16 janeiro 2025

A AFIRMAÇÃO APOSTÓLICA DA CORPOREIDADE DE JESUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 03:  A encarnação do Verbo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, veremos as afirmações do apóstolo João sobre a humanidade de Jesus. Falaremos do significado da expressão “o que era desde o princípio”, usada por João, para afirmar a eternidade de Jesus, e a expressão “o Verbo de fez carne e habitou entre nós” que afirma que Jesus se humanizou e foi visto pelas pessoas. Na sequência, falaremos da reafirmação apostólica da humanidade de Jesus, expressa no Credo apostólico, que diz: “Padeceu sob Pôncio Pilatos”. Por fim, falaremos da crença herética de Cerinto, que negava o nascimento virginal de Cristo e a sua humanidade. Esta heresia foi refutada principalmente pelo apóstolo João em seus escritos.

1. “O que era desde o princípio” (I Jo 1.1). Os livros de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de "Evangelhos Sinóticos" devido à semelhança dos relatos. Mateus e Lucas trazem detalhes importantes do nascimento de Jesus, desde o seu anúncio e também mencionam várias pessoas que testemunharam este fato. Falam também da genealogia de Jesus e mencionam os seus familiares. Marcos inicia falando de Jesus na idade adulta, no início do seu ministério e dá muita ênfase aos milagres que Ele fez. Mas ele mostra também Jesus como um ser humano entre as multidões. Estes três evangelistas expõem detalhes da vida humana de Jesus e não deixam dúvidas de que tinha um corpo físico.

O Evangelho segundo João, destoa um pouco, pois dá ênfase ao ministério de Jesus na vida adulta e aponta para a sua divindade.  João traz uma abordagem diferenciada do Ministério de Jesus, se compararmos com os outros três evangelistas. Por isso, os teólogos chamam o Evangelho segundo João de “Evangelho autótico”. João não faz menção ao nascimento de Jesus, nem à sua infância, como vemos nos Evangelhos sinóticos. Ele inicia falando de Jesus como o Verbo que estava no princípio com Deus e que era Deus. Fala também que o Verbo (Jesus) criou todas as coisas e sem Ele nada se fez (Jo 1.1-3). Neste aspecto João enfatiza a preexistência do Filho de Deus e a sua divindade.

Entretanto, João não deixa de mencionar claramente a humanidade plena de Jesus. No mesmo capítulo 1, ele escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1.14). João afirma claramente que Jesus tomou a forma humana e habitou entre eles. Ele reafirmou esta verdade em suas Epístolas, como veremos abaixo. Na verdade, a referência no título deste subtópico é 1 João 1.1 e não João 1.1, como foi colocado na revista.

João não apenas falou da humanidade de Jesus, mas foi testemunha ocular desta verdade. João, Tiago, seu irmão, e Pedro, foram os discípulos mais próximos de Jesus. Ele participou de refeições junto de Jesus e dos demais discípulos. Viu-o andando, cansado e dormindo. Na ocasião da última Ceia, João reclinou a sua cabeça no peito de Jesus e constatou que havia um corpo humano ali e não apenas uma aparência, como ensinavam os docetas.

2. A reafirmação apostólica (v.1b). Em sua primeira Epístola, o apóstolo João não apenas reafirma o que disse no prólogo do Evangelho, quando disse que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, mas dá mais ênfase. Na segunda parte de 1 João 1.1, João afirma: “...o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”. De forma redundante, para que não fique dúvidas, João diz que eles viram com os seus olhos, contemplaram e tocaram no corpo de Jesus.

Em várias ocasiões, os discípulos puderam tocar em Jesus e conversaram pessoalmente com Ele. Eles nunca tiveram dúvidas de que Jesus tinha um corpo físico. A dúvida que eles tinham antes da ressurreição era sobre a identidade de Jesus. Alguns pensavam que ele era um dos profetas que ressuscitou e outros pensavam que fosse um rei que Deus, como Davi, para libertá-los do domínio estrangeiro.

Os demais apóstolos também deixaram claro em suas Epístolas a humanidade de Jesus. Paulo, escrevendo aos Romanos disse: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus, o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne…” (Rm 1.1-3).

No credo apostólico, que é atribuído pela tradição da Igreja aos doze apóstolos, também está escrito sobre Jesus: “...Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.” A confissão apostólica de que Jesus nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, sendo crucificado, morto e sepultado, não deixam dúvidas de que Ele tinha um corpo humano.

3. Uma crença herética (1Jo 4.2,3). O apóstolo João, conhecido entre os doze como “o discípulo a quem Jesus amava”, foi o único do colégio apostólico que não foi executado e o último a morrer. Durante a guerra judaica, entre 69 e 70 d.C., João mudou-se para a Ásia Menor e viveu em Éfeso por muitos anos. Durante o reinado de Dominicano, ele foi exilado na Ilha de Patmos, onde recebeu as revelações do Apocalipse.

O Docetismo se espalhou entre os cristãos de Éfeso. Cerinto, que era natural de Antioquia, passou por Alexandria e se estabeleceu em Éfeso. Lá encontrou a resistência firme do apóstolo João contra as suas heresias. João escreveu o Evangelho que leva o seu nome e as três Epístolas, onde ele enfatiza a divindade e humanidade de Jesus, contestando as heresias que perturbavam a Igreja de Éfeso. João foi incisivo contra estes hereges e disse que todo aquele que nega a humanidade de Jesus não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo.

O comentarista explica a gravidade desta heresia que nega que Jesus teve um corpo físico. Não se trata apenas de uma divergência teológica em questões secundárias. Negar que Jesus se encarnou, compromete todo o Plano de redenção, pois se Cristo não teve corpo, também não foi crucificado e não ressuscitou. Nesse caso, como disse Paulo, seria vã a nossa fé e os que morreram em Cristo estariam perdidos (1Co 15.1-3,17,18).

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