Ev. WELIANO PIRES
No
segundo tópico, analisaremos a segunda parte da leitura bíblica em classe, que
é o texto de 1Pe 3.15,16). Tomando como base o versículo 15, onde o apóstolo
Pedro fala da necessidade de estarmos “preparados para responder" (Gr.
Apologia) a qualquer um que pedir a razão da nossa esperança”,
apresentaremos o conceito de Apologética. Na sequência, veremos a que tipo de
defesa o apóstolo Pedro se refere no versículo 16. Por último, responderemos à
pergunta: Por que devemos combater as heresias?
1.
Definição (1 Pe 3.15). O comentarista, além de ser um
especialista em grego, dedica-se à apologética há mais de 30 anos. Portanto,
tem autoridade para explicar o que é apologética e o fez com mestria. Conforme
ele nos explicou, a palavra apologética deriva do grego “apologia”, que
significa uma defesa em resposta a um questionamento, ou uma réplica. No texto
de 1Pe 3.15, Pedro que falou que devemos estar preparados para “responder” a
qualquer um que pedir a razão da nossa esperança. O termo grego traduzido por
“responder” é “apologia”, que significa fazer a defesa ou explicar uma
tese, após um questionamento.
Infelizmente,
há cristãos que pensam que não devemos nos preocupar com a defesa da nossa fé,
pois devemos “apenas evangelizar”. Entretanto, isso é um grande equívoco, pois
para evangelizar é preciso fazer apologética ou explicar a razão da nossa
esperança para as pessoas que pretendemos evangelizar. Nas ruas, escolas, no
trabalho, na família, etc. encontramos vários questionamentos a respeito da
nossa fé e, se não estivermos preparados, passaremos vergonha. É importante lembrar
que esta defesa da nossa fé deve ser feita com mansidão, visando a conversão da
pessoa e não debates acalorados e infrutíferos.
A
Igreja Cristã nasceu apologética. No dia de Pentecostes, quando a Igreja foi
inaugurada, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e estavam falando em
línguas e profetizando. A multidão se admirou, porque os cristãos falavam das
maravilhas de Deus em idiomas que eles não conheciam. De repente, alguns
começaram a zombar e a acusá-los de embriaguez. Pedro, então, levantou-se e fez
um discurso apologético, em resposta àquele questionamento. Posteriormente,
Estevão também fez o mesmo, perante o Sumo Sacerdote. Da mesma forma, Paulo fez
vários discursos dessa natureza. Alguns deles estão registrados no Livro de
Atos.
2.
A que defesa Pedro se refere? (v.16). A palavra grega apologia,
como vimos acima, significa uma defesa em resposta a uma acusação ou
questionamento. Mas não é apenas isso. Se fosse assim, se ninguém nos acusasse,
não precisaríamos fazer a defesa ou a explicação da nossa fé para as pessoas.
Pedro falou que devemos estar preparados para fazer a defesa da nossa fé, para
qualquer pessoa.
O
Senhor Jesus também falou para os seus discípulos ensinarem todas as nações a
guardarem tudo o que Ele havia mandado. Ora, como iriam fazer isso, se não
fosse explicando a doutrina cristã para as pessoas? A defesa a que Pedro se
refere, portanto, é uma explicação racional e lógica do nosso credo. Todo
cristão precisa estar pronto para falar de Jesus e responder aos
questionamentos que lhe fizerem sobre a fé cristã. Para isso, precisa estudar a
Palavra de Deus e conhecê-la profundamente.
O
comentarista citou o caso de Paulo que teve a oportunidade de fazer a defesa
das acusações que pesavam contra ele, perante os governadores Festo e Herodes
Agripa. Ele fez um eloquente discurso, contando como conheceu a Cristo e
explicou porque pregava o Evangelho. Festo ficou tão impressionado que disse: “Estás
louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar.” (At 26.24). Agripa, por
sua vez, disse: “Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!” (At
26.28). Isso é fazer a defesa da fé cristã com ousadia.
3.
Por que devemos combater as heresias? (3.16). Eu
penso que este ponto se encaixaria melhor no próximo tópico, pois é nele que
apresentaremos o conceito de heresia. Mas, como o comentarista tratou deste
assunto aqui, vamos lá. O comentarista nos apresenta duas razões, pelas quais
devemos combater as heresias:
a)
Para defesa própria. Inevitavelmente, o cristão irá se deparar com
falsos ensinos e questionamentos a respeito da sua fé. Por isso, ele precisa
conhecer profundamente a Palavra de Deus para não ser enganado por causa da
ignorância. Jesus disse certa vez: “Errais não conhecendo as Escrituras, nem
o poder de Deus”. (Mt 22.29). Deus falou também através do profeta Oséias: “O
meu povo destruído porque lhe faltou o conhecimento”. (Os 4.6). Estes dois
versículos nos mostram que a falta de conhecimento da Palavra de Deus nos deixa
vulneráveis perante os falsos ensinos e pode nos levar ao erro e até à
destruição espiritual. Por outro lado, precisamos conhecer aquilo que os falsos
mestres ensinam para refutá-los da forma correta. Não há como refutar aquilo
que não se conhece.
b)
Para ajudar os outros na compreensão da própria fé. Precisamos
combater as heresias também para ajudar outras pessoas, principalmente novos
convertidos e crentes inexperientes a se defenderem dos falsos mestres. Não
podemos ficar de braços cruzados, assistindo de camarote os lobos destruírem o
rebanho do Senhor. Esta responsabilidade cabe primeiramente aos pastores e
professores. Mas isso não exclui os demais cristãos. Todos nós precisamos
ajudar uns aos outros a compreender as doutrinas bíblicas. Como professor, eu
já fui solicitado várias vezes por membros da Igreja, para tirar dúvidas sobre
a Bíblia, ou sobre falsos ensinos, mesmo não sendo o pastor da Igreja. Pesa
sobre todos nós esta responsabilidade.
SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. Ed. 100, p. 36. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025.
Comentário Bíblico Farol. Vol. 10. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2006, p.233.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.178.
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