13 junho 2024

COMO A PALAVRA INFERNO APARECE NA BÍBLIA

(Comentário do 2° tópico da Lição 11: A realidade bíblica do inferno).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, veremos como a palavra inferno aparece na Bíblia. Veremos  as palavras hebraicas e gregas que foram traduzidas por inferno, no Antigo e no Novo Testamento, e os seus respectivos significados. O Antigo Testamento usa a palavra hebraica Sheol, cujo significado varia de acordo com o contexto. No Novo Testamento, há três palavras gregas, que foram traduzidas por inferno: Hades, Tártaro e Geena. Os falsos mestres, que negam a existência do tormento eterno, fazem confusão entre estas palavras e pensam que todas significam a mesma coisa.


1. No Antigo Testamento. O Antigo Testamento usa a palavra hebraica Sheol, que é traduzida em nossas Bíblias por inferno, 65 vezes. Esta palavra tem diferentes significados, de acordo com o contexto: sepultura, morada inferior dos mortos, ou lugar de castigo dos ímpios. Na verdade, o Antigo Testamento não revela o inferno, como nós o conhecemos na doutrina cristã. 


A doutrina do castigo eterno para os ímpios está bem explícita no Novo Testamento, como veremos no próximo subtópico. Aqueles que negam a existência do Inferno como um lugar de tormento eterno, valem-se de textos do Antigo Testamento para dizer que o inferno é a sepultura. 


De fato, em alguns textos do Antigo Testamento, a palavra Sheol é uma uma referência à sepultura, como em Jó 17.13: “Se eu olhar a sepultura [Sheol] como a minha casa; se nas trevas estender minha cama”. Mas, nem todas as ocorrências da palavra Sheol podem ser traduzidas por sepultura. 


Em alguns textos, Sheol traz a ideia de um lugar de tormento para os ímpios e não apenas a sepultura, como em Salmos 9.17: “Os ímpios serão lançados no inferno [Sheol] e todas as nações que se esquecem de Deus”. Evidentemente, aqui não se trata da sepultura, pois nela não serão lançados apenas os ímpios e os que se esquecem de Deus. Os justos também morrem e são sepultados. 


Em Deuteronômio 32.22, a referência ao Sheol também não pode ser à sepultura e sim a um lugar de castigo: “Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno [Sheol] e consumirá a terra com a sua colheita e abrasará os fundamentos dos montes”. 


A versão grega do Antigo Testamento, chamada de Septuaginta (LXX) traduziu a Palavra Sheol pelo termo grego Hades, que no Novo Testamento refere-se a um lugar de tormento provisório para os ímpios. O Sheol/Hades, no entanto, não é ainda o destino final dos ímpios, como veremos abaixo. 


2. No Novo Testamento. No Novo Testamento, a revelação sobre o inferno está mais explícita. Entretanto, há três palavras gregas que foram traduzidas por inferno em nossas Bíblias em português: Hades, Tártaro e Geena. Cada uma delas se refere a um lugar diferente e é preciso tomar cuidado para não confundir.

a) Hades. É o correspondente grego da palavra hebraica Sheol. Entretanto, no Novo Testamento, está mais claro que é uma referência ao local de tormento provisório dos ímpios antes do Juízo Final (Lc 16.23). 

b) Tártaro. É a parte mais profunda do Hades, onde estão aprisionados alguns demônios perigosíssimos, com alto poder de destruição. Estes espíritos em prisão serão soltos na Grande Tribulação e matarão um terço da humanidade (Ap 9.14.16). Esta palavra aparece uma única vez no Novo Testamento, em 2 Pedro 2.4: “Porque se Deus não perdoou aos anjos, que é pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno [Gr. Tártaro], os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo”.  

c) Geena. Esta palavra é uma adaptação grega do termo hebraico Ge-Hinnon, formada por “Ge” (Vale) e “Hinnon” (Um jebuseu, que provavelmente foi o proprietário deste vale nos tempos do Antigo Testamento). Geena, portanto, significa literalmente “Vale de Hinnon”. Neste vale, pessoas ímpias queimavam os seus filhos em sacrifício a Moloque. 

Nos dias de Jesus, neste vale havia um lixão, onde havia um fogo inextinguível que queimava todo o lixo de Jerusalém, inclusive corpos de animais mortos e de criminosos que não eram considerados dignos de sepultamento. 

No Antigo Testamento, este vale já foi usado metaforicamente como símbolo do castigo eterno dos ímpios (Is 66.24; Jr 7.32). Por isso, Jesus usou o termo Geena para se referir ao castigo eterno dos ímpios, tanto do corpo como da alma (Mt 10.28; 23.33; 25.41,46; Mc 9.46,47). Há também outras expressões gregas que foram usadas para se referir ao tormento eterno e foram traduzidas por trevas exteriores (Mt 8.12; 22.13;×25.30), fogo eterno (Mt 25.41), lago de fogo e enxofre (Ap 20.10; 21.8). 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 41.

Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.255, 256.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2021, pp. 642,643.

Bíblia de Estudo Palavra-Chave: Hebraico e grego. 4ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2015. pp.1939, 2036, 2120, 2420.

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