Texto Áureo:
“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel.” (At 9.15)
Verdade Prática:
Segundo a sua soberana vontade, Deus usa as circunstâncias para fazer uma grande obra.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Rm 1.1; 1 Co 1.1; Ef 1.1 – Paulo, chamado para ser apóstolo
Terça – At 26.16-18 – Enviado para os gentios
Quarta – 1 Co 8.5,6 – Paulo, um defensor da fé
Quinta – At 22.3 – Paulo declara sua identidade judaica
Sexta – Gl 1.14 – Seu zelo pela religião judaica
Sábado – Atos 13.1-3 – O chamado de Paulo para missões
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 26.1-7
1 – Depois, Agripa disse a Paulo: Permites-te que te defendas. Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu:
2 – Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus,
3 – mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência.
4 – A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos os judeus a sabem.
5 – Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
6 – E, agora, pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado,
7 – à qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
HINOS SUGERIDOS: 194, 204, 473 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Saber como o mundo de hoje é uma porta aberta para o Evangelho.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I- Apresentar o mundo de Paulo no império romano;
II- Discorrer sobre o mundo cultural de Paulo;
III- Descrever o mundo religioso de Paulo.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Mais um ano está chegando ao fim. Neste último trimestre, estudaremos a vida e o ministério de um grande homem usado por Deus: o apóstolo Paulo. É uma oportunidade para aprender e colocar em prática princípios eternos que nortearam a vida desse mui digno homem de Deus.
Nesta primeira lição, você pode propor uma reflexão aos alunos a respeito das circunstâncias que o mundo de hoje nos oferece para pregar o Evangelho. À luz do mundo político, cultural e religioso do apóstolo dos gentios, reflita com os alunos as portas abertas para o Evangelho no mundo atual. Apresente o comentarista do trimestre, o pastor Elienai Cabral, escritor, conferencista e consultor doutrinário e teológico da CGADB/CPAD.
INTRODUÇÃO
O assunto deste trimestre é a vida do apóstolo Paulo. Para compreendê-lo melhor, veremos como era o mundo que o apóstolo atuava. Por isso, o texto áureo desta lição apresenta como Paulo foi vocacionado para levar o nome de Jesus diante dos gentios (At 9.15).
PONTO CENTRAL: O mundo de hoje é uma porta aberta para o Evangelho.
I – O MUNDO DE PAULO NO IMPÉRIO ROMANO
1. Entendendo a origem de Paulo. Há poucas informações concretas acerca da vida cronológica de Paulo, como sua data de nascimento, formação cultural e religiosa. Geograficamente, Paulo (nome romano) era natural de Tarso, capital da Cilícia, que ficava às margens do rio Cydnus, na Ásia Menor. Sobre o seu nascimento, não temos data precisa. Talvez tenha ocorrido no ano 5 a.C. Dessa forma, quando o nosso Senhor foi crucificado, Paulo poderia ter entre 30 e 35 anos de idade.
2. A geografia do mundo de Paulo. Geograficamente, o mundo gentílico estava sob o domínio do Império Romano. Naqueles dias, entre o ano 33 e 35 d.C., o imperador era Tibério. A dimensão geográfica do Império Romano permitia excelentes possibilidades de viagens missionárias. Segundo informes da história, a malha viária abrangia em torno de 300 mil quilômetros, sendo que 90 mil quilômetros apresentavam condições excelentes para viajar. As estradas do império, bem como as vias marítimas, foram de grande importância para a expansão da fé cristã.
Pelo Espírito Santo, o apóstolo percebeu as oportunidades incríveis para a disseminação do Evangelho no império. Ele usou todos os meios possíveis de transporte da época, inclusive navios pelas vias marítimas, nas quais sofreu naufrágios e enfermidades. Assim, a geografia do mundo paulino tem papel essencial para a plantação das primeiras igrejas. Por isso, devemos pensar nas oportunidades que Deus nos dá para a eficiência da evangelização urbana e do campo.
3. Paulo, chamado para os gentios. Atos 9 mostra que, em sua infinita sabedoria e presciência, Deus separou Paulo e o chamou a partir de uma experiência espiritual impressionante, bem diferente dos demais apóstolos, para levar o nome de Jesus ao mundo gentílico (At 9.15). Ele soube que seu apostolado não se daria em Jerusalém, que já tinha Pedro, Tiago (o irmão do Senhor) e João, além dos outros apóstolos que ainda não haviam se espalhado pelo mundo.
Por isso, Atos 26 menciona o testemunho pessoal do apóstolo perante o rei Agripa: Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim. (Atos 26.16-18). Enquanto os apóstolos de Cristo restringiam-se a anunciar Jesus aos judeus, nosso Senhor convocava Paulo, de maneira dramática, para ser “apóstolo entre os gentios” (Rm 1.1: 1 Co 1.1; Ef 1.1). Nosso Senhor continua a chamar pessoas para um ministério. Precisamos estar sensíveis à voz do Espírito Santo a nos chamar.
SÍNTESE DO TÓPICO I
A “pax romana”, a geografia e os meios de transporte urbanos e do campo do império romano contribuíram para a propagação do Evangelho.
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
Esta lição nos mostra os três “mundos” do apóstolo Paulo: o romano, o grego e o judeu. O apóstolo teve certa liberdade para peregrinar dentro do império. Ele também se comunicou na língua predominante da época, o grego koiné, bem como fez uso da vasta literatura de seu tempo. Paulo também era judeu. A moral judaica estava presente em algumas partes do império por meio das sinagogas. A soma de tudo isso serviu ao Espírito Santo para que a vida do apóstolo fosse usada integralmente para a causa do Evangelho no mundo gentílico. Por isso, sugerimos que você introduza o assunto desta lição perguntando aos alunos acerca da contribuição cultural, política e religiosa que o mundo atual nos dá para pregar o Evangelho. Quais as necessidades que o mundo de hoje apresenta? Como o Evangelho pode preenchê-las?
II – O MUNDO CULTURAL DE PAULO
1. A língua mundial daqueles dias era o grego. Para o povo judeu, o hebraico e o aramaico eram línguas nativas. Entretanto, apesar de a Palestina e todos os demais países do médio-oriente estarem sob a autoridade do Império Romano, prevaleceu a língua do grego koinê, possibilitada pela infraestrutura de comunicação do império. O koiné era uma língua popular muito difundida na época. O Novo Testamento foi escrito no grego koiné, e o apóstolo Paulo falava e escrevia fluentemente tanto o grego como o hebraico e o aramaico.
Utilizando o grego, Paulo teve uma formação básica em Tarso e, posteriormente, foi levado por seu pai, que era judeu e pertencia ao grupo dos fariseus em Jerusalém, para aprender e conhecer em profundidade a Torah aos pés do rabino Gamaliel. Aqui, é possível refletir acerca do uso das principais línguas do mundo (inglês, francês, espanhol, mandarim) para a obra da evangelização.
2. O mundo cultural do apóstolo Paulo. O Império Romano respeitava a diversidade religiosa, desde que se respeitassem os deuses do império. Em Roma, havia os cultos a entidades gregas como Eleusis, Dionísio, Atis, que se integravam com divindades egípcias como Osíris, Ísis, Serapis, bem como as divindades orientais Mitras e Asclépio, uma divindade de cura. Havia divindades da Ásia Menor sob o domínio do império em Éfeso, Colossos e Corinto, tais como Diana, Artemis e outras mais Essa diversidade religiosa acabou facilitando a propagação do nome de Jesus, pregado pelos apóstolos. A realidade atual das diversidades culturais e religiosas pode abrir caminhos para que, de maneira inteligente, evangelizemos o mundo, nos termos do apóstolo Paulo, no areópago de Atenas (At 17.15-34).
3. A influência da filosofia grega. Nesse mundo religioso havia a influência filosófica grega. Essencialmente, o Império Romano era politeísta e Paulo referiu-se a isso em 1 Coríntios 8.5. A influência filosófica grega, especialmente do gnosticismo, era muito forte e acabou influenciando o pensamento de muitos cristãos daqueles dias. Os Líderes da Igreja da época tiveram de refutar com veemência as teorias do gnosticismo, cujos adeptos queriam misturá-las com a doutrina pura de Cristo. Naturalmente, pelo fato de ter vivido naquele mundo, Paulo teve de fortalecer a doutrina cristã sobre Deus, fé, Jesus, Espírito Santo, graça e salvação. O apóstolo, indiscutivelmente, se tornou o grande defensor do Evangelho de Cristo. Como proclamadores do Evangelho, devemos pensar em estratégias a fim de que nossos jovens e adolescentes, bem como a maturidade cristã, possam expressar as razão da fé com mansidão e temor diante dos não crentes (1 Pe 3.15).
SÍNTESE DO TÓPICO II
O grego koiné era a principal língua do tempo do apóstolo e, como mola propulsora da cultura grega, ela contribuiu para a propagação da mensagem escrita do Evangelho.
SUBSÍDIO PENSAMENTO CRISTÃO
À medida que o cristianismo se expandia no mundo romano, a igreja Primitiva enfrentava muitas questões e desafios novos. Os pais escreveram e ensinaram, individualmente e em reuniões de concílios, no esforço de responder a essas questões. Muitas de suas soluções ainda formam um fundamento essencial para a reflexão teológica, a organização da igreja e a vida cristã. Entre as contribuições da Igreja Primitiva para a formação de uma cosmovisão cristã, quatro áreas foram particularmente importantes:
1) Autodefinição, quer dizer, a compreensão do que significa ser cristão em referência ao judaísmo;
2) a relação do cristianismo com a cultura não-cristã [grega], segundo reflexões
feitas pelos apologistas ou defensores da fé;
3) a visão cristã de Deus e de Jesus Cristo nos primeiros concílios ecumênicos;
4) a relação do cristianismo com o governo”(PALMER, Michael D. (Ed). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.113).
CONHEÇA MAIS
O Evangelho no mundo gentílico
“O Evangelho já havia sido pregado em Jerusalém, Judeia e Samaria. Desarraigado pela mão feroz de Saulo, o perseguidor, estabeleceu-se na grande cidade de Antioquia. O propósito do Evangelho era ser transplantado. Antioquia, que veio a ser um centro missionário, foi o ponto de partida para Paulo. Para ler mais, consulte a obra “Atos: E a Igreja se Fez Missões” editada pela CPAD, p.145.
III – O MUNDO RELIGIOSO DE PAULO
1. Paulo se identifica como judeu. Em Atos 22.3, Paulo declara a sua defesa em Jerusalém, diante dos judeus que se opunham à sua mensagem, tratando-o como traidor da fé judaica: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilicia” Ele falava em hebraico para aquela plateia, quando todos esperavam que falasse apenas em grego. O apóstolo tinha o sangue de pais judeus. Seu pai era fariseu zeloso e influente na sinagoga em Tarso, e o criou para ser um fariseu, tanto quanto ele mesmo.
2. Paulo foi criado dentro da fé judaica. A circuncisão foi uma lei obedecida pelos pais de Paulo, que o circuncidaram aos oito dias de nascido (Fp 3.5). Uma vez que os judeus valorizavam muito as genealogias, o apóstolo se declarou da tribo de Benjamim. Dentro da fé judaica, Paulo se tornou um defensor ardoroso da Torah, e obedecia a todas as regras e leis requeridas, especialmente, pelos fariseus. Ele era um religioso extremamente zeloso, no sentido de cumprir piamente a lei de Moisés (Gl 1.14). O apóstolo deu testemunho de que havia sido instruído no conhecimento da Torah desde sua meninice aos pés do rabino Gamaliel, pois conhecia tudo de ritos, leis e regras que regiam o Santuário e Israel.
3. O mundo: palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico. O mundo missionário dos apóstolos de Jesus restringia-se, numa visão inicialmente limitada, apenas ao povo judeu (At 11.19). Quando o Senhor convocou Paulo, o chamou pelas características de que precisava para disseminar o Evangelho no mundo gentílico. As culturas romana e grega que Paulo adquiriu, davam-lhe condições de peregrinar pelo mundo gentílico. Ele plantou igrejas na Galácia, Acaia e Ásia Menor. O apóstolo não se importava com status social, pois tinha bagagem cultural para entrar nos palácios, nos sinédrios judeus, nas praças do Areópago em Atenas. Portanto, o mundo dos gentios foi o palco que o Espírito Santo montou para que Paulo pregasse o nome de Jesus e estabelecesse novas igrejas por onde passasse. O mundo de hoje é esse mesmo palco que o Espírito Santo preparou para que preguemos o Evangelho com a graça de Deus.
SÍNTESE DO TÓPICO III
O apóstolo Paulo se identifica como judeu, pois ele foi criado dentro da Fé judaica.
SUBSÍDIO PENSAMENTO CRISTÃO
Desde o princípio, a Igreja recém-nascida achou-se num mundo multicultural. Seu contexto imediato e seus primeiros membros eram quase exclusivamente judeus. Uma preocupação inicial que a comunidade de crentes enfrentou dizia respeito à sua relação com o judaísmo do século I. O indivíduo tinha de se tornar judeu para ser verdadeiro seguidor de Jesus? A identificação com a comunidade de crentes livrava a pessoa de todas as expectativas tradicionais dos judeus? E as Escrituras dos judeus? Elas foram substituídas em todo ou em parte por Jesus Cristo?
Estas preocupações estavam em primeiro lugar na mente dos autores neotestamentários, especialmente de Paulo. Como 'apóstolo aos gentios, Paulo estava particularmente preocupado que fossem permitidos tanto aos gregos, aos bárbaros (os não-gregos), aos judeus e aos gentios, terem uma posição igual na comunidade de fé (Gálatas 3.28: Colossenses 3.11). (PALMER, Michael D. (Ed) Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.113).
CONCLUSÃO
A cultura geral que Paulo adquiriu ao longo da vida tornou-o capaz de enfrentar os oponentes do Evangelho com ousadia e ciência. Diante de reis, governadores, tribunos e autoridades religiosas, o apóstolo era excelente orador e arguto no conhecimento de várias ciências. Paulo tinha uma personalidade forte e dinâmica, orientada por convicções profundas, e perseguia seus objetivos com desvelo e grande envolvimento emocional. O mundo do apóstolo foi o que Deus lhe abriu para que comunicasse o Evangelho de Cristo.
QUESTIONÁRIO
1. Paulo era natural de qual cidade?
Tarso, capital da Cilícia.
2. O que Atos 9 mostra?
Atos 9 mostra que, em sua infinita sabedoria e presciência, Deus separou Paulo e o chamou a partir de uma experiência espiritual sobrenatural, bem
diferente dos demais apóstolos, para levar o nome de Jesus ao mundo gentílico (At 9.15).
3. Qual era a língua mundial nos dias de Paulo?
O grego koiné.
4. Como Paulo declara a sua defesa em Atos 22.3?
Em Atos 22.3, Paulo declara a sua defesa assim: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia”.
5. A quem se restringia o mundo missionário dos primeiros apóstolos?
O mundo missionário dos apóstolos de Jesus restringia-se, numa visão inicialmente limitada, apenas ao povo judeu (At 11.19).