02 maio 2025

JESUS, A VERDADE QUE LIBERTA O PECADOR

(Comentário do 3º tópico da Lição 05: A Verdade que liberta).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, mostraremos Jesus como a verdade que liberta o pecador. Inicialmente, falaremos da verdade que liberta, com base no texto de João 8.31-38, que mostra que Jesus é o único que proporciona a verdadeira libertação ao pecador. Na sequência, veremos o que é a Verdade mencionada no Evangelho segundo João.  Por fim, veremos que aqueles que são verdadeiramente livres, estão inclinados às coisas do Espírito. 


1. A verdade que liberta. Após o episódio envolvendo a mulher adúltera, Jesus prosseguiu em seu discurso e disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8.12). Ouvindo isto, os fariseus retrucaram dizendo: “Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro”. (Jo 8.13). De fato, a Lei mosaica dizia que o testemunho de uma única pessoa não deveria ser considerado para condenar alguém à pena capital: “Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá”. (Dt 17.6). 

Jesus confirmou diante deles que, de fato, a Lei dizia isto e comprovou que o seu testemunho era verdadeiro, pois contava com o testemunho do Pai: “Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou”. (Jo 8.18). A discussão continuou e muitos dos que o ouviam creram em Jesus. Para estes que creram, Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jo 8.31,32). 

Pensando que Jesus lhes falava da escravidão no sentido trabalhista, eles alegaram que eram descendentes de Abraão e nunca foram escravos de ninguém. Esta afirmação não era verdadeira, pois mesmo neste aspecto, naquele momento eles não eram livres, porque Israel estava sob o domínio romano. Jesus, então, explicou-lhes de qual escravidão estava falando: “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado”. (Jo 8.34). Em seguida, concluiu: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. (João 8:36).

A Bíblia nos mostra em vários textos que todos os seres humanos herdaram a natureza pecaminosa de Adão e já nascem pecadores. Não há nenhum justo que nunca peque e, segundo o apóstolo João, “se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1 Jo 1.8). Tendo nascidos com a natureza corrompida pelo pecado, somos por natureza escravos do pecado e incapazes de nos libertarmos desta escravidão. Somente o Senhor Jesus, que é a Verdade personificada, pode nos libertar desta escravidão. 


2. O que é a verdade? Esta pergunta perturba o intelecto humano desde a sua criação. Desde o princípio, o ser humano busca a verdade. Siddhartha Gautama, primeiro Buda e fundador do budismo, depois de buscar a verdade durante toda a sua existência, declarou: “Passei a vida inteira procurando a verdade e não a encontrei”. Outros sábios, filósofos, líderes religiosos e heróis da antiguidade, também trilharam vários caminhos em busca da verdade e se frustraram, pois a verdade não pode ser encontrada por meios humanos. 

Do ponto de vista bíblico, a verdade vai muito além de mera conformidade com os fatos. Na Bíblia, a verdade está relacionada ao caráter de Deus, à Sua Palavra, e a Jesus Cristo, que é a personificação da Verdade. Nos textos do Antigo Testamento, a palavra hebraica  “emet”, foi traduzida como “fidelidade, verdade e firmeza”. Estas são características inerentes de Deus, pois Ele não falha, não mente e não muda a sua essência e caráter. 

O Novo Testamento usa a palavra grega “Aletheia” que significa algo real, autêntico e revelado, para se referir à verdade. Há também o termo grego “Amém” transliterado do hebraico “Amén”, que significa algo que é verdadeiro e fiel. A expressão “em verdade, em verdade”, muito usada nos discursos de Jesus e somente João a registrou, é a tradução do grego “Amém, amém”. A duplicação serve para dar maior ênfase à veracidade do que foi dito. 

Deus se apresenta no Antigo Testamento como a mais absoluta verdade e tudo que se relaciona a Ele é absolutamente verdadeiro: “Ele [Deus] é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é”. (Dt 32.4). Nos Salmos, Deus é mencionado como o Deus da Verdade:  “Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me redimiste, SENHOR, Deus da verdade” (Sl 31.5); A Palavra de Deus também é chamada de verdade: “Porque o SENHOR é bom, e eterna é a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração” (Sl 100.5).  

A verdade mencionada por Jesus no Evangelho segundo João, não é apenas um conceito filosófico abstrato. Ele próprio é a manifestação visível do Deus verdadeiro (Jo 1.18; Cl 1.15). Jesus também afirmou que a palavra de Deus é a Verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O Espírito Santo também é chamado por Jesus de “o Espírito da Verdade: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós”. (Jo 14.17). Portanto, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a Verdade está relacionada às três Pessoas da Santíssima Trindade. 


3. Verdadeiramente livres. Conforme falamos acima, todo ser humano, sem exceção, foi corrompido pelo pecado, tornando-se escravo dele. Escrevendo aos Romanos, o apóstolo Paulo disse: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Rm 3.23). Mesmo sendo livres, no sentido econômico, o ser humano não é livre no sentido espiritual, pois está preso aos grilhões do pecado, sem poder soltar-se por conta própria. 

O diabo mantém o ser humano escravo dos apetites desordenados da sua  natureza carnal. Somente através do conhecimento da Verdade é que o ser humano pode ser verdadeiramente liberto das amarras do pecado. Este conhecimento, ao qual Jesus se refere, não é apenas o conhecimento teórico da Verdade, mas um relacionamento com Ele, que somente acontece após o milagre do novo nascimento que o Espírito Santo opera em nosso interior. Há pessoas que conhecem a verdade teoricamente mas não são livres porque não foram regeneradas. 

A liberdade prometida por Jesus significa que o crente passou da condenação para a vida. Saiu da condição de inimigo de Deus, para a condição de filho de Deus, mediante a fé em Cristo (Jo 1.11,12). Com esta liberdade, não nos resta mais nenhuma condenação pelo pecado, pois Cristo assumiu o nosso lugar e pagou o preço da nossa redenção (Rm 8.1). Ele mesmo nos garantiu que estamos livres da condenação: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. (Jo 5.24).


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.528, 545.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2006, p.86.

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