04 junho 2024

A PERSPECTIVA BÍBLICA DA SANTIFICAÇÃO

(Comentário do 1º tópico da Lição 10: Desenvolvendo uma consciência de santidade) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, apresentaremos a perspectiva bíblica de santificação. Veremos o conceito de santidade no Antigo Testamento, trazendo as definições do substantivo hebraico kodesh, o verbo kadash e o adjetivo kadosh, traduzidos respectivamente por santidade, santificar e santo. Falaremos também da santidade no Novo Testamento, trazendo a definição do verbo grego hagiadzô, traduzido por santificar. Por último, veremos que a santidade é exigida na Palavra de Deus, para todas as áreas da nossa vida. 


1. Santificação no Antigo Testamento. No Antigo Testamento, especialmente no Pentateuco, a ideia de santidade está relacionada a Deus e a tudo o que pertence e serve a ele. Em todo o Antigo Testamento, Deus faz questão de separar o seu povo das nações idólatras. Os objetos e as pessoas envolvidas no culto ao Senhor também eram totalmente separadas das coisas imundas.


Aqui, o comentarista nos apresenta as palavras hebraicas que foram traduzidas por santidade, santo e santificar. O substantivo santidade traduz o termo hebraico Kodesh, que significa sacralidade ou algo que foi separado do uso comum, para pertencer exclusivamente a Deus. Pode ser aplicada a Deus, a pessoas, lugares ou objetos. Esta palavra deriva do verbo Kadash que significa consagrar, separar ou dedicar exclusivamente a Deus. O adjetivo kadosh, traduzido por santo, aparece abundante no Pentateuco, principalmente nos Livros de Êxodo e Levítico, para se referir a pessoas, lugares, objetos, dias, festividades e tudo que foi dedicado a Deus. 


A santidade, portanto, é a separação de tudo o que é impuro e profano, para pertencer exclusivamente a Deus ou ao seu serviço. Em relação a Deus, a Sua Santidade tem origem nele mesmo, pois Deus é absolutamente Santo, em seu caráter e essência. Nele não há trevas nenhuma. Deus é Santo em si mesmo, sem necessitar de nenhuma interferência externa. O Eterno não se mistura jamais com o mal. Sendo assim, Ele exige que o seu povo seja também santo. (Lv 20.7). 


2. No Novo Testamento. No Novo Testamento, o correspondente grego do verbo hebraico kadash é hagiadzô, que é traduzido por santificar e traz a ideia de tornar santo, purificar, consagrar e venerar. Diferente do que acontece no Antigo Testamento, no Novo Testamento inexiste o conceito de consagração e pureza ritual, ou lugares e objetos sagrados. 


No Cristianismo, não há peregrinação para lugares sagrados, como acontece no Islamismo e no Judaísmo. Quando a mulher samaritana questionou a Jesus sobre o lugar em que se deve adorar, Ele respondeu que “não é neste monte nem em Jerusalém, pois os verdadeiros adoradores adoram ao Pai e. Espírito e em verdade.” (Jo 4.21-24). 


O próprio templo não tem a ideia de santidade que havia no Antigo Testamento, onde somente os sacerdotes poderiam entrar. O tabernáculo e o templo do Antigo Testamento, os sacerdotes, os rituais e sacrifícios apontavam para Cristo e para a Nova Aliança. Depois que Cristo deu brado na Cruz, dizendo “está consumado”, o véu do templo se rasgou de alto a baixo e, por meio de Cristo, todos têm acesso livre à presença de Deus. 


O templo para o cristão, nada mais é do que um local de culto e não um lugar mais santo que os outros, onde o pecador não pode entrar. Claro que deve haver reverência, não por causa do lugar, mas por estarmos em um momento de culto a Deus. No templo cristão não existem separações e lugares mais santos do que outros, com acesso restrito, como no templo judaico, que tinha o pátio, o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Também não existem objetos sagrados e rituais de purificação. A ideia de “coisas ungidas” e uso de imagens e símbolos sagrados nos cultos não encontram base no Novo Testamento. Isso é uma forma de idolatria, pois na Nova Aliança, os únicos símbolos ordenados por Jesus à Sua Igreja são o batismo em águas e a Ceia do Senhor. 


A santidade no Novo Testamento se aplica às pessoas. Quando falamos de santidade, precisamos ter em mente, que somente Deus é santo em si mesmo, na sua essência e natureza. Sendo assim, ninguém pode ser santo por si mesmo, ou na mesma proporção que Deus é. Se andarmos no Espírito, Ele nos santifica e assim, refletiremos a Sua santidade em nosso modo de viver.


3. A santidade exigida pela Palavra. Em toda a Bíblia, temos a exigência para sermos santos, não como o Senhor é Santo, pois isso não seria possível a nós seres mortais e falhos. Devemos ser santos porque Ele é Santo e a vontade dele é que sejamos santos (1 Ts 4.3). A exigência da santificação é uma condição indispensável para se ver a Deus (Hb 12.14). A santificação na vida do crente, portanto, não é uma opção, mas uma exigência da Palavra de Deus. 


Diferente do que muitos imaginam, esta exigência não se restringe ao templo, ou a algumas áreas da nossa vida. O apóstolo Pedro, escreveu que nós devemos “ser santos em toda a nossa maneira de viver”. (1 Pe 1.15). Na mesma direção, o apóstolo Paulo escreveu aos Tessalonicenses: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo e todo o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados plenamente irrepreensíveis para a vinda do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. (1  Ts 5.23).


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 41.

Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.452

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. Romanos — Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.897,898

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O PARAÍSO ETERNO

(Comentário do 1º tópico da Lição 13: A Cidade Celestial) Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre o Paraíso eterno. Apresenta...