20 agosto 2025

A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

(Comentário do 2º tópico da Lição 08: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas).

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da delegação de tarefas. Inicialmente, falaremos do ministério da oração e da Palavra, que era a tarefa primária dos apóstolos. Veremos também que não há conflito entre este ministério e o ministério do serviço social na Igreja, pois ambos fazem parte da missão da Igreja. Por fim, falaremos da diaconia, identificada no texto bíblico como “servir às mesas” e “este importante negócio”. 

1. O ministério da oração e da Palavra. Ao serem informados da murmuração dos judeus helenistas, cujas viúvas foram desprezadas na distribuição dos donativos da assistência social, os apóstolos convocaram uma reunião para resolver o problema e disseram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”. (At 6.2). 

Eles não ignoraram o problema, mas não podiam deixar a tarefa que o Senhor Jesus lhes confiou, para cuidar da assistência social, que também é importante e faz parte da missão da Igreja, mas não era esta a função que o Senhor havia lhes confiado. 

Quando olhamos para Mateus 28.19,20, Marcos 16.15-18 e Atos 1.8, percebemos que o Senhor lhes deu a missão de proclamar o Evangelho aos pecadores, operar milagres em Seu Nome e ensinar a Palavra de Deus aos convertidos. Para fazer isso, evidentemente, teriam que se dedicar também à oração. Só pode haver salvação de almas se houver pregação do Evangelho: “A Fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus”. “(Rm 10.17). 

2. Não há conflito entre tarefas. O fato dos apóstolos dizerem que poderiam deixar o ministério da Palavra e da oração para servirem às mesas, tem levado algumas pessoas na Igreja à conclusão equivocada, de que o ministério da palavra se contrapõe ao serviço social ou é superior a este. Mas não foi isso que eles disseram. 

A Igreja de modo geral deve pregar o Evangelho, orar, adorar a Deus, ensinar a Palavra de Deus e socorrer aos necessitados. Nenhuma destas tarefas se sobrepõe às outras e uma não dispensa às outras. Entretanto, Deus escolheu pessoas específicas e as capacitou para cada uma destas tarefas. 

Jesus chamou vários discípulos. Mas, escolheu um grupo de doze para serem apóstolos, que significa alguém que foi enviado ou um mensageiro. Em sentido mais específico, é alguém que foi enviado para uma missão particular. Este grupo, que é chamado de colégio apostólico, foi chamado diretamente por Jesus para lançar a Doutrina da Igreja, que eles receberam diretamente do Senhor, seja pessoalmente ou por revelação e inspiração do Espírito Santo.

Além dos apóstolos, o Senhor concedeu a outros o dom para serem evangelistas, que é alguém chamado especificamente para pregar o Evangelho aos perdidos. Um evangelista busca a Deus e se prepara para transmitir uma mensagem impactante no coração dos pescadores, para levá-los a Cristo. O evangelista atua também como plantador de Igrejas, onde o Evangelho ainda não chegou. 

O Senhor comissionou também outros para serem pastores. A missão do pastor é cuidar das pessoas que vieram a Cristo. O pastor é alguém que cuida de um rebanho que não é dele e deve fazê-lo com amor e dedicação, não como dominador (1 Pe 5.2). É de responsabilidade do pastor, alimentar, cuidar e proteger o rebanho de Deus. 

Igualmente, o Senhor estabeleceu mestres na Igreja para serem os doutrinadores daqueles que chegam à Igreja e não conhecem nada do Evangelho. Este dom é uma necessidade urgente da Igreja. Se não houver ensino, os crentes não amadurecem e não tem firmeza. 

Sob a direção do Espírito Santo, os apóstolos estabeleceram na Igreja também as funções de diáconos, presbíteros e bispos, para atender as necessidades da igreja local. 

Em Atos 20.28, Paulo se refere aos anciãos como “bispos” (episkopos) e diz que “o Espírito Santo os constituiu para apascentarem a Igreja de Deus”, deixando claro que os os bispos e presbíteros eram equivalentes e exerciam a função pastoral. Os bispos eram pastores de uma região e os presbíteros eram pastores de uma igreja local. 

3. A Diaconia. Diante do problema apresentado e mediante a impossibilidade dos apóstolos de realizarem esta tarefa, para não prejudicar o ministério da Palavra e da oração, eles sugeriram à Igreja que escolhessem pessoas capacitadas por Deus para realizar este importante trabalho. 

A função dos diáconos, quando foi instituída, era única e exclusivamente de cunho social. A tarefa primária dos diáconos era evitar que houvesse discriminação, acepção de pessoas ou favorecimentos na assistência social. Deus é plenamente justo e não faz acepção de pessoas. (At 10.34; Rm 2.11). A sua Igreja também não deve fazer, pois, isso é abominável aos olhos de Deus. (Tg 2.1-5).

Lamentavelmente, criou-se a idéia de que a diaconia é uma função de segunda classe e muitos ao serem separados para o diaconato, enxergam nisso uma progressão ministerial para em breve serem pastores, como se fosse um plano de carreira. Há até pastores que chegam a dizer que o outro “é um simples diácono”, com o intuito de diminuí-lo.  

Quando falamos em diaconia nos referimos a um serviço voluntário prestado por alguém à Igreja de Deus. O Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de diaconia. Ele disse que Ele veio a este mundo para servir e dar a sua vida para nos resgatar e que o maior entre nós será o serviçal (Mc 10.43-45).

De modo geral, todos os crentes são diáconos, pois devemos servir a Deus e à sua Igreja, independente da nossa função ministerial. Entretanto, deve haver a função específica do diácono, exercida por pessoas especiais, que se enquadrem em alguns requisitos, como veremos no próximotópico. 

A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 08: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da identificação dos conflitos na Igreja. Mesmo sendo uma comunidade de salvos, a Igreja é formada por seres humanos que são falhos, de origens e culturas diferentes. Sendo assim, é natural que surjam conflitos. Falaremos do conflito de natureza cultural, abordando a barreira cultural que havia entre os judeus helenistas e judeus de Jerusalém. Na sequência, abordaremos o conflito de natureza social, que era resultado da barreira cultural que havia entre os dois grupos de judeus. Por último, falaremos da questão da prioridade entre as esferas espiritual e social da Igreja. 

1. Conflito de natureza cultural. A Igreja de Cristo não pertence a uma cultura ou etnia, pois Cristo veio para todos e morreu por todos: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. (Gl 3.26-28.). 

Sendo a Igreja formada por pessoas de diversas culturas e etnias, naturalmente surgirão barreiras culturais e até conflitos. Nas Igrejas locais há árabes, judeus, alemães, argentinos, brasileiros, indígenas, brancos, negros, orientais, paulistas, nordestinos, etc. Mas todos se tornam irmãos em Cristo Jesus. 

Como disse o comentarista, a unidade da Igreja não pode ser ameaçada, por nenhum tipo de conflito. Por isso, a liderança da Igreja precisa está sempre atenta para identificar qualquer tipo de conflitos no seio Igreja e buscar soluções, agindo sempre com equidade. 

2. Conflito de natureza social. 

Na Igreja de Jerusalém, o conflito social surgiu a partir da injustiça cometida para com as viúvas dos judeus de fala grega. Era uma prática incompatível com a fé cristã, pois Deus não aceita injustiças e acepção de pessoas. 

Na Igreja atual também há diferentes classes sociais: empresários, operários, motoristas, policiais, pedreiros, serventes, garis, pessoas de baixa renda, aposentados, etc. Há pessoas que nasceram no Evangelho e foram criadas em um ambiente cristão. Mas há outras que não tiveram pais ou vieram da criminalidade. 

Estas diferenças econômicas e sociais também podem gerar divergência de pensamentos e conflitos no meio da Igreja. Nestes casos também, a Igreja local deve se organizar, identificar a origem do problema e buscar soluções sábias, sob a orientação do Espírito Santo.

3. Qual é a prioridade? O comentarista chama a nossa atenção aqui para a idéia equivocada de priorizar determinadas tarefas na Igreja, como se elas fossem mais importantes, e negligenciar outras. É claro que devemos proclamar o Evangelho aos perdidos e ensinar a Palavra de Deus, mas não podemos deixar de lado, a assistência aos necessitados, pois isso também é mandamento bíblico.

Quando falamos em dons, as pessoas logo imaginam: profecia, variedade de línguas, interpretação, curas divinas e operação de maravilhas. Estes são dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo à Igreja para edificação, exortação e consolo (1 Co 12.1-11). 

Entretanto, na Bíblia há também os dons ministeriais: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. São dons concedidos pelo Senhor Jesus à sua Igreja, com o objetivo de “aperfeiçoar” o Corpo de Cristo. (Ef 4.10-14). 

Há ainda os dons relacionados ao serviço cristão (Rm 12.3,8). Esta categoria de dons está relacionada ao serviço cristão, de forma individual em prol do próximo e da manutenção da comunhão entre os irmãos. Nenhum destes dons e serviços são menos importantes, por isso, não podemos sacrificar a esfera social e priorizar apenas o lado espiritual.   

18 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 8: UMA IGREJA QUE ENFRENTA OS SEUS PROBLEMAS

 TEXTO ÁUREO:
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6.3).

VERDADE PRÁTICA:
Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 
Atos 6.1-7.

Objetivos da Lição: 
I) Analisar as naturezas cultural e social dos conflitos enfrentados pela igreja primitiva e sua relevância para a igreja atual; 
II) Explicar a importância da organização e da distribuição de funções dentro da igreja para equilibrar as responsabilidades espirituais e sociais; 
III) Aplicar os princípios bíblicos de caráter, sabedoria e serviço na vida cristã e na atuação ministeri
al.

Palavra-Chave: DIACONIA
Na cultura grega, a palavra “diakonia” significa um serviço voluntário, prestado por alguém à sua comunidade. Segundo o dicionário bíblico de Strong, a palavra diácono (diákonos) significa literalmente, “levantar rapidamente”. Essa palavra era usada para descrever um servo que, rapidamente, atendia a um trabalho. No Novo Testamento, a palavra aplica-se àquele que executa os comandos ou ordens de uma força ou autoridade maior. 

INTRODUÇÃO

Nesta lição, com base no texto de Atos 6.1-7, veremos como a Igreja de Jerusalém enfrentou um conflito interno, que surgiu na assistência aos necessitados. Conforme já estudamos nas lições anteriores, os cristãos que tinham mais de uma propriedade, vendiam-na e traziam voluntariamente o dinheiro aos apóstolos para distribuir aos pobres. 
Com o crescimento rápido do número de crentes, os apóstolos e os anciãos não davam conta de cuidar da assistência social aos necessitados e houve acepção de pessoas na distribuição dos donativos. Os cristãos helenistas [judeus de fala grega] reclamaram que as suas viúvas eram preteridas, em relação às viúvas dos judeus nascidos em Israel. 
Era uma reivindicação justa, pois, não se pode admitir que haja acepção de pessoas, privilégios e apadrinhamentos na Igreja. Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11) e nós também não podemos fazê-lo (Tg 2.11). Diante desta reclamação, os apóstolos dirigidos pelo Espírito Santo, tomaram uma decisão muito importante: resolveram separar sete homens para para cuidarem da assistência aos necessi
tados.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

No primeiro tópico, falaremos da identificação dos conflitos na Igreja. Mesmo sendo uma comunidade de salvos, a Igreja é formada por seres humanos que são falhos, de origens e culturas diferentes. Sendo assim, é natural que surjam conflitos. Falaremos do conflito de natureza cultural, abordando a barreira cultural que havia entre os judeus helenistas e judeus de Jerusalém. Na sequência, abordaremos o conflito de natureza social, que era resultado da barreira cultural que havia entre os dois grupos de judeus. Por último, falaremos da questão da prioridade entre as esferas espiritual e social da Igreja. 

II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

No segundo tópico, falaremos da delegação de tarefas. Inicialmente, falaremos do ministério da oração e da Palavra, que era a tarefa primária dos apóstolos. Veremos também que não há conflito entre este ministério e o ministério do serviço social na Igreja, pois ambos fazem parte da missão da Igreja. Por fim, falaremos da diaconia, identificada no texto bíblico como “servir às mesas” e “este importante negócio”.

III. SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS

No terceiro tópico, falaremos dos princípios cristãos para a escolha dos diáconos. Devemos privilegiar o caráter dos candidatos ao exercício do diaconato: “boa reputação”. Devemos também considerar o exercício dos dons espirituais e a sabedoria de Deus na vida dos diáconos. O apóstolo Paulo, posteriormente, descreveu outros requisitos para a escolha dos diáconos.
 
Bons estudos!

Ev. WELIANO PIRES 
AD BELÉM/SÃO CARLOS, SP.

 

17 agosto 2025

UMA IGREJA QUE ENFRENTA SEUS PROBLEMAS


(SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD)

A lição desta semana discorre sobre a diaconia do ponto de vista bíblico. Diferentemente do que muitos crentes pensam na atualidade, o exercício da diaconia não é exclusiva daqueles que têm o cargo de diácono. Antes, a palavra diaconia tem na sua essência o significado de “serviço”. Logo, o exercício da diaconia é um dever de todos os crentes. Na igreja atual, há uma grande discussão sobre o trabalho realizado pelos diáconos. Infelizmente, muitos crentes diminuem a excelência do diaconato, dizendo ser apenas um cargo com finalidades sociais ou de zeladoria. 

Longe de ser apenas uma função menor, o cargo de diácono é de sublime honra, haja vista os escritos de Atos e as epístolas pastorais apresentarem alto nível de exigência para aqueles que desejavam exercer essa função. Vale destacar que o exercício ministerial, seja para o cargo de diácono ou mesmo para os demais cargos, deve ter como essência a atitude de um coração disposto a servir, sempre pensando na edificação do Corpo de Cristo e na glorificação do Filho de Deus. 

De acordo com Stanley Horton, na obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, acerca da diakonia, “são os esforços no serviço a Cristo que continuam o ministério encarnacional que Ele realizou e que nos ajuda a realizar. O caráter desse ministério é servir; não imita o padrão da autoridade ou do propósito que este mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificada por Cristo de uma vez para sempre (Mc 10.45) e, como consequência, servimos a Cristo por meio de servir à criação que está debaixo do seu senhorio. A dimensão de serviço no ministério leva-nos, além de divulgar as boas-novas com denodo e coragem, a participar do desejo de Deus de alcançar de modo prático os marginalizados da sociedade. As pessoas que não têm ninguém para pleitear a sua causa, e que se encontram desconsideradas e abandonadas, também foram criadas à imagem de Deus. A Igreja, revestida pelo poder do Espírito, terá de passar das palavras para as ações se quer ver realizada os propósitos de Deus. Não poderá haver maneira de fugir deste fato: se vamos realmente servir no ministério continuado de Jesus, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério” (1996, p.604).

Todos fomos chamados pelo Senhor a servir com afinco em Sua obra. Para este compromisso não há hierarquia, mas disposição pronta e independente do cargo que se ocupa. Quanto maior a posição do cargo, maior deve ser o nível de responsabilidade, comprometimento e amabilidade no serviço. “Nada façais por contenda ou por vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).

Fonte: Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 40.

15 agosto 2025

A IGREJA DESTEMIDA

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: Uma igreja que não teme a perseguição).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja destemida. Falaremos do testemunho com poder que os apóstolos deram, após serem libertos da prisão. Veremos ainda que eles estavam convictos da sua fé e, por isso, não negociaram os seus valores e decidiram obedecer a Deus incondicionalmente, contrariando às autoridades, sabendo que isso poderia custar a própria vida.


1. Testemunho com poder. Os apóstolos foram lançados na prisão por ordem das autoridades religiosas. Conforme falamos no tópico anterior, Deus enviou um anjo à noite, que os libertou da prisão e ordenou que eles voltassem ao templo para pregar. O sentimento humano em uma situação dessa, seria de receio e medo de voltar ao local onde tinham sido presos e ainda por cima, continuar pregando.  

Os apóstolos, no entanto, estavam cheios do poder do Espírito Santo, conforme estudamos na lição 04. Mesmo sabendo que corriam risco de serem presos, açoitados e até mortos como foi Jesus, eles não se intimidaram e continuaram a pregar, dispostos a suportar todo e qualquer sofrimento que lhes fosse imposto, por amor a Cristo. Esta ousadia não vinha deles mesmos, mas lhes foi concedida pelo Espírito Santo. 

Quando falamos de testemunho cristão, não nos referimos a um depoimento qualquer diante de uma autoridade. A palavra grega traduzida por testemunho é martyria, que deu origem à palavra portuguesa mártir e martírio. Refere-se ao testemunho de alguém a respeito de algo que viu, ouviu e tem convicção a ponto de dar a sua vida por aquela causa. Uma testemunha fiel de Cristo, tem a ousadia do Espírito Santo para pregar o Evangelho não onde quer, mas onde Deus mandar, independente se as pessoas aceitarão ou não a sua mensagem. 


2. Convictos de sua fé. Neste ponto, o comentarista repete o que vimos no terceiro ponto do primeiro tópico da lição 04, quando falamos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseverante, que estava convicta de sua fé. Até o título que ele usou aqui é o mesmo. Naquela lição, o comentarista escreveu o seguinte: “ Uma igreja cheia do Espírito Santo está convicta de sua fé. Não se apoia em suposições, mas em fatos (At 4.20). Os primeiros cristãos não apenas ouviram sobre Deus, mas também testemunharam suas obras.’

A fé é sinônimo de convicção, fidelidade e confiança. Segundo a concordância de Strong, a palavra grega pistis, traduzida por fé, “é a convicção da verdade de algo; No Novo Testamento, é uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela”. Portanto, não é possível ter fé em Deus sem ter convicção. 

Quem creu em Jesus de todo o coração, não negocia os seus valores, não é politicamente correto e não se adapta ao sistema deste mundo para evitar as perseguições. Diante da proibição aos apóstolos de pregar o Evangelho, sob graves ameaças, eles não se intimidaram e deram a seguinte resposta: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido!”. (At 4.19,20).

Esta atitude ousada dos apóstolos foi de desobediência às autoridades, pois não estavam dispostos a negociar a sua fé, mesmo que isso lhe causasse sofrimento, perseguição ou lhes custasse a própria vida. Em Romanos 13, o apóstolo Paulo recomendou aos cristãos que se sujeitassem às autoridades, pois estas foram constituídas por Deus (Rm 13.1-6). Esta sujeição, no entanto, não pode ser absoluta. Se as autoridades exigirem a negação da nossa fé, ou a renúncia dos nossos valores, não podemos nos sujeitar às suas exigências e afrontar as Escrituras. 

14 agosto 2025

IGREJA PROTEGIDA

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 07: Uma Igreja que não teme a perseguição)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, veremos que apesar de ser perseguida, a Igreja é protegida por Deus. Inicialmente falaremos dos livramentos que Deus deu aos apóstolos em meio à perseguição, por meio dos anjos. Na sequência, falaremos da prática da intercessão da Igreja durante a prisão do apóstolo Pedro. Por fim, falaremos do valor da oração em várias situações difíceis da Igreja Primitiva. 

1. Um anjo de Deus. Conforme vimos no primeiro tópico, a Igreja do Senhor sempre foi e sempre será perseguida. Uns mais, outros menos e em esferas diferentes. Mas, certamente, haverá perseguição, onde a Igreja for fiel ao Senhor. Isto não significa que o Senhor deixará a sua Igreja desprotegida perante os seus algozes. De forma alguma!
O Senhor Jesus prometeu que estaria com eles todos os dias, até à consumação dos séculos. Ele cumpriu esta promessa, não apenas quando enviou o Espírito Santo para habitar neles, mas no meio das perseguições, eles experimentaram muitos livramentos e ouviram palavras de encorajamento do Senhor. O comentarista destacou aqui as ações dos anjos em favor da Igreja de Jerusalém, em meio às perseguições. 
Nos dois casos de perseguição mencionados nesta lição, o Senhor enviou um anjo para libertar os seus servos da prisão. Em Atos 5, os apóstolos foram presos, mas de noite, um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, tirou-os para fora e os mandou ao templo para pregar (At 5.18,19). No segundo relato, em Atos 12, Pedro foi preso e estava sob a guarda de dezesseis soldados, dormindo algemado a dois deles. Um anjo o despertou, as cadeias caíram das suas mãos e ele foi liberto da prisão. 
Há ainda muitos casos envolvendo ações dos anjos no Livro de Atos. Os anjos são seres espirituais, criados por Deus e estão a serviço daqueles que hão de herdar a salvação. São numerosos e podem desaparecer de um lugar e aparecer em outro, em questão de minutos. Entretanto, como criaturas de Deus, eles não são onipresentes, oniscientes e onipotentes. Não devem ser adorados e não podemos orar a eles ou dar-lhes ordens. Os anjos cumprem as ordem de Deus. Portanto, é a Deus que devemos orar e Ele enviará o livramento, da forma que Ele quiser. 
Com relação à proteção da Igreja é importante não confundir proteção com livramento. O fato de Deus estar conosco e nos proteger, não significa que Ele nos livrará de todas as perseguições. Deus enviou o seu anjo e libertou os apóstolos da prisão, em Atos 5, e libertou Pedro, em Atos 12. Porém, não livrou Estevão do apedrejamento em Atos 7, nem Tiago da espada, em Atos 12. Deus é soberano e pode não livrar os seus servos da prisão e morte. Mas, certamente estará conosco em todos os momentos para nós fortalecer e por fim, nos dará a coroa da justiça. 

2. A intercessão da Igreja. O texto bíblico de Atos 12 não menciona as circunstâncias em que se deu a execução do apóstolo Tiago. Lucas relatou apenas que Herodes estendeu as mãos contra alguns da Igreja para os maltratar e matou à espada , Tiago, irmão de João. Não há informações no Livro de Atos sobre a atuação deste Tiago, mas ele era um dos três apóstolos mais próximos de Jesus, junto com Pedro e João. O outro Tiago, que aparece no capítulo 15, era o irmão de Jesus, que escreveu a Epístola de Tiago. 
Certamente, a execução do primeiro apóstolo foi um choque para a Igreja. Sabendo que Pedro havia sido preso e seria o próximo da lista de Herodes, a Igreja se mobilizou para interceder por ele a Deus. Intercessão é o ato de colocar-se entre duas partes e pleitear a causa de uma delas perante a outra. Não deve ser confundida com a palavra "interseção", que embora tenha a mesma pronúncia, tem a grafia e o significado diferente. "Interseção" significa cruzamento entre duas linhas.
Quando fazemos uma oração intercessória, deixamos de lado as nossas próprias necessidades, para interceder diante de Deus por outras pessoas. É claro que Deus é soberano e sabe o que precisa fazer e age no tempo dele, de acordo com os seus propósitos. Mas, Ele espera que a sua Igreja se coloque como intercessora diante de situações difíceis e impossíveis. Em Ezequiel, 22.30, Deus falou: “E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei”. 
Na Bíblia, o primeiro a aparecer como um intercessor foi Abraão, que intercedeu perante Deus pelas cidades de Sodoma e Gomorra, por causa do seu sobrinho Ló, que morava na região. Posteriormente, Moisés e os sacerdotes também exerceram este papel. Jesus é o nosso intercessor por excelência, pois Ele é o Único Mediador entre Deus e a humanidade. Em sua oração sacerdotal, no capítulo 17 de João, Jesus intercedeu pelos seus discípulos e por aqueles que ainda viriam a crer nele.

3. O valor da oração. A Igreja de Jerusalém perseverava na oração. Por isso, foi vencedora na intensa perseguição que sofreu. Considerando que Deus é um ser pessoal e que se comunica com o seu povo, não é possível haver relacionamento com Deus se não houver oração. Jesus não disse aos seus discípulos "se orardes" e sim "quando orardes". Ele partiu do pressuposto de que a oração faz parte da vida cristã. 
Do ponto de vista bíblico, a oração é um diálogo ou uma conversa entre o crente e Deus. Na oração, o crente abre o seu coração diante de Deus, lançando sobre Ele as suas petições, intercessões e agradecimentos e aguarda a resposta de Deus, em tempo oportuno, de acordo com a Sua soberana vontade. Do ponto de vista bíblico, a oração é um diálogo ou uma conversa entre o crente e Deus. Na oração, o crente abre o seu coração diante de Deus, lançando sobre Ele as suas petições, intercessões e agradecimentos e aguarda a resposta de Deus, em tempo oportuno, de acordo com a Sua soberana vontade. 
O nosso maior exemplo de vida de oração, certamente é o Senhor Jesus. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele passava noites em oração e quando a multidão o cercava, ele fugia para lugares desertos a fim de orar. Jesus sempre orava antes de tomar decisões importantes e em momentos cruciais do seu ministério terreno. A Igreja Primitiva seguiu este exemplo e perseverava na oração. Oraram antes de escolher Matias como apóstolo. Perseveram na oração até serem revestidos de poder, no Dia de Pentecostes. Oraram agradecendo a Deus pelas perseguições. Neste caso da prisão de Pedro, a Igreja se mobilizou em oração e Deus deu vitória. Quer vitória? Ore!

12 agosto 2025

A IGREJA PERSEGUIDA

(Comentário do 1° tópico da lição 07: Uma Igreja que não teme a perseguição).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseguida.  Inicialmente, falaremos dos primeiros perseguidores da Igreja Cristã em Jerusalém. Na sequência, falaremos das duas esferas dessa perseguição, que eram a religiosa e a política. Por último, veremos que a Igreja de Cristo sempre enfrentará algum tipo de perseguição. 


1. Os perseguidores. A Igreja de Jerusalém nasceu em um contexto de perseguição, pois fazia menos de dois meses que Jesus havia sido morto em Jerusalém. Nos primeiros dias após a descida do Espírito Santo, os discípulos do Senhor encontraram resistência por parte das autoridades religiosas judaicas. No capítulo três de Atos, lemos o relato da cura de um coxo de nascença na porta do Templo, por Pedro e João. Os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, se irritaram porque Pedro ensinava ao povo a ressurreição de Cristo, e os encerraram na prisão, até o dia seguinte, pois já era tarde. 

No dia seguinte, se reuniram os anciãos, os escribas e os sacerdotes para interrogá-los. Pedro e João, com muita autoridade falaram de Jesus, diante das autoridades. Vendo a ousadia de Pedro e João e, sabendo que eram iletrados, as autoridades se maravilharam, concluindo que eles foram seguidores de Jesus durante o seu ministério terreno. Vendo ali, o homem que havia sido curado e a multidão de pessoas, os anciãos, escribas e sacerdotes ficaram sem saber o que fazer. 

Chamaram, então, os apóstolos em particular e ameaçaram açoitá-los, caso continuassem ensinando no Nome de Jesus. Pedro, no entanto, respondeu que obedeceria a Deus e não aos homens, pois, não poderia deixar de falar daquilo que tinham visto e ouvido. O capítulo 5 de Atos registra que os apóstolos pregavam ousadamente a Palavra de Deus, muitos enfermos foram curados e endemoninhados libertos. 

O sumo sacerdote, que pertencia ao partido dos saduceus, encheu-se de inveja e mandou prender os apóstolos novamente. Porém, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão, libertou os apóstolos e eles voltaram a pregar publicamente. Quando descobriram, que os apóstolos não estavam mais na prisão e que estavam pregando no Templo, mandaram buscá-los, mas, sem violência, pois, tiveram medo de ser apedrejados pelo povo.

Neste contexto dos capítulos 3 a 5 do Livro de Atos, são mencionados três grupos de perseguidores da Igreja:: Os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Os sacerdotes eram os descendentes de Aarão, irmão de Moisés, cuja família foi escolhida por Deus para ministrar no templo. Neste contexto, o sumo sacerdote era o presidente do Sinédrio, uma espécie de Suprema Corte judaica. 

O grupo dos saduceus era um partido religioso que nasceu no período interbíblico e eram descendentes de Zadoque, que foi o sumo sacerdote escolhido nos dias de Salomão (1 Rs 2.35). O nome Saduceus é a forma aportuguesada de Zadoqueus. Os saduceus apoiavam o império romano, pois se beneficiavam dele. Tinham poucos apoiadores, mas os que os apoiavam pertenciam à classe sacerdotal ou eram pessoas ricas. 

Este grupo misturou o Judaísmo com a cultura grega e reconheciam como Escrituras Sagradas apenas o Pentateuco. Não aceitavam as tradições orais dos anciãos, não criam em anjos, espíritos e na ressurreição. Tinham uma visão dualista e não acreditavam na providência de Deus, nem em intervenções divinas na história da humanidade.

O capitão do templo era o chefe da guarda do templo, responsável pela segurança do local. No templo de Jerusalém havia regras muito rígidas em relação à separação dos locais. No lugar santíssimo, somente o sumo sacerdote poderia ter acesso. Depois, o lugar santo, onde somente os sacerdotes poderiam acessar para oferecer sacrifícios. No pátio, poderiam entrar os homens judeus de nascimento, que eram circundados. Este local  era separado do pátio das mulheres e do pátio dos gentios.

O grupo dos fariseus não foi mencionado aqui, mas eles também perseguiram a Igreja. 

Os fariseus eram um grupo religioso de Israel, que surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos. A palavra hebraica “prushim” (fariseus) tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Os fariseus eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral.

A perseguição dos fariseus teve maior relevância através de um  jovem doutor da lei, natural de Tarso da Cilícia, chamado Saulo. Este foi um dos responsáveis pela morte de Estevão. Depois disso, Saulo empreendeu uma grande perseguição aos cristãos, arrastando homens e mulheres pelas ruas e conduzindo-os às prisões. Em meio a estas perseguições, Saulo teve um encontro com Jesus e se tornou o maior missionário do Cristianismo. 

No capítulo 12 de Atos, surgiu outro perseguidor da Igreja que foi Herodes Agripa I. Este Herodes era sobrinho de Herodes Antipas, que foi o assassino de João Batista. Era também neto de Herodes, o Grande, e herdou a tetrarquia do seu tio, Herodes Antipas. No governo do imperador Cláudio, Herodes Agripa I foi nomeado também governador da Judéia e, como tal, deveria apaziguar os judeus e evitar rebeliões contra Roma. Por isso, ele iniciou a perseguição aos cristãos, com o intuito de conquistar os judeus.


2. Esferas da perseguição. Os cristãos eram perseguidos por vários grupos, como vimos acima. Estes grupos tinham várias divergências entre si, mas tinham algo comum a todos eles: o ódio aos cristãos. A perseguição dos judeus aos cristãos se deu por razões diferentes. O comentarista mencionou aqui duas esferas dessa perseguição: a esfera religiosa, que via na mensagem cristã uma ameaça ao Judaísmo; e a esfera política, por parte dos governantes romanos, que perseguiam os cristãos para obter o apoio dos judeus. 


a) Na esfera religiosa. Desde os dias em que Jesus estava entre eles, os líderes religiosos de Jerusalém já se sentiam ameaçados com a sua mensagem, do ponto de vista político. Na ocasião da ressurreição de Lázaro, sem ter o que fazer para impedir que as pessoas cressem nele, os principais sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e disseram: “Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação”. (Jo 11.47,48).

Além de se sentirem ameaçados, estes líderes religiosos também tinham inveja de Jesus, por causa da sua popularidade. O próprio Pilatos ao interrogar Jesus sabia que os judeus o acusavam por inveja e não porque ele tivesse cometido algum crime: “Portanto, estando eles reunidos, disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que por inveja o haviam entregado”. (Mt 27.17,18).

Depois da morte de Jesus, a situação se repetia com os apóstolos. Eles testemunharam ousadamente de Jesus, acusando as autoridades religiosas de Israel de tê-lo condenado à morte injustamente e afirmavam que Ele havia ressuscitado. Além disso, realizavam muitos milagres publicamente, que eram incontestáveis. Milhares de judeus, inclusive sacerdotes, se converteram a Cristo. Isso representava uma ameaça ao Judaísmo e causou muita inveja. 


b) Na esfera política. A dinastia de Herodes não tinha nada a ver com a religião judaica. Herodes, o grande, era descendente dos idumeus, que eram remanescentes dos edomitas, inimigos históricos do povo judeu. Eram vistos pelos judeus como impostores estrangeiros, a serviço de Roma. Para conquistar a simpatia dos judeus, Herodes casou-se com Mariana, que era filha de um sacerdote judeu e fez a reconstrução esplendorosa do templo de Jerusalém. 

No segundo caso da perseguição mencionada na leitura bíblica classe, no texto de Atos 12, trata-se de uma perseguição por motivos políticos. Herodes Agripa I, neto de Herodes o grande, depois de ter sido nomeado governador da Judéia, querendo agradar aos Judeus, mandou decapitar o apóstolo Tiago. Percebendo que os judeus haviam aprovado a sua atitude, mandou prender também a Pedro e pretendia condená-lo à morte após a festa da Páscoa,  para que não houvesse tumulto em Jerusalém. 

A motivação de Herodes Agripa I para perseguir os cristãos, portanto, era política. Tratava-se de uma jogada política para conquistar o apoio dos judeus. Mesmo não tendo nada pessoal contra os cristãos e sem que estes tivessem violado nenhuma lei romana, Herodes mandou executar o apóstolo Tiago, sem nenhuma acusação formal e sem direito à defesa. Lançado na prisão, Pedro teria o mesmo destino, se não fosse a intervenção divina. 


3. A Igreja enfrentará oposição. Conforme foi dito na Verdade prática desta lição, há duas verdades inegáveis em relação à verdadeira Igreja Cristã: a Igreja será perseguida e Deus a protegerá. Com relação a esta primeira verdade, a verdadeira Igreja Cristã sempre enfrentou oposição em qualquer época e continuará enfrentando. Isto acontece não por causa da Igreja, mas, porque o mundo odeia a Deus e a Igreja é a coluna e firmeza da verdade neste mundo. 

Ao longo da história da Igreja, vários sistemas políticos e religiosos se levantaram contra a Igreja do Senhor para tentar detê-la. Primeiro foram os judeus. Depois, vieram os romanos, os papas, o iluminismo, os comunistas, os muçulmanos, os católicos, etc. As perseguições iniciais eram violentas, porque aqueles povos eram violentos, da mesma forma que acontece hoje em muitos países da África, Oriente Médio e Ásia. Mas há também perseguições disfarçadas através de leis e multas que impedem o funcionamento da Igreja.

Os missionários pentecostais quando chegaram ao Brasil, em 1910 e nos anos subsequentes, também foram bastante perseguidos. Naquela época, o Catolicismo Romano era a religião oficial e perseguia de várias formas, as demais religiões. Os padres falavam para as pessoas não alugarem casa aos protestantes, não negociarem com eles e não podiam sequer usar os cemitérios para sepultar protestantes. 

Havia muitas zombarias e afrontas aos protestantes. Perturbavam os cultos e jogavam pedras nos templos. Maridos proibiam as esposas de serem crentes, agredindo-as física e psicologicamente. Os patrões não queriam contratar crentes, ou ameaçavam demiti-los após a conversão ao Evangelho. Muitos jovens também foram agredidos e expulsos de casa pelos pais, por causa da fé evangélica. Esta não é mais a realidade do Brasil, pois a nossa Constituição garante a liberdade religiosa. A perseguição hoje no Brasil ocorre de forma disfarçada e através de leis que prejudicam a Igreja.  

Entretanto, em muitos países, ainda há perseguição violenta contra os cristãos. O Portal Missões Portas Abertas, elenca vários tipos de perseguição no mundo atual: Nacionalismo religioso, perseguição comunista e pós comunista, hostilidade etno-religiosa, protecionismo denominacional, intolerância secular, perseguição islâmica, perseguição dos familiares dos cristãos, perseguição de ditadores, perseguição de corruptos e do crime organizado, etc. Muitos destes grupos são extremamente violentos: sequestram, torturam, e abusam sexualmente de cristãos. Oremos pela igreja perseguida! 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 39

Biografia de Herodes I o Grande. Disponível em: https://www.ebiografia.com/herodes_i_o_grande/

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 108-120.

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª edição: 2023.

ROTA DA PERSEGUIÇÃO: Uma jornada pelos dez países onde os cristãos são mais perseguidos. Publicação do Portal Missões Portas Abertas. Disponível em: missao.portasabertas.org.br/rota-da-perseguicao.



11 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7: UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO

TEXTO ÁUREO:

“Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5.29).


VERDADE PRÁTICA:

Em relação à verdadeira Igreja Cristã há duas verdades inegáveis: 1) a Igreja será perseguida; 2) Deus a protegerá.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:
Atos 5.25-32; 12.1-5.

Objetivos da Lição: 
I) Explicar os motivos e as esferas da perseguição enfrentada pela Igreja Primitiva; 
II) Demonstrar como Deus protegeu sua Igreja através de livramentos e da intercessão; 
III) Encorajar os alunos a permanecerem firmes na fé, mesmo diante das adversidades.

Palavra-Chave: PERSEGUIÇÃO

Em seu livro, Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo, publicado pela CPAD, o pastor Wagner Gaby traz a seguinte definição para perseguição:

“A palavra perseguição vem do latim “per”, (através), e “sequi”, (seguir), que dá a ideia de algo que nos segue opressivamente, correndo atrás de nós, alguma severa ou sistemática opressão. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com intenção de prejudicá-la ou matá-la. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com a intenção de prejudicá-la ou matá-la. A perseguição geralmente é uma tentativa constante e, por muitas vezes, sistemática, para eliminar ou prejudicar o indivíduo perseguido. Pode empregar ou não meios violentos. A perseguição pode ser mental. Pode envolver o ostracismo social.”

INTRODUÇÃO

Na Lição 04, vimos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja cheia do Espírito Santo e, como tal, as suas principais características é que ela era uma Igreja que suportava o sofrimento por amor a Cristo e, mesmo sob intensa perseguição e ameaças, não negociava a sua fé. 

Tendo consciência dos perigos que corriam em anunciar publicamente o Evangelho, a Igreja Jerusalém enfrentava a oposição ao Evangelho, com a ousadia que o Espírito Santo lhe concedia e não se adaptava às exigências dos inimigos do Evangelho para não serem perseguidos.

Nesta lição, aprofundaremos o nosso estudo sobre o tema da perseguição sofrida pela Igreja de Jerusalém e como esta Igreja enfrentou corajosamente os seus perseguidores, sem jamais negar a sua fé, nem deixar de cumprir a sua missão. Tomaremos como base, dois acontecimentos da Igreja Primitiva: a perseguição das autoridades religiosas, que prenderam Pedro e João, mas ele foram milagrosamente libertos da prisão; e a perseguição de Herodes, que mandou matar Tiago e, em seguida, mandou prender a Pedro, mas este foi liberto da prisão por um anjo.

A perseguição é uma marca da vida cristã e todos os que forem fiéis a Deus serão perseguidos de alguma forma (2Tm 3.12). O Senhor Jesus já havia avisado aos seus discípulos que eles seriam odiados, perseguidos e sofreriam terríveis aflições, por causa do Nome dele (Mt 10.22; 24.9; Lc 21.17; Jo 15.21; 16.33). Por isso, o cristão não deve se espantar com a perseguição, mas deve se admirar se não sofrer perseguições. 

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A IGREJA PERSEGUIDA

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseguida. Inicialmente, falaremos dos primeiros perseguidores da Igreja Cristã em Jerusalém. Na sequência, falaremos das duas esferas dessa perseguição, que eram a religiosa e a política. Por último, veremos que a Igreja de Cristo sempre enfrentará algum tipo de perseguição. 

II. A IGREJA PROTEGIDA

No segundo tópico, veremos que apesar de ser perseguida, a Igreja é protegida por Deus. Inicialmente falaremos dos livramentos que Deus deu aos apóstolos em meio à perseguição, por meio dos anjos. Na sequência, falaremos da prática da intercessão da Igreja durante a prisão do apóstolo Pedro. Por fim, falaremos do valor da oração em várias situações difíceis da Igreja Primitiva. 

III. A IGREJA DESTEMIDA

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja destemida. Falaremos do testemunho com poder que os apóstolos deram, após serem libertos da prisão. Veremos ainda que eles estavam convictos da sua fé e, por isso, não negociaram os seus valores e decidiram obedecer a Deus incondicionalmente, contrariando às autoridades, sabendo que isso poderia custar a própria vida.

Ev WELIANO PIRES 
AD-BELEM SÃO CARLOS, SP

Referências:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 20025. Ed. 102, p. 39.
Comentário Bíblico Beacon: João e Atos. Vol. 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.292
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1964.
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 108-120

UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD 

A trajetória da igreja de Cristo neste mundo sempre foi marcada por oposições e perseguições. A pregação do Evangelho não encontra apenas desafios de ordem política ou religiosa, mas também espiritual. Não podemos nos esquecer que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra as hostes espirituais, principados e potestades das trevas (Ef 6.12). É preciso ter em mente essa perspectiva a fim de que lutemos com as armas espirituais e não materiais. Desde o princípio da igreja, nossos irmãos fizeram uso dessas ferramentas. Eles se reuniam e faziam continuamente oração para o Espírito Santo os capacitar a pregar a Palavra e a vencer os desafios impostos pelas perseguições.

Além da oração, a igreja perseverava em um testemunho dos valores bíblicos com poder e pronta disposição. Não havia incoerência entre o que pregavam e o que praticavam, pois para eles a prática do Evangelho foi adotada como um estilo de vida. Eles agiam, pensavam, se comunicavam e tomavam decisões de acordo com a direção do Espírito Santo. Como vemos em Atos, os primeiros crentes perseveravam unânimes todos os dias no templo, partindo o pão e louvando a Deus (At 2.46,47). Essa comunhão chamava a atenção da sociedade de modo que muitos criam no Evangelho e se convertiam à fé cristã.

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD, “a Bíblia não só apresenta a Igreja como sofredora como também desenvolve uma teologia da perseguição — sua origem, objetivo e efeitos. A origem da perseguição é o ódio do homem pecador contra Deus. Paulo chama os homens irreconciliados e ‘inimigos de Deus’ (Rm 5.10). O amor ao mundo é inimizade contra Deus. ‘Ninguém pode servir a dois senhores’ (Mt 6.24). ‘A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz’ (Jo 3.19). ‘Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser’ (Rm 8.7). O Senhor Jesus Cristo assegura aos seus seguidores que não é o servo maior do que o seu Senhor. ‘Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós’ (Jo 15.20). No mundo, os discípulos devem esperar tribulações, mas devem preocupar-se com o fato de serem bem-vistos por todos. Eles devem regozijar-se quando falarem mal deles (Mt 5.11,12). Os homens farão mais do que falar contra a reputação, eles matarão os discípulos julgando estar prestando um serviço a Deus (Jo 16.2).” (2006, p.1512).

Além de vigiar, é preciso buscar continuamente a presença do Espírito Santo. Só com a capacitação do Espírito podemos suportar as adversidades que tentam impedir o progresso espiritual da igreja. Perseveremos (1Co 15.58).

08 agosto 2025

A IGREJA QUE REPELE A MENTIRA

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: Uma igreja não conivente com a mentira)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos dos resultados em uma Igreja que repele a mentira. O primeiro deles é uma igreja temente a Deus. Após o julgamento divino sobre Ananias e Safira, veio grande temor dentro e fora da Igreja de Jerusalém. O segundo é uma igreja forte. Uma Igreja que não compactua com a mentira em seu seio torna-se forte, pois o Espírito Santo opera maravilhas no meio dela e ela passa a ser respeitada na sociedade em que está inserida. 

1. Uma igreja temente. Logo após a morte de Ananias, no texto de Atos 5.11, Lucas escreveu: “... E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas”. A palavra grega traduzida por temor neste texto é “phobos”, que deu origem à palavra portuguesa fobia. Esta palavra aparece mais de noventa vezes no Novo Testamento e tem vários significados: Medo (Mt 28.4); pavor (Lc 21.26); reverência (At 2.43); respeito (2 Co 7.1). 

Nesse caso de Atos 5.11, o sentido da palavra temor é medo de incorrer no mesmo erro de Ananias. Os cristãos que viram aquele acontecimento, certamente ficaram assustados com o julgamento de Deus em relação à mentira. O caso se assemelha aos filhos de Israel no deserto, quando viram a manifestação da glória de Deus e ficaram atemorizados:  “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da trombeta, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos”. (Êx 20.18,19).

Houve também um grande temor externo, por parte das pessoas que não faziam parte da Igreja, mas viram o que acontecera a Ananias e Safira. No versículo 13, Lucas diz: “Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles [os apóstolos]…”. Quando a Igreja trata o pecado com seriedade, não sendo conivente com ele, ela adquire respeito  e confiança tanto dos seus membros quanto das pessoas de fora. O oposto também é verdade. Uma Igreja que acoberta coisas erradas não é levada a sério. 

2. Uma igreja forte. Após o episódio envolvendo Ananias e Safira, a Igreja saiu fortalecida. Lucas relatou que “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos” (At 5.12). Quando a Igreja não é conivente com o pecado, ela se fortalece espiritualmente, pois o Senhor opera maravilhas no meio dela. Da mesma forma, se a Igreja aceita passivamente coisas erradas, o Espírito Santo se entristece e ela acaba morrendo espiritualmente. 

Quando lemos as cartas às Igrejas da Ásia, no Livro do Apocalipse, podemos perceber isso claramente. As Igrejas de Éfeso, Esmirna e Filadélfia foram elogiadas por Jesus porque não toleraram falsos ensinos e o pecado em seu interior. Por outro lado, as Igrejas de Pérgamo e Tiatira foram duramente condenadas por serem tolerantes com heresias e idolatria. As Igrejas de Sardes e Laodicéia já estavam mortas espiritualmente. 

Que Deus nos guarde na verdade!

A DECISÃO DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13: A assembleia de Jerusalém) Ev. WELIANO PIRES  No terceiro tópico, falaremos da decisão da assembleia d...