27 junho 2024

O PARAÍSO ETERNO

(Comentário do 1º tópico da Lição 13: A Cidade Celestial)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre o Paraíso eterno. Apresentaremos a definição do Paraíso, como a morada de Deus, dos anjos e dos salvos. Falaremos também sobre a cidade eterna, que é a Nova Jerusalém, que surgirá após o Milênio, como a Cidade eterna de Deus. Por último, veremos que o glorioso estado eterno começará somente após o Reino Milenial de Cristo. 


1. O que é o Paraíso? A palavra paraíso é de origem persa e foi transliterada para o grego como paradeisos. Esta palavra foi mencionada por Jesus  (Lc 23.43), Paulo (2 Co 12.4) e João (Ap 2.7). Assim como acontece com as palavras Céu e Inferno, a palavra Paraíso também tem mais de um significado na Bíblia. É o contexto quem vai determinar o seu significado. Há pelo menos quatro paraíso descritos na Bíblia:

a. Jardim do Éden. O termo hebraico “Gan Eden”, traduzido por Jardim do Éden, refere-se a um lugar perfeito, criado por Deus para ser a habitação de Adão e Eva: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal.” (Gn 2.8,9). Este lugar é chamado de Paraíso, devido ao estado de felicidade plena e imortalidade em que vivia o primeiro casal, antes de pecarem, desfrutando da presença de Deus todos os dias. 

b. Parte do Sheol/Hades (Lc 16.22). Para os judeus, o Hades se dividia em duas partes: a habitação dos ímpios que ficava embaixo, e a habitação dos justos, que ficava na parte superior, separada por um abismo. Alguns estudiosos não crêem nesta divisão e entendem que este era, na verdade, o Paraíso celeste.

c. Terceiro Céu (Lc 23.43; 2Co 12.4). É a habitação provisória dos justos que aguardam a ressurreição. Fica abaixo do Trono de Deus (Ap 6.9). É para este lugar que vão aqueles que morrerem com Cristo atualmente. 

d. Paraíso eterno (Ap 2.7). Será o destino final dos justos após a ressurreição e glorificação dos seus corpos, quando estarão em seu estado eterno de imortalidade e incorruptibilidade. O Paraíso eterno, portanto, é a somatória de todas as bem-aventuranças prometidas por Deus aos seus servos. 


2. O que é a Cidade Eterna? Na carta à Igreja de Filadélfia, o Senhor Jesus mencionou a Nova Jerusalém, que desce do Céu (Ap 3.12).  Depois, o apóstolo João falou que viu a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido (Ap 21.2). Quando a Bíblia fala da Nova Jerusalém é preciso ter cuidado para não confundi-la com a Jerusalém atual, ou com a Jerusalém do Milênio. A Bíblia faz referência a estas três cidades, que são diferentes:

a. A Jerusalém atual. A cidade de Jerusalém pertencia aos Jebuseus e foi conquistada por Davi, por volta do ano 1000 a.C., por isso, ficou conhecida como "Cidade de Davi". Nos dias de Salomão, ela foi ampliada, com a construção de Palácios e do templo. 

Esta Jerusalém foi totalmente destruída por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Depois do cativeiro, no governo do imperador Ciro da Pérsia, a cidade de Jerusalém teve os seus muros reconstruídos por Neemias e o templo por Zorobabel. A cidade foi reconstruída aos poucos, devido às dificuldades financeiras e oposição dos inimigos de Israel. 

A Jerusalém do tempo de Jesus foi completamente destruída pelos romanos no ano 70 d.C. Posteriormente, sobre as ruínas de Jerusalém, o imperador Adriano reconstruiu a cidade em 131 d.C. e deu-lhe o nome de Élia Capitolina. Esta cidade foi conquistada por Israel na Guerra dos seis dias, em 1967 e atualmente é a sede do governo, embora não seja reconhecida pelas nações como capital. A atual Jerusalém também será destruída na Grande Tribulação. 

b. A Jerusalém milenial. Esta cidade será construída no milênio, após a Grande Tribulação, quando o Senhor Jesus estabelecer o seu Reino de mil anos aqui na terra. Esta Jerusalém do milênio será construída no mesmo local da atual Jerusalém, no território de Israel, com algumas alterações nas medidas, no formato e nas portas. 

O profeta Ezequiel viu esta cidade e a descreveu como uma cidade quadrada, cujas medidas de comprimento e largura são iguais: “Estas serão as suas dimensões: o lado norte, de dois mil duzentos e cinquenta metros, o lado sul, de dois mil duzentos e cinquenta metros, o lado leste, de dois mil duzentos e cinquenta metros, e o lado oeste, de dois mil duzentos e cinquenta metros”. (Ez 48.16). Este formato quadrado e com estas medidas não corresponde à cidade de Jerusalém em nenhum período da sua história

c. A Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém descerá do Céu e é a cidade eterna onde os salvos passarão a eternidade. Apesar das semelhanças com a cidade vista por Ezequiel, não se trata da mesma cidade. A Nova Jerusalém vista por João tinha quatro laterais e doze portas, porém tinha o formato de um cubo perfeito, ou seja, as suas medidas de comprimento, largura e altura eram iguais (Ap 21.16). 

Na Cidade que João viu, além dos nomes das doze tribos de Israel nas portas, a cidade tinha também doze fundamentos, com os doze nomes dos apóstolos de Jesus (Ap 21.14). A Nova Jerusalém descerá do Céu, após o juízo final, e estará situada no Novo Céu e Nova Terra. (Ap 21.1,2). 

Esta cidade eterna é um projeto arquitetônico do próprio Deus. Abraão e outros heróis da fé, aguardavam esta cidade, sem a conhecer, pela fé: “Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus.” (Hb 11.9,10). Lá será o nosso eterno lá. O apóstolo Paulo disse que “a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fp 3.20). 


3. Quando a eternidade começará? Para responder a esta pergunta, precisamos saber que há várias linhas de interpretação no campo da Escatologia, em relação à vinda de Jesus, à Grande Tribulação e ao Milênio. Não pretendo aqui falar em detalhes sobre este assunto, pois seria um mini curso de Escatologia e não é este o propósito da lição. Vou trazer apenas um resumo das principais linhas de interpretação, para responder à pergunta feita pelo comentarista neste subtópico. Sobre a vinda de Jesus e a Grande Tribulação há três linhas de interpretações:

a. Pré-tribulacionismo. Segundo esta interpretação, a Vinda de Jesus acontecerá antes da Grande Tribulação e terá duas fases: o arrebatamento da Igreja, que será invisível para o mundo, e os salvos serão levados repentinamente a encontrar o Senhor nos ares; e a manifestação de Jesus em glória, quando Ele voltará com a Igreja, para livrar Israel dos exércitos do Anticristo e estabelecer o seu Reino Milenial. 

b. Mesotribulacionismo. Esta corrente teológica ensina que Jesus virá no meio da Grande Tribulação e livrará a Igreja da Tribulação. Não crer em arrebatamento e diz que Jesus virá apenas uma vez. 

c. Pós-tribulacionismo. Ensina que a Igreja passará pela Grande Tribulação e também não crêem em arrebatamento. 


Há ainda os que não acreditam em um período de sete anos de tribulação e dizem que isso é uma referência a todos os sofrimentos, perseguições e tribulações que a Igreja do Senhor sempre atravessou. 


Em relação ao Milênio há também três correntes teológicas:

a. Pré-milenismo.  Crê que Jesus virá antes do Milênio, que será um período literal de mil anos, em que Satanás será preso. Jesus restaurará o universo e reinará sobre a terra, governando-a com Justiça e Paz. 

b. Pós-milenismo. Crê que a vinda de Jesus será após o Milênio. Estes teólogos são otimistas em relação ao mundo atual e ensinam que ele será restaurado antes da vinda de Jesus para reinar. Segundo esta corrente, o Milênio não precisa, necessariamente, ser um período literal de mil anos e pode ser um longo período do avanço do Evangelho.  

c. Amilenismo. O termo amilinenista significa literalmente “não milenista”. Mas não significa que eles não acreditam no Milênio. Eles crêem que Cristo está governando o mundo atualmente e Satanás está preso, no sentido de que ele não consegue impedir o avanço do Evangelho. O Milênio para eles seria uma simbologia para se referir à eternidade no Céu e não um reino milenar de Cristo neste mundo. 


A Assembleia de Deus adota a linha pré-tribulacionista e pré-milenista. Portanto, entendemos que a eternidade começa após o Milênio e após o Juízo Final, quando os ímpios serão lançados no Lago de fogo (Ap 20.11-15) e surgirá o Novo Céu e a Nova Terra onde os salvos viverão eternamente (Ap 21). 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 42.

Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 696, 2469.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2021, pp. 609, 610.

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 146-147. 

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