08 maio 2025

A DISTINÇÃO ENTRE O BOM PASTOR E O MERCENÁRIO

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: O Bom Pastor e suas ovelhas) 

Ev. WELIANO PIRES 

No Terceiro tópico, veremos a distinção entre o Bom Pastor e o mercenário. Inicialmente, falaremos das características do Bom Pastor, apresentadas por Jesus em João 10.11. Na sequência, falaremos das características do mercenário, descritas por Jesus em João 10.12. Por fim, faremos um contraste entre o Bom Pastor e os lobos vorazes, expressão usada pelo apóstolo Paulo para se referir aos falsos mestres. 

1. O Bom Pastor. No Antigo Testamento, Deus é apresentado como o Pastor de Israel: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” (Sl 23.1). “Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que te assentas entre os querubins, resplandece”. (Sl 80.1). Mas, Deus deu também pastores para pastorear o seu povo. Como estes pastores foram infiéis e não cuidaram das ovelhas, Deus prometeu apascentar pessoalmente o seu povo: “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.” (Is 40.11). “Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho.” (Jr 31.10). 

Estas profecias que dizem que Deus virá pessoalmente como pastor, para buscar as suas ovelhas desgarradas e pastoreá-las, se cumpriram em Cristo. Por isso Ele declarou: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.11,14). O apóstolo Pedro também apresenta Jesus como “o Sumo [Supremo, Grande] Pastor” (1 Pe 5.4). O adjetivo “bom”, usado por Jesus para qualificar a Si mesmo como pastor, no grego é “kalos” e aparece três vezes no capítulo 10 de João, sendo duas no versículo 11 e uma no versículo 14. Esta palavra significa “bom” no sentido ético e indica a nobreza de Cristo para cumprir apropriadamente o seu ofício de pastor, em contraste com os pastores de Israel, que eram mercenários, não cuidavam das ovelhas e queriam apenas servir-se delas. 

Jesus é o Pastor ideal, segundo o padrão de Deus, tanto em seu caráter como em sua obra. Ele é único em sua categoria, pois não há outro igual a Ele. Jesus é o Bom Pastor pelo menos três motivos, que são apresentados no capítulo 10 de João: 

a. Ele dá a Sua vida pela Salvação das ovelhas (v.11). Jesus não foi um mártir, que foi assassinado por defender uma causa. Ele deu a sua vida para o resgate das suas ovelhas. A sua morte foi voluntária, sacrificial e vicária. Ou seja, Ele se ofereceu, voluntariamente, como sacrifício a Deus em nosso lugar.

b. Ele conhece as suas ovelhas e delas é conhecido (v.14). As ovelhas conhecem a voz do seu pastor e não seguem a estranhos. Jesus, como o bom pastor, é o dono das ovelhas, conhece-as profundamente e elas também o conhecem.

c. Ele ama as ovelhas, protege-as e supre-lhes as necessidades. (vs. 15,16). Jesus nos amou incondicionalmente, sem que nós o merecêssemos. Nos versículos 15 e 16, Jesus compara o seu relacionamento com as suas ovelhas, com o relacionamento dele com o Pai. Ele também supre as nossas necessidades, nos protege e nos dá vida em abundância (Jo 10.10).

2. O Mercenário. Depois de se apresentar como o Bom Pastor que cuida das suas ovelhas e dá a sua vida por elas, no versículo 12, Jesus apresentou a figura do mercenário, que é o oposto disso: “Mas o mercenário e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa”. A palavra grega traduzida por mercenário neste texto é misthōtós, que era usada para se referir a um empregado assalariado, que era diferente de um escravo comprado, que era obrigado a trabalhar sem receber salário e sem poder exigir nada. 

A Nova Versão Transformadora (NVT) e a Nova Versão Internacional (NVI) traduziram, respectivamente, esta palavra por empregado e assalariado. A origem da palavra mercenário vem do latim mercenarius, que é aquele que recebe “mercê”, ou seja, a recompensa ou o salário pelo seu trabalho. Em seu sentido original, o mercenário não tinha o mesmo significado que tem hoje, que é uma pessoa interesseira que trabalha pensando apenas nas vantagens que irá receber. 

Originalmente, o mercenário era apenas um trabalhador assalariado, que não era dono da lavoura ou do rebanho, onde trabalhava. Mas, pelo contexto, Jesus não está falando apenas de alguém que recebe salário para cuidar de um rebanho. A alusão é a alguém que foi pago para cuidar das ovelhas, mas estava preocupado apenas com o salário e não fez o seu trabalho. O mercenário vê os predadores chegarem e foge, deixando o rebanho em perigo. 

Conforme o comentarista explicou,  a ilustração do mercenário é uma referência ao caráter dos falsos líderes e mestres fraudulentos que procuram constantemente semear divisões entre o povo de Deus e querem apenas se aproveitar do rebanho. Lamentavelmente, é o que mais vemos em nossos dias, são obreiros e cantores que não tem nenhuma preocupação em servir à Igreja do Senhor. Estão preocupados apenas com as vultosas quantias que irão receber. Exploram a Igreja com palavras fingidas e distorcidas, para massagear o ego das pessoas e enriquecer. Por outro lado, os mercenários encontram espaço em muitas Igrejas, porque há crentes carnais, que se deixam enganar por suas mensagens de autoajuda e, por isso, pagam caro para ouvi-los. 

3. Lobos vorazes X o Bom Pastor. Há outra figura pior do que os mercenários nesta ilustração de Jesus. São os lobos que devoram o rebanho. O apóstolo Paulo, em uma reunião com os bispos e presbíteros de Éfeso, falou sobre os falsos mestres de forma profética e chamou-os de “lobos vorazes que não pouparão o rebanho”. (At 20.29 ARA). Paulo sabia que a qualquer momento poderia ser preso e condenado à morte, por causa do Evangelho. Por isso, ele se preocupava com o surgimento de falsos mestres, que são devoradores do rebanho.

Os lobos são animais carnívoros, pertencentes à família canidae, a mesma família do cachorro. São astutos, velozes e estrategistas na captura de suas presas. Eles caçam em grupo, escolhendo as presas mais vulneráveis e desatentas do rebanho para atacar. Depois de isolá-la do rebanho, atacam-na de forma certeira, sem nenhuma chance de fuga. Eles tem um faro muito aguçado e excelente visão noturna, que lhes permite enxergar de longe e no escuro. 

A ilustração do lobo representa os falsos mestres, que se disfarçam de obreiros do Senhor, mas tem intenções destrutivas. Eles são cruéis, pregam heresias de perdição e tem vida libertina (2 Pe 2.1-3). Distorcem a Bíblia e não procuram fazer discípulos para Cristo. O interesse deles é buscar seguidores para si, ter fama e enriquecer. Estes lobos são eloquentes, escrevem bem e tem aparência de piedade. Mas são presunçosos e se colocam acima das Escrituras e dos apóstolos. Quando a Bíblia contraria os seus falsos ensinos, eles querem desacreditar a Bíblia, ou adequar a mensagem bíblica às suas heresias. Tomemos muito cuidado com pregadores e ensinadores que desacreditam as narrativas da Bíblia e dizem que “não é bem assim”. São lobos devoradores, vestidos em pele de ovelhas.

Precisamos estar alertas, principalmente, quanto aos falsos mestres que aparecem em nosso meio. Estes são muito mais perigosos que os de fora, pois têm livre acesso ao rebanho e estão por toda parte. Pode ser um pastor, um pregador itinerante e até um professor da Escola Dominical. É preciso ter cautela antes de entregar o púlpito da Igreja para alguém pregar, prestar atenção nas aulas da Escola Dominical e ter cuidado com cultos e campanhas nos lares, sem a presença da liderança da Igreja. 

REFERÊNCIAS: 
CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.
Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.97.
SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.  

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