01 setembro 2022

A DOUTRINA BÍBLICA DO DÍZIMO SOB ATAQUE

(Comentário do 2º tópico da Lição 10: A sutileza contra a prática da mordomia cristã)

No tópico anterior falamos sobre aqueles que praticam dízimos e ofertas, por motivações erradas, querendo barganhar com Deus. Para isso, usam as contribuições como moeda de troca, para "obrigar" Deus a prosperá-los financeiramente, ou como prática legalista, a fim de serem aceitos por Deus e alcançar méritos diante dele. 


Neste segundo tópico falaremos sobre os que combatem a doutrina do dízimo. Estes inventam várias desculpas esfarrapadas para não dizimar. As mais usadas são de que o dízimo era uma prática da Lei e, portanto, não se aplica à Nova Aliança; e que o dízimo é uma contribuição imposta, que se contrapõe à liberdade cristã. Outros dizem ainda que o dízimo era apenas doação de alimentos para o sustento dos necessitados. Veremos neste tópico que estas alegações não se sustentam à luz da Bíblia. 


1- O dízimo era uma prática da lei. Os críticos do dízimo alegam que esta prática fazia parte da Lei de Moisés e, portanto, não deve ser praticada pela Igreja. Entretanto, a prática do dízimo é anterior à lei. A primeira referência bíblica ao dízimo na Bíblia, refere-se aos dias do patriarca Abraão. Em Gênesis 14.20 lemos que Abraão pagou a Melquisedeque, o dízimo de tudo.  Neste caso, não foi do produto da terra nem dos rebanhos, e sim do despojo da guerra, costume também observado nos tempos antigos: “Porquanto, esse Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando este voltava, depois de haver derrotado os reis, e o abençoou; para o qual também Abraão entregou o dízimo de tudo; em primeiro lugar, seu nome quer dizer “Rei de Justiça”; em segundo lugar, “Rei de Salém”, que significa, “Rei da Paz” (Hb 7.1,2). Melquisedeque, era rei de Salém, que depois se tornou Jerusalém e era também sacerdote do Deus Altíssimo (Heb. Elyom). Na Epístola aos Hebreus, vemos que Melquisedeque era um tipo de Cristo, pois Cristo é Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10; 7.3). Portanto, se a ordem é a mesma, os deveres e privilégios continuam também os mesmos e isto inclui o dízimo. 


Encontramos ainda, no período anterior à Lei Mosaica, o patriarca Jacó, oferecendo dízimos a Deus, como forma de gratidão, pela proteção no retorno à casa dos seus pais (Gn 28.18-22). Isso nos leva a crer que mesmo antes da lei se praticava o dízimo, de forma voluntária, como forma de agradecer a Deus. Caim e Abel também ofereceram a Deus os primeiros frutos do seu trabalho. Caim ofereceu os frutos da sua lavoura e Abel ofereceu os primogênitos das ovelhas (Gn 4.3,4). No texto bíblico o sacrifício dos filhos de Adão é chamado de oferta, mas o princípio é o mesmo do dízimo: oferecer a Deus voluntariamente, uma proporção daquilo que Ele nos deu. 


2- O dízimo como contribuição imposta. Outra alegação dos críticos do dízimo é que ele não aparece como mandamento para a Igreja, no Novo Testamento e isto é verdade. Não encontramos no Novo Testamento, um mandamento expresso para a Igreja praticar o dízimo, sob pena de maldição, como há no Antigo Testamento. Jesus não mandou explicitamente dar o dízimo. Mas Ele disse que DEVEMOS dizimar, sem omitir as coisas mais importantes da lei, que são a justiça, a misericórdia e a fé. (Mt 23.23). 


Nas Epístolas também não há um mandamento para a Igreja dizimar. Entretanto há os mesmos mesmos princípios e finalidades dos dízimos do Antigo Testamento para a Igreja cumprir: Entretanto, as razões que fundamentam a existência do dízimo na Antiga Aliança, estão presentes no Novo Testamento. Vejamos as finalidades do dízimo no Antigo Testamento: 

  • O dízimo era uma forma de agradecer a Deus, pois tudo vem dele (Jó 41.11; Sl 24.1).

  • O dízimo também servia para sustentar o templo e cobrir as despesas com mantimento e reformas (Ml 3.10);

  • O dízimo servia para sustentar os sacerdotes e levitas (Nm 18.21-24).

  • O dízimo servia para ajudar aos necessitados. (Dt 14.28,29). 


Estes mesmos princípios e finalidades dos dízimos do Antigo Testamento, também estão presentes na missão da Igreja:

  • Os obreiros devem ser assalariados (Lc 10.5-7; 1 Co 9.14; Gl 6.6; 1 Tm 5.17,18).

  • A Igreja deve fazer missões e suprir os gastos da obra. (1 Co 9.12,13)

  • A Igreja deve ajudar os necessitados. (At 4.34; At 11.29);

  • Cada uma deve contribuir de acordo com a sua renda (1 Co 16.2).


Não há como a Igreja cumprir estas coisas se não houver contribuições. Há pessoas que acham que não precisa dizimar, apenas ofertar. Mas, ao longo da história da Igreja foi adotado o dízimo como forma de manter a Igreja funcionando, nos mesmos padrões do dízimo no Antigo Testamento. Tudo o que temos na Igreja foi adquirido com dízimos e ofertas. Se temos que fazer campanhas para comprar algumas coisas e construir templos, é porque o número de dizimistas ainda é pequeno. Eu já fui tesoureiro da Igreja e sei que muitos crentes não dizimam, inclusive obreiros. Se todos os crentes dizimassem a Igreja não teria tantas dificuldades financeiras. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Tempo, bens e talentos: Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. 1 Ed 2019. Editora CPAD. pag. 60-61.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 115.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pag. 87.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios: Como resolver conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 175-176.

MORRIS, Leon L. I Coríntios. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 108.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pág. 144.


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Pb. Weliano Pires

31 agosto 2022

CONHECENDO O EVANGELHO DA BARGANHA


(Comentário do 1º tópico da Lição 10: A sutileza contra a prática da mordomia cristã)


Neste primeiro tópico falaremos sobre o falso ensino do "evangelho da barganha". Este ensino está contido na famigerada teologia da prosperidade, que atrela a fé cristã à prosperidade financeira, à saúde física e ao bem estar do cristão neste mundo. Segundo os adeptos da teologia da prosperidade, as riquezas são sinônimo da benção de Deus e a pobreza, por sua vez, é sinônimo de maldição, pecado ou falta de fé. Nessa perspectiva, os dízimos e ofertas são vistos como moeda de troca e uma obrigação legal a ser cumprida pelo cristão, como forma de obrigar Deus a prosperá-lo financeiramente. 


1- Dízimos e ofertas como moeda de troca. Na atualidade, muitas Igrejas Evangélicas, especialmente as neopentecostais e pentecostais, têm sido contaminadas pelo "triunfalismo" e pela chamada "teologia da prosperidade". Por causa dessa influência, muitos vão aos templos, não para adorar a Deus e fazer a sua obra, mas para "serem servidos por Deus". Partindo deste pressuposto, dizem que o crente deve simplesmente "determinar", "profetizar" ou "exigir" que as coisas aconteçam, pois, segundo os pregadores da prosperidade, "as nossas palavras têm poder". 


Estas e outras aberrações foram criadas pela chamada teologia da prosperidade, ou Movimento da fé. Este movimento teve origem nos Estados Unidos, através de um pastor americano chamado Essek William Kenyon. Kenyon se converteu aos 17 anos, em uma Igreja Metodista. Depois de alguns anos, afastou-se da Igreja, tornando-se agnóstico. Após casar-se, passou a congregar em uma Igreja Batista, sendo ordenado pastor em 1894. Teve programas de televisão e atuou como evangelista itinerante. Ao estudar na Faculdade Emerson de Oratória, deparou-se com o novo pensamento do hipnotizador e curandeiro, Finéias Park Hust Quimby (1806-1866), um conhecido guru da seita Ciência da Mente ou Ciência Cristã, que fora fundada por Mary Baker Eddy. Kenyon foi profundamente influenciado por esses ensinos, que negam a existência do pecado e das doenças. 


As idéias de Kenyon foram abraçadas e divulgadas pelo pastor americano Kenneth Hagin, o qual nasceu com problemas do coração, ficando inválido por quinze anos. Após ser curado pelo Senhor, passou a afirmar que o crente não pode ficar doente. Os ensinos de Hagin foram publicados em livros e chegaram ao Brasil, com as chamadas Igrejas Neopentecostais, no início da década de 70. Os principais expositores dessas doutrinas foram Edir Macedo, que depois fundou a Igreja Universal do Reino de Deus, e Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido como Missionário R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus. Entretanto, há muitas outras Igrejas neopentecostais e até pentecostais, que seguem essas doutrinas.


Apesar da teologia da prosperidade, como nós a conhecemos hoje, ser relativamente nova, a idéia de retribuição da fidelidade a Deus com prosperidade financeira e de barganhar com Deus, não é nova. Os "amigos de Jó", já defendiam estes pressupostos. Bildade, acreditava que se Jó estava sofrendo e havia perdido todos os seus bens, certamente havia pecado contra Deus (Jó 8.8,9). O salmista Asafe, no Salmo 73, conta que quase se desviou, ao ver a prosperidade dos ímpios (Sl 73.1-10). Provavelmente, ele também associava a prosperidade financeira à fidelidade a Deus e, por isso, sentiu-se frustrado ao ver os ímpios prosperando e ele não. 


Se observarmos honestamente, perceberemos que as pessoas mais ricas do Brasil e do mundo não servem a Deus. Por outro lado, há muitas pessoas fiéis a Deus, inclusive nas contribuições que vivem na pobreza. Isso nos mostra que ninguém deve ser julgado pelo que tem e sim pelo que é (Mt 5.16; 1 Tm 5.25; Tg 1.26,27). Os dízimos e ofertas ao Senhor devem ser fruto da nossa gratidão a Deus e reconhecimento da Sua Soberania. Jamais podem ser usados como moeda de troca, para exigir ou obrigar o Criador e Senhor de todas as coisas a nos dar alguma coisa. 


2- Dízimos e ofertas como práticas legalistas. Outro ponto de vista equivocado sobre dízimos e ofertas, que também é uma espécie de barganha com Deus, é praticá-los como legalismo, como faziam os fariseus. O legalismo consiste no cumprimento de regras como forma de ser aceito por Deus, ou de obter benefícios. Normalmente, o legalista não se contenta em cumprir as regras estabelecidas por Deus, mas, ele mesmo cria meios de se autojustificar. Os fariseus se vangloriavam de dar o dízimo das mínimas coisas, como o cominho e o endro, mas, ignoravam outros preceitos importantes em favor do próximo, como a justiça, a misericórdia e a fé (Mt 23.23). 


A prática dos dízimos e ofertas como legalismo anulam a Graça de Deus, pois pressupõe que as bençãos de Deus podem ser compradas, ou que o ser humano pode ser aceito por Deus por seus próprios méritos. O que nos justifica diante de Deus é única e exclusivamente a fé em Cristo (Rm 5.1,2). Na Idade Média, a Igreja Católica inventou as chamadas indulgências, que eram perdão de pecados concedidos pela Igreja. Com base nisso, empreendeu uma campanha para arrecadar fundos para construir a Basílica de São Pedro, vendendo indulgências, com a promessa de livrar as almas dos entes queridos falecidos do tormento do Purgatório. Estas e outras práticas deram origem à Reforma Protestante no Século XVI, liderada por Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio e João Calvino. 

Atualmente, em muitas Igrejas, que se dizem evangélicas, a história se repete. Prometem prosperidade aos que contribuem e compram objetos supostamente ungidos e maldição aos que não contribuem, ou não compram tais objetos. Ora, as contribuições do crente à obra de Deus devem ser feitas voluntariamente, com alegria e gratidão ao Senhor, por aquilo que Ele nos deu e pelo desejo de ver a sua obra crescer. Evidentemente, Deus não é injusto e promete recompensa àqueles que contribuem com a sua obra e ajudam os necessitados. Mas, isso nunca pode ser a nossa motivação para contribuir. Dizimar e ofertar, pensando em ser recompensado ou justificado por Deus é coisa de mercenário. 


REFERÊNCIAS: 

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia. Editora CPAD. 1 Ed. 2011. pág. 151-154.

DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pág. 189-190.

RENOVATO, Elinaldo. Tempo, bens e talentos: Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. 1 Ed 2019. Editora CPAD. pag. 13-15.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 359.

PIERATT. Alan B. O evangelho da PROSPERIDADE. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. 1 Ed 1993.


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Pb. Weliano Pires

30 agosto 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: A SUTILEZA DOS ATAQUES À PRÁTICA DA MORDOMIA CRISTÃ


Esta lição está diretamente ligada à lição anterior, onde falamos sobre o movimento dos desigrejados, pois, este movimento ataca tanto a institucionalização da Igreja, quanto a existência de liderança e de contribuições financeiras. Vivemos em um mundo extremamente materialista, onde a avareza e a valorização do "ter", em detrimento do "ser", tem sido cada vez maior. Isso tem afetado também a Igreja. 


Por causa deste materialismo predominante no mundo, muitas pessoas vem à Igreja não com o intuito de servir a Deus, mas a fim de barganhar com Deus. O falso evangelho da barganha ensina que Jesus, ao morrer na Cruz, conquistou "direitos" para o crente, cabendo a este agora reivindicar estes supostos direitos e "tomar posse daquilo que é seu." Partindo deste pressuposto, essas pessoas oferecem os seus dízimos, ofertas e votos na Igreja, não por gratidão a Deus ou para ver a obra de Deus crescer. As suas contribuições são vistas como "investimentos" que "obriga" Deus a multiplicar os seus bens. 


Do ponto de vista bíblico, os dízimos e ofertas não são instrumentos de barganha com Deus. Também não é uma prática legalista para a salvação, pois ninguém será salvo pelas obras e sim, pela graça de Deus, mediante a fé. Se por um lado, há os que tentam barganhar com Deus, através das suas contribuições, há também os que atacam a prática do dízimo, alegando que era uma prática da Lei mosaica e, portanto, não se aplica à Igreja. Entretanto, vemos na Bíblia que o dízimo é anterior à lei e que há os mesmos mesmos princípios e finalidades dos dízimos do Antigo Testamento para a Igreja cumprir, como o sustento dos obreiros, a ajuda aos necessitados e as despesas com a obra do Senhor. Tudo o que a Igreja possui hoje, foi adquirido com os dízimos e ofertas dos fiéis. 


Por isso, nesta lição falaremos sobre a doutrina bíblica da Mordomia Cristã. A palavra mordomia, com o passar dos anos, perdeu o seu sentido original. Quando se fala em mordomia, as pessoas entendem que é viver no conforto e ter regalias. Entretanto, nos tempos bíblicos, mordomo era um servo de confiança do patrão, que era responsável pelo abastecimento da casa ou fazenda. A base da doutrina bíblica da mordomia cristã, está no fato de que não somos donos de nada, somos apenas administradores dos bens que Deus nos concede e deles prestaremos contas. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 359.

RENOVATO, Elinaldo. Tempo, bens e talentos: Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. 1 Ed 2019. Editora CPAD. pag. 13-15.


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Pb. Weliano Pires

26 agosto 2022

A IMPORTÂNCIA E A NECESSIDADE DA IGREJA


(COMENTÁRIO DO 3⁰ TÓPICO DA LIÇÃO 9: A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS).

Estudamos nos tópicos anteriores, as idéias e as práticas dos desigrejados e as devidas contestações a este modelo, com base nos ensinos e práticas da Igreja do Novo Testamento. Neste terceiro e último tópico apresentaremos a importância e a necessidade da Igreja. Para isso, o comentarista mostra dois aspectos muito importantes da Igreja, que revelam que ela é indispensável ao crente. Falaremos da Igreja como a família de Deus e como uma agência do Reino de Deus na terra, que testemunha do Evangelho para o mundo.  


1- A Igreja como família de Deus. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios disse que a Igreja é a família de Deus (Ef 2.19). Todos os salvos em Cristo se tornam filhos de Deus por adoção (Jo 1.12). Logo se tornam irmãos uns dos outros. É na Igreja local que vivemos na prática esta irmandade. No Livro de Atos vemos como a Igreja vivia unida como uma grande família. Estavam sempre juntos, partiam o pão e comiam juntos e socorriam os necessitados que havia entre eles. Os irmãos perseveravam unânimes todos os dias no templo e nas casas, com alegria e singeleza de coração. (At 2. 42-47). Que ambiente maravilhoso é a família de Deus!


Em uma família, os seus membros se reúnem, se confraternizam e ajudam uns aos outros. Mas toda família precisa ter regras e liderança. A Igreja local também é responsável por cumprir as ordenanças do Senhor Jesus à sua Igreja, que são o batismo em águas e a Ceia do Senhor. Como alguém iria cumprir estas ordenanças bíblicas, se não houver uma organização local e uma liderança eclesiástica, como querem os desigrejados?


2- A Igreja como testemunha da salvação. A Igreja local também funciona como uma agência do Reino de Deus em um bairro ou cidade. Nela acontecem os cultos para pregação do Evangelho, ensino da Palavra de Deus, palestras, louvores, etc. Tudo isso é benéfico para a vida espiritual do crente e para a evangelização dos perdidos. Além disso, os templos proporcionam um local adequado e confortável para cultuar a Deus, sem perturbar a vizinhança. Infelizmente, ainda não temos condições de construir todos os nossos templos com todas as instalações necessárias, porque nem todos contribuem. 


Jesus instituiu a sua Igreja como uma missão tríplice: adorar a Deus, evangelizar o mundo e edificar a fé dos crentes. Portanto, a Igreja tem a responsabilidade diante de Deus de cumprir esta missão. Cada um de nós, individualmente, é um membro do corpo de Cristo que é a Igreja, e juntos cumpriremos a missão tríplice que o Senhor nos confiou. Assim como acontece no corpo humano, cada membro tem a sua função em particular, mas todos contribuem para o funcionamento do corpo. Entretanto, nenhum membro sobrevive sem o corpo. 


REFERÊNCIAS:

LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro Com os pés no vale e o coração no céu. Editora Hagnos. pag. 74.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 118.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pág. 714.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10ª. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.554).


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Pb. Weliano Pires

24 agosto 2022

A NATUREZA DA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA


Comentário do 2º tópico da Lição 09: A sutileza do movimento dos desigrejados. 

Conforme vimos no tópico anterior, os desigrejados tem uma postura anti-institucional e anticlerical da Igreja. Não aceitam que a Igreja seja uma instituição e, consequentemente, que tenha líderes. Esta é, na verdade, uma postura anarquista, que não aceita governos, e de insubmissão. Estas duas posturas são contrárias à conduta cristã. O apóstolo Paulo recomenda a sujeição de uns aos outros (Ef 5.21); a sujeição às autoridades (Rm 13.1,2); a sujeição da esposa ao marido (Ef 5.22,23); a obediência aos pastores (Hb 13.17); etc. 


A Igreja possui duas dimensões. Ela é ao mesmo tempo um organismo formado de pessoas que servem a Deus e uma organização humana, ou uma pessoa jurídica. Sobre a questão da Igreja como uma organização, é preciso haver equilíbrio. Por um lado há aqueles que supervalorizam a organização, dando-lhe uma importância que ela não possui e construindo templos suntuosos, com o objetivo de demonstrar força. Por outro lado, há os que desprezam e combatem a organização, achando que ela é desnecessária. Os dois lados estão equivocados. A Igreja é o corpo de Cristo, formada pelo conjunto de salvos. Mas ela é também uma organização humana, que se organiza como Igreja local e tem as suas instalações, regras e lideranças. 


Mas, o mesmo Jesus deu à Sua Igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores, visando o aperfeiçoamento dos santos e sua edificação (Ef 4.11,12). Nesse sentido, a Igreja é uma organização, que necessita de administração, líderes, instalações e regras para o seu funcionamento. 


1- Um organismo. A palavra Igreja no grego é “Ekkesia” que vem de dois vocábulos gregos “Ek” (fora) e “kaleo” (Eleitos, chamados). Portanto, significa um grupo de pessoas chamadas para fora. A Igreja foi fundada por Jesus, como um organismo vivo e, nesse sentido, ela é formada por todos os salvos que nasceram de novo e liderada por Ele e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). Como um organismo, a Igreja de Jesus é única. A Igreja como um organismo não possui CNPJ, endereço, estatuto, líderes humanos, ou espaço físico. Ela é formada por todos os salvos de qualquer denominação, lugar ou época. Como organismo, a Igreja é representada como o corpo de Cristo, sendo Ele próprio a cabeça (I Co 12.27; Ef 4.12). Assim como um corpo não sobrevive sem a cabeça e é guiado pelo cérebro, assim também é a Igreja. Cristo é a sua cabeça e a governa. Sem Cristo, a Igreja não sobrevive. 


2- Uma organização. Os desigrejados querem que a Igreja seja apenas um organismo, nos moldes em que vimos acima. Entretanto, do ponto de vista do Novo Testamento, podemos perceber claramente, que a Igreja é também uma organização, formada por pessoas diferentes, que formavam uma comunidade local para adorar a Deus e pregar o Evangelho. A Igreja Primitiva começou em Jerusalém, sob a liderança dos apóstolos. Os mais proeminentes entre eles, eram Pedro e João (At 8.14; Gl 2.7). Depois, Tiago, o irmão do Senhor, exerceu papel importante na liderança da Igreja em Jerusalém, dirigindo, inclusive, o primeiro concílio da Igreja (At 15. 13).


Nas Igrejas fundadas por Paulo também havia lideranças estabelecidas, como vimos no tópico anterior. Em todas estas comunidades havia presbíteros e diáconos. Havia também a doutrina dos apóstolos (At 2.42-47); autoridades na Igreja para julgar as causas entre os irmãos (I Co 6.5); Presbíteros que lideravam as Igrejas locais (I Ts 5.12; I Tm 5.17; Tt 1.5). O mesmo acontecia nas Igrejas da Ásia, onde cada uma tinha o seu líder, que recebeu a respectiva carta do Senhor Jesus, através de João. 


Evidentemente, a organização da Igreja dos tempos bíblicos era diferente do que é hoje, como todas as organizações sociais o são. Naquela época, não existia democracia ou estado de direito. O mundo em que os apóstolos viviam era dominado pelo império romano que era extremamente hostil ao Cristianismo. As religiões pagãs tinham os seus templos e sacerdotes, porque tinham autorização do império romano para existir. Muitas delas tinham vários séculos de existência. O Judaísmo tinha sinagogas em várias cidades do império romano, onde as suas comunidades se reuniam para ouvir o ensino da Lei e fazer suas orações. 


O Cristianismo nos seus primórdios era considerado como parte do Judaísmo pelos romanos e era odiado pelos judeus. Depois passou a ser visto como uma sociedade secreta e com desconfiança pelo Império romano, sendo visto como uma ameaça, principalmente pela recusa de oferecer culto ao imperador. A partir daí, passou a ser duramente perseguido pelos romanos, principalmente, após o imperador Nero incendiar Roma e colocar a culpa nos cristãos. Durante o seu governo, muitos cristãos foram crucificados, decapitados, jogados às feras famintas e queimados vivos. Não dá para imaginar, que em um ambiente assim, seria possível os cristãos terem templos para se reunir. Eles viviam na clandestinidade, podendo ser presos ou mortos a qualquer momento. Além disso, tinham poucas condições financeiras e esperavam que Jesus voltaria naqueles dias. 


REFERÊNCIAS: 

LOPES, Hernandes Dias. EFÉSIOS Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 44.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 550.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 194.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios Como Resolver Conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 231-233.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pag. 611.


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Pb. Weliano Pires

23 agosto 2022

VISÃO E PRÁTICA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS

COMENTÁRIO DO 1⁰ TÓPICO DA LIÇÃO 9: A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS.

A palavra "desigrejado" é uma referência a pessoas que se dizem cristãs, mas não estão vinculadas a nenhuma denominação evangélica. De acordo com IBGE, mais de quatro milhões de brasileiros se declaram desigrejados, ou evangélicos sem vínculo institucional. Esta cifra é do censo de 2010. Hoje, o número deve ser muito maior. Este fenômeno é uma tendência mundial e não apenas do Brasil.


1- Um ensino anti-institucional. Os desigrejados adotam uma postura absolutamente anti-institucional. Por isso, criticam as construções de templos, as contribuições à Igreja e a existência de regras, credos e de pastores. Segundo eles, a Igreja Primitiva não possuía templos.  A Igreja nos primeiros séculos, realmente, não possuía templos, pois, vivia sob intensa perseguição tanto dos judeus quanto do Império romano. Também não era uma pessoa jurídica, porque naquela época não existiam instituições formais como hoje. Entretanto, isso não significa que não era uma organização.

 

As construções de templos surgiram depois que cessou a perseguição do Império romano contra o Cristianismo. Do ponto de vista bíblico, não há nenhum impedimento para que a Igreja construa um local para a adoração coletiva, para o ensino da Palavra de Deus e reuniões da Igreja. O próprio Jesus sempre frequentou o templo e as sinagogas, participando da adoração e leitura das Escrituras (Lc 4.16). Os apóstolos Pedro e João frequentavam o templo para orar (At 3.1). Paulo e Barnabé também frequentavam sinagogas para pregar o Evangelho (At 13.25). 


Na atualidade, a construção de templos para o funcionamento das atividades da Igreja, é uma necessidade e também um conforto para os fiéis. Não se pode fazer cultos nas casas ou nas ruas como se fazia antigamente. O estado exige que as Igrejas tenham alvará de funcionamento, CNPJ e instalações adequadas para o seu funcionamento. Evidentemente, nas cidades pequenas e periferias nem sempre estas regras são obedecidas.


2- Um ensino anticlerical. Os desigrejados também adotam uma postura completamente anticlerical, ou seja, não aceitam nenhum tipo de liderança, credos, ou regras na Igreja. Segundo este movimento, a Igreja Primitiva não possuía estrutura hierárquica. Mas isso não é verdade. A Igreja Primitiva tinha a sua liderança formada por apóstolos, profetas, evangelistas, presbíteros, diáconos, pastores e mestres (Ef 4.11; At 6.1-6; At 14.23). Tinha o seu código doutrinário (At 2.42-47) e disciplinar (1 Pe 3.5,6; 2 Ts 3.6). Atualmente, uma Igreja para funcionar precisa ter CNPJ e alvará de funcionamento. Para isso, precisa ter o seu estatuto e os responsáveis pela administração da Igreja.


Os desigrejados, na verdade, são insubmissos e anarquistas. Estas duas posturas são contrárias às Escrituras. O próprio Jesus escolheu doze apóstolos e os constituiu como líderes da Igreja. Após a sua ressurreição e assunção aos Céus, Pedro assumiu a liderança da Igreja de Jerusalém; depois, no capítulo 6 de Atos, os apóstolos se reuniram e mandaram o povo escolher os sete diáconos. A Igreja em Jerusalém também reuniu os apóstolos e presbíteros no primeiro concílio, para debater a questão dos judaizantes (At 15.1,2,6). Tiago, o irmão de Jesus, assumiu papel importante na liderança da Igreja em Jerusalém (At 15.13). Na Igreja em Éfeso também havia um corpo de presbíteros, com quem Paulo se reuniu em Mileto, antes da sua prisão e fez-lhes um longo discurso (At 20.17-38). 


Nas Epístolas pastorais a Timóteo e a Tito, Paulo fez várias recomendações sobre as escolhas de bispos, presbíteros e diáconos, fornecendo-lhes os requisitos para o exercício destes ministérios (1 Tm 3.1-13; Tt 1-9). O escritor da Epístola aos Hebreus também recomendou a obediência aos pastores (Hb 13.17). O apóstolo Pedro, em sua primeira Epístola, no capítulo 5, recomendou aos presbíteros que "apascentassem o rebanho de Deus". (1 Pe 5.1,2). Por último, no Apocalipse, o senhor Jesus mandou João escrever uma carta a cada um dos sete líderes das Igrejas da Ásia. Então, dizer que na Igreja Primitiva não havia líderes é analfabetismo bíblico ou rebeldia mesmo. 


Reflexão: “Quem sai da igreja por causa de pessoas, nunca entrou lá por causa de Jesus.”


REFERÊNCIAS:

CAMPOS, Idauro. Desigrejados – Teoria, História e Contradições do Niilismo Eclesiástico. Editora: Eireli. 7 Ed. 2017.

TETZNER, Gerson Welmer; NERBAS, Paulo Moisés. Os desigrejados: Um estudo do fenômeno e da influência da Igreja no aumento do número de cristãos sem vínculo institucional. Editora Concórdia. pag. 22-24.

Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, editada pela CPAD, p.348.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.550.



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Pb. Weliano Pires


22 agosto 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 9: A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS


Ao longo da sua história, a Igreja Cristã teve que lidar com várias heresias e modismo que visam afastá-la dos padrões bíblicos e enfraquecer a sua força: o movimento judaizante, o gnosticismo, o arianismo, o pelagianismo, o movimento do G-12, o triunfalismo, a confissão positiva, a teologia da prosperidade, a marcação da volta de Jesus etc. Deus sempre levantou apologistas para desmascarar e combater estas distorções. 


Esta lição fala sobre um movimento nocivo que tem crescido assustadoramente, principalmente após a pandemia, que é o movimento dos desigrejados. São pessoas que se dizem cristãs, mas não estão ligadas a nenhuma Igreja. Procuram desqualificar a Igreja local e negam a sua necessidade. Os desigrejados são contrários à Igreja como organização, alegando que a Igreja Primitiva se reunia nas casas e não era institucionalizada. 


Os desigrejados criticam as construções de templos, as contribuições à Igreja e a existência de pastores. Segundo eles, a Igreja Primitiva não possuía templos. Ora, a Igreja nos primeiros séculos não possuía templos, porque vivia sob intensa perseguição tanto dos judeus quanto do Império romano. Também não era uma pessoa jurídica, porque naquela época não existiam instituições formais como hoje. Entretanto, isso não significa que não era uma organização. A Igreja tinha a sua liderança formada por apóstolos, profetas, evangelistas, presbíteros, diáconos, pastores e mestres (Ef 4.11; At 6.1-6; At 14.23). Tinha o seu código doutrinário (At 2.42-47) e disciplinar (1 Pe 3.5,6; 2 Ts 3.6). Atualmente, uma Igreja para funcionar precisa ter CNPJ e alvará de funcionamento. Para isso, precisa ter o seu estatuto e os responsáveis pela administração da Igreja.


A Igreja é a família de Deus (Ef 2.19). Em uma família, os seus membros se reúnem, se confraternizam e ajudam uns aos outros. Mas toda família precisa ter regras e liderança. A Igreja local também é responsável por cumprir as ordenanças do Senhor Jesus à sua Igreja, que são o batismo em águas e a Ceia do Senhor. Como alguém iria cumprir estas ordenanças bíblicas, se não houver uma organização local e uma liderança eclesiástica, como querem os desigrejados? 


A Igreja local também funciona como uma agência do Reino de Deus em um bairro ou cidade. Nela acontecem os cultos para pregação do Evangelho, ensino da Palavra de Deus, palestras, louvores, etc. Tudo isso é benéfico para a vida espiritual do crente e para a evangelização dos perdidos. Além disso, os templos proporcionam um local adequado e confortável para cultuar a Deus, sem perturbar a vizinhança. Infelizmente, ainda não temos condições de construir todos os nossos templos com todas as instalações necessárias, porque nem todos contribuem. 


REFERÊNCIAS:


RAYMUNDO, César Francisco. Manual do Desigrejado: Como sobreviver fora das denominações religiosas. Revista Cristã Última Chamada – Edição de 30 Junho de 2018.

TETZNER, Gerson Welmer; NERBAS, Paulo Moisés. Os desigrejados: Um estudo do fenômeno e da influência da Igreja no aumento do número de cristãos sem vínculo institucional. Editora Concórdia. pag. 22-24.

Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, CPAD, p.348.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.550.


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Pb. Weliano Pires



19 agosto 2022

MANTENDO A CHAMA PENTECOSTAL ACESA


(Comentário do 3º tópico da Lição 8)


Vimos nos tópicos anteriores, que o derramamento do Espírito está presente no Antigo Testamento, pois foi profetizado pelos profetas Isaías, Ezequiel e Joel, sendo este último específico sobre o revestimento de poder, como uma capacitação sobrenatural do Espírito para o crente fazer a Obra de Deus. Depois vimos que os dons espirituais não se restringiram aos dias apostólicos e são concedidos também para a Igreja atual. 


Neste terceiro e último tópico falaremos sobre a necessidade da Igreja manter acesa a chama pentecostal, evitando assim a frieza espiritual ou mesmo a distorção do Pentecostalismo bíblico. Falaremos sobre dois instrumentos muito importantes para manter acesa a chama do Espírito que são: a fidelidade às Escrituras e o exercício dos dons espirituais na Igreja. O apóstolo Paulo, na conclusão da primeira Epístola aos Tessalonicenses deixou várias recomendações rápidas para a Igreja. Duas delas são: Não apagueis o Espírito e não desprezeis as profecias.


1- Fidelidade às Escrituras. Muitas pessoas que se dizem pentecostais não se interessam pelo ensino bíblico, ou acham que o estudo teológico "esfria o crente". Outros tentam contrapor as duas coisas, como se o estudo bíblico fosse concorrente da manifestação do Espírito Santo. Isso é um grande equívoco, pois o verdadeiro pentecostalismo anda mundo com as Escrituras. Na Igreja de Jerusalém, após serem batizados no Espírito Santo, os crentes perseveram na "Doutrina dos apóstolos". O Movimento Pentecostal também surgiu de movimentos de santidade e de busca a Deus, que envolvia o ensino da Palavra de Deus e a oração. Foi uma reação ao liberalismo teológico, que nega a inerrância e infalibilidade das Escrituras e pende para o secularismo. 

 

A Assembleia de Deus no Brasil, desde os seus primórdios sempre foi uma Igreja que tinha como característica a dedicação à oração e ao ensino da Palavra de Deus. Não tinha institutos teológicos, porque os pastores mais antigos entendiam que o ensino deveria ser realizado pelos pastores no seio da Igreja, através dos cultos de doutrina, Escola Bíblica Dominical e Escolas Bíblicas de Obreiros. A nossa Igreja sempre foi conhecida como uma Igreja que se dedicava à Palavra de Deus. Nenhum avivamento prospera, se não houver ensino bíblico constante, para manter o padrão bíblico e evitar as distorções doutrinárias. 


2- Exercício dos dons espirituais. Conforme vimos acima, o ensino bíblico é muito importante para mantermos a chama pentecostal, nos padrões bíblicos. Entretanto, não podemos ficar apenas na teoria. O exercício dos dons espirituais mantém a Igreja viva e, portanto, devem ser buscados. Paulo escrevendo aos Coríntios disse: "Buscai com zelo os melhores dons…". (I Co 12.31). Claro que existem muitas coisas no meio pentecostal que são meninices, carnalidade e distorções do verdadeiro pentecostalismo. Mas não se pode rejeitar ou bloquear a manifestação dos dons espirituais por causa dos exageros e distorções.


O batismo no Espírito Santo e os dons espirituais são tão importantes para o trabalho da Igreja, que Jesus ordenou aos seus discípulos que não saíssem de Jerusalém, antes que fossem revestidos de poder. Hoje não é diferente. A Igreja não pode negligenciar a busca pelo revestimento de poder. Os pastores e professores devem ensinar a Igreja sobre a necessidade deste revestimento de poder para fazer a Obra de Deus e orar junto com eles, para que o Espírito Santo os encha de poder. Somente assim teremos crentes ousados, fervorosos e dispostos a pregar o Evangelho a toda criatura. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pag. 633.

Howard Marshall. Atos. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 62-63.

HORTON, Stanley. M. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. Editora CPAD.

Declaração de Fé das Assembleias de Deus: 1° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.27-28.


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Pb. Weliano Pires

JESUS, A VERDADE EM JERUSALÉM

(Comentário do 1º tópico da Lição 05: A Verdade que liberta)  Ev. WELIANO PIRES  No primeiro tópico, falaremos do tema: Jesus, a verdade em ...