20 maio 2025

UMA HISTÓRIA REAL SOBRE A HUMILDADE

(Comentário do 1º tópico da Lição 08: Uma Lição de humildade)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos dos detalhes da história em que Jesus lavou os pés dos seus discípulos, para ensinar-lhes o valor da humildade. Inicialmente, falaremos do significado do lava-pés no antigo Oriente. Na sequência, falaremos do desenvolvimento desta história, conforme os detalhes mencionados por João. Por último, falaremos da mudança de paradigma de Jesus, ao assumir a função de servo, mostrando que no Reino de Deus, a humildade representa grandeza espiritual.


1. O lava-pés. A  prática de lavar os pés das pessoas que chegavam de viagem em uma casa, era comum em todo o Oriente antigo. Esta prática já existia no tempo dos patriarcas. Quando o Senhor apareceu a Abraão com dois anjos, ele se inclinou e disse: “Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo. Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore; E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo”. (Gn 18.3-5)

Naquela época, as estradas não eram pavimentadas e os viajantes andavam muitos quilômetros a pé. Nestas circunstâncias, os seus pés ficavam empoeirados, cansados e até feridos. Fazia parte da hospitalidade e cortesia aos visitantes de uma casa, o anfitrião mandar os seus escravos lavarem os pés dos visitantes que chegavam cansados da viagem e oferecer-lhes água para beber, antes de se assentarem à mesa para comer. 

Os discípulos haviam perguntado a Jesus, onde Ele queria que fosse preparada a ceia pascal. Jesus mandou que eles entrassem na cidade, procurassem um homem desconhecido e lhe dessem o seguinte recado: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos?” Os discípulos fizeram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa. 

Os outros evangelistas relataram apenas a preparação da Páscoa e o momento em que Jesus se reuniu com os discípulos para comer e a instituição da Ceia do Senhor, indicando também que um deles haveria de traí-lo. Entretanto, João, no capítulo 13, relatou uma história real e não uma parábola ou ilustração. De fato, Jesus lavou os pés dos seus discípulos, após a Ceia. 

2. O desenvolvimento da história. Jesus e os seus discípulos tinham vindo de Betânia a Jerusalém, quando se reuniram para comer a páscoa. É verdade que todos estavam exaustos e cansados da viagem, inclusive, o próprio Jesus, que tinha uma rotina cansativa, andando muitos quilômetros a pé, para se afastar do assédio das multidões e das perseguições dos Judeus, que procuravam matá-lo. 

Era de se esperar que os discípulos de Jesus, como servos dele, tomassem a iniciativa de lavar os pés dele. Entretanto, nenhum deles se prontificou a fazê-lo. Ao contrário disso, a preocupação deles era saber quem seria o maior entre eles, num eventual reino de Jesus, que eles imaginavam que fosse terreno e político. Estavam mais interessados em fazer parte do governo e obter vantagens, que servir ao próximo. 

Jesus, então, tomou uma bacia com água e uma toalha, despiu-se da túnica, amarrou a toalha na cintura e começou a lavar os pés dos discípulos, como costumavam fazer os escravos. Jesus não explicou a eles o motivo daquela atitude e, certamente, eles ficaram sem entender, mas nenhum deles o questionou.

Quando chegou a vez de Pedro, que era o mais precipitado, ele disse: “Senhor, tu lavas-me os pés a mim?” Jesus, então, lhe disse: “O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois”. Pedro retrucou, dizendo: “Nunca me lavarás os pés”. Jesus lhe disse que, se Ele não lhe lavasse os pés, Pedro não teria parte com Ele. Diante dessa resposta de Jesus, Pedro pediu que lavasse não apenas os pés, mas todo o corpo. 

Jesus disse que não seria necessário, pois eles já estavam limpos, com exceção de Judas Iscariotes, que era o traidor. O amor de Jesus é extraordinário! Ele sabia desde o princípio quem era cada um dos seus discípulos. Sabia que dentre alguns instantes, Judas iria negociar com as autoridades judaicas para entregá-lo. Sabia também que depois da sua prisão, todos eles iriam fugir e abandoná-lo. Pedro iria acompanhá-lo de longe, mas iria negá-lo por três vezes. Mesmo assim, o Mestre lavou os pés de todos eles, para aliviar o cansaço dos pés, fazendo o papel de um escravo para com eles. 

3. A mudança de paradigma. Jesus era o anfitrião daquela ceia pascal. Ele é também o Filho Unigênito de Deus e o Senhor do Céu e da Terra. Após a sua tentação no deserto, quando o diabo o deixou, os anjos vieram servi-lo (Mt 4.11). No seu batismo, quando Ele saiu das águas do Rio Jordão, o Espírito Santo desceu sobre Ele, em forma corpórea de uma pomba e o Pai bradou dos Céus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Mt 3.17). 

Entretanto, naquela ocasião, Jesus assumiu a função de um escravo e passou a servir aos seus discípulos, lavando-lhes os pés. Com esta atitude, o Mestre muda um paradigma ou uma regra comum, mostrando-lhes que o padrão do Reino de Deus é diferente. O caminho do Reino de Deus é trilhado pela humildade, onde o maior é aquele que serve e não os que são servidos (Mt 23.11). Jesus já havia dito a eles para aprenderem dele, que é “manso e humilde de coração” (Mt 11.29).

Evidentemente, ao ordenar que os seus discípulos seguissem o seu exemplo, Jesus não estava mandando que as pessoas do Ocidente, no Século 21, com estradas pavimentadas e banheiros em suas casas, se ponham a lavar os pés dos visitantes, como alguns erroneamente interpretam este texto. Na Igreja Católica, por exemplo, na quinta- feira da semana da Páscoa, pratica-se o ritual do lava-pés, onde os sacerdotes reúnem um grupo de doze pessoas e lavam-lhes os pés, para imitar o gesto de Jesus. Não vemos isso em lugar algum em Atos dos Apóstolos, ou nas Epístolas, como acontece com o batismo e a Ceia do Senhor. 

Com este ato de lavar os pés dos discípulos, Jesus demonstrou-lhes o quanto Ele amava os seus discípulos (Jo 13.1). Demonstrou também, de forma profética, o seu sacrifício vicário na cruz, onde se doaria, padecendo pelo resgate dos pecadores. Através deste ato de humildade e serviço, Jesus ensinou também aos seus discípulos que aqueles que o seguem devem ser humildes como Ele e servir uns aos outros. 

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.40.

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp.1880, 1881.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7.RIO DE JANEIRO: CPAD, p.117


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