03 janeiro 2025

AS AMEAÇAS DOS LOBOS VORAZES

(Comentário do 1° tópico da Lição 01: Quando as heresias ameaçam a unidade da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES

Neste primeiro tópico falaremos a respeito das ameaças dos falsos mestres, a quem o apóstolo Paulo chamou de “lobos vorazes”. Usaremos como base a primeira parte da leitura bíblica em classe, que é o texto de Atos 20.28-30. Destacaremos três pontos do discurso de Paulo aos líderes da Igreja de Éfeso, pouco tempo antes da sua prisão no Templo em Jerusalém: Os cuidados pastorais (V. 28), depois da minha partida (v. 29) e a origem dos falsos mestres (v.30).

1. Os cuidados pastorais (At 20.28). No capítulo 20 do livro de Atos, a partir do versículo 15, temos a informação de que Paulo chegou a Mileto e desejava chegar a Jerusalém, antes do Pentecostes. Por causa disso, ele decidiu não passar por Éfeso, para não gastar tempo na região da Ásia Menor, onde ele havia plantado muitas Igrejas. De Mileto, o apóstolo mandou chamar os líderes da Igreja de Éfeso, a quem Lucas se refere como “anciãos” (Gr. presbyteros) e “bispos” (Gr. episkopos), para uma reunião de obreiros: "E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja." (At 20.17). 

No Novo Testamento, as palavras bispo, presbítero e pastor são equivalentes. São usadas para se referir aos líderes das Igrejas. O apóstolo Pedro, que era um dos doze apóstolos, se identificou como sendo um “presbítero” (1Pe 5.1). Da mesma forma, o apóstolo João em sua segunda Epístola se identifica como “o ancião” (Gr. presbyteros) (2Jo 1). O presbitério da Igreja Primitiva formava uma espécie de conselho ou assembléia que deliberava junto com os apóstolos, sobre assuntos doutrinários, éticos e administrativos da Igreja. (At 15.2,6,9-11; At 16.4). Eles faziam o papel exercido hoje pelos pastores e evangelistas nas convenções, no caso das Assembleias de Deus. 

Seja qual for a nomenclatura que se usa (presbítero, bispo, ancião ou pastor), ou a forma de governo eclesiástico, as funções principais do pastor da Igreja são: alimentar, guiar e proteger a Igreja que está sob a sua responsabilidade. Os pastores devem providenciar o alimento espiritual saudável, que é a Palavra de Deus, para a Igreja. Devem valorizar os cultos de ensino, escolas dominicais, cursos de discipulado, cursos teológicos e escolas bíblicas de obreiros. Somente assim, teremos uma Igreja sadia e preparada para enfrentar os lobos devoradores. Devem também guiar as ovelhas do Senhor pelo caminho correto e protegê-las das ameaças dos falsos mestres, principalmente, aqueles que estão em nosso meio e tem acesso fácil ao rebanho. 

2. “Depois da minha partida” (v.29). No versículo 29, Paulo falou: “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão aos rebanhos”. O apóstolo Paulo não era apenas um missionário transcultural que plantava Igrejas. Ele era também um mestre das Escrituras, que se preocupava em doutrinar a Igreja do Senhor. Durante a sua vida, ele enfrentou muitas oposições dos falsos apóstolos nas Igrejas e refutou muitas heresias, como podemos notar nas Epístolas aos Gálatas e aos Colossenses. 

Paulo sabia que a qualquer momento poderia ser preso e condenado à morte, por causa do Evangelho. Por isso, ele se preocupava com o surgimento de falsos mestres, que são devoradores do rebanho. Entretanto, como explicou o comentarista, quando Paulo diz “após a minha partida”, ele não se refere apenas ao fim da sua vida e sim, de forma profética, aos períodos seguintes da Igreja. De fato, muitas heresias surgiram no seio da Igreja Cristã, após a morte dos apóstolos e dos pais da Igreja, como veremos nas próximas lições. 

O ensino sistemático da Palavra de Deus na Igreja e o cuidado do pastor em preservar a Igreja das ações dos lobos são indispensáveis, para evitar que Igreja local seja enganada e destruída. Mas, isso serve apenas para preparar a Igreja para identificar os falsos mestres, enfrentá-los e não cair nos seus engodos. Não é suficiente para evitar que eles apareçam, pois, tanto Jesus como os seus apóstolos profetizaram que surgiriam falsos mestres e falsos profetas em nosso meio e enganariam a muitos (Mt 24.4; 2Pe 2.1-3; Jd 17-19).

3. A origem dos falsos mestres (v.30). Na continuação deste discurso de Paulo, no versículo 30, ele falou: “E que de entre vós mesmos se levantem homens que falem coisas perversas, para atraírem os discípulos após si”. Podemos identificar duas coisas importantes nesta fala do apóstolo Paulo: 

a) Eles surgirão em nosso meio. Claro que há muitos hereges em religiões não cristãs e devemos também refutar os seus ensinos perante a Igreja. Mas, precisamos estar alertas quanto aos falsos mestres que aparecem em nosso meio. Estes são muito mais perigosos, pois eles têm livre acesso ao rebanho e estão por toda parte. Pode ser um pastor, um pregador itinerante e até um professor da Escola Dominical. É preciso ter muita cautela antes de entregar o microfone da Igreja para alguém pregar, prestar atenção nas aulas da Escola Dominical e ter cuidado com cultos e campanhas nos lares, sem a presença da liderança da Igreja. Eu mesmo já tive que corrigir erros doutrinários de professores em aula da Escola Dominical, quando era superintendente. Como pastor, também tive que corrigir erros que foram pregados por pregadores de congresso. Não tenho nenhum constrangimento, quanto a isso, pois é obrigação dos pastores e superintendentes fazerem isso a fim de proteger a Igreja.

2) Eles falam coisas perversas para atrair os discípulos para si. Os falsos mestres distorcem a Bíblia e não procuram fazer discípulos para Cristo. O interesse deles é buscar seguidores para si, ter fama e enriquecer. Estes lobos são eloquentes, escrevem bem e tem aparência de piedade. Mas são presunçosos e se colocam acima das Escrituras e dos apóstolos. Quando a Bíblia contraria os seus falsos ensinos, eles querem desacreditar a Bíblia, ou adequar a mensagem bíblica às suas heresias. Tomemos muito cuidado com pregadores e ensinadores que desacreditam as narrativas da Bíblia e dizem que “não é bem assim”. São lobos devoradores, vestidos em pele de ovelhas. Neste sentido, a apologética é muito importante, para orientar a Igreja, como veremos no próximo tópico. 

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam Com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. Ed. 100, p. 36. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025. 
Comentário Bíblico Farol. Vol. 10. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2006, p.233.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.1785


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