos. Eles creram e foram batizados, mas precisavam receber as primeiras instruções sobre a fé cristã. Após a pregação do Evangelho, se a pessoa se decide por Cristo, o passo seguinte é a integração do novo crente ao corpo de Cristo, mediante as primeiras instruções, acompanhamento, orientação, oração, comunhão e exemplo. 


É preciso ensinar as verdades bíblicas aos novos crentes para que eles se tornem, de fato, discípulos de Jesus. A palavra discípulo no grego é "mathetes", que significa um aprendiz ou aquele que segue um mestre para aprender os seus ensinos. Esta palavra é encontrada exclusivamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos apóstolos. Discipular é a arte de fazer discípulos, ou convencer alguém a seguir os nossos ensinos e nos imitar. Entretanto, Jesus nos comissionou a fazer discípulos para Ele e não para nós mesmos.


O novo crente precisa aprender, crescer e amadurecer, para também ensinar a outras pessoas. Por isso, é indispensável frequentar os cultos de ensino, onde o pastor da Igreja faz a exposição da Palavra de Deus, com um tempo maior e após um período de oração. Igualmente, é imprescindível que toda a Igreja frequente a Escola Dominical, onde é ensinado sistematicamente a Palavra de Deus, com um tema específico em cada aula, atividades, dinâmicas em classes, perguntas e respostas e um ambiente propício para o aprendizado.


3. Sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. No caso de Samaria, os apóstolos Pedro e João quando chegaram oraram pelos novos crentes, para que recebessem o Espírito Santo. O texto bíblico nos informa que sobre nenhum deles tinha ainda descido mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Os apóstolos, então, lhes impuseram as mãos e eles receberam o Espírito Santo. (At 8.15-17). Conforme explicou o comentarista, o discipulado estava incompleto, pois faltava o ensino sobre o revestimento de poder do Espírito Santo. 


Estas pessoas já haviam sido salvas, pois creram em Jesus e foram batizadas. O Espírito Santo já havia entrado nele para morar. A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). 


Mesmo já sendo salvos, os crentes de Samaria precisavam do revestimento de poder, para também pregarem a Palavra de Deus ousadamente e com sabedoria. O batismo no Espírito Santo não é para a salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia, sabedoria e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26).


Lamentavelmente, muitas pessoas em nossos dias querem diminuir a importância do batismo no Espírito Santo, como se fosse algo opcional e sem importância. No final do Evangelho segundo Lucas e no início de Atos dos Apóstolos, podemos perceber que o revestimento do poder do Espírito Santo é uma necessidade e não uma opção: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49). “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.” (At 1.4).


Nestes dois textos o Senhor Jesus deixou claro para os seus discípulos, que eles precisavam ser revestidos de poder, antes de iniciar a missão da Igreja em Jerusalém. Os discípulos ficaram em oração, aguardando o cumprimento da promessa da descida do Espírito Santo. No Dia de Pentecostes, estando eles reunidos no cenáculo, em oração, todos foram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas e profetizar. A partir daquele momento, eles nunca mais foram os mesmos. Passaram a pregar ousadamente o Evangelho, sem nenhum temor. 

04 setembro 2025

A IGREJA QUE EVANGELIZA

(Comentário do 2° tópico da Lição 10: A expansão da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da igreja que evangeliza. Com base na pregação de Filipe, falaremos da evangelização centrada na exposição da Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Em seguida, falaremos da evangelização centrada em Cristo. O tema da mensagem pregada Filipe era Cristo e este também deve ser o centro da nossa pregação. 

1. Evangelização centrada na Palavra. Quando estudamos sobre a Igreja de Jerusalém, três características principais ficam evidentes: o poder do Espírito Santo na Igreja, perseverança na oração e exposição da Palavra de Deus. Muitas pessoas enfatizam muito os milagres e as muitas conversões que aconteciam naquela Igreja. Isso, na verdade, é o resultado de uma Igreja dedicada à oração e pregação da Palavra de Deus. Em todo livro de Atos, podemos perceber a importância que a Igreja dava a ser cheia do Espírito Santo, à oração e ao ensino da Palavra de Deus. 

Isso não limita ao ambiente interno da Igreja. Na evangelização também, a Igreja precisa do mover do Espírito para capacitar os pregadores, convencer os ouvintes e operar milagres. Isto, porém, não acontecerá, se não houver oração e pregações baseadas nas Escrituras. Os discípulos foram obrigados a fugir de Jerusalém para salvar a própria vida e se espalharam pelas regiões circunvizinhas. Lucas relatou que “os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.” (At 8.4).

A evangelização tem que ser bibliocêntrica, ou seja, deve ter a Palavra de Deus como base. Nós não fomos comissionados por Jesus para falar de nós mesmos, de filosofias humanas, técnicas psicológicas, ideologias políticas, ou para massagear o ego dos pecadores em nossas pregações. Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo disse: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina”. (2Tm 4.1,2). 

Lamentavelmente, em nossos dias, muitos pregadores não tem mais a Palavra de Deus como fundamento das suas preleções. Tiram dela apenas o título da mensagem e lêem um pequeno trecho, na maioria das vezes fora de contexto e mal interpretado. Depois disso, fecham a Bíblia e citam outras fontes que não tem nenhum compromisso com a verdade. Outros usam clichês e repetem frases de efeito para prender a atenção do auditório. Não foi isso que Jesus nos mandou fazer. Ele ordenou aos seus discípulos que pregassem o Evangelho, fizessem discípulos e ensinassem a guardar tudo o que Ele mandou. Portanto, precisam pregar, cantar e ensinar a Bíblia. 

2. Evangelização centrada em Cristo. Pregar a Palavra de Deus é importante, pois ela é o nosso manual de fé e prática. Entretanto, o pregador evangélico deve ser também cristocêntrico, ou seja, deve ter Cristo como o centro das suas pregações, principalmente, quando falar às pessoas que ainda não são crentes. Pedro, Estevão e Filipe pregaram as Escrituras judaicas, pois era a única Palavra de Deus que eles tinham. O Novo Testamento ainda não havia sido escrito. Mas as suas pregações citavam as Escrituras e convergiam para Cristo. Não pode haver salvação de almas se não falarmos de Jesus e da cruz, pois Ele é o único Nome dado entre os homens, pelo qual podemos ser salvos (Jo 14.6; At 4.12). 

Uma pregação baseada no Antigo Testamento se não chegar em Cristo está incompleta. Se falarmos apenas das bênçãos e dos princípios morais do Antigo Testamento, estamos pregando o Judaísmo e não o Evangelho. Paulo era um judeu, versado nas Escrituras judaicas desde a sua infância, que se formou aos pés de Gamaliel, um dos mais respeitados doutores da Lei da sua época. Mas, depois que teve um encontro com Cristo, ele disse: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. (1Co 2.2).

Evidentemente, nós podemos e devemos falar de outros temas bíblicos em nossas pregações, pois “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça.” (2Tm 3.16). O próprio apóstolo Paulo fez isso em suas epístolas e, certamente, também o fez em seus ensinos às Igrejas. Ele falou de submissão às autoridades, de casamento, do litígio entre irmãos, dos alimentos sacrificados aos ídolos, dos dons espirituais, das obras da carne, do Fruto do Espírito, etc. Entretanto, nos cultos públicos ou evangelísticos, a prioridade é comunicar a mensagem de salvação aos pecadores. 

03 setembro 2025

A IGREJA DIANTE DA PERSEGUIÇÃO

(Comentário do 1° tópico da Lição 10: A expansão da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do comportamento da Igreja diante da perseguição. Mesmo perseguida, a Igreja não se fragmentou, ou seja não se desorganizou e continuou firme na missão de proclamar o Evangelho. Na sequência, falaremos do luto da Igreja por causa da violenta morte de Estêvão, um dos seus obreiros mais ilustres. Por fim, veremos que a Igreja, mesmo perseguida e enlutada, não se desesperou, não se deixou dominar pela  tristeza e continuou a missão que o Senhor lhe ordenara. 

1. Embora perseguida, não fragmentada. Já falamos bastante em lições anteriores, sobre a intensa perseguição que a Igreja de Jerusalém enfrentou. No primeiro tópico da lição 4, vimos que esta igreja era perseverante, pois suportava o sofrimento por amor a Cristo e não negociava os seus valores, mesmo sob ameaças das autoridades. No terceiro tópico da mesma lição, vimos que a Igreja de Jerusalém era ousada em seu testemunho e enfrentava a oposição com destemor. 

Conforme vimos na lição passada, Estevão era um homem cheio do Espírito Santo, de fé e de sabedoria, usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo (At 6.8). Era também um sábio pregador, apto para defender corajosamente a sua fé perante os seus opositores. Certamente, Estevão era muito querido pela Igreja de Jerusalém. Perder um obreiro com este perfil, principalmente da forma violenta e covarde que foi a sua morte, naturalmente causou muita tristeza à Igreja.

Posteriormente, na lição 6, vimos que a Igreja de Jerusalém não temia a perseguição. Falamos nessa lição sobre os perseguidores iniciais da Igreja e das esferas dessa perseguição. Na esfera religiosa, os perseguidores eram os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Na esfera política, tratamos do caso de Herodes Agripa I, que mandou decapitar o apóstolo Tiago e prender o apóstolo Pedro. Este último, foi libertado da prisão por um anjo do Senhor.

Na lição passada vimos o martírio do diácono Estevão, que foi apedrejado até à morte, mediante falsas acusações de blasfêmia. Após a execução de Estêvão, levantou-se grande perseguição e eles tiveram que fugir de Jerusalém, para não serem presos ou mortos. Ficaram somente os apóstolos em Jerusalém. Isto, porém, não significa que os apóstolos deixaram de ser perseguidos, mas que a Igreja de Jerusalém precisava deles e eles se arriscaram pela causa de Cristo sem temer que fossem mortos. Os  cristãos que se dispersaram, pregavam o Evangelho onde chegavam. 

Em Atos 1.8, Jesus disse aos seus discípulos que viria sobre eles a virtude do Espírito Santo e eles seriam suas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Entretanto, após a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, eles se acomodaram e pregavam apenas em Jerusalém. Depois da morte de Estevão, o jovem fariseu, Saulo de Tarso, empreendeu uma caçada violenta aos cristãos, entrando nas casas arrastando homens e mulheres pelas ruas, os conduzia à prisão. Neste cenário de horrores, os discípulos se viram obrigados a fugir de Jerusalém e passaram a evangelizar toda a Judeia, Samaria e chegaram a Antioquia da Síria. 

2. A igreja em luto. O comentarista mencionou aqui o texto de Atos 8.2, que diz que alguns varões piedosos sepultaram e fizeram grande pranto por Estevão. Ele explicou também que a palavra kophetós, traduzida aqui como “pranto” significa também “choro”, “lamentação” e “luto”. Não sabemos ao certo quem eram estes varões, mas o mais provável é que fossem cristãos de Jerusalém que conviveram com Estevão e se lamentaram por ele, antes de fugirem da cidade. 

É natural do ser humano, mesmo os que são crentes fiéis, chorar e se entristecer pela morte de um ente querido. O cristão deve viver o seu momento de luto e manifestar naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Até o Senhor Jesus, em sua condição humana, chorou diante do túmulo de Lázaro. Entretanto, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitou e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos  e estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4.17).

3. Mas não desesperada. É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto, pela perda de alguém que ama, pois, reprimir o choro e a tristeza para parecer forte, pode trazer sérios problemas emocionais e à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista a sua esperança na vida eterna. Precisamos sempre nos lembrar de que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus antes de subir ao Céu prometeu aos seus discípulos que viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também estejam. (Jo 14.1-3). 

Se por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro lado, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas, nem dores. (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará algum sentido, se levarmos em consideração a Vida eterna. Do ponto de vista terreno, vivemos uma vida na contramão do mundo, sendo perseguidos e renunciando às próprias vontades e até a própria vida, por amor a Cristo. 

A Igreja de Jerusalém sentiu tristeza por causa da morte de Estevão e lamentou profundamente. Entretanto, aqueles cristãos jamais se desesperaram e não permitiram que o luto paralisasse a pregação do Evangelho. Foram impedidos de pregar em Jerusalém e tiveram que fugir, mas não reclamaram contra Deus e continuaram pregando em outras regiões. O Senhor continuou salvando almas e operando milagres. No comentário sobre este texto, a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal nos diz: “Às vezes, Deus nos faz sentir incomodados para que mudemos[…] o desconforto pode ser benéfico para nós, porque Deus pode trabalhar através de nossa dor”.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.41, 2025.
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 175-176.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Filipe: O primeiro evangelista da Igreja. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2019.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2013, pp.1493,1494.

02 setembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: A EXPANSÃO DA IGREJA

TEXTO ÁUREO:

“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.” (At 8.4,5).

VERDADE PRÁTICA:

A igreja só crescerá quando ultrapassar seus próprios limites e levar a mensagem de Cristo para além de suas paredes.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 8.1-8,12-15.

Objetivos da Lição: 

I) Apresentar como a perseguição contribuiu para a expansão da igreja primitiva; 
II) Expor a centralidade de Cristo e da Palavra de Deus na evangelização realizada pela Igreja; 
III) Enfatizar o papel da Igreja em apoiar e discipular os novos convertidos.

Palavra-Chave: EVANGELIZAÇÃO

Em termos simples, evangelização é o ato de comunicar o Evangelho aos perdidos. A evangelização é a missão suprema da Igreja. Esta missão não é somente da liderança da Igreja, ou de um departamento específico. Todo crente tem a responsabilidade de anunciar as Boas-Novas. A evangelização não se resume apenas a anunciar o Evangelho àqueles que ainda não o conhecem. Envolve também o discipulado, o batismo em águas e a integração do novo convertido à Igreja. 

Há pelo menos quatro tipos de evangelização. Para cada um deles há métodos diferentes:  
a) Evangelização pessoal. É aquela que é feita mediante um diálogo com uma pessoa. 
b) Evangelização coletiva. É feita através de um sermão proferido a uma platéia.
c) Evangelização nacional. É feito percorrendo a nossa pátria de cidade em cidade, falando do Evangelho e plantando Igrejas. 
d) Evangelização transcultural. Este modelo exige um pouco mais, pois além de conhecer o Evangelho, é preciso conhecer a cultura do outro país onde vamos evangelizar. 

INTRODUÇÃO

Esta lição é um desdobramento da lição passada, pois ela trata do comportamento da Igreja de Jerusalém após a morte do diácono Estêvão. O texto de Atos 8.1 diz: 

“... fez-se naquele dia [o dia da morte de Estêvão], houve uma grande  perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos”. 

Os discípulos que fugiram de Jerusalém, não se deram por vencidos e anunciavam o Evangelho onde chegavam. Se o inimigo pensou que iria parar a Igreja com esta violenta perseguição, o tiro saiu pela culatra, pois, esta dispersão dos cristãos de Jerusalém deu início à expansão da Igreja para além das fronteiras da Judéia. 

O diácono Filipe chegou à região de Samaria e pregava a Cristo, atraindo a atenção de multidões à sua pregação, pois eles ouviam e viam que ele realizava muitos milagres como expulsão de espíritos malignos e curas de enfermidades. Deus usa as situações adversas para realizar os seus desígnios. 

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A IGREJA DIANTE DA PERSEGUIÇÃO

No primeiro tópico, falaremos do comportamento da Igreja diante da perseguição. Mesmo perseguida, a Igreja não se fragmentou, ou seja não se desorganizou e continuou firme na missão de proclamar o Evangelho. Na sequência, falaremos do luto da Igreja por causa da violenta morte de Estêvão, um dos seus obreiros mais ilustres. Por fim, veremos que a Igreja, mesmo perseguida e enlutada, não se desesperou, não se deixou dominar pela  tristeza e continuou a missão que o Senhor lhe ordenara. 

II. A IGREJA QUE EVANGELIZA

No segundo tópico, falaremos da igreja que evangeliza. Com base na pregação de Filipe, falaremos da evangelização centrada na exposição da Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Em seguida, falaremos da evangelização centrada em Cristo. O tema da mensagem pregada por Filipe era Cristo e este também deve ser o centro da nossa pregação. 

III. A IGREJA QUE DÁ SUPORTE À EVANGELIZAÇÃO

No terceiro tópico, falaremos da Igreja que dá suporte à evangelização. Inicialmente, falaremos do suporte da Igreja ao trabalho evangelístico e missionário de Filipe em Samaria, enviando para lá Pedro e João. Na sequência, falaremos do trabalho de discipulado da Igreja de Jerusalém em Samaria. Os apóstolos foram a Samaria, para ensinar a doutrina cristã aos novos convertidos. Por fim, veremos que sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. Esta continua sendo a visão pentecostal, pois pregamos que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará. 

Bons estudos! 

Ev. WELIANO PIRES

AD-BELÉM/SÃOP CARLOS, SP

31 agosto 2025

A EXPANSÃO DA IGREJA

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO)

Nesta lição, veremos como a perseguição aos cristãos da igreja primitiva teve efeito diferente daquele que as autoridades políticas e religiosas pensavam alcançar (At 4.16-18). Em vez de a igreja recuar, a história de Atos vai nos mostrar que a perseguição resultou na dispersão de muitos cristãos por várias regiões além dos muros de Jerusalém (At 11.19). O interessante é que a igreja reagiu à forma como foi perseguida com muita coragem e resiliência. Embora afligida em razão da morte de um de seus mais ilustres irmãos, a igreja se manteve unida e comprometida com a pregação do Evangelho. Essa postura revela uma igreja consolidada na Palavra e cheia do Espírito Santo.

A história vai mostrar que foi em meio ao período de maior aflição que a igreja alcançou seu maior crescimento. Quanto mais renhida a peleja, maior era a fidelidade da igreja à mensagem do Reino e, por isso, ocorriam tantas conversões, milagres e libertações (At 5.12-16). Isso se deve ao fato de que a pregação não se baseava em discursos de autoajuda ou prosperidade material, mas na mensagem da cruz. Nesse sentido, a igreja da atualidade tem muito a aprender com os primeiros irmãos.

A Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global (CPAD), discorre que “tragicamente, depois de concluído o período registrado no Novo Testamento e depois da morte dos líderes originais da igreja, ela começou a se distanciar da revelação original de Deus. Os líderes da igreja começaram a modificar o modelo celestial de Deus, passando a estar em conformidade com os padrões mundanos e se adaptando excessivamente à cultura que estava à sua volta. Eles começaram a estruturar a sua organização, de acordo com ideais e propósitos humanos. Isto resultou na disseminação de ideias e padrões feitos pelo homem para a igreja. Se a igreja de Jesus Cristo desejar receber, outra vez, todo o plano, poder e presença de Deus, então o povo de Deus, como um todo, deve se afastar de seus próprios caminhos e aceitar o padrão do Novo Testamento, como modelo atemporal de Deus para a sua igreja” (2022, p.1948).

Portanto, a igreja deve se expandir pelo poder do Espírito e pela essência da Palavra de Deus, e não por modismos ou aconselhamentos de coachs das redes sociais, como se a vida se resumisse a um grande empreendimento terreno. Sabemos que uma vida próspera espiritualmente é resultado da obediência aos princípios e valores da Palavra de Deus. Se a igreja na atualidade quiser experimentar novamente do poder de Deus nos moldes da igreja primitiva, será necessário voltar às práticas das primeiras obras (Ap 2.5).

Fonte: 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.41, 2025.

28 agosto 2025

ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos de Estêvão e o martírio da Igreja. Veremos que diante da morte, Estêvão contemplou a vitória da Cruz, ao ver o Cristo glorificado, em pé à direita de Deus. Veremos ainda que em sua morte, Estêvão perdoou os seus algozes, assemelhando-se ao Senhor Jesus, que em sua morte rogou ao Pai que perdoasse àqueles que o crucificaram, pois não sabiam o que faziam.

1. Contemplando a vitória da cruz. Enfurecidos, aqueles homens rangiam os dentes contra Estêvão. Tomados pelo ódio, tiraram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até à morte. Entretanto, enquanto era apedrejado injustamente, Estêvão olhou para o Céu e disse: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). Estêvão contemplou o Cristo glorificado, levantando-se à direita do Pai, como um anfitrião que se levanta para receber um visitante ilustre em sua casa. 

Esta imagem, certamente, encheu o coração de Estêvão de uma alegria indizível, que somente a presença de Deus pode proporcionar, e lhe deu coragem para enfrentar a morte e não negar a sua fé. Foi assim também com muitos outros mártires do Cristianismo, aos quais os seus algozes lhe davam a oportunidade de renegar ao Senhor para não serem mortos, mas eles recusavam a proposta e davam as suas vidas com alegria, sabendo que partiriam ao encontro do Seu Senhor.

Do ponto de vista do triunfalismo e da teologia da prosperidade, que imperam em muitas igrejas da atualidade, Estêvão foi derrotado. A vitória, segundo estas novas teologias, seria Estêvão ordenar e todos aqueles homens ímpios caírem por terra. É claro que Deus pode fazer isso e muito mais, para livrar um servo seu. Mas a vitória para o crente fiel não será neste mundo. Paulo escreveu aos Coríntios que “se esperarmos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. (1Co 15.19). 

Somente aqueles que têm os olhos voltados para a eternidade, encaram as perseguições e até o martírio com serenidade, pois sabem que a morte para o salvo não é o fim. O apóstolo Paulo estava preso em uma masmorra e sabia que não sairia vivo dali, pois o Senhor já lhe tinha revelado. Entretanto, nestas circunstâncias, ele escreveu a segunda Epístola ao seu filho na fé, Timóteo, em tom de despedida, dando-lhe orientações para o exercício do ministério e motivando-o a continuar firme na fé. O apóstolo demonstrou a Timóteo a sua esperança na vida eterna (2Tm 4.7,8).

2. Perdoando o agressor. Estêvão foi o primeiro mártir cristão, que foi assassinado covardemente, por causa da sua fé em Cristo. Em sua vida, ele imitou a Cristo , pois se manteve fiel a Deus, foi usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo e foi também um pregador fiel às Escrituras, mesmo em meio à oposição ferrenha dos religiosos judeus, conforme vimos nos tópicos anteriores. 

Em sua morte também, Estêvão imitou o seu Mestre, pois intercedeu pelos seus algozes, dizendo: Senhor Jesus, não lhes imputes este pecado (At 7.60). O Senhor Jesus também fez isso, quando estava na Cruz, dizendo: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem (Lc 23.34). Estêvão entregou o seu espírito a Jesus, quando estava morrendo, assim como Jesus entregou o seu espírito ao Pai (Lc 23.46).

O cristão deve seguir o exemplo de Cristo em todas as coisas. Diante das perseguições, ofensas, tortura e morte, Jesus jamais revidou ou amaldiçoou os seus algozes. Ao contrário, Ele repreendeu os filhos de Zebedeu, quando queriam que descesse fogo do Céu para consumir os samaritanos (Lc 10.54,55); repreendeu também a pedro, quando reagiu à sua prisão no Getsêmani e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote (Jo 18.10,11).  

27 agosto 2025

ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Uma Igreja que se arrisca).

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos de Estêvão e a Igreja que defende a sua fé. Inicialmente falaremos da defesa da fé que Estêvão fez, mostrando como Deus sempre agiu na história do seu povo, com o objetivo de mostrar que Jesus é o Cristo. Falaremos ainda neste tópico sobre os corações endurecidos daqueles homens que, mesmo vendo os milagres realizados por Estêvão e a brilhante exposição das Escrituras, rejeitaram a mensagem de Deus. 

1. Deus na história do seu povo. Estêvão foi conduzido ao Sinédrio para se explicar a respeito das falsas acusações que os seus opositores lhe fizeram. Eles o acusaram de falar palavras blasfemas contra o templo e contra a lei, e teria dito que Jesus Nazareno iria destruir o templo e mudar os costumes que Moisés estabeleceu na Lei (At 6.13,14). 

É interessante que as pessoas que estavam presentes no Sinédrio olharam para Estêvão e viram que o seu rosto brilhava como o rosto de um anjo, como aconteceu com Moisés, ao descer do monte com as tábuas da lei. Era uma prova inequívoca de que Deus aprovou o seu ministério e que as acusações de blasfêmia contra Moisés, a Lei e o Templo eram falsas. 

Diante destas acusações, o sumo sacerdote, que era o presidente do Sinédrio, perguntou a Estêvão se aquilo era verdade. Estêvão, então, proferiu um longo discurso, discorrendo sobre as Escrituras, desde Abraão até Salomão, mostrando como Deus sempre agiu na história de Israel e que tudo aquilo apontava para Cristo. Por fim, acusou os seus algozes de serem traidores e assassinos de Jesus. 

Quando falamos em defesa da fé, nos referimos a uma explicação racional e lógica daquilo que cremos. Todo cristão precisa estar pronto para falar de Jesus e responder aos questionamentos que lhe fizerem sobre a fé cristã. Para isso, precisa estudar a Palavra de Deus e conhecê-la profundamente. Em sua defesa, Estêvão citou as Escrituras judaicas, interpretou-as corretamente até chegar em Cristo, que é o tema principal de toda a Bíblia. 

O pastor Eliel Gaby conta que o saudoso pastor José Pimentel de Carvalho, ex-presidente da Assembleia de Deus em Curitiba e da Convenção Geral, quando escalava um dos seus obreiros para pregar, costumava perguntar-lhes em qual texto bíblico iria pregar. Certa vez, o pastor Eliel estava escalado para pregar e, ao ser informado que pregaria em um texto do Antigo Testamento, o pastor José Pimentel respondeu: Você tem quinze minutos para chegar em Jesus. 

Infelizmente, muitos pregadores famosos gostam de falar das histórias e vitórias do povo de Deus no Antigo Testamento, mas pouco falam de Jesus. Usam textos do Antigo Testamento, fora do respectivo contexto, para sustentar outros evangelhos, como a teologia da prosperidade e o triunfalismo. Outros escolhem um tema que não tem nada a ver com o contexto geral da Bíblia, baseando-se apenas em uma frase de um versículo, interpretado de forma equivocada. Estêvão não fez isso, ele foi fiel às Escrituras. 

2. Corações endurecidos. Estêvão fez uma longa exposição das Escrituras aos membros do Sinédrio, que eram profundos conhecedores das Escrituras, provando que jamais blasfemou contra a Lei, ao contrário, demonstrou total respeito pela Palavra de Deus. Por fim, Estêvão foi usado pelo Espírito Santo para repreender aqueles homens, por causa da sua incredulidade e dureza de coração, assim como fizeram os seus pais que mataram os profetas que denunciavam os seus pecados (At 7.51). 

Além de toda esta argumentação baseada nas Escrituras, Estêvão foi usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo. Naquele ambiente, Deus fez o seu rosto brilhar como fizera com Moisés. Portanto, não havia dúvidas de que Estêvão era um homem de Deus e falava a verdade. Mas os seus adversários, com o coração endurecido, resistiram à verdade de Deus.

Esta resistência desmonta a tese calvinista da “Graça irresistível”. Segundo dizem, ninguém resiste à Graça de Deus. Mas a Bíblia mostra em vários textos as pessoas resistindo a Deus. O Espírito Santo fala aos corações dos pecadores e os capacita a entender a mensagem do Evangelho. Mas não força ninguém a crer. Jesus sempre dizia: Quem quiser vir a mim, se alguém quiser e quem quiser tome de graça, da água da vida. 

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: A ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

TEXTO ÁUREO: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.” (At 15.28...