(Comentário do 2° tópico da Lição 6: o Bom Pastor e suas ovelhas)
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos da figura do aprisco das ovelhas. Inicialmente, o comentarista apresenta um dilema: O texto de João 10 é uma parábola ou uma alegoria? Nas sequência, falaremos do aprisco das ovelhas, que era um lugar cercado, com apenas uma porta de acesso, para que as ovelhas descansassem em segurança. Por último, falaremos da simbologia do aprisco como um lugar de proteção.
1. Parábola? Uma alegoria? Neste ponto, o comentarista levanta a seguinte questão: o texto de João 10 é uma parábola, ou uma alegoria? Nós já aprendemos que o Evangelho segundo João é autótico, ou seja, ele traz uma visão única e própria do ministério de Jesus. Por exemplo, João não mencionou nada a respeito do nascimento e da infância de Jesus e não registra nenhuma das parábolas de Jesus. É diferente dos relatos dos outros evangelistas, que são chamados de sinóticos, pois os seus relatos são parecidos e alguns praticamente iguais. Antes de falarmos se João 10 trata de uma alegoria ou parábola, precisamos saber o que são estas duas figuras de linguagem.
A alegoria é uma figura de linguagem que consiste no uso de símbolos, acontecimentos, animais ou pessoas para transmitir ensinamentos diferentes do significado real de tais símbolos. Por exemplo, Paulo usou a história de Sara e Agar, para falar da Lei e da Graça. É importante esclarecer que não podemos criar alegorias indiscriminadamente, para interpretar os textos bíblicos. É preciso que o próprio texto bíblico diga que aquilo é uma alegoria.
A palavra parábola deriva do termo grego parabolé, que significa literalmente, colocar uma coisa ao lado da outra, a fim de compará-las. A parábola é um recurso literário que consiste em uma narrativa, real ou fictícia, para transmitir uma verdade moral ou espiritual. Jesus usou muito este recurso para transmitir os seus ensinos. No Antigo Testamento também, os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Oséias usaram parábolas para transmitirem as suas profecias.
Considerando as definições acima de alegoria e parábola, podemos concluir que o texto de João 10, tecnicamente, não é uma parábola e sim uma alegoria. Diante desta afirmação, alguns poderão argumentar que o versículo 6 diz que é uma parábola. De fato, o texto da Versão Almeida Revista e Corrigida diz isso: “Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia”. Entretanto, o termo grego que aparece no versículo 6 é paroimía, que significa ilustração ou alegoria e não parabolé, que é traduzido por parábola. As versões mais modernas (NVI, NVT e NAA) traduziram este termo por comparação ou ilustração.
2. O aprisco das ovelhas. O aprisco, ou redil é aquilo que hoje chamamos de curral. Entretanto, naquela época era um abrigo construído de pedras com apenas um acesso, vigiada por um porteiro. Os pastores recolhiam as ovelhas à noite, para o aprisco, a fim de protegê-las dos ladrões, dos predadores e das tempestades. Após a entrada de todas as ovelhas, o pastor fazia a conferência para ver se não falava nenhuma e se posicionava na porta, para não entrar ninguém e para que nenhuma delas escapasse. Caso faltasse alguma, o pastor deixava o rebanho em segurança, a cargo do porteiro, e seguia em busca da ovelha que ficou para trás (Lc 15.4).
Os falsos pastores, que não eram donos das ovelhas e trabalhavam apenas pelo dinheiro, chamados por Jesus de mercenários, não se preocupavam com a segurança das ovelhas. Quando viam os predadores se aproximarem, fugiam e deixavam o rebanho em perigo. Não queriam se arriscar pelas ovelhas e estavam interessados apenas nas benesses que elas poderiam oferecer (Jo 10.12). Falaremos deles no próximo tópico.
3. Um lugar de proteção. Simbolicamente, o aprisco representa um local que oferece proteção, cuidado e segurança para as ovelhas de Cristo. Jesus afirmou que Ele é o Bom Pastor e, como tal, dá a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Um pouco à frente, Ele disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10.27,28). Conforme colocou o comentarista, as afirmações de Jesus sobre si mesmo: “Eu sou a porta” e “Eu sou o Bom Pastor”, representam o seu cuidado por aqueles que fazem parte do seu rebanho.
Em outras partes do Novo Testamento, Jesus é apresentado como o “Sumo Pastor” e “Bispo das nossas almas”: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória”. (1 Pe 5.4; “Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas”. (1 Pe 2.25). Isto significa que Ele é o supremo pastor ou o proprietário das ovelhas, o único que deu a Sua vida por elas. Quem está dentro do aprisco do Bom Pastor, pode descansar, pois, Ele tem cuidado de nós.
No Antigo Testamento Deus é apresentado como aquele que oferece refúgio, proteção, segurança e descanso para aqueles que nele confiam. No Salmo 23, onde Davi diz que o Senhor é o seu pastor, o salmista descreve as ações pastorais de Deus: Concede alimento e água (v.2); refrigério para a alma (v.3); proteção em locais perigosos (v.4); honra perante os inimigos (v.5); bondade, misericórdia e habitação segura na casa do Senhor (v.6).
Em outros salmos, como o 46, Deus é apresentado como refúgio, fortaleza e socorro, em várias situações de perigo de morte. Da mesma forma, no Salmo 91, há a garantia para aqueles que habitam no esconderijo de Deus, de terem proteção de várias doenças, pragas e dos inimigos. No Salmo 121, Deus é apresentado como o guarda fiel do seu povo, de dia e de noite, que não cochila e não dorme. A propósito: você está se sentindo ameaçado, perseguido ou inseguro? Descanse, pois o nosso guia e protetor não nos desampara jamais! Alelúia!
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