(Comentário do 1º tópico da
Lição 12: Sendo a Igreja do Deus Vivo)
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, falaremos
sobre a natureza da Igreja do Deus Vivo. A palavra Igreja no grego é Ekklesia
e significa "um grupo de pessoas chamadas para fora". A
Igreja é uma instituição divina, pois foi estabelecida pelo próprio Jesus. O
Senhor Jesus disse a Pedro: "Sobre esta pedra (a confissão de Pedro)
edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela". (Mt 16.18).
Falaremos neste tópico sobre
três expressões usadas pelo apóstolo Paulo para se referir à Igreja de Cristo.
Primeiro, falaremos sobre a expressão “a Casa do Deus Vivo”. Esta
expressão no Antigo Testamento se referia ao Templo e Paulo a usa em sentido
figurado para se referir à Igreja.
Segundo, falaremos sobre a
expressão “Coluna e firmeza da Verdade”, usada por Paulo para se
referir à Igreja como a guardiã da Verdade revelada por Deus nas Escrituras. A
Igreja de Deus é o baluarte do Evangelho neste mundo e, como tal, tem a
obrigação de conhecê-lo e proclamá-lo a toda criatura.
Por último, falaremos da
expressão “o mistério da piedade”, que é uma referência a
todo o processo de encarnação do Verbo, crucificação, ressurreição e ascensão
de Cristo. A Igreja é a portadora desta Verdade.
1. A casa do Deus vivo. A expressão "Casa de Deus" no
Antigo Testamento se referia ao Templo, que apontava para a Igreja. Quando Davi
desejou construir o templo em Jerusalém, ele falou que edificaria uma casa para
a Arca do Senhor (2 Sm 7.1). O Senhor, porém, mandou o profeta Natã lhe dizer: Edificar-me-ás
tu uma casa para minha habitação? (2 Sm 7.5). Em seguida, o Senhor mandou
dizer a Davi, que ele não edificaria esta casa, mas o seu filho Salomão o
faria. (2 Sm 7.13-15).
Quando Salomão assumiu o trono,
Davi já havia comprado o terreno e doado muito material para a construção desta
casa para o Senhor. Salomão não poupou esforços e não economizou recursos na
construção. Fez com materiais de altíssima qualidade, pois, era para Deus e ele
entendia que para Deus, devemos fazer o melhor que podemos. O templo de Salomão
foi o mais esplêndido de todas as edificações da sua época. As madeiras usadas
no templo eram de cedro do Líbano, de altíssima qualidade. Toda a parte interna
do templo era toda revestida de ouro (1 Rs 6.22).
Depois de pronta, a Glória do
Senhor encheu a casa, de maneira que os sacerdotes e levitas não puderam ficar
lá dentro (2 Cr 5.14). Houve, na verdade, duas manifestações da Glória do
Senhor no templo: a primeira foi quando os sacerdotes introduziram a arca e a
segunda, quando Salomão inaugurou o templo. Quando a glória de Deus se
manifestava era sinal de que Ele estava aprovando o que foi feito. Quando o
tabernáculo foi concluído também a glória de Deus se manifestou (Ex 40.34,35).
Infelizmente, por causa de reis
ímpios, esta casa foi profanada muitas vezes, até ser finalmente queimada pelo
exército da Babilônia, na ocasião do cativeiro de Judá. Setenta anos depois, o
Senhor trouxe os judeus de volta do cativeiro e levantou Zorobabel para
reconstruir este templo, porém era muito inferior ao templo de Salomão.
Tudo aquilo era simbólico e
apontava para a Nova Aliança. Hoje, na dispensação da Graça, a Igreja é a Casa
do Deus Vivo. O diácono Estevão, em sua pregação disse que "...o
Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens". (At 7.48).
Paulo também falou que nós somos o templo do Espírito Santo (1 Co 3.16; 6.19).
É claro que Deus, sendo onipresente, Ele está presente em todos os lugares. Mas
Ele habita no meio da Sua Igreja, no coração dos crentes fiéis.
A expressão “Deus Vivo",
usada por Paulo aqui, é um contraste aos ídolos mortos que os ímpios servem: “Têm
boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem;Têm ouvidos, mas não ouvem;
narizes têm, mas não cheiram; Têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não
andam; nem som algum sai da sua garganta.” (Sl 115.5-7). O nosso Deus não é
assim. Ele é o Deus Vivo, que criou todas as coisas, sustenta e tem o controle
de tudo.
Deus habita no meio do meio da
sua Igreja. Quando João teve as visões do Apocalipse, ele viu sete castiçais de
ouro e um Ser semelhante ao Filho do homem que andava no meio dos castiçais. O
Senhor Jesus lhe explicou que os castiçais eram as sete Igrejas da Ásia.
Depois, na carta à Igreja de Éfeso, Ele se identificou dizendo: "Isto
diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete
castiçais de ouro". (Ap 2.1). A Igreja de Cristo é poderosa e
invencível, porque Deus habita nela.
2. A coluna e firmeza da
verdade. Escrevendo a Timóteo o apóstolo
Paulo falou que a Igreja é a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15b). Esta
figura de linguagem indica que a Igreja de Cristo é o fundamento ou o
sustentáculo da verdade. Isso significa que a Igreja de Cristo tem a missão de
defender a Verdade de Deus (apologética) e proclamá-la ao mundo
(evangelização).
A Verdade nas Epístolas Paulinas
refere-se às boas novas de salvação e às doutrinas imutáveis da Palavra de
Deus. Cabe à Igreja proclamar o Evangelho a toda criatura, ensinar as doutrinas
bíblicas e defender a verdade contra os falsos ensinos. O apóstolo Pedro
escreveu que nós devemos “estar sempre preparados para responder com
mansidão e temor a qualquer que nos pedir a razão da esperança que há em nós” (1
Pe 3.15).
Não é fácil ser coluna e firmeza
da Verdade, nos tempos trabalhosos em que vivemos. Isto porque, as pessoas
atualmente estão com comichão nos ouvidos, como disse o apóstolo Paulo, e não
suportam mais ouvir a Verdade. Buscam mestres segundo as suas próprias
concupiscências e dão ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios
(1 Tm 4.1-3; 2 Tm 4.1-4).
Quando expomos fielmente a
verdade bíblica, somos tachados de intolerantes, fundamentalistas, xiitas e
radicais. Até em muitas Igrejas, quando alguém prega contra algumas práticas
pecaminosas, dizem que "não podemos julgar" e devemos "ter
mais amor", como se falar a verdade fosse falta de amor. Nos
congressos, são convidados somente aqueles que entregam mensagens de autoajuda,
triunfalismo e prosperidade. Falar contra o pecado e alertar sobre o inferno,
machuca aqueles que querem continuar no pecado e não dá audiência. Entretanto,
a Igreja de Cristo não pode abrir mão da verdade para agradar ninguém, ou para
não ser perseguida.
3. O mistério da piedade. A expressão "mistério da piedade" é
uma referência ao conjunto das doutrinas fundamentais do cristianismo,
principalmente, a encarnação do Verbo; a morte, ressurreição e ascensão de
Cristo; a proclamação do Evangelho; e a vitória final de Cristo sobre os
poderes do mal. (1Tm 3.16). Esta verdade esteve oculta por muitos séculos antes
de Cristo.
Muitos tipos e figuras do Antigo
Testamento apontavam para isso, mas as pessoas não compreendiam. Os judeus
conheciam as profecias referentes à vinda do Messias (O Ungido) prometido a
Israel. Mas, eles imaginavam que o Messias seria um rei guerreiro como Davi,
que libertaria Israel do jugo das nações e devolveria a independência do país.
Outros imaginavam que fosse mais um profeta ou líder espiritual, como Moisés,
que levaria Israel de volta a Deus.
Cristo veio revelar este
mistério. João diz que Ele veio para o que era seu (os judeus), mas eles não O
receberam. Mas a todos os que O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, àqueles que crerem no Seu Nome (Jo 1.11,12). Este mistério
esteve oculto nos séculos anteriores, mas Cristo veio revelá-lo aos que nele
cressem: "O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em
todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos". (Cl
1.26).
Este mistério só pode ser
compreendido e crido, mediante a ação do Espírito Santo. O ser humano natural,
morto em seus delitos pecados, não o compreende, pois lhe parece loucura (1 Co
1.18; 2.14). A Igreja de Cristo é a portadora deste mistério da piedade e tem a
obrigação de proclamá-lo ao mundo. A palavra piedade aqui, não tem o sentido de
compaixão, como é usada atualmente. É uma referência aos fundamentos do
Cristianismo, como explicou o comentarista.
REFERÊNCIAS:
BATISTA, Douglas. A Igreja de
Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito
da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 145-156.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 94. Rio
de Janeiro: CPAD, 2023, pág. 42.
Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.537,538,
544-546.