14 fevereiro 2025

O PERIGO DESSAS HERESIAS NA ATUALIDADE

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: As naturezas humana e divina de Jesus). 

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, veremos o perigo destas heresias na atualidade. Falaremos do monofisismo atual, que tem roupagens novas através das tradições siro-monofisita ou jacobista. Na sequência, falaremos da heresia do kenoticismo, que vem da palavra grega kenoō, que significa “esvaziar”. Por último, falaremos da Mariolatria, que se desenvolveu no Catolicismo Romano. 

1. Os monofisitas. No Concílio de Calcedônia, apesar de ter a maior frequência de bispos até aquele momento e terem condenado o Nestorianismo e o Monofisismo, nem todos os presentes acataram a Definição de Calcedônia, produzida por este concílio. Um monge sírio, chamado Jacob Baradeus, rejeitou as resoluções do Concílio de Calcedônia e liderou um grupo de pessoas que apoiavam o Monofisismo. 

Os seguidores de Jacob Baradeus se espalharam pela região e continuaram ensinando a heresia do Monofisismo e ela perdura até aos dias atuais nas Igrejas ortodoxas, cóptica, armênia, abissínia e jacobitas. Estas igrejas foram fundadas por apóstolos ou discípulos de Jesus que conviveram com os apóstolos. Eram Igrejas Cristãs ortodoxas, mas após o concílio de Calcedônia, não aceitaram as resoluções e se tornaram independentes ou autocéfalas (onde cada uma resolve os seus próprios problemas). Por causa disso estas Igrejas são denominadas Igrejas não-calcedonianas.

O comentarista fala aqui da importância de conhecermos a cristologia destas Igrejas, a fim de sabermos como responder aos seus adeptos e manter a nossa fé em Jesus, o Deus que se fez homem (Mt 1.23) e que se manifestou em carne (1Tm 3.16). Estas Igrejas ortodoxas orientais não gostam de serem chamadas de monofisistas ou não-calcedonianas e se descrevem como sendo miafisitas, que é um conceito teológico, que afirma que as duas naturezas de Cristo foram combinadas em uma nova e terceira natureza, uma natureza divino-humana. Ora, isso é a mesma coisa do monofisismo de Êutico. Então, para sabermos a cristologia destas Igrejas, basta relembrar o que ensinava o monofisismo. Para saber como responder aos seus adeptos, precisamos conhecer tudo o que vimos no primeiro tópico desta lição. 

2. O kenoticismo. Neste subtópico, o comentarista faz menção a outra heresia cristológica, que não foi mencionada no tópico anterior, mas que está relacionada à natureza de Cristo durante o seu ministério terreno. Trata-se de uma heresia chamada kenoticismo. Esta palavra deriva do verbo grego kenoō, que significa “esvaziar”. Este verbo está presente no texto de Filipenses 2.7 que diz: “Mas aniquilou-se [kenoō] a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. As versões atualizadas como NVI, ARA, NAA e NVT traduziram este verbo por “esvaziou-se”.

Com base em uma interpretação equivocada deste texto, o kenoticismo afirma que Jesus teria se esvaziado dos seus atributos divinos enquanto esteve neste mundo e após a ressurreição os retomou. Isso equivale a dizer que Jesus deixou de ser Deus e depois voltou a sê-lo. Não faz nenhum sentido, pois Deus não pode deixar de ser Deus, pois um dos seus atributos exclusivos é a imutabilidade. Deus não pode mudar jamais a sua essência e caráter. O que Deus é, Ele sempre foi e sempre será. 

O que significa, então, este autoesvaziamento de Cristo? Significa que Jesus sendo Deus, humilhou-se, tomando a forma de servo, submetendo-se aos limites do tempo, espaço e sofrimentos inerentes à condição humana, por um período de trinta e três anos. Jesus tornou-se semelhante aos homens em todas as coisas, com exceção do pecado (Hb 4.15). Mas, jamais deixou de ser Deus. 

Embora Jesus não tenha usado os seus atributos divinos para vencer as adversidades neste mundo, pois Ele veio para vencer como homem, Ele agiu como Deus, nas circunstâncias que o comentarista mencionou: perdoou pecados (Mc 2.5-7; Lc 7.48), recebeu adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Jo 9.38) e repreendeu a fúria do mar e o vento, mostrando total domínio sobre a natureza (Mt 8.26,27; Mc 4.39). Em seus discursos também, muitas vezes Ele falou como Deus e, por isso, os judeus tentaram apedrejá-lo. 

3. Mariolatria. Neste ponto, o comentarista destoa um pouco do tema da lição, pegando um gancho no título “Mãe de Deus” (Gr. Theotokos), dado a Maria por Cirilo de Alexandria, e fala acerca de um grave problema da teologia católica que é a Mariolatria. Evidentemente Cirilo não era idólatra e não divinizava Maria como fazem os católicos atualmente. O título Mãe de Deus foi usado no sentido de que Maria foi “portadora de Deus” em seu ventre. O objetivo de Cirilo era enfatizar a divindade de Cristo e não divinizar Maria. 

Os teólogos católicos insistem em dizer que não adoram Maria, apenas a veneram. Criaram três termos para supostamente diferenciar a adoração que oferecem a Deus, da veneração que oferecem a Maria e aos santos: Latria, Dulia e Hiperdulia.

a - Latria. (Do Grego "latreuo", que significa adoração). Principal culto na Igreja Católica, seria a adoração a Deus.

b - Dulia (em grego: “douleuo”, que significa veneração). É o culto prestado a Deus, por meio de alguma mediação de santos. 

c - Hiperdulia (do grego: "hyper", acima de; e "douleuo", honra ou veneração). É o culto de adoração a Deus por meio da Virgem Maria, a quem o catolicismo dá um lugar eminente.

Na Bíblia não há esta distinção e não há nenhum mediador entre Deus e a humanidade, além de Jesus Cristo. (1 Tm 2.15). A Bíblia proíbe expressamente o culto ou orações a qualquer pessoa, além de Deus.  (Ex 20.4; Mt 4.10). A verdade é que os católicos deram a Maria um lugar que não lhe pertence, como se ela fosse divina. 

Os católicos agem como se Maria fosse onipresente, onisciente, onipotente, intercessora e mediadora entre Deus e a humanidade. Ora, como ela poderia ouvir e responder as rezas dos católicos do mundo inteiro, interceder por cada causa e agir em favor deles?! Somente Deus pode fazer isso. 

Ao longo da história, o Magistério da Igreja Católica foi incorporando dogmas sobre a pessoa de Maria à teologia da Igreja, que a colocam em igualdade com as Pessoas da Santíssima Trindade. Dizem que Maria nasceu sem o pecado original (Imaculada Conceição), que é rainha do Céu (Salve-rainha), mãe, co-redentora, senhora, cheia de Graça, medianeira (mediadora), que permaneceu virgem após o nascimento de Jesus, que subiu ao Céu e foi coroada acima de todos os anjos (Assunção), etc. 

Estes dogmas estão presentes nas orações e homilias católicas. Nenhum destes, no entanto, tem fundamento nas Escrituras e a própria Maria os rejeitaria, se estivesse neste mundo. Em seu cântico, denominado Magnificat (Lc 1.46-51), Maria engrandeceu ao Senhor, se declarou “Serva do Senhor” e chamou Deus de “Meu Salvador”. Em lugar algum da Bíblia Maria é chamada de senhora ou mãe de Deus. 


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39. 
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.189. 
GILBERTO, Antônio. et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.126,127. 
BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2007, p. 97.
OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001, pp. 233,234.

AS HERESIAS CONTRA O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 07: As naturezas humana e divina de Jesus)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos das heresias contra o ensino bíblico da dupla natureza de Cristo. Primeiro veremos quem foi Nestório. Na sequência falaremos da heresia do Nestorianismo, como ficou conhecido o ensino de Nestório. Falaremos também da heresia chamada Monofisismo, defendida por Êutico. Por último, falaremos das resoluções do Concílio de Calcedônia que condenou estas heresias.


1. Quem foi Nestório? Nestório ou Nestor foi um importante líder cristão no quinto século. Tinha um estilo de vida monástico e era um pregador fervoroso, o que lhe rendeu muitos simpatizantes entre o povo. Nestório foi presbítero da Igreja de Antioquia da Síria e, posteriormente, foi ordenado bispo de Constantinopla, que corresponde atualmente à cidade de Istambul na Turquia. 

Nestório era um pastor, teólogo e escritor, que escreveu e ensinou bastante sobre a pessoa de Cristo. Conforme nos apresentou o comentarista, Nestório se contrapôs a Cirilo de Alexandria, em relação ao título dado a Maria de “Mãe de Deus”, em grego “Theotokos”. 

A posição de Nestório neste caso era biblicamente correta, mas era um dogma muito popular como acontece na Igreja Católica, por isso, a posição de Nestório não foi adiante. O termo mãe de Deus é indevido, pois Maria nunca foi mãe de Deus, ela foi mãe de Jesus como ser humano. Como Deus, Jesus é pré-existente e nunca teve mãe. Como homem, Ele teve mãe, mas não teve pai. 


2. Nestorianismo. Nestório era muito incisivo e até violento contra aqueles que ele considerava herege. Logo que foi nomeado bispo de Constantinopla, ele declarou guerra aos hereges e, de forma violenta, os perseguiu. Nestório dirigiu as seguintes palavras ao imperador Teodósio: Dá-me um país purgado de todos os hereges e em troca por isto, eu lhe darei o céu. Me ajude a subjugar os hereges e eu lhe ajudarei a subjugar os persas”. 

Esta postura de Nestório lhe rendeu, no entanto, muitos desafetos e várias acusações de heresias, que culminaram em sua condenação no Concílio de Éfeso, em 431 d.C. Alguns especialistas dizem que Nestório não defendia a heresia que ficou conhecida como Nestorianismo que é atribuída a ele. Dizem que era uma falsa acusação dos seus adversários, principalmente, Cirilo de Alexandria, que tinha disputas pessoais com ele. 

Seja como for, o Nestorianismo é uma heresia cristológica. O Nestorianismo não nega a humanidade, nem a divindade de Cristo. Mas defende que as duas naturezas de Cristo são, na verdade, duas pessoas: uma divina e uma humana. 

Para ilustrar isso, usavam a figura de um casal, que se torna uma só carne no casamento, mas continua sendo duas pessoas. Esta ilustração é descabida, pois Jesus, embora possua duas naturezas, continua sendo uma única pessoa que é plenamente Deus e plenamente homem. Jesus não é metade Deus é metade humano. 


3. Monofisismo. O monofisismo é uma heresia que defendia que Jesus tinha duas naturezas antes da sua encarnação, mas estas duas naturezas se fundiram e se tornaram apenas uma natureza, que não é totalmente humana, nem totalmente divina.

A palavra monofisismo, usada para conceituar esta heresia, deriva de dois termos gregos: “monos”, que significa único; e “physis”, que significa natureza. Portanto, o monofisismo significa literalmente “uma única natureza”. 

A heresia do Monofisismo também é chamada de eutiquianismo, por ter sido elaborada por Êutico ou Eutiques de Constantinopla. Êutico afirmou o seguinte: 


“Admito que Nosso Senhor teve duas naturezas antes da encarnação e uma só depois dela... Sou discípulo, neste particular, do bem-aventurado Cirilo, dos santos pais e de Santo Atanásio. Eles falam de duas naturezas antes da união. Depois da união e encarnação, apenas falam de uma natureza, não de duas.” 


O monofisismo nasceu com o objetivo de combater o nestorianismo, que diziam que havia duas pessoas em Jesus, uma divina e outra humana. Mas, acabou criando outra heresia, ao afirmar que as duas naturezas de Jesus se transformaram em uma só. 

Para ilustrar a sua tese, Êutico usava o exemplo do bronze, que é uma mistura de cobre e estanho, mas não é nenhum dos dois e sim, outro metal. Com Jesus não aconteceu isso, pois Ele é plenamente Deus e plenamente homem, conforme vimos no primeiro tópico e nas lições 3 e 5. 


4. O Concílio de Calcedônia. Antes do Concílio de Calcedônia, no ano de 449 d.C. o Papa Leão enviou uma carta a Flaviano, bispo de Constantinopla, na qual defendia a Cristologia Ortodoxa e condenava o monofisismo de Êutico. 

Este importante documento, que ficou conhecido como “Tomo de Leão”, não chegou a ser lido naquela ocasião, pois um aliado de  Êutico, chamado Dióscoro, que era defensor do monofisismo, preparou tudo para que o monofisismo fosse considerado uma doutrina ortodoxa, em um concílio que ficou conhecido como “Concílio dos ladrões”. 

Este movimento de Dióscoro acabou resultando no espancamento e morte do bispo Flaviano de Constantinopla. Por causa deste acontecimento trágico e de outros problemas, foi convocado o Concílio de Calcedônia, que produziu a chamada Definição de Calcedônia em 451 d.C. Neste concílio também foi lido o Tomo de Leão. Este concílio contou com a participação de cerca de quatrocentos bispos, sendo a maior frequência até então. 

No Concílio de Calcedônia foram condenadas as heresias de Apolinário e de Êutico e as que foram atribuídas a Nestório. Dióscoro de Alexandria também foi excomungado. Foi aprovado o conteúdo do Tomo de Leão, no qual ele afirmou que “Cristo é completo nas suas propriedades e completo nas nossas”. 

Neste concílio foi afirmada a existência de duas naturezas (diofisismo) em única Pessoa de Cristo, contra o monofisismo que dizia que Cristo tinha apenas uma natureza; e contra o nestorianismo que dizia que havia duas pessoas separadas em Cristo, sendo uma humana e outra divina. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39. 

Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.189. 

GILBERTO, Antônio. et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.126,127. 

BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2007, p. 97.

OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001, pp. 233,234.

11 fevereiro 2025

O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 07: As naturezas humana e divina de Jesus) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, veremos o ensino bíblico a respeito da dupla natureza de Jesus. Veremos o significado da expressão “da descendência de Davi segundo a carne”, usada pelo apóstolo Paulo em Romanos 1.3. Na sequência falaremos da expressão “declarado Filho de Deus em poder”, usada também por Paulo em Romanos 1.4. Por último, falaremos da mensagem do antigo hino Cristológico que está em Filipenses 2.5-11. 

1. “Descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1.3). Na lição 03, falamos sobre a encarnação do Verbo, que é Jesus Cristo. Apresentamos nessa ocasião, ampla fundamentação bíblica de que Ele se tornou homem e os seus discípulos, que conviveram com Ele por três anos, testemunharam a sua humanidade. João escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1.14). 

Depois, em sua primeira Epístola, ele disse: “...o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”. De forma redundante, para que não ficasse nenhuma dúvida sobre a humanidade de Jesus, João afirmou: “vimos com os nossos olhos”, “temos contemplado” e “as nossas mãos o tocaram”. 

Neste subtópico, o comentarista nos apresenta uma declaração do apóstolo Paulo aos Romanos, que apresenta a ancestralidade humana de Jesus: “Acerca de Seu Filho, que nasceu da descendência de Davi, segundo a carne”. (Rm 1.3). Isto nos prova que Jesus veio de uma descendência humana comum, que era conhecida em Israel. Ele era descendente de Davi e de Abraão. Mateus e Lucas mencionam a sua genealogia, sendo que Mateus descreve os seus ancestrais a partir de Abraão, até José, o seu pai adotivo (Mt 1.1-16). Lucas, por sua vez, traz os nomes dos ancestrais de Jesus, desde Maria até Adão (Lc 3.23-38).

Apesar da ancestralidade humana de Jesus, Ele não foi concebido de forma natural, como diziam os monarquianistas dinâmicos e os docetas. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, no ventre de uma virgem, sem nenhuma conjunção carnal (Is 7.14; MT 1.18-21; Lc 1.35). Aqui está, portanto, as duas naturezas de Jesus: uma humana, advinda dos seus ancestrais humanos; e outra divina, pois Ele é pré-existente e é Deus eternamente. 

2. “Declarado Filho de Deus em poder” (v.4). Na sequência do texto aos Romanos, após mencionar a ancestralidade humana de Jesus, o apóstolo Paulo declara também sua natureza divina dizendo: “Declarado Filho de Deus em Poder, segundo o Espírito de santificação…” Conforme vimos na lição passada, a expressão “Filho de Deus”, aplicada a Jesus, indica a sua divindade e igualdade de natureza e essência com o Pai. 

Em outros textos também, Paulo afirma claramente a divindade de Jesus, como por exemplo, em Romanos 9.5: “Dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5). Escrevendo a Tito, o mesmo apóstolo disse: “E a manifestação do nosso Grande Deus e Salvador Jesus Cristo”. (Tt 2.13). Então, o mesmo Jesus, do qual foi dito que é da descendência de Davi e, portanto, humano, é também chamado de Filho de Deus, Grande Deus e Salvador, o que indica a sua divindade e igualdade com o Pai e o Espírito Santo. 

3. O antigo hino cristológico (Fp 2.5,6). Neste terceiro subtópico, o comentarista fala da segunda parte do texto da leitura bíblica em classe, que é um antigo hino cristológico, que está registrado na Epístola aos Filipenses 2.5-11. Alguns estudiosos dizem que este hino era cantado pelos cristãos, que é anterior à Epístola aos Filipenses e foi incluído aqui pelo apóstolo Paulo. Não sabemos se isso procede, mas não muda em nada o valor da mensagem expressa nele. 

O apóstolo se refere ao Senhor Jesus na eternidade passada antes da sua encarnação e menciona também a sua condição humana: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.” Paulo recomenda aos filipenses a terem o mesmo sentimento que houve em Jesus que “sendo em forma (Gr. morphē) de Deus”, não considerou isso como motivo de usurpação, mas a Si mesmo se humilhou. 

Conforme explicou o comentarista, a expressão “sendo em forma de Deus” indica que Ele tem a mesma essência imutável de Deus. A Nova Versão NVI traduziu esta frase por: “embora sendo Deus”. Jesus venceu como homem, mas Ele nunca perdeu os seus atributos, como alguns hereges defendem. 

Quando o texto diz que Ele “aniquilou-se a si mesmo” ou “esvaziou-se”, evidentemente, não foi da sua divindade. Significa que Ele limitou o próprio poder e não usou os seus atributos divinos em seu próprio benefício. Ele jamais poderia deixar de ser Deus, pois Deus é imutável em sua essência e caráter. Portanto, se Jesus pudesse deixar de ser Deus é porque nunca teria sido Deus. Falaremos mais sobre isso no terceiro tópico.

10 fevereiro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 07: AS NATUREZAS HUMANA E DIVINA DE JESUS


Ev. WELIANO PIRES

Nesta lição estudaremos a penúltima lição, sobre a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Já vimos que Ele encarnou-se e tornou-se plenamente humano. Depois vimos a doutrina da Trindade, que afirma que há um só Deus, eternamente subsistente em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Depois estudamos sobre a divindade do Senhor Jesus. Na lição passada, vimos que Ele não é um deus de segunda categoria como dizem os subordinacionistas, mas é Ele é igual com o Pai, ou seja, tem a mesma substância, natureza e essência do Pai. 

Na lição desta semana estudaremos a doutrina bíblica das duas naturezas de Cristo: a humana e a divina. Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, plenamente humano e plenamente divino. Ele não deixou de ser Deus ao tomar a forma humana e não deixou de ser homem depois que ressuscitou. Seguindo o modelo adotado neste trimestre, veremos as heresias antigas contra essa doutrina e como elas se manifestam na atualidade. 

No primeiro tópico, veremos o ensino bíblico a respeito da dupla natureza de Jesus. Veremos o significado da expressão “da descendência de Davi segundo a carne”, usada pelo apóstolo Paulo em Romanos 1.3. Na sequência falaremos da expressão “declarado Filho de Deus em poder”, usada também por Paulo em Romanos 1.4. Por último, falaremos da mensagem do antigo hino Cristológico que está em Filipenses 2.5,6.  

No segundo tópico, falaremos das heresias contra o ensino bíblico da dupla natureza de Cristo. Primeiro veremos quem foi Nestório. Na sequência falaremos da heresia do Nestorianismo, como ficou conhecido o ensino de Nestório.  Falaremos também da heresia chamada Monofisismo, defendida por Êutico ou Eutique. Por último, falaremos das resoluções do Concílio de Calcedônia que condenou estas heresias. 

No terceiro tópico, veremos o perigo destas heresias na atualidade. Falaremos do monofisismo atual, que tem roupagens novas através das tradições siro-monofisita ou joacobista. Na sequência, falaremos da heresia do kenoticismo, que vem da palavra grega kenoō, que significa “esvaziar”. Por último, falaremos da Mariolatria, que se desenvolveu no Catolicismo Romano. 


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39. 
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.189. 
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.126,127.

07 fevereiro 2025

COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE

(Comentário do 3° tópico da Lição 06: O Filho é igual com o Pai)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro, mostraremos como o subordinacionismo se apresenta atualmente. Falaremos desta heresia no contexto islâmico, que negam que Jesus é o Filho de Deus, pois consideram isso uma blasfêmia. Na sequência, veremos como esta heresia se apresenta através das Testemunhas de Jeová, que ensinam que Jeová é o Deus Todo-poderoso e Jesus seria um deus menor, apenas poderoso.  


1- No contexto islâmico. Este tópico é muito semelhante ao terceiro tópico da lição passada, pois lá também falamos sobre as heresias das Testemunhas de Jeová e do Islamismo em relação à pessoa de Cristo. O Islamismo é uma religião monoteísta, fundada em Meca, na Arábia Saudita, por Abul Al-Qasim Muhammad ibn Abd Allah ibn Abd Al-Muttalib ibn Hashim, ou simplesmente Muhammad, que viveu entre 571 E 632 d. C. É popularmente conhecido como Maomé, mas os seus adeptos não gostam que o chamem por este nome. 


Os muçulmanos, como são chamados os seguidores do Islã, aceitam Jesus como um profeta de Alá, inferior a Muhammad, mas jamais como Filho de Deus e divino. Conforme apontou o comentarista, os mulçumanos abominam a idéia de que Jesus é o Filho de Deus e a consideram uma blasfêmia contra Deus. Isso se dá por causa da interpretação equivocada de que ser Filho de Deus implicaria em uma conjunção carnal entre Deus e Maria. O pior de tudo é que os líderes desta religião dizem que o Cristianismo prega isso. Mas, isso é uma acusação leviana, pois nenhum cristão prega um absurdo desse. 


Conforme falamos no primeiro tópico, o conceito de filho na Bíblia vai muito além de ser filho biológico. Significa identidade de natureza e igualdade de essência. Quando a Bíblia diz que Jesus é o Filho de Deus, significa que Ele é Deus e igual ao Pai. Da mesma forma que a expressão Filho do Homem indica a plena humanidade de Jesus, a expressão Filho de Deus denota a sua plena divindade. 

2- O movimento das Testemunhas de Jeová. O grupo religioso Testemunhas de Jeová foi fundado em 1854, por Charles Taze Russell, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Russell era presbiteriano, mas incomodado com a doutrina do tormento eterno para os ímpios, simpatizou-se com o Adventismo, com o qual tinha muitos pontos doutrinários em comum. Até hoje, ainda há várias semelhanças entre este dois grupos religiosos.

Não demorou muito e Russell rompeu também com o Adventismo e fundou um grupo denominado “Estudantes da Bíblia”. Posteriormente, o grupo passou a se chamar Testemunhas de Jeová, devido à ênfase que dão ao nome de Jeová, que segundo dizem, seria o verdadeiro nome de Deus. Uma das características desta seita é a mudança constante das suas posições doutrinárias e o proselitismo entre os evangélicos.


As Testemunhas de Jeová são unitaristas, pois defendem que somente o Pai é Deus, que Jesus Cristo foi a primeira criatura de Deus e que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas é a força ativa de Jeová. Em relação ao tema desta lição, são também subordinacionistas, pois ensinam que Jesus é um deus inferior ao Pai e apenas cumpre as suas ordens, como se fosse um mero administrador de Deus. 


Eles costumam acusar os trinitarianos de serem politeístas, pois confundem a doutrina Trindade com triteísmo. Entretanto, o que se choca com o monoteísmo bíblico é a crença deles de que há um Deus Supremo, que é o Pai, mas há outros deuses menores, bons e maus. Segundo o ensino jeovista, somente Deus o Pai, é o Deus Todo Poderoso. Jesus, seria um deus apenas poderoso. Ora, isso não é monoteísmo. Esta crença é chamada de henoteísmo, que a adoração a um um único deus, mas, sem excluir outros deuses menores. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802

ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.


A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO

(Comentário do 2° tópico da Lição 06: O Filho é igual com o Pai). 

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da heresia do subordinacionismo, que ensinava que o Filho era subordinado ao Pai e o Espírito Santo subordinado ao Filho. Segundo o comentarista, esta heresia teve a sua origem em Orígenes, que viveu entre os anos 185 e 254 d.C. Falaremos também do subordinacionismo no período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., que condenou o Arianismo. Por fim, falaremos dos métodos usados pelos subordinacionistas, que assim como os arianistas, usavam textos que se referiam à humanidade de Jesus, isoladamente, para negar a igualdade entre Jesus e o Pai. 

1- Orígenes. Orígenes viveu entre 185 e 254 d. C. Era natural de Alexandria e foi um dos mais eruditos teólogos e escritores da Igreja Cristã no segundo século. É bem provável que tenha nascido em um lar cristão e recebeu uma boa formação religiosa de Clemente de Alexandria. Tinha também uma notável erudição filosófica vinda da escola do filósofo Amônio Sacas, considerado o pai do neoplatonismo. 

O seu estilo de vida era radical, tipo monástico: Dormia no chão, abstinha-se de comer carne  e beber vinho, tinha apenas um casaco e não possuía sapatos. Alguns estudiosos dizem que Orígenes, em uma atitude radical, interpretando literalmente o texto de Mateus 19.12, Orígenes chegou a castrar-se para “tornar-se eunuco para Deus”.

Apesar deste radicalismo, que o levou a interpretar literalmente um texto bíblico que tem sentido figurado, Orígenes junto com Filo e Clemente de Alexandria desenvolveram o chamado método alegórico de interpretação bíblica. Segundo este método, por trás dos textos bíblicos haveria também um “sentido espiritual”, ou seja, o que está escrito seria insuficiente para revelar os “mistérios” por trás do texto. 

Orígenes exerceu grande influência na teologia cristã em seu tempo e foi uma figura bastante controversa. Os seus escritos eram usados pelos defensores do Arianismo a favor desta heresia. Por outro lado, os opositores do Arianismo também usavam os seus escritos contra a heresia arianista. Segundo o comentarista afirma na lição, a heresia do subordinacionismo teve origem em Orígenes. Entretanto, alguns especialistas dizem que ele não defendia isso. Os seus críticos é que interpretaram mal os seus escritos e o acusaram de ser um defensor do subordinacionismo. 

Conforme explicou o comentarista, o subordinacionismo é um ensino herético que, apesar de não negar a divindade de Cristo, afirma que Ele seria um “deus de segunda categoria”, inferior ao Pai e que subordinado a Ele. Os primeiros a propagarem esta heresia foram os monarquistas dinâmicos, também chamados de adocionistas, que diziam que Jesus nasceu como um judeu comum e somente no batismo, foi adotado pelo Pai e recebeu poderes divinos. Posteriormente, o presbítero Ário de Alexandria também pregou esta heresia e com a sua habilidade a espalhou pelo mundo. 

2- No período pré-niceno. No período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, que foi realizado em Nicéia, no ano 325 d. C., o subordinacionismo surgiu com uma boa intenção. Os seus adeptos tinham em mente a preservação do monoteísmo. Entretanto, conforme estudamos na lição 04, quando falamos da doutrina da Trindade, o monoteísmo judaico não contradiz a Trindade. Nós não deixamos de ser monoteístas quando cremos na Trindade, pois cremos num Único Deus e não em três deuses. 

O efeito dessa tentativa equivocada de preservar o monoteísmo, acabou sendo o inverso, pois os subordinacionistas crêem em três deuses: o Pai, que é o Todo Poderoso; o Filho, que seria um deus inferior ao Pai e subordinado a Ele; e o Espírito Santo, que seria também inferior ao Pai e subordinado ao Filho. Isso não é monoteísmo, e sim, henoteísmo, que é a crença em um Deus supremo, sem negar a existência de outras divindades inferiores. 

É importante esclarecer que há dois tipos de subordinacionismo: o Subordinacionismo ontológico e o Subordinacionismo funcional. O subordinacionismo oncológico afirma que Jesus é inferior ao Pai em essência, natureza e poder. Isso é heresia, pois não tem fundamento bíblico. Jesus é Deus assim como o Pai, da mesma substância e natureza. Já o subordinacionismo funcional diz que Jesus subordinou-se ao Pai no Plano da Salvação e seu exerce função diferente neste aspecto. Isso é bíblico e não torna o Filho inferior ao Pai. 

3- Métodos usados pelos subordinacionistas. O método usado pelos subordinacionistas é o mesmo de Ário e de várias seitas. Pegam textos isolados da Bíblia, ignorando o devido contexto ou atribuindo-lhes um sentido diferente do sentido original, para fundamentar as suas heresias. Nas lições que estudamos sobre a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, vimos que Ele é plenamente humano, que Ele coexiste eternamente com o Pai e o Espírito Santo e que Ele é plenamente Deus. Nesta lição vemos que Ele é Deus, mas não é inferior ao Pai. 

Conforme explicou o comentarista, somente Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele é Deus e sempre existiu junto com o Pai e o Espírito Santo. Mas, Ele se fez humano, sem deixar de ser Deus, pois se Ele é Deus não pode deixar de sê-lo. Por outro lado, ele não deixou de ter um corpo após a sua ressurreição, como dizem as Testemunhas de Jeová. Ele ressuscitou em um corpo glorificado. Somente o Filho tomou a forma humana. O Pai e o Espírito Santo continuam sendo Espírito e não podem ser vistos por ninguém.


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802
ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.
Os Pais da Igreja. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2005, pág. 51. 
CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica. RIO DE JANEIRO: CPAD, 199, p. 23. 

05 fevereiro 2025

A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: O Filho é igual com o Pai). 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da doutrina bíblica da relação do Filho de Deus com o Pai.  Veremos conceito de filho no pensamento judaico, com os exemplos de filho do homem, filhos dos profetas, filhos de Belial, etc. Na sequência, falaremos do significado teológico de “ser filho” na Bíblia, que não significa necessariamente filiação biológica, mas, igualdade de natureza e de substância. Por último, veremos o significado da expressão “o Filho de Deus”, em relação a Jesus, que é o tema predominante no Evangelho segundo João. 

1- Ideia de filho. O conceito de filho no pensamento judaico dos tempos bíblicos era muito diferente da nossa cultura ocidental. Em português, a palavra filho se refere apenas a um filho biológico ou adotivo. Os demais descendentes não são chamados de filhos. São netos, bisnetos, tataranetos, etc. Na cultura hebraica não era assim. Ser chamado de filho de alguém, não significava necessariamente ser gerado ou adotado por esta pessoa. Jesus, por exemplo, foi chamado de Filho de Davi, Filho do Homem e Filho de Deus. 

A palavra filho em hebraico é “ben” e a correspondente em aramaico é “bar”. Por isso, alguns nomes em hebraico tem o prefixo ben: Benjamim (Filho da mão direita ou da felicidade) , Benoni (Filho da aflição), Ben-Hadade (filho de Hadade), etc. Em aramaico, há também vários nomes com o prefixo bar: Barjonas, Bar Jesus, Bartolomeu, Bartimeu, Barnabé, etc. Estas palavras possuem vários significados de acordo com o contexto e podem significar não apenas um filho biológico ou adotivo.

Filho na Bíblia pode significar uma ascendência, como por exemplo: Filhos de Amon, filhos de Abraão, filhos de Israel, etc. Em outros casos, filhos significa discípulo ou aluno, como no caso dos alunos das escolas de profetas, que são chamados de “filhos dos profetas”. Isso não significa que os profetas eram os seus pais. Em alguns casos, a palavra filho indica uma qualidade boa ou má da pessoa: Filho da sabedoria, filho de Belial, filho da luz, filho das trevas, filhos do trovão, etc. Por fim, há os casos em que filho significa identidade de natureza, como na expressão filho do homem, que é bastante usada no Livro de Ezequiel, para se referir ao profeta Ezequiel, e nos Evangelhos, para se referir a Jesus, destacando a sua condição humana. 

No grego há vários termos traduzidos por filho. A palavra teknon significa um filho adotivo ou um filho por consideração. É neste sentido que somos chamados de filhos de Deus em João 1.12. A palavra grega huios é equivalente ao hebraico ben e ao aramaico bar e tem vários significados. Temos ainda o termo monogenes que significa um filho único. Tanto no hebraico, como no aramaico e no grego, a ideia de filho não denota inferioridade e sim identidade com o pai, seja em sentido biológico ou figurado. 

2- Significado teológico. No sentido teológico ser filho significa igualdade de natureza e de substância. No Credo de Nicéia ficou definido que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são da mesma substância (Gr. Homoousios). Evidentemente, o concílio de Nicéia não criou esta doutrina, como acusam os hereges. O que os bispos fizeram foi usar um termo técnico, para definir uma verdade que a Bíblia revela. 

Quando a Bíblia diz que Jesus é o Filho de Deus, significa que Ele é igual ao Pai em essência e poder. Em vários discursos de Jesus, Ele demonstrou isso claramente e os seus ouvintes entenderam o que Ele quis dizer. Por isso, quiseram apedrejá-lo, pois entenderam que Ele estava se igualando a Deus (Jo 5.18). Se não fosse isso, Jesus teria dito: “Vocês entenderam errado. Eu não estou dizendo que sou igual a Deus”. 

3- O Filho é Deus. A expressão “Filho de Deus” expressa a divindade de Jesus, assim como a expressão “Filho do homem” revela a sua humanidade. Não vamos falar da divindade de Cristo aqui, pois este foi o assunto da lição passada e nós vimos que na Bíblia há abundantes comprovações de que Jesus é Deus. Ele não é um “deus” inferior como ensina o Arianismo. Ele é igual ao Pai, mas não é o Pai como ensina o Unicismo. 

Em João 3.16, foi usado o termo grego “monogenes”, para se referir a Jesus como o Filho Unigênito de Deus. Isto significa que Ele é o único do gênero. Não existe nenhum filho de Deus como Jesus. Aqueles que crêem em Jesus recebem o direito de serem filhos de Deus (Jo 1.12). Mas não são filhos como Jesus, que é igual ao Pai. Os judeus entenderam isso e consideravam que era uma blasfêmia, Jesus declarar-se Filho de Deus.


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802
ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.


03 fevereiro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: O FILHO É IGUAL COM O PAI

Ev. Weliano Pires 

A partir da lição 03, quando estudamos a Encarnação do Verbo, iniciamos o assunto da Doutrina de Cristo, chamada de Cristologia, e seguiremos neste tema até à lição 8. Na lição 04, falamos da Doutrina da Trindade, que é um pouco mais abrangente, mas também está relacionada a Cristo. Na lição passada falamos da divindade de Cristo e da heresia do Arianismo, que negava esta doutrina e dizia que Jesus foi a primeira criação de Deus. Em cada uma destas lições, vimos também as heresias correspondentes a elas. 
Esta lição é uma continuidade do tema estudado na lição anterior. Além de mostrar que Jesus é plenamente Deus, como vimos na lição passada, a Bíblia nos mostra que Ele é igual ao Pai e ao Espírito Santo. Com base no texto de João 10.30, onde Jesus disse: “Eu e o Pai somos um”, falaremos da igualdade entre o Pai e o Filho. 
Durante o ministério terreno de Jesus, várias vezes os judeus tentaram apedrejá-lo, quando Ele dizia que era Filho de Deus, o que eles consideravam ser uma blasfêmia, pois entendiam, que isso significa ser igual a Deus. Nos primeiros séculos da Igreja Cristã, surgiu uma heresia chamada subordinacionismo, que embora cresse na divindade de Jesus, ensinava que Ele é um deus secundário, subordinado ao Pai.

I – A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI

No primeiro tópico, falaremos da doutrina bíblica da relação do Filho de Deus com o Pai.  Veremos conceito de filho no pensamento judaico, com os exemplos de filho do homem, filhos dos profetas, filhos de Belial, etc. Na sequência, falaremos do significado teológico de “ser filho” na Bíblia, que não significa necessariamente filiação biológica, mas, igualdade de natureza e de substância. Por último, veremos o significado da expressão “o Filho de Deus”, em relação a Jesus, que é o tema predominante no Evangelho segundo João. 

II – A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO

No segundo tópico, falaremos da heresia do subordinacionismo, que ensinava que o Filho era subordinado ao Pai e o Espírito Santo subordinado ao Filho. Veremos que, apesar do monarquianismo dinâmico e o Arianismo terem defendido esta heresia também, a sua origem está em Orígenes, que viveu entre os anos 185 e 254 d.C. Falaremos também do subordinacionismo no período pré-niceno, ou seja, antes do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., que condenou o Arianismo. Por fim, falaremos dos métodos usados pelos subordinacionistas, que assim como os arianistas, usavam textos que se referiam à humanidade de Jesus, isoladamente, para negar a igualdade entre Jesus e o Pai. 

III – COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE

No terceiro, mostraremos como o subordinacionismo se apresenta atualmente. Falaremos desta heresia no contexto islâmico, que negam que Jesus é o Filho de Deus, pois consideram isso uma blasfêmia. Os muçulmanos reduzem Jesus a um mero profeta, inferior a Muhammad. Na sequência, veremos como esta heresia se apresenta através das Testemunhas de Jeová, que ensinam que Jeová é o Deus Todo-poderoso e Jesus, que é um deus menor, apenas poderoso.  

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802
ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.

01 fevereiro 2025

Oitenta anos da minha mãe


Hoje, primeiro de fevereiro 
Para mim, é um dia especial
Dia de alegria descomunal
Lembra-me o amor verdadeiro
Sacrificial e desinteresseiro
Da mulher que me concebeu 
Com muito amor me recebeu
Cujos braços me carregaram 
Oitenta anos já se passaram 
 
Do dia em que mamãe nasceu 
O casal Quinca de Neco e Maria 
Na fazenda Riacho dos Cavalos 
Com dificuldade e sem regalos
Lutavam pelo pão de cada dia
Tinham um filho e muita alegria
Eis que um fato novo aconteceu 
Pois Maria novamente concebeu 
Os parentes, muito se alegraram
Oitenta anos já se passaram  
Do dia em que mamãe nasceu
 
Veio a primeira filha do casal 
Maria Eunice, vulgo Nicinha 
As suas avós Lica e Zefinha
Com alegria e amor sem igual 
Agradeciam a bênção divinal
Com os avós paternos cresceu 
A quem considerou e obedeceu
Os tios e tias sempre a amaram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu
 
Nicinha cresceu em dificuldades 
Vivendo em extrema pobreza 
Não conhecia luxo nem riqueza
Às vezes passava necessidades
Trabalhava desde a menoridade
A sua mãe também muito sofreu
Aos quarenta e dois anos morreu 
E os seus filhos se espalharam
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu 
 
Nicinha contraiu o casamento 
Com seu primo José de Iaiá
Que era bem conhecido por lá
Homem de bom comportamento 
Sério e trabalhador a contento
Zé, à preguiça nunca se rendeu 
Muitos percalços na vida sofreu
Em terras alheias eles moraram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu 
 
Cinco filhos, Deus deu ao casal
Quatro meninos e uma menina 
Criados no trabalho e disciplina 
Num ambiente puro e natural 
O leite vinha direto do curral
O seu terreno Deus lhes deu
Vários anos a família ali viveu 
Depois para a cidade mudaram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu
 
Os seus filhos foram criados 
Nos ensinamentos do Senhor 
Desenvolvendo a fé e o amor
Na vida foram encaminhados 
E por todos muito respeitados 
Um duro golpe a vida lhe deu 
Foi quando a sua filha faleceu
Os corações se dilaceraram 
Oitenta anos já se passaram  
Do dia em que mamãe nasceu 
 
Os anos foram se passando 
Os filhos cresceram e casaram
Alguns, para longe se mudaram
A saudade sempre maltratando 
Mas, os netos foram chegando 
Até um bisneto Deus já lhe deu
Relembro tudo o que aconteceu
As lembranças boas que ficaram
E as tristezas que a maltrataram
Oitenta anos já se passaram 
Do dia em que mamãe nasceu 

(Weliano Pires) 
 

O APRISCO DAS OVELHAS

(Comentário do 2° tópico da Lição 6: o Bom Pastor e suas ovelhas)  Ev. WELIANO PIRES  No segundo tópico, falaremos da figura do aprisco das ...