28 dezembro 2022

O QUE É AVIVAMENTO ESPIRITUAL

(Comentário do 1º tópico da Lição 1: Avivamento espiritual). 


Neste primeiro tópico, falaremos sobre a definição de avivamento. O avivamento não acontece apenas no âmbito espiritual. Acontece também na política, nas artes, na literatura, no patriotismo, etc. Avivamento é o oposto de indiferença e letargia. É uma intervenção de Deus, que só acontece quando alguém se dispõe a buscar a Deus e dá espaço para o Espírito Santo operar. Falaremos também sobre a pré-condição para que o avivamento aconteça.  


1. O que é Avivamento. Apesar de ser bastante usado no meio evangélico, o avivamento não acontece apenas no âmbito espiritual. Acontece também na política, nas artes, na literatura, no patriotismo, etc. Avivamento é o oposto de indiferença e letargia. Conforme pontuou o nosso comentarista no Livro de apoio, não há uma definição para palavra avivamento nos dicionários bíblicos. Entretanto podemos nos valer da definição apresentada no dicionário da língua portuguesa, que traz o seguinte: “Avivamento é o ato de “tornar ou tornar-se mais vivo, reanimar ou reanimar-se, despertar, tornar-se mais forte, mais intenso, aumentar, intensificar-se, tornar-se mais nítido, destacar-se, tornar-se mais ativo (diz-se de fogo, brasa etc.), tornar mais ágil, apressar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). 


Na Bíblia a palavra avivar só aparece uma única vez, no texto de Habacuque 3.2, que deu origem ao tema do nosso trimestre: “Aviva, ó Senhor, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira, lembra-Te da misericórdia.” A palavra hebraica traduzida por “Aviva”, é “chayah”, que significa “viver, fazer viver, manter vivo, viver prosperamente, viver para sempre, sustentar a vida, ser rápido, ser restaurado para a vida ou para a saúde”. Portanto, quando falamos de avivamento, estamos nos referindo a manter vivo, fazer viver, despertar, restaurar. 


O pastor Claudionor de Andrade dá as seguintes definições teológicas para o avivamento espiritual: 

  • É o retorno aos princípios que caracterizavam a Igreja Primitiva. 

  • É o retorno à Bíblia como a nossa única regra de fé e prática. 

  • É o retorno à oração como a mais bela expressão do sacerdócio universal do cristão. 

  • É o retorno às experiências genuínas com o Cristo, sem as quais inexistiria o corpo místico do Senhor. 

  • É o retorno à Grande Comissão, cujo lema continua a ser: “…até aos confins da terra…”. 

  • O avivamento, enfim, é o reaparecimento da Igreja como a agência por excelência do Reino de Deus.


Precisamos sempre ter em mente que avivamento espiritual é uma obra divina. Nenhum ser humano, por mais piedoso que seja, é capaz de avivar uma Igreja, ou a si mesmo. O avivamento é o resultado da busca por Deus. À proporção que nos dispomos a buscar a Deus de todo o nosso coração, o Espírito Santo nos move para fazer a sua obra com ousadia e intrepidez.


Um avivamento só é verdadeiro se conduzir a Igreja ao evangelismo, missões, discipulado e santidade. Um crente ou uma Igreja, que foram avivados pelo Espírito Santo, jamais permanecerão na indiferença ou letargia. Um verdadeiro avivamento produz transformações profundas não apenas na vida do crente ou de uma Igreja. A sociedade em que ele vive também é impactada. Certamente, Jerusalém não foi a mesma depois do Dia de Pentecostes. Samaria também não, depois da chegada de Filipe, o evangelista.


2- A pré-condição para o avivamento. Depois de falar sobre a definição de avivamento, o comentarista coloca uma pré-condição para que aconteça uma avivamento. Para isso, ele usa como base o versículo anteriores ao conhecido texto de 2 Crônicas 7.14, que diz: 'E se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar e se converter dos seus maus caminhos, Eu ouvirei dos Céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra." No versículo anterior, o versículo 13, Deus se coloca como o agente destas crises nacionais: "Se eu cerrar os céus, e não houver chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo”. É do interesse de Deus, que o seu povo se volte para Ele e, por isso, Ele permite muitas vezes que passemos por crises e dificuldades, para entendermos que sem precisamos voltar ao primeiro amor, como disse Jesus à Igreja de Éfeso (Ap 2.4). 


Nesse caso de Israel, nos dias de Salomão, a crise mencionada era de natureza atmosférica e econômica. Era uma sociedade que, em sua grande maioria, vivia da agropecuária em suas formas primitivas e eram totalmente dependentes das chuvas. Se Deus não mandasse chuvas, a morte dos animais e a fome eram inevitáveis. Haja vista o que houve nos dias de Elias, que passou três anos e meio sem chover e havia fome por todos os lados. 


Pode haver também crises de natureza moral, política e econômica, como resultado do afastamento e indiferença do povo de Deus. Muitos países que no passado foram prósperos e bem estruturados como os Estados Unidos e muitos países da Europa, hoje se encontram em decadência moral, espiritual, familiar, política e econômica, porque abandonaram os valores cristãos. Entretanto, é importante destacar que não é Deus que produz esse tipo de crise, como dizem os calvinistas. Isso é o resultado do afastamento de Deus. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 39-41.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1654.

JÚNIOR, Richard L. Pratt. Comentário do Antigo Testamento. 1 e 2 Crônicas. Editora Cultura Cristã. Ed. 2008.

Avivamento Pentecostal, CPAD, 1997, pp. 69-79.


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Ev. Weliano Pires

27 dezembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 1: AVIVAMENTO ESPIRITUAL




Neste novo ano, em 2023, a CPAD lançou um tema de suma importância para a Igreja atual, que é o Avivamento Espiritual. Apesar de se falar muito sobre avivamento nos últimos anos, especialmente nas Igrejas pentecostais e neopentecostais, o fato é que a maioria dos crentes não sabe o que é avivamento. Muitos confundem avivamento com dons espirituais, barulho e até com coisas bizarras que acontecem por aí. Por isso, neste trimestre estudaremos o conceito de avivamento espiritual, vários exemplos de avivamentos genuínos, que ocorreram no Antigo Testamento, no Novo Testamento e na história da Igreja ao longo dos séculos.


O comentarista deste trimestre é o Pr. Elinaldo Renovato de Lima, presidente da Assembleia de Deus em Parnamirim/RN; bacharel em Teologia e Economia; mestre em Administração; articulista dos periódicos da CPAD; comentarista de Lições Bíblicas há vários anos e autor de vários livros publicados pela CPAD como: Ética Cristo, Os Perigos da Pós-Modernidade, Dons Espirituais e Ministeriais, Células Tronco, Tempos Bens e Talentos, O Caráter do Cristão, O Final de Todas as Coisas, A Família Cristã e os Ataques do Inimigo, Comentário Bíblico Colossenses, Deus e a Bíblia, As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais, entre outros. 


Nesta lição introdutória, falaremos sobre o avivamento espiritual e o quanto ele é indispensável para o crescimento, desenvolvimento e cumprimento da missão da Igreja na terra. No período da Reforma Protestante, os reformadores foram usados por Deus para voltar à Palavra de Deus, num ambiente de apostasia generalizada e heresias absurdas, nas Doutrinas da Soteriologia, Cristologia, Eclesiologia e Bibliologia. Entretanto, deixaram de lado a Doutrina do Espírito Santo e as Igrejas caíram no academicismo e formalismo, gerando frieza espiritual. Somente a partir do Século XVIII aconteceram avivamentos na Europa, nos Séculos XVIII e XIX, nos Estados Unidos, e no Século XX chegou ao Brasil. Falaremos disso, nas lições 8 e 9. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a definição de avivamento. O avivamento não acontece apenas no âmbito espiritual. Acontece também na política, nas artes, na literatura, no patriotismo, etc. Avivamento é o oposto de indiferença e letargia. É uma intervenção de Deus, que só acontece quando alguém se dispõe a buscar a Deus e dá espaço para o Espírito Santo operar. Falaremos também sobre a pré-condição para que o avivamento aconteça.  


No segundo tópico falaremos sobre as condições para que o avivamento aconteça, que são uma crise, humilhação diante de Deus, oração e busca da face do Senhor e  conversão sincera. Se fizermos isso, o caminho estará preparado para que Deus produza o avivamento. O comentarista não cita aqui o conhecimento da Palavra de Deus como condição para o avivamento. Talvez porque não aparece no texto de 2 Crônicas 7.14. A busca pela Palavra de Deus é a primeira condição para um autêntico avivamento, pois é através da Palavra de Deus que conhecemos a adquirimos a fé.  Na lição 2, ele explica isso.


No terceiro tópico, falaremos da necessidade de um avivamento espiritual com base no texto de Ageu 2.5-9. Por causa da desobediência, mesmo com muitas advertências, o povo de Judá foi entregue ao cativeiro babilônico. Após setenta anos de cativeiro Deus levantou Ciro para livrar o povo do cativeiro e autorizar a reconstrução do templo. Falaremos também dos dias de Neemias, que o povo foi autorizado a voltar à sua terra e reconstruir o templo. Muitos se acomodaram no cativeiro e não quiseram voltar. Outros voltaram, mas queria cuidar da própria vida e não do templo. Foi preciso Deus levantar Ageu e Zacarias para trazer um despertamento. Atualmente também precisamos de um despertamento espiritual.


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 39-41.



24 dezembro 2022

O SIGNIFICADO DO NASCIMENTO DE JESUS CRISTO

"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo." (Mateus 1.18).

WELIANO PIRES

O nascimento de Jesus Cristo foi um dos maiores acontecimentos da história da humanidade. Já faz mais de dois mil anos que Ele nasceu, mas a sua história ainda é um dos assuntos mais discutidos. A história foi dividida em: antes de Cristo e depois de Cristo. Evidentemente, sabemos que Jesus não nasceu em 25 de dezembro e que o Natal atual é apenas estratégia do comércio para ganhar dinheiro. Além disso, acrescentaram várias coisas mitológicas do paganismo, como Papai Noel, árvores de natal, etc. Mas, o nascimento de Cristo é, sim, um acontecimento marcante e temos motivos para comemorá-lo. 


O nascimento do Salvador foi predito em vários textos do Antigo Testamento, com riqueza de detalhes. Imediatamente após a queda do primeiro casal, no diálogo com a serpente, temos o chamado "Proto Evangelho", que foi o primeiro anúncio do Evangelho, feito pelo próprio Deus: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3.15). Nesta profecia, Cristo é a semente da mulher que ferirá a cabeça da serpente, que é Satanás. 


Moisés também assim profetizou ao povo: "O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Dt 18.15). O profeta semelhante a Moisés, nesta profecia, é um anúncio da vinda do Messias para salvar a humanidade. Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, em sua pregação, citou esta profecia de Moisés, referindo-se a Cristo (At 7.37). 


O profeta Isaías, conhecido como o profeta messiânico, por ter sido o que mais profetizou a respeito do Messias, profetizou que o Messias nasceria de uma virgem e que Ele seria chamado "Emanuel", palavra hebraica que significa 'Deus Conosco': “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel".  (Is 7.14). O nascimento virginal é um milagre, pois, isto não acontece por meios naturais. 


Há uma polêmica tola, por parte dos que não acreditam no nascimento virginal de Cristo. Esta polêmica gira em torno dos termos hebraicos “almah” (jovem) e “betulah” (virgem). Os judeus ortodoxos argumentam que Isaías usou a palavra hebraica “almah”, que significa uma mulher jovem, não necessariamente uma virgem. A palavra específica para virgem, segundo estes judeus, seria “betulah”. Ora, a palavra “almah” significa, realmente, uma jovem solteira e, uma das suas características, é a virgindade. Não há nenhuma passagem bíblica, onde esta palavra se refere a uma mulher que não seja virgem. No episódio em que Abraão mandou o seu servo Eliezer buscar uma esposa para o seu filho Isaque, o servo orou desta maneira: “Eis que estou junto à fonte de água; seja, pois, que a donzela [almah] que sair para tirar água e à qual eu disser: Peço-te, dá-me um pouco de água do teu cântaro.” (Gn 24:43)


Outro fator importante, que corrobora a tese do nascimento virginal de Jesus é a palavra grega "pathermos" que significa uma moça virgem. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, escrita muitos anos antes de Cristo, usou a palavra grega “pathermos”, em Isaías 7.14, para traduzir a palavra hebraica "almah" usada por Isaías e que foi traduzida por “virgem” em português. Ora, será que os rabinos judeus, que traduziram a versão grega do Antigo Testamento, não sabiam que a palavra grega "pathermos" significa exclusivamente uma moça virgem e não qualquer moça jovem? 


O mesmo profeta Isaías, falando sobre o nascimento do Messias citou alguns dos títulos que nos dizem muito sobre a sua identidade: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, o principado está sobre os seus ombros e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Is 9.6). Jesus é maravilhoso porque Ele é muito além do que a nossa mente pode compreender. Ele também é conselheiro, pois tem toda sabedoria e pode nos mostrar a direção certa. O  título Deus Forte indica a sua divindade. Jesus é Deus que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.1,14). Pai da Eternidade, por sua vez, indica que Jesus é eterno. Ele é antes de todas as coisas, não teve princípio e não terá fim. (Sl 90.1,4; Cl 1.17). Por último, o título Príncipe da Paz indica que Jesus é pacífico, doador da verdadeira paz e o único que pode nos colocar em paz com Deus. (Jo 14.26; Rm 5.1). 


Jesus não veio a este mundo para ser um líder político, ou mesmo um líder religioso. Ele também não veio para ser apenas um filósofo, ou um sábio com bons ensinamentos. O nascimento de Jesus significa muito mais do que isto. Significa o próprio Deus, tomando a forma humana, e vindo a este mundo para padecer por nós e pagar o preço da nossa redenção. O apóstolo João assim escreveu sobre Ele: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." (Jo 1.1-3). 


Jesus é o único mediador entre Deus, que é santo, e nós pecadores. (1 Tm 2.5). Ele veio chamar os pecadores ao arrependimento e reconciliá-los com Deus. (Lc 19.10; Mt 9.13). Desde o seu nascimento, durante toda a sua vida terrena, na sua morte, ressurreição e ascensão ao Céu, Jesus cumpriu a Lei e tudo o que a respeito dEle estava escrito. Ele ressuscitou e subiu ao Céu, mas, prometeu voltar para buscar o seu povo e, então, estaremos eternamente com Ele.  


Ora vem, Senhor Jesus!


Weliano Pires é evangelista e professor da Escola Bíblica Dominical da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos, SP. 

23 dezembro 2022

O SENHOR ESTÁ ALI

(Comentário do 3º tópico da Lição 13: O Senhor está ali).

Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre o nome da cidade, que será “O SENHOR está ali”. Ao longo da sua história, Jerusalém já foi chamada por vários nomes: Salém, Jebus, Cidade de Davi, Sião e Jerusalém. No milênio, ela não será mais identificada com os pecados e abominações do passado. Mas, será chamada por um título que identifica a presença de Deus: Yahweh Shammah, que significa “o Senhor está ali”. Esta expressão aparece somente neste texto de Ezequiel e indica a onipresença de Deus. 


1- Os nomes da cidade. Os nomes das nossas cidades atualmente foram dados por diversos motivos: Uma homenagem a uma pessoa importante, padroeiros ou símbolos religiosos do passado, árvores ou rios de uma fazenda que se tornou cidade, nomes indígenas de antigas aldeias, etc. A minha cidade natal, por exemplo, chama-se Terra Nova. Este nome se deu porque ela era uma fazenda, que tinha o nome de Roça Nova. O proprietário tinha mais de uma fazenda e quando adquiriu esta, chamou de Roça Nova. A fazenda transformou-se em uma vila, já com o nome de Terra Nova e, posteriormente, em cidade. 


Nos tempos bíblicos era diferente. Os nomes das cidades eram dados de acordo com o fundador ou conquistador da cidade, alguma circunstância, características do local, ou alguma mensagem religiosa. A primeira cidade que temos notícia na Bíblia foi edificada por Caim, filho de Adão, cujo nome dado foi o nome do seu filho Enoque: “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque.” (Gn 4.17). Este Enoque não era o que foi trasladado, pois aquele era filho de Jarede, da descendência de Sete, irmão de Caim. 


A segunda cidade mencionada na Bíblia é Nínive, capital da Assíria que foi fundada por Ninrode, bisneto de Noé (Gn 10.11). Não se sabe ao certo a origem do nome Nínive, mas ela foi apelidada também de “cidade dos ladrões”, porque seus moradores invadiam e despojavam outras regiões para enriquecer. Ninrode edificou também a cidade de Babel, onde tentou construir uma torre que chegasse até aos céus. Deus confundiu as línguas ali, para impedir este intento e esta cidade recebeu o nome de “Babel”, que significa “confusão”. Depois, esta cidade se tornou a grande Babilônia. 


A primeira menção à cidade de Jerusalém está no episódio da guerra entre os confederados Sinar, Elasar, Elão e Goim, contra as cidades estados de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar. Abrão participou dessa guerra, para salvar o seu sobrinho Ló (Gn 14.1,2,14,15). No retorno, Melquisedeque, que era sacerdote do Deus Altíssimo e rei de Salém, foi ao seu encontro, trazendo pão e vinho. Abrão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14.18-20). Esta cidade de Salém, cujo nome significa “paz”, tornou-se posteriormente a cidade de Jerusalém. A cidade passou pelo domínio dos jebuseus e nesse período era chamada de “Jebus” (Jz 19.10,11; 1Cr 11.4,5). Não se sabe a origem deste nome, alguns sugerem que pode ter sido o nome de um clã que habitou no local. Esta cidade foi conquistada por Davi e passou a se chamar Cidade de Davi. Era chamada também de Sião, que significa fortaleza, e é um monte onde Davi construiu a sua fortaleza (1 Rs 8.1). Depois, Jerusalém se tornou a capital de Israel. Com a divisão do Reino, passou a ser a capital apenas do Reino do Sul. 


A história de Jerusalém ficou marcada por idolatria, guerras, destruições e reconstruções. O nome Jerusalém, historicamente está ligado a isso. Mas, Deus prometeu através do profeta Ezequiel que a cidade será reconstruída, com novas medidas, novo formato e novo nome. O novo nome desta cidade no milênio será “Yahweh Shammah'', que significa “O Senhor está ali”. (Ez 48.35). Falaremos mais sobre este nome no terceiro subtópico. 


2- O nome divino. Conforme falamos no tópico anterior, o nome de uma pessoa na Bíblia é muito diferente do nome em nossos dias. Não significa apenas uma palavra de identificação pessoal. O nome na Bíblia é muitas vezes uma expressão que revela as circunstâncias do nascimento, ou características da pessoa. Com Deus não é diferente. Deus revelou na Bíblia vários nomes que revelam os seus atributos ou alguma circunstância em que Ele se mostrou aos seus servos. 


No episódio do retorno da Arca para Jerusalém, vemos a identificação de Deus como “O Nome” (heb. Ha-Shém): “E levantou-se Davi e partiu com todo o povo que tinha consigo de Baalá de Judá, para levarem dali para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que se assenta entre os querubins.” (2 Sm 6.2). Em Levítico 24.11, aparece a mesma palavra na Nova Versão Transformadora: “Durante a briga, o filho da israelita blasfemou o Nome com uma maldição…” (Lv 24.11). Nestes casos, “o Nome” não se refere ao vocábulo que identifica Deus, como querem as Testemunhas de Jeová. É uma referência ao próprio Deus. 


Deus se identificou por vários nomes compostos, que revelam a sua natureza, atributos e circunstâncias em que Ele se revelou. Estes nomes são formados a partir da nome genérico “El” que significa “Deus”, ou do tetragrama hebraico יהוה (YHWH), transliterado para o português como Yahweh, Javé ou Jeová. Para evitar o uso deste nome em vão, os rabinos judeus o substituíram por ’ădhonāy que significa “Senhor”. Na maioria das versões em português, aparece a palavra SENHOR em letras maiúsculas, nas ocorrências deste tetragrama hebraico.  


Deus se revelou a Abraão como El Shadday (Deus Todo-Poderoso) (Gn 17.1). Depois, no Monte Moriá, quando Deus mandou Abraão sacrificar o seu filho Isaque, revelou-se como “Yahweh Yireh” (O SENHOR proverá) (Gn 22.13,14). Aos filhos de Israel, quando mandou as pragas sobre os egípcios, Deus se revelou como Yahweh Rafá (O SENHOR que te sara) (Êx 15:26). No deserto, após a vitória contra os amalequitas, Moisés edificou um altar ao Senhor e chamou o seu nome de Yahweh Nissi” (O SENHOR é minha Bandeira” (Êx 17:8-15). Quando o Anjo do SENHOR apareceu a Gideão, ele ficou temeroso de morrer, pois havia visto o próprio Deus em uma teofania. O Senhor o acalmou dizendo: Paz seja contigo; não temas, não morrerás. Gideão edificou um altar ao Senhor e chamou o seu nome Yahweh Shalom (O Senhor é Paz) (Jz 6.23,24). O profeta Jeremias, quando falou contra os falsos pastores, disse que Deus levantaria a Davi um Renovo justo, que sendo rei, reinará, prosperará, praticará o juízo e a justiça na terra. Este Rei será chamado de Yahweh Tsidkenu (O SENHOR Justiça Nossa) (Jr 23.5,6). No conhecidíssimo Salmo 23, Davi descreve o SENHOR Yahweh Ra’ah (O Senhor é o Meu Pastor” (Sl 23.1). 


3- Yahweh Shammah (v.35). Ezequiel denominou a Jerusalém do milênio por um dos nomes compostos de Deus que é Yahweh Shammah (O SENHOR está Ali) (Ez 48:35), que é um dos sete nomes compostos de Jeová encontrados no Antigo Testamento. Este título não é necessariamente um título de Deus, mas um nome para a cidade que Ezequiel viu. Este nome fala da presença de Deus no meio do seu povo. O profeta Isaías usou a palavra "Emanuel", referindo-se ao Messias, que era o próprio Deus habitando no meio do seu povo. Hoje, nós temos a presença do Espírito Santo, que é Deus, morando em nós. No milênio, Israel irá experimentar a presença real de Deus entre eles em toda a cidade. É isso que Yahweh Shammah revela. 


A presença de Deus voltará definitivamente para o meio do seu povo e, onde Deus está, não entra nada imundo, pois Ele é santo. Por isso, na Jerusalém milenial haverá santidade em toda parte e não apenas no lugar santíssimo, como era no tabernáculo e no templo. É uma figura da Nova Jerusalém, onde o Senhor habitará com os santos e não haverá necessidade de templo, nem de sol, pois o próprio Deus estará conosco e nos iluminará. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 151-153. 

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 821, 822.

BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Editora Vida. pág. 1172-1173.

SPANGLER, Ann. Orando com os Nomes De Deus: Guia diário para uma maior intimidade com Deus. Editora CPAD. 1 Ed. 2014.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 305.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3359.


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Ev. Weliano Pires




21 dezembro 2022

SOBRE O NOME DAS DOZE TRIBOS

Imagem: Pr. Luiz Henrique de Almeida

(Comentário do 2º tópico da Lição 13: O Senhor está ali)

Neste segundo tópico falaremos sobre os nomes das doze tribos de Israel, que estarão nas doze portas da cidade. Falaremos também sobre os critérios para a ordem em que estarão escritos e o propósito deste nomes constarem nas portas da Jerusalém milenial, que é estabelecer um memorial das doze tribos de Israel. Diferente da Jerusalém do milênio, na Jerusalém  celestial constará também os nomes dos doze apóstolos de Cristo, representando a Igreja do Senhor. 


1- As doze tribos de Israel. A nação de Israel foi criada e organizada pelo próprio Deus, em um sistema patriarcal. Neste sistema, a sociedade é formada por clãs ou tribos, onde o chefe ou fundador de uma família ou tribo, governa o seu grupo. Deus chamou um homem da cidade de Ur dos Caldeus, na antiga Mesopotâmia, e ordenou que ele saísse da sua terra e do meio dos seus parentes, e fosse para um terra que Deus lhe mostraria. Deus prometeu abençoá-lo, multiplicar os seus descendentes e fazer daquele homem uma grande nação, na qual seriam benditas todas as famílias da terra. Este homem era Abrão e sua esposa, Sarai. Eles não tinham filhos e obedeceram ao chamado de Deus. Depois que saíram, Deus fez uma aliança com eles e mudou-lhes os nomes, respectivamente, para Abraão e Sara. 


Os anos foram passando, o casal foi envelhecendo e nada de filhos. Sara, que era estéril, adotou um costume da época de entregar a escrava para o marido tivesse filho dela e este filho seria deles. Mas este não era o plano de Deus. Depois que o menino nasceu, Deus falou com eles novamente e reafirmou a promessa de que o casal teria um filho, a quem deveriam dar o nome de Isaque e da descendência dele, Deus faria uma grande nação. 


Isaque cresceu e casou-se com a sua prima Rebeca, com quem teve dois filhos: Esaú e Jacó. Destes, Deus escolheu Jacó, para dar continuidade ao Seu projeto de formar uma grande nação. Até então, Abraão e Isaque adotaram a monogamia. Mas Jacó, talvez influenciado pela cultura dos arameus, o seu sogro vivia, casou-se com duas irmãs: Lia e Raquel. Jacó amava Raquel e trabalhou sete anos para conseguir casar com ela, mas foi enganado pelo sogro, que lhe deu a filha mais velha, Lia, como esposa. Jacó trabalhou mais sete e, finalmente, casou também com Raquel. As duas esposam deram também a Jacó, as suas servas Zilpa e Bila, como concubinas. Destas quatro mulheres, Jacó teve doze filhos e uma filha. Por ordem de nascimento, esta é a lista dos filhos de Jacó: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali,  Gade, Aser, Issacar, Zebulom, Diná, José e Benjamim.  


Estes doze filhos, excluindo-se a filha, deveriam formar as doze tribos de Israel, quando entrassem na terra prometida. Alguns fatos aconteceram ao longo da história desde Canaã, passando pela escravidão no Egito e pelas peregrinações no deserto. Rubens, o primogênito, desonrou o pai, deitando-se com uma das suas concubinas. Depois, Jacó adotou os filhos de José, o seu filho preferido, como seus filhos. Sendo assim, a tribo de José tornou-se duas, pois Efraim e Manassés, filhos de José, passaram a ser contados como tribo. Os descendentes de Levi foram escolhidos por Deus para ser a tribo sacerdotal. Foram contados como uma tribo, mas para efeitos de herança e de operações militares não eram contados. 


Há, no entanto, cerca de 20 listas dos filhos de Jacó na Bíblia, com algumas diferenças entre elas, nos nomes e na ordem em que eles aparecem. Em algumas não aparece o nome de Levi (Nm 1.5-17); em outras, aparecem os nomes de José, Manassés aparecem juntos (Nm 1.5-17); em outras, José não aparece; e, na única lista que aparece no Novo Testamento, não aparecem os nomes de Efraim e Dã (Ap 7.4-8). As explicações e interpretações para algumas ausências e divergências na ordem do são diversas. Em alguns casos, a lista era uma contagem militar, ou de herança e, portanto, a tribo de Levi não era contada. No caso da lista de Ezequiel é uma referência aos territórios dessas tribos no milênio. A lista do Apocalipse, por sua vez, é uma referência aos 144 mil vindos de todas as tribos de Israel, na Grande Tribulação. 


2- Critério da ordem dos nomes. Sabemos que nada está na Bíblia por acaso e que há propósito para tudo o que foi escrito. Com relação à ordem em que aparecem os nomes dos filhos de Jacó, nas diversas listas, não é diferente. Os escritores bíblicos foram inspirados pelo Espírito Santo e escreveram conforme a inspiração divina que receberam. Não sabemos exatamente o critério estabelecido para uns nomes constarem em uma lista e em outras não, ou aparecerem em ordens diferentes. Há apenas interpretações e especulações diversas sobre isso. 


A lista dos filhos de Jacó, mencionada por Ezequiel não segue a ordem de nascimento dos filhos, conforme aparece em Gn 29.32-35; 30.4-13,17-27; 35.16-18. No capítulo 49 de Gênesis, quando Jacó reuniu os seus filhos e profetizou sobre eles, seguiu a ordem de nascimento dos filhos, começando com os seis filhos de Lia e terminando com os dois filhos de Raquel, José e Benjamim.


Ezequiel, por sua vez, cita os filhos de Jacó de acordo com a ordem das mães, com algumas variantes. No caso dos filhos de Lia, ele inverteu a ordem, colocando Zebulom, que é o décimo filho, na frente de Issacar, que é o nono. Alterou também os filhos das servas, começando com o primeiro filho de Bila, que é Dã, seguindo com os dois filhos de Zilpa, que são Gade e Aser, e volta ao segundo filho de Bila, que é Naftali. Por último, coloca os dois filhos de Raquel, José e Benjamim.


3- Propósito dos nomes. Qual era o propósito de ter os nomes dos patriarcas dos filhos de Israel, nas portas da cidade do milênio? Primeiro precisamos entender a cultura da época e os critérios para se escolher os nomes das pessoas, que eram totalmente diferentes da nossa cultura ocidental do século XXI. Mesmo em nossa cultura, os critérios variam de acordo com a época e o local. 


Na Babilônia, por exemplo, era comum colocar o nome de deuses as portas das cidades e até no nome das pessoas, como no caso de Daniel e seus companheiros que receberam outros nomes com referências aos deuses da Babilônia: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abed-Nego. O povo de Israel também usava referências a Deus nos nomes das pessoas. A palavra hebraica "El" (Deus) está presente em vários nomes: Eli, Samuel, Elias, Eliseu, Ezequiel, Daniel, etc. Há também abreviatura do tetragrama YHWH (Yahweh) em vários nomes, como Isaías, Jeremias, Obadias, Sofonias, Zacarias, Malaquias, etc. Todos estes nomes terminam com "Yah" (abreviação de YHWH) e no início, há alguma petição, louvor, ou afirmação sobre Yahweh. 


Os antigos hebreus costumavam colocar um único nome nos filhos. Não havia sobrenomes ou prenomes. Para evitar confusão com outros nomes, às vezes acrescentavam a palavra hebraica "Ben" (filho de), mais o nome do pai. Os nomes não eram escolhidos aleatoriamente como hoje. Alguns eram emprestados de animais, plantas e fenômenos da natureza, como por exemplo Raquel, que significa "ovelha"; Tamar, que significa "palmeira" e Balaque, que significa "relâmpago". 


Muitos nomes eram escolhidos também pelas características físicas, como no caso de Esaú, que significa "cabeludo". Outros nomes eram dados pelas circunstâncias em que se deu o nascimento, como caso do neto de Eli, que recebeu o nome de "Icavod" (foi-se a glória), porque na ocasião do seu nascimento os filisteus levaram a Arca da Aliança para a terra deles. Tinha também os nomes que eram atribuídos à pessoa de acordo com alguns traços do seu caráter, como Nabal (tolo) e Noemi (agradável). 


Os israelitas, por serem a nação eleita por Deus para, através dela, enviar o Messias, valorizavam muito as genealogias e os nomes dos antepassados. As heranças, e sucessões de reis e sacerdotes, eram estabelecidos com base no critério genealógico. Tinha ainda as profecias relacionadas ao Messias, que indicavam que Ele seria descendente de Davi. Então, os descendentes de Davi conservavam as informações das suas genealogias. 


O nome de alguém em em uma porta da cidade ou nas colunas era uma forma de homenagear, como acontece hoje em nomes de ruas ou edifícios públicos. Era também uma forma de indicar a possessão de um território, pois em Israel a terra não poderia ser vendida e tinha que ficar com os herdeiros. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 149-150.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pág. 488.

WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário Bíblico Atos Antigo Testamento. Editora Atos. pág. 750.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. págs. 1370; 1472.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11 ed. 2013. pág. 518.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 227.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 216.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, o Livro das origens. Editora Hagnos. Ed. 2021.


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Ev. Weliano Pires

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