(Comentário do 1° tópico da Lição 11: A realidade bíblica do inferno)
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, apresentaremos o pensamento humano a respeito do inferno. Veremos o que os filósofos e teólogos de mente cauterizada dizem sobre o inferno. O comentarista nos apresenta uma das principais heresias em relação ao inferno, que é chamada de Universalismo, que ensina que no final das contas, Deus salvará a todos. Há também outros ensinos errados sobre o inferno, que negam a sua existência, ou dizem que ele não é eterno, como o aniquilacionismo, o purgatório e a reencarnação. Por último, falaremos dos alertas dos apóstolos, de que estes falsos ensinos surgiriam, tendo aparência de piedade, mas, negando a sua eficácia.
1. Filósofos e teólogos de mente cauterizada. Certamente, a doutrina do Inferno é uma das mais combatidas e distorcidas, entre as doutrinas cristãs. Há muitas dúvidas e confusões em relação ao inferno, até por parte dos cristãos. Isto acontece, principalmente, porque a palavra inferno que aparece em nossas Bíblias em português, não se refere a um único lugar, como veremos no próximo tópico.
Aqui neste tópico, a referência é ao inferno final, que será o destino final dos ímpios. O comentarista apresenta neste tópico o pensamento humano a respeito desta doutrina bíblica. Primeiro, ele fala daqueles que vivem na incredulidade, como se Deus não existisse. Estes pensam que a vida humana acaba com a morte. Logo, negam a existência da eternidade, tanto o Céu como o Inferno.
Na sequência, temos a visão dos chamados filósofos humanistas que são antropocêntricos, ou seja, colocam o ser humano como o centro de tudo. Estes filósofos são totalmente contrários a todo tipo de punições: de pais a filhos, do estado a criminosos, etc. Segundo estes pensadores, o ser humano nasce essencialmente bom e o meio em que ele vive o transforma. Esta filosofia adota sempre a ideia de ressocialização ou recuperação de criminosos e nunca a punição. Portanto, a afirmação bíblica de sofrimento eterno como punição aos ímpios é incompatível com os seus valores.
Há ainda o pensamento de teólogos de várias vertentes sobre a doutrina do inferno. Os teólogos liberais, que negam a inspiração divina das Escrituras, negam também a existência do Inferno e dizem que se trata de ideias pagãs, que devem ser rejeitadas. Outros até admitem a existência do Inferno como punição, mas dizem que ele não será eterno, como veremos a seguir.
2. O ensino do Universalismo. Uma das principais heresias em relação à eternidade é chamada de Universalismo. Este falso ensino, que enfatiza excessivamente o amor de Deus, em detrimento da Sua Justiça e Santidade, afirma que todos os seres humanos são filhos de Deus e ninguém será condenado.
O Universalismo interpreta, de forma equivocada, o texto de João 1.29, que diz que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Eles dizem que este texto significa que Jesus tirou o pecado de todos os seres humanos, inclusive daqueles que não se arrependeram. Chegam ao cúmulo de dizer que haverá perdão até para o diabo.
Evidentemente, não há nenhum fundamento bíblico para isso. Em vários textos bíblicos, o Senhor Jesus afirmou claramente que os que crerem nele teriam um destino eterno diferente dos que não crerem, como por exemplo, em Marcos 16.16: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer, será condenado”. Jesus falou também do caminho estreito que conduz à vida e do caminho largo que conduz à perdição (Mt 7.13,14).
3. O ensino do aniquilacionismo. O aniquilacionismo é a crença de que os ímpios serão lançados temporariamente no inferno, até pagarem por seus pecados. Depois serão aniquilados e deixarão de existir. Os adeptos deste ensino não negam a existência do Inferno, mas negam a sua eternidade. Os principais defensores desse ensino são os Adventistas do Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová.
Como argumento, dizem que a simbologia usada na Bíblia para o inferno é o fogo, e o fogo consome tudo o que é lançado nele. Da mesma forma, alegam que os ímpios serão lançados no fogo do Inferno, mas serão consumidos por ele e deixarão de existir. Entretanto, não é isso que a Bíblia ensina. Em vários textos bíblicos, vemos que a referência ao castigo dos ímpios é o tormento eterno e não a destruição (Lc 15.24,28; AP 14.10,11; 20.10).
Os aniquilacionistas apelam também para o aspecto emocional e dizem que Deus e os justos jamais iriam ficar felizes no Céu, sabendo que há pessoas sofrendo eternamente no inferno. Ora, não compete ao ser humano dizer a Deus o que é justo ou não, pois Ele é Justo e determinou que o diabo, os anjos caídos e todos os que recusarem a Cristo seriam punidos desta forma.
Deus providenciou o meio de Salvação, através do Sacrifício de Cristo e, mesmo assim, as pessoas o rejeitaram. Então, a pergunta que devemos fazer não é se o Inferno é justo, e sim, se ele é bíblico. Não nos deixemos enganar por falsos discursos, que consideram apenas o amor de Deus e rejeitam a sua justiça.
4. O ensino do purgatório. A doutrina do purgatório tem suas raízes no Budismo e em outras crenças religiosas da antiguidade. Este ensino foi introduzido na Igreja Católica pelo Papa Gregório I. O ensino do purgatório consiste na ideia de um lugar intermediário entre o Céu e o Inferno, para as pessoas que não foram boas o suficiente para irem ao Céu, mas também não foram tão más, a ponto de merecerem o inferno.
Segundo os seus adeptos, essas pessoas ficariam no purgatório sofrendo durante um certo tempo, até serem purificadas dos seus pecados quando, então, iriam para o Céu. Para a pessoa sair do purgatório, a Igreja Católica inventou algumas ações que devem ser feitas pelos seus entes queridos que ficaram vivos: orações pelos mortos, missas em favor das almas que estão no purgatório, dar esmolas nesta intenção, etc.
Evidentemente, este ensino espúrio não encontra nenhum fundamento nas Escrituras. A doutrina do purgatório encontra dois problemas principais na Bíblia: o primeiro deles é a ideia de que haverá nova chance para o pecador, ou repescagem após a morte. A Bíblia deixa claro que após a morte segue-se o juízo e a salvação é realizada nesta vida (Hb 9.27). O segundo problema é a ideia de purificação de pecados mediante o sofrimento, obras, ou intercessão de outras pessoas. A Bíblia deixa claro que os nossos pecados são purificados, única e exclusivamente, pelo Sacrifício de Cristo, mediante a fé nele (Jo 1.29; Ef 2.8-10).
5. O ensino da reencarnação. A doutrina da reencarnação é muito antiga e está presente em várias religiões do passado. Atualmente, ela é a base do Espiritismo e de algumas religiões orientais. Este ensino consiste na volta do espírito ao plano material em outros corpos, quantas vezes forem necessárias, a fim de pagar pelos erros cometidos em outras vidas e buscar o aperfeiçoamento.
Os propagadores deste ensino, negam a existência do Inferno e também da justificação pela fé. Ensinam a chamada lei do Carma, onde todos os erros cometidos têm que ser pagos pelo próprio pecador, através do sofrimento em várias existências. O ensino da reencarnação está vinculado diretamente à prática da necromancia (consulta aos mortos).
Os espíritas tentam a todo custo encontrar base bíblica para a reencarnação. Mas, este ensino não encontra nenhum amparo nas Escrituras. A Bíblia ensina que aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o Juízo. (Hb 9.27). Além disso, a Bíblia ensina que a Salvação é obtida pela Graça de Deus, mediante a fé e não pelas obras ou merecimento (Ef 2.8-10). Se fosse possível alguém pagar os seus pecados, ou se auto aperfeiçoar, não haveria a necessidade de Jesus vir a este mundo e morrer na Cruz.
6. O alerta apostólico. Tanto o Senhor Jesus como os seus apóstolos, alertaram os cristãos do primeiro século sobre o surgimento de falsos ensinos, nos dias que antecedem a vinda do Senhor. No Sermão Profético, quando os discípulos perguntaram sobre os sinais da Sua vinda e do fim do mundo, a primeira coisa que o Senhor falou foi: “Acautelai-vos para que ninguém vos engane”. (Mt 24.4).
O apóstolo Paulo, usado pelo Espírito Santo, alertou principalmente a Timóteo que nos últimos dias muitos iriam se apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (1Tm 4.1). Estes hereges, segundo Paulo terão aparência de piedade, mas irão negar a sua eficácia e resistir à verdade, pois as suas mentes estarão cauterizadas, ou insensíveis.
Na mesma direção, o apóstolo Pedro escreveu que assim como houve falsos profetas entre o povo de Israel, haverá entre os cristãos falsos mestres que andarão segundo as suas próprias concupiscências, com vida libertina, negarão o Senhor que os resgatou e introduzirão heresias de perdição (2 Pe 2.1-3).
Judas também dedicou o único capítulo da sua Epístola, para alertar os cristãos sobre o surgimento de falsos mestres entre o povo, que convertem a Graça de Deus em dissolução e negam a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo. Na sequência, Judas faz um paralelo entre estes os falsos mestres e os anjos caídos, Caim, os habitantes de Sodoma e Gomorra, a geração de incrédulos que saiu do Egito, Coré e Balaão, que foram ímpios que resistiram à Verdade de Deus.
Muitos crentes pensam que devemos apenas falar do amor de Deus e da Salvação, e não devemos “perder tempo” com a apologética para combater os falsos mestres e heresias. Mas não era isso que os apóstolos faziam. A evangelização inclui também a defesa da fé e o combate aos falsos ensinos, para que as pessoas não permaneçam no erro. Devemos tanto ensinar a verdade às pessoas, como alertá-las sobre os falsos ensinos.
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 41.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.255, 256.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2021, pp. 642,643.
O Aniquilacionismo é bíblico? Disponível em voltemosaoevangelho.com/blog/2014/09/o-aniquilacionismo-e-biblico/ Acesso em 12/06/2024.
O Purgatório: Fatos e mitos de uma heresia. CACP - Ministério Apologético. Extraído do livro “O Catolicismo Romano e a Bíblia” – Rafael Nogueira. Disponível em www.cacp.app.br/o-purgatorio-fatos-e-mitos-de-uma-heresia/ Acesso em 12/06/2024.
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