14 fevereiro 2023

O AVIVAMENTO NO TEMPO DE EZEQUIEL

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 08: O AVIVAMENTO ESPIRITUAL NO MUNDO)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre o avivamento, com base em duas visões que Ezequiel teve: a visão do vale de ossos secos, no capítulo 37, e a visão das águas purificadoras, descrita no capítulo 47. Nesta visão, o profeta viu fontes de águas que fluíam do templo e formavam um rio de águas correntes em direção à região do Mar Morto. 

No 4⁰ trimestre de 2022, nós estudamos o livro de Ezequiel, com vistas para a preparação do povo de Deus para o tempo do fim, tendo como base o livro de Ezequiel. Naquela ocasião estudamos estas duas visões de Ezequiel e as suas respectivas interpretações, nas lições 10 e 12. As duas visões se referem à restauração nacional e espiritual de Israel, que já se cumpriu em parte e o restante se cumprirá integralmente no milênio. 

1. Calamidade e restauração de Israel. Conforme vimos na lição 01 deste trimestre, a pré-condição para que haja um acontecimento é uma crise, seja moral, espiritual ou uma calamidade. No contexto em que Ezequiel profetizou, era exatamente isso que estava acontecendo. O Reino do Sul havia sido invadido pelo exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Primeiro, Nabucodonosor depôs o rei de Judá e o levou cativo para a Babilônia, junto com a família real, deixando em seu lugar um vassalo. Este vassalo se rebelou e Nabucodonosor também o depôs, levando um grupo maior para o cativeiro. Por último, levou o restante dos judeus para o cativeiro, deixando na terra de Israel apenas os idosos, os deficientes e os que viviam em extrema pobreza, e queimou a cidade e o templo. 

Deus havia prometido que, se Israel se afastasse da Sua Lei e entregasse ao pecado, Ele os puniria com o cativeiro (Lv 26.33-37; Dt 28.25,36,37). Israel não deu ouvidos e as promessas divinas foram cumpridas, tanto no Reino do Norte, que foi levado para a Assíria, quanto no Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia. 

Nos dias de Ezequiel, o povo encontrava-se no exílio, distante da sua pátria e, para piorar, Ezequiel havia recebido a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo. Neste contexto de calamidade e desesperança, Ezequiel teve estas visões, com a promessa de restauração do povo de Israel. 

Deus prometeu trazê-los de volta, como aliás, já havia prometido antes mesmo deles irem: “E há esperanças, no derradeiro fim, para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para o seu país.” (Jr 31.17). No cativeiro, o Senhor reafirmou a sua promessa de restauração: “Portanto, dize: Assim diz o Senhor Jeová: Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra de Israel.” (Ez 11.17).

2. Um vale de ossos secos. A profecia do capítulo 37 de Ezequiel é, sem dúvida nenhuma, o texto mais importante e mais conhecido do livro de Ezequiel. Os pais da Igreja, principalmente os gregos, usaram este texto como fundamento para a doutrina da ressurreição dos mortos. Ezequiel descreveu a visão nos versículos 1 e 2 do capítulo 37,, dizendo que a mão do Senhor veio sobre ele e o levou "em espírito" a um vale. Ele não diz que vale era este, ou se era um lugar geográfico real. Na visão que ele tivera anteriormente, quando viu as abominações no templo, ele também foi levado em espírito e não corporalmente, porém, tratava-se de um lugar real, conhecido do profeta. 

Deus mostrou a Ezequiel em visão, um vale cheio de ossos humanos secos. Na sequência, nos versículos 3 a 6, o profeta contemplar uma multidão de esqueletos humanos secos, Deus perguntou-lhe se aqueles esqueletos poderiam viver. O profeta respondeu: Senhor Jeová, Tu o sabes. O Senhor, então, deu ordem a ele para que profetizasse sobre aqueles ossos, para que voltassem à vida. Assim aconteceu e aquela multidão de esqueletos secos tornou-se um grande exército (vs.7,8). 

Quando falamos em visão, estamos nos referindo a uma revelação visível de Deus a alguém, estando esta pessoa acordada. Existem visões que são sobre fatos reais e se referem ao tempo presente. Há também visões que são simbólicas, cujos significados não são revelados, como algumas visões de Daniel, as de Zacarias e as do Apocalipse. Nestes casos, é preciso estudar os símbolos, comparar com outros textos bíblicos e fazer a devida interpretação. Nesse tipo de visão, é possível haver mais de uma interpretação. Entretanto, há visões que, apesar de serem simbólicas e serem para o futuro, no próprio texto bíblico tem a explicação do significado. É o caso desta visão do vale de ossos secos. Ezequiel teve a visão, recebeu ordens para profetizar aos ossos secos, dizendo que o Senhor iria ordenar ao espírito que entrasse neles e lhes nasceria carnes, nervos e peles, e assim aconteceu. 

Deus explicou o significado daquela visão: "...Estes ossos são toda a casa de Israel; eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados." (Ez 36.11). O povo encontrava-se no exílio, distante da sua pátria e, para piorar, Ezequiel havia recebido a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo. Portanto, não havia mais nenhuma esperança de retorno à sua pátria e eles se sentiram como esqueletos humanos, sem nenhuma chance de voltar a viver. 

Concluímos, portanto, que a interpretação desta visão é simbólica e futura. Ou seja, no próprio texto está a devida interpretação da visão, que se refere ao povo de Israel que estava morto como nação e espiritualmente. Mas, Deus prometeu que iria restaurá-los, como nação e como povo de Deus. Isso se cumprirá plenamente no Milênio. Mas, aqui o comentarista faz uma aplicação deste texto ao avivamento, como comparação. Assim como o Espírito entrou naqueles ossos secos e deu-lhes vida, Ele também pode entrar em uma Igreja que está sem vida espiritual e avivá-la. 

3. O rio das águas purificadoras. Ezequiel teve a visão das águas vindo do interior do templo e saindo pelo umbral da porta, seguindo para o Oriente e formando um rio com grande correnteza. A partir desta visão, o guia celestial o conduziu para dentro das águas. No primeiro trecho, ele andou com as águas cobrindo os seus tornozelos, por mil côvados, que equivalem a aproximadamente 500 metros. 

Um côvado era uma unidade de medida de comprimento, que ia do cotovelo à extremidade do dedo médio de um homem, que dava 45 centímetros aproximadamente, pois variava de acordo com a região. Em algumas regiões era 44,5 centímetros e em outras 50 cm e chegava até 52,5 centímetros, como o côvado nobre do Egito. 

Continuando, no segundo trecho, Ezequiel andou mais quinhentos metros, com as águas alcançando os seus joelhos. Depois, mais quinhentos metros e as águas alcançaram os lombos. Finalmente, depois de mais quinhentos metros, cobriram todo o seu corpo e ele teve que seguir nadando. Depois, o guia celestial trouxe o profeta de volta. 

Conforme estudamos no 4° Trimestre de 2022, a interpretação desta profecia é literal e futurista, ou seja, isso realmente vai acontecer literalmente no templo do milênio. Entretanto, o texto pode ser aplicado como comparação à obra do Espírito Santo no crente, pois a água é um dos símbolos do Espírito Santo na Bíblia. Jesus disse que “aquele que crer nele, como diz a Escritura, rios de águas vivas correrão em seu interior'' (Jo 7.37-39). Portanto, mesmo o texto de Ezequiel 47 não sendo uma referência à ação do Espírito Santo, ele pode ser aplicado à ação do Espírito Santo, pois assim como a água limpa, refrigera e é vital para a vida humana, o Espírito Santo também limpa, refrigera e é indispensável na vida espiritual do crente. 

No livro de apoio, o Pr. Elinaldo Renovato faz a aplicação da visão destas águas, comparando-as “ao rio da graça de Deus” em quatro etapas, as quais eu resumo a seguir: 

a) Na primeira etapa, o profeta sentiu que as águas purificadoras chegavam apenas aos seus tornozelos (47.3), podemos dizer que se trata do crente que não se aprofunda no relacionamento com Deus. Ele está firmado sobre os seus pés, sobre a própria vontade, os seus conceitos e as suas percepções humanas da vida.

b) Na segunda etapa, em que as águas davam pelos joelhos do profeta (47.4a), podemos entender que se trata do crente que já tem mais comunhão com Deus, mas ainda não está bem firmado nos seus pés em termos espirituais e continua dominado pelos sentimentos humanos e carnais. Está ainda andando com os pés no chão da vida humana.

c) Numa terceira etapa, o profeta sentia as águas cobrirem-lhe os lombos, ou o seu peito (47.4 b). Trata-se do crente que ainda tem os pés na terra, mas já se sente mais envolvido pelo rio da graça de Deus, estando mais voltado para cima, para as coisas espirituais. 


d) Numa quarta etapa, o profeta sentiu que os seus pés não mais tocavam ao chão do rio; pois as águas eram profundas e que, para atravessar o ribeiro, precisava nadar. É o nível desejável de maturidade cristã. O crente deixa de ser carnal ou natural e passa a ser “homem espiritual”, que “discerne bem tudo” (1 Co 2.15,15). 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 323-324.

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 139-140.


13 fevereiro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: O AVIVAMENTO ESPIRITUAL NO MUNDO

 

EV. WELIANO PIRES

Nesta lição passaremos ao terceiro bloco das lições do trimestre. No primeiro bloco, tivemos uma introdução aos assuntos do trimestre. Falamos sobre a definição de avivamento e as condições para que o avivamento aconteça. Depois, no segundo bloco, falamos sobre o avivamento nas Escrituras, com exemplos de avivamentos no Antigo e no Novo Testamento. Neste terceiro bloco estudaremos os avivamentos na história da Igreja.


Nesta Lição trataremos dos avivamentos nos séculos XVIII, XIX e XX. Tomando como base os textos de Ezequiel 37 e 47, que tratam, respectivamente, da restauração nacional e espiritual de Israel, como vimos no trimestre passado, o comentarista aplica as figuras dos ossos secos e das águas vindas do templo, ao avivamento do Espírito Santo na Igreja. Na próxima lição, daremos continuidade a este assunto, falando sobre o avivamento no Brasil. 


No primeiro tópico, falaremos sobre o avivamento, com base em duas visões que Ezequiel teve: a visão do vale de ossos secos, no capítulo 37, e a visão das águas purificadoras, descrita no capítulo 47. Nesta visão, o profeta viu fontes de águas que fluíam do templo e formavam um rio de águas correntes em direção à região do Mar Morto. 


No segundo tópico,  falaremos sobre os grandes avivamentos no mundo. Primeiro falaremos do avivamento ocorrido na Europa: Alemanha, Inglaterra e País de Gales. Depois, falaremos sobre o avivamento nos EUA e sobre as raízes do Movimento Pentecostal. O avivamento do Movimento Pentecostal, a partir de Los Angeles, nos EUA, será o tema da nossa próxima aula. 


No terceiro e último tópico, falaremos das mudanças que os avivamentos provocaram na história, não apenas na Igreja, mas na sociedade e nos governos. Os avivamentos tiveram grandes impactos no mundo, na cultura, na política e na economia dos países onde eles aconteceram. Infelizmente, as gerações posteriores  aos avivamentos não os conservaram e os resultados foram trágicos. Muitos se entregaram à teologia liberal, ao secularismo e ao pecado. Mas Deus não mudou e jamais mudará. Ele deseja avivar a Sua Igreja também no Século XXI. Se o buscarmos de todo o nosso coração, teremos também um avivamento genuíno em nossos dias. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 117-118.

11 fevereiro 2023

Lições Bíblicas - 2⁰ Trimestre de 2023


LIÇÕES BÍBLICAS

CLASSE: ADULTOS

2⁰ Trimestre de 2023


Tema do Trimestre:

RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA:

SUPERANDO DESAFIOS E PROBLEMAS COM EXEMPLOS DA PALAVRA DE DEUS.


COMENTARISTA: 

Pr. Elienai Cabral 


SUMÁRIO:


LIÇÃO 1: 

Quando a família age por conta própria.


LIÇÃO 2: 

A predileção dos pais por um dos filhos

 

LIÇÃO 3: 

Ciúme, o mal que prejudica a família.


LIÇÃO 4: 

Ídolos na família.


LIÇÃO 5: 

Motim em família.


LIÇÃO 6: 

Pais zelosos e filhos rebeldes.


LIÇÃO 7: 

O relacionamento entre nora e sogra


LIÇÃO 8: 

A importância da paternidade na vida dos filhos.


LIÇÃO 9: 

Uma família nada perfeita.


LIÇÃO 10: 

Quando os pais sepultam os seus filhos.


LIÇÃO 11: 

Os prejuízos da mentira na família.


LIÇÃO 12: 

Criando filhos saudáveis.


LIÇÃO 13: 

A amizade de Jesus com uma família em Betânia.


Ev. Weliano Pires

10 fevereiro 2023

O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO


(Comentário do 3º tópico da Lição 07: Estêvão, o mártir avivado).

EV. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos sobre o avivamento no sofrimento. Discorreremos sobre a perseguição, sofrimentos e martírio dos apóstolos pelo império romano. Eles sofreram horrores por causa da sua fé em Cristo, mas jamais negaram ao Senhor. Falaremos também sobre a relação entre avivamento e sofrimento. Jesus nunca prometeu que não passaríamos por perseguições e aflições. Ao contrário, Ele afirmou que os seus seguidores seriam odiados, perseguidos e mortos por causa do Nome dele. Mas o Espírito Santo nos capacita para enfrentar as perseguições e suportá-las. 

1. Sofrimento e morte dos apóstolos. Os apóstolos de Jesus sofreram horrendas perseguições, torturas e foram mortos por causa da sua fé em Cristo. Com exceção do apóstolo João, que foi exilado na Ilha de Patmos e sobreviveu milagrosamente, todos os demais foram executados impiedosamente. Isso, sem contar Judas Iscariotes que traiu Jesus e cometeu suicídio.

Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, foi morto à espada, por ordem de Herodes Agripa I, em 44 d.C. Na ocasião, Pedro também foi preso e seria o próximo a ser executado, mas foi liberto milagrosamente da prisão (At 12. 1-11). Os demais apóstolos, embora não esteja registrado na Bíblia o martírio deles, há vários registros históricos nos livros de história da Igreja e nas tradições, sobre as formas cruéis que eles foram executados. 

Segundo a tradição, o apóstolo Pedro foi crucificado em Roma, durante o governo de Nero, na grande perseguição que este imperador empreendeu contra os cristãos, de 67 a 68 d.C. Segundo o testemunho de Orígenes, Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, para não se igualar ao seu Mestre. Segundo o testemunho dos pais da Igreja, Paulo foi decapitado na mesma época por ordem de Nero. Paulo escapou da morte em outras ocasiões, tendo sido apedrejado, sofrido naufrágio e lutado com feras. Mas acabou sendo decapitado.

André, irmão de Pedro, foi barbaramente torturado antes de ser crucificado na chamada “Cruz de Santo André”, que é a cruz em forma de “X”, na Acaia, por ordem do Procônsul Eges, cuja esposa havia se convertido através da pregação de André. Segundo a tradição, ele foi atado e não pregado na cruz, para prolongar o sofrimento. As Igrejas Ortodoxa e Católica Romana festejam o dia 30 de novembro, em homenagem a este apóstolo.

O apóstolo Filipe, segundo o livro “Genealogias dos Apóstolos”, morreu de morte natural, mas, outras tradições dizem que ele pregou o Evangelho em Hierápolis, uma região que atraía muitos visitantes, devido às suas fontes termais. Ali, ele teria sido martirizado por crucificação ou apedrejamento.

O apóstolo Bartolomeu, tem sido identificado por alguns com Natanael. Exerceu seu ministério na Anatólia, Etiópia, Armênia, Índia e Mesopotâmia, pregando e ensinando. Segundo algumas tradições, ele foi esfolado vivo e crucificado de cabeça para baixo. Outros, no entanto, dizem que ele foi golpeado até a morte.

O apóstolo Tomé, segundo a tradição, evangelizou nas regiões da Pérsia e Índia e foi morto por ordem do rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, no ano 53 d.C.

O apóstolo Mateus, também chamado de Levi, pregou nas regiões da Judéia, Etiópia e Pérsia e, segundo a tradição, foi martirizado na Etiópia ou Macedônia. Há várias versões sobre a sua morte.

Tiago, Filho de Alfeu ou Tiago, o menor, pregou na Palestina e no Egito. Segundo um livro do seu tempo, foi apedrejado pelos judeus, em Jerusalém, por pregar Cristo.

Judas Tadeu, pregou na Mesopotâmia, Edessa, Arábia, Síria e também na Pérsia, onde teria sido martirizado juntamente com Simão, o Zelote.

Matias, o apóstolo escolhido para substituir Judas Iscariotes, segundo as traições, teria exercido o seu ministério na Judéia e Macedônia e foi martirizado na Etiópia.

2. O avivamento e sofrimento. Na atualidade, quando se fala de avivamento, as pessoas imaginam que ser avivado é viver o tempo todo falando línguas estranhas, realizando milagres, profetizando e expulsando demônio. Se algum inimigo se aproximar, será fulminado. Mas tanto a Bíblia, como a história da Igreja nos mostram que não é bem assim.

Embora um crente avivado seja realmente usado por Deus para operar sinais, prodígios e pregar ousadamente a Palavra de Deus, como fez Estevão, há também momentos de lutas, perseguições e até mortes por causa do Evangelho, como vimos acima. O avivamento não é uma imunidade contra o sofrimento e as adversidades. Entretanto, o poder do Espírito Santo em nossas vidas, nos encoraja e nos capacita para suportar enfrentar as lutas e suportar as perseguições e não negar ao Senhor. Um crente que não se mantém cheio do Espírito Santo faz como Demais, cooperador do apóstolo Paulo, que amou o presente século e abandonou o apóstolo no final da sua carreira. Infelizmente, diante da multiplicação da iniquidade destes últimos dias, o amor de muitos tem esfriado e muitos abandonam a fé em Cristo e seguem pelo caminho largo. Mas aquele que perseverar até o fim, será salvo. (Mt 24.12,13).

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

FISCHER, Wolfgang. Eusébio De Cesaréia. História Eclesiástica. Editora Novo Século. 1 Ed. 2002.

BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Editora Vida. 2 Ed. 2006.

GILBERTO, Antonio. Verdades pentecostais: como obter e manter um genuíno avivamento pentecostal nos dias de hoje. Editora CPAD. 1 Ed. 2019.



09 fevereiro 2023

A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 07: Estevão – Um Mártir Avivado)

EV. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos da “preciosa morte de Estêvão”. Cheio do Espírito Santo, antes de ser executado, Estêvão viu os Céus abertos e Jesus em pé à direita do Pai. Ao descrever esta visão, ele despertou ainda mais a fúria dos seus algozes, os quais o retiraram para fora da cidade para o executarem por apedrejamento. Durante a execução, à semelhança de Cristo, Estêvão pediu ao Senhor Jesus que perdoasse aqueles que o matavam. 

1. Cheio do Espírito Santo. Conforme falamos no tópico anterior, uma palavra define bem a vida e o ministério de Estêvão: cheio. Ele era cheio de fé, cheio de sabedoria e cheio do Espírito Santo. Em suma, Estêvão era cheio de Deus, pois as suas atitudes diante da morte não são características humanas. Nenhum ser humano, em seu aspecto natural consegue se comportar daquela forma. 

Estêvão realizou sinais e prodígios, que somente Deus poderia fazer; pregou com uma sabedoria irresistível, que nem os mais profundos mestres da Lei conseguiram refutá-lo e apelaram para mentiras e calúnias; denunciou corajosamente os crimes praticados pelas autoridades religiosas contra Jesus; não reagiu em momento algum contra a injustiça que estava sofrendo, mesmo sabendo que seria morto; pediu o perdão de Deus para os seus algozes. 

O que faz um ser humano ter essas atitudes diante da morte? Somente alguém cheio do Espírito Santo é capaz de agir assim. Mas, o que significa ser cheio do Espírito Santo? Na atualidade vemos as pessoas dizendo que alguém é cheio do Espírito Santo, com base no seu comportamento durante o culto, onde não há nenhuma perseguição, principalmente quando a pessoa está com um microfone na mão. Entretanto, ser cheio do Espírito vai muito além do culto e envolve todos os aspectos da nossa vida. 

No capítulo 2 de Atos, no versículo 4, lemos: "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." Aqui, claramente se percebe que ser cheio do Espírito significa ser batizado no Espírito Santo. Entretanto, nos Evangelhos, lemos que João Batista e Jesus foram cheios do Espírito Santo. Mas não consta que eles tenham falado em línguas. (Lc 1.41; 4.1). 

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios disse: "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus." (Ef 5.18-21). Ou seja, aqui Paulo diz que cheio do Espírito Santo é alguém que não vive em contendas, que louva e é grato ao Senhor, e que sujeita-se aos outros, no temor do Senhor. 

Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo fala sobre o andar no Espírito, que se contrapõe às obras da carne, que são pecados contra Deus, contra a moral e contra o próximo, que são: imoralidade sexual, impureza, libertinagem, Idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções, inveja, embriaguez, orgias e coisas semelhantes (Gl 5.19-21). Em seguida, Paulo lista nove virtudes inseparáveis, que formam o Fruto do Espírito Santo: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (domínio próprio) (Gl 5.22). 

Portanto, ser cheio do Espírito Santo pode significar o batismo no Espírito Santo, mas não apenas isso. Ser cheio do Espírito Santo é ser controlado e viver totalmente guiado pelo Espírito Santo. Não é apenas uma ação momentânea, em que o crente é cheio do Espírito Santo hoje e, automaticamente, permanece cheio para sempre. Ser cheio do Espírito Santo é uma ação contínua, que está vinculada à comunhão diária do crente com o Senhor. Ser cheio do Espírito Santo não é uma opção para o crente, que ele pode ou não buscar. É uma necessidade vital, uma questão de sobrevivência espiritual. 

2. A violência dos acusadores. Os acusadores de Estêvão tentaram dar aparência de legalidade à sua execução: Levaram-no ao Sinédrio, para que fosse interrogado; apresentaram duas ou três testemunhas como mandava a Lei mosaica; e o conduziram para fora da cidade, como estava previsto em casos de blasfemadores (Lv 24.14-16; Nm 15.32-36). Entretanto, tanto o julgamento quanto a execução, foram completamente ilegais. Primeiro, porque eles estavam sob o domínio de Roma e não tinham mais autoridade para condenar ninguém à pena capital. Poderiam interrogar e ouvir testemunhas, mas a última palavra em caso de condenação à morte teria que vir de Roma. Segundo, as testemunhas eram falsas e arroladas mediante suborno. Terceiro, eles sequer ouviram os argumentos de Estêvão e não os contestaram mediante a Lei. Simplesmente taparam os ouvidos e violentamente o conduziram para fora da cidade. 

A apostasia e dureza de coração daqueles homens chegou a um grau tão avançado, que eles perderam completamente a racionalidade. Conforme falamos no tópico anterior, eles ignoraram os milagres realizados por Estêvão, que mostravam claramente que Deus estava com ele. Em segundo lugar, desprezaram a brilhante exposição das Escrituras, feita na sabedoria do Espírito Santo, que eles não conseguiram contrapor. Por último, ignoraram o fato de o rosto de Estêvão brilhar como o rosto de um anjo, como acontecera com Moisés, a quem eles diziam prestigiar. Estes três fatos, no mínimo, deveria tê-los levado à reflexão, como fez Gamaliel, em relação aos apóstolos: “Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens. Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.” (At 5.35, 38,39). 

Se os opositores de Estêvão tivessem adotado esta cautela, não teriam cometido tamanha injustiça e brutalidade contra o servo do Senhor, pois estava claro que aquela obra era de Deus. Entre os assassinos estava o jovem Saulo de Tarso, que é mencionado pela primeira vez na Bíblia neste triste episódio. Saulo era um fariseu, doutor da Lei e foi aluno de Gamaliel. Certamente ele conhecia a postura adotada por seu mestre no passado. Mesmo assim, possuído pelo ódio aos cristãos consentiu nesta execução violenta, mediante testemunhas falsas e um julgamento ilegal.  

Saulo conhecia tanto a Lei mosaica, quanto o direito romano, pois era doutor da lei e cidadão romano. Mesmo assim, apoiou aquela atrocidade. Depois disso, ainda empreendeu uma caçada violenta aos cristãos em Jerusalém, arrastando homens e mulheres pelas ruas e os conduzindo à prisão. Até que, em uma destas empreitadas, ele teve um encontro com o Senhor Jesus no caminho de Damasco e foi transformado por Ele. A partir daí, passou a ser perseguido. A morte de Estêvão deixou marcas profundas na consciência do jovem Saulo e, anos mais tarde, ele lembrou disso com profunda tristeza, no discurso em sua defesa, após a sua prisão (At 22.20).

3. O perdão no martírio. Estêvao foi um imitador de Cristo, tanto em sua vida, como na morte. Durante a sua vida, Estêvão foi cheio do Espírito Santo, de sabedoria, de fé e poder. Fazia sinais e prodígios e pregou ousadamente o Evangelho. Enfrentou corajosamente as autoridades religiosas, denunciando tanto a perseguição dos seus pais aos profetas, como a dos filhos que crucificaram a Jesus. Jesus também foi cheio do Espírito Santo, de sabedoria e poder, fez muitos milagres e enfrentou os escribas e fariseus muitas vezes, a ponto deles o odiarem. 

Em sua morte, Estêvão também imitou o seu Mestre. Primeiro, ele não cometeu crime algum e foi levado para o matadouro como uma ovelha, sem reclamar. Estêvão apenas pregou a Palavra de Deus e em momento algum procurou se defender, revidar ou proferir palavras de vingança. Segundo, assim como fizera Jesus em sua morte, Estêvão pediu ao Senhor Jesus que perdoasse aos seus algozes por aquele pecado. Por último, Estêvão repetiu o ato do Senhor Jesus na cruz, que entregou o seu espírito ao Pai, dizendo: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito". Alguns estudiosos dizem também que Estêvão foi apedrejado no mesmo lugar, onde Jesus foi crucificado, no Monte Gólgota, conhecido como "Lugar da Caveira" (Calvário em latim). 

O Salmo 116 diz: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (SI 116.15). Isto não significa que Deus tem prazer em nossa morte, significa que a morte para os salvos é uma vitória. O apóstolo Paulo escrevendo aos Filipenses disse: "Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro". (Fp 1.21). Aos Coríntios, Paulo escreveu: "O último inimigo a ser vencido é a morte". (1 Co 15.26). Um crente cheio do Espírito Santo, que tem certeza da sua salvação, está pronto para morrer pelo Evangelho, pois sabe que a morte, nesse caso, é uma vitória e uma partida para estar com o Senhor e é "incomparavelmente melhor". (Fp 1.26). 

REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 666.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento Atos. Volume 1. Editora Cultura Cristã. pág. 394-396.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Estevão, o primeiro apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 665-666.

LOPES, Hernandes Dias. Atos, a ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pág. 164.


07 fevereiro 2023

O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO


(Comentário do 1º tópico da Lição 07: Estevão – Um Mártir Avivado)

EV. WELIANO PIRES


Neste primeiro tópico da lição, estudaremos o testemunho de Estêvão, que foi usado por Deus, de forma eloquente e fervorosa, realizando milagres entre o povo, na cidade de Jerusalém. A sua pregação, no entanto, despertou a inveja dos adversários do Cristianismo e de forma covarde, subornaram homens ímpios para acusá-lo falsamente de blasfêmia contra Moisés e contra Deus. Estêvão não se intimidou ante a fúria dos acusadores e direcionou a sua pregação contra as autoridades religiosas de Israel, acusando-os pela traição e assassinato de Jesus. 

1. Estêvão usado por Deus. Não temos maiores informações sobre a pessoa e a origem de Estêvão. O seu nome em grego é "Stéphanos" e significa “coroa”. Estevão falava fluentemente o grego e era um judeu dos chamados "helenistas", ou seja judeus que viviam fora da terra de Israel e falavam grego. Nada sabemos também sobre a sua conversão ao Cristianismo. Há uma tradição antiga que diz que ele fez parte dos setenta discípulos enviados por Jesus, mas não temos nenhuma comprovação disso. 

Estevão aparece pela primeira vez na Bíblia na ocasião da escolha dos sete diáconos, no capítulo 6 do livro de Atos dos Apóstolos. Houve uma espécie de discriminação entre cristãos que cuidavam da assistência social às viúvas, dando preferência às viúvas dos judeus da Palestina. Os cristãos de fala grega foram reclamar disso com os apóstolos. Os apóstolos se reuniram e disseram que não seria correto eles deixarem a exposição bíblica e a oração para cuidar da assistência social. Resolveram, então, que a Igreja escolhesse sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para executarem este trabalho. 

O primeiro desta lista foi Estevão e na referência a ele, Lucas destaca que ele era “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (At 6.5). Mais adiante, Lucas diz: “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (6.8). Dos sete diáconos, só temos informações na bíblica sobre os trabalhos realizados por Filipe e Estevão. O ministério evangelístico de Filipe foi em Samaria e está registrado em Atos 8. Estevão, por sua vez, foi o primeiro mártir [proto mártir] e também o primeiro apologista da Igreja Cristã. Ou seja, ele foi executado pela causa que defendia (mártir) e fez o mais longo discurso de defesa de Jesus registrado no Novo Testamento (apologia). Depois dele vieram outros mártires e apologistas, mas ele foi o primeiro. 

Alguém poderia perguntar: Jesus não foi o primeiro mártir?  A resposta é não, pois embora Jesus também tenha sido cruelmente executado, Ele não morreu por defender uma causa. Jesus veio a este mundo justamente para se oferecer em sacrifício perfeito a Deus, para salvar os pecadores. Ele mesmo disse: "Ninguém tira a minha vida; Eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." (Jo 10.18). 

Estevão se destacou também por fazer grandes sinais e prodígios entre o povo: "E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.” (At 6.8). A pregação de Estevão não se limitava a discursos bem elaborados e palavras persuasivas, mas consistia na demonstração do poder e sabedoria do Espírito Santo. Escrevendo sobre o ministério de Estevão, o pastor Hernandes Dias Lopes diz: "...Uma palavra que caracteriza a vida de Estêvão é cheio. Ele era um homem cheio de Deus. Sua vida não era apenas irrepreensível, mas também plena. [...] Estevão era cheio do Espírito Santo [...] cheio de fé [...], cheio de sabedoria [...], cheio de graça [...] e cheio de poder". O Pr. Ciro Sanches Zibordi também diz, em seu Livro "Estevão, o primeiro apologista do Evangelho": “Essas quatro qualidades decorriam de sua comunhão com o Espírito Santo e devem ser interpretadas como “manifestações particulares que o Espírito concede”.

2. Uma covarde oposição. O discurso ousado de Estevão causou grande inveja e despertou a fúria dos seus opositores. Entretanto, eles não tinham como contestá-lo honestamente. A sua vida era irrepreensível, pois ele era um homem de Deus, que tinha boa reputação e bom testemunho de todos. O seu discurso também era irrefutável, do ponto de vista teológico, pois Estevão era um hábil expositor das Escrituras e falava com a sabedoria que o Espírito Santo lhe concedia. Por último, os sinais e prodígios que ele realizava publicamente entre o povo, no poder do Espírito Santo, também eram inegáveis. 

Restou aos opositores de Estevão apelarem para a desonestidade, covardia e violência. Tentaram argumentar com Estevão dentro da Lei, mas foram vendidos, pois ele provava pelas Escrituras que estava correto. Não podiam acusá-lo de pecado ou blasfêmia, pois ele tinha uma conduta exemplar. Também não podiam acusá-lo de charlatanismo, pois os milagres eram públicos com muitas testemunhas. De forma vergonhosa, leviana e criminosa, eles contrataram falsas testemunhas para acusar Estevão de ter blasfemado contra Deus, contra Moisés e contra o templo (At 6.12). Com estas falsas acusações, eles incitaram o povo contra Estevão e o levaram ao Sinédrio, um tribunal religioso judaico, para ser interrogado pelo sumo sacerdote, que presidia aquele órgão. 

Diante das autoridades judaicas, Estevão reafirmou a sua defesa do Evangelho, com argumentos bem fundamentados nas Escrituras. Eles não tiveram a mínima chance de confrontá-lo teologicamente, pois o Espírito Santo falava através dele. No momento em que Estevão falava para uma plateia cheia de ódio contra ele, o seu rosto brilhava como o rosto de um anjo, assim com aconteceu com Moisés, quando desceu do Monte. Mais uma razão para eles se conscientizarem de que Deus aprovava o que Estevão estava falando. Mas eles estavam em um estágio de apostasia tão avançado que rangiam os dentes de ódio contra Estevão e ignoravam as evidências.  

Em outras ocasiões, o inimigo usou a mesma tática da covardia, mentiras e desonestidade contra servos de Deus. A mulher de Potifar, usou a falsa acusação para se vingar de José, por ter se recusado a cometer adultério com ela (Gn 39.7-20). Jezabel usou a falsa acusação de blasfêmia contra Nabote, para forçar o seu assassinato, por ter se recusado a vender a herança dos seus pais ao rei Acabe (1 Rs 21.7-12). Temos também o caso de Daniel, que os opositores buscavam ocasião para acusá-lo diante do rei, mas não encontraram. Então, resolveram criar uma lei absurda, para acusá-lo de deslealdade ao rei (Dn 6). Contra Jesus também os seus algozes inventaram várias acusações como a de que Ele queria ser rei e de que havia blasfemado, para condená-lo à morte. Em vários textos, a Bíblia diz que eles buscavam ocasião para condená-lo à morte. 

3. A fúria dos acusadores. Os opositores de Estêvão, que debateram com ele e não conseguiram vencê-lo, levaram-no ao Sinédrio e fizeram acusações gravíssimas dele, diante do sumo sacerdote. Ao ouvir as acusações o sumo sacerdote perguntou a Estêvão: “Porventura é isto assim?” (At 7.1). Estêvão manteve-se sereno e iniciou a sua defesa, chamando os seus ouvintes de “varões, irmãos e pais”. Em seguida fez uma brilhante exposição bíblica da história de Israel, começando com a chamada de Abrão, em Ur dos Caldeus. Falou da aliança da circuncisão, de Isaque, Jacó e José. Discorrer sobre a mudança dos descendentes de Jacó para o Egito, até que chegou em Moisés. Falou do nascimento de Moisés, do assassinato do egípcio, da sua fuga para Midiã e do manifestação de Deus a ele do meio da sarça ardente. 

Estêvão, como um bom pregador que conhece a Palavra de Deus, falou de todo o processo da libertação de Israel da escravidão do Egito, fazendo uma síntese, até chegar na profecia messiânica de Moisés, no Livro de Deuteronômio: “O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis.” (At 7.37; Dt 18.15). Depois falou da conquista da terra prometida por Josué e citou resumidamente a construção do templo por Salomão. 

Na sequência, Estêvão mudou o foco da sua pregação e passou a denunciar a idolatria e apostasia de Israel, ao longo da sua história e confrontou os membros do Sinédrio, acusando-os de serem rebeldes como os seus pais e assassinos de Jesus, da mesma forma que os seus pais também perseguiram e mataram os profetas: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes. E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.” (At 7.51-54).

A expressão “dura cerviz” é usada em sentido figurado para se referir à teimosia e insubordinação do povo de Israel a Deus. A cerviz é a parte posterior do pescoço, que chamamos de nuca. Dura cerviz, em sentido literal era uma referência aos bois que faziam força e se debatiam, recusando-se a ser conduzido pelo cabresto do seu dono. Da mesma forma que um boi rebelde, aqueles homens, em vez se humilharem e se arrependerem, diante da exposição da Palavra de Deus e confronto com os seus pecados, rangeram os dentes de ódio contra Estêvão e, com violência o retiraram da cidade, para o matarem. 

Aquele julgamento era completamente ilegal, pois o Sinédrio não tinha poder para condenar ninguém à morte. O Sinédrio poderia até ouvir o acusado e as testemunhas, mas, precisavam do aval do Império romano para condenar alguém à morte. Além disso, as testemunhas eram falsas e Estêvão não teve direito à defesa. Ele mesmo o seu discurso em sua defesa, mas não houve contraponto ao discurso. Simplesmente, o levaram para a execução, sem que tivesse sido condenado. Entretanto, aquele servo de Deus odiado e martirizado na terra, recebia a aprovação do Céu, como veremos no próximo tópico. 

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Estevão, O primeiro apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pág. 142-143.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 665.


O PROPÓSITO DE JESUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 07: Eu sou a ressurreição e a vida). Ev. WELIANO PIRES  No primeiro tópico, falaremos do propósito de Jesu...