Comentário do 2º tópico da Lição 5: O casamento é para sempre
Neste segundo tópico, veremos que, aquilo que rege o coração, regerá o corpo. Veremos a definição e significado bíblico da palavra traduzida por coração. Os nossos pensamentos determinam as nossas ações e a nossa conduta. O nosso cérebro comanda as ações de todo o corpo. Por isso, em vez de tentar dominar os membros do corpo, devemos controlar os pensamentos. Isso só acontecerá se os nossos pensamentos estiverem entregues ao domínio e dependência do Espírito Santo.
1 - O que procede do coração. Assim como fez com o assassinato, Jesus vai à origem do pecado do adultério que é o coração, ou o interior do homem. Quando a Bíblia fala de coração, evidentemente não está se referindo ao músculo cardíaco, responsável por bombear sangue para todo o corpo. No hebraico, a palavra “leb” ou “lebab (pronuncia-se lev e levav respectivamente) traduzida por coração, é usada para se referir ao próprio órgão cardíaco: “Mas Jeú entesou o seu arco com toda a força e feriu a Jorão entre os braços, e a flecha lhe saiu pelo coração; e caiu no seu carro.” (2 Rs 9.24); aos anseios da pessoa humana: “Deleita-te também no Senhor , e ele te concederá o que deseja o teu coração.” (Sl 37.4); aos pensamentos humanos: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Esta palavra aparece centenas de vezes no Antigo Testamento, para se referir ao ser interior, ou aquilo que nos faz amar, chorar, pecar e ter empatia.
No grego, a palavra correspondente é “kardia”, que deu origem à palavra portuguesa cardíaco. Esta palavra não também não se refere apenas ao órgão cardíaco. É o centro da personalidade humana, física, emocional, moral e espiritualmente. kardia É o centro dos sentimentos, desejos, alegria, dor, amor, etc. Somente Deus, na sua onisciência, conhece profundamente o coração humano. É no coração (não no órgão físico) que o Espírito Santo habita. Jesus disse que “...a boca fala daquilo que o coração está cheio”. (Mt 12.34). Em outra parte, Ele disse: “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mt 15.19).
Então, o pecado não se restringe à consumação física do ato, mas, tem o seu início no interior do ser humano. Segundo Charles Spurgeon, “os assassinatos não começam com o punhal, mas com a maldade do coração. Adultérios e prostituições são primeiramente entretidos no coração antes de serem efetuados pelo corpo. O coração é a gaiola de onde essas aves impuras voam. Todos esses males terríveis fluem de uma fonte, o coração do homem.” Por isso, é preciso nascer da água e do Espírito e ter um novo “coração”, onde o Espírito de Deus habita e produz o Fruto do Espírito. (Jo 3.3-5; 2 Tm 1.14; Gl 5.22).
2 - O homem é o que pensa. O ser humano é formado de três partes: Espírito, alma e corpo. O espírito é a parte capaz de responder a Deus, através da fé e da consciência. É o sopro que Deus colocou no homem no ato da criação. A alma é a sede das emoções e sentimentos. O espírito e a alma são a parte imaterial e são inseparáveis. O corpo é a parte material, composta por órgãos e tecidos. O pensamento humano é regido pela alma. Conforme vimos no ponto anterior, as ações do nosso corpo são primeiro processadas em nosso pensamento. Portanto, o pensamento é o laboratório das ações do corpo, sejam elas boas ou más. Sendo assim, tudo aquilo que plantamos em nosso pensamento irá brotar em nossas ações. Alguns até conseguem disfarçar um pouco as verdadeiras intenções, com palavras enganosas. Mas a essência do ser humano está em seu pensamento. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2). O apóstolo recomenda aos irmãos que não se “conformem” com este mundo (sistema maligno). A palavra conformeis (Gr. schmatizo) significa assimilar-se, moldar de acordo com, tomar a forma do ambiente, amoldar-se. Em seguida ele recomenda que sejam transformados pela “renovação do vosso entendimento". A palavra “entendimento” (Gr. nous) neste texto não se limita à capacidade intelectual apenas, mas refere-se “ao homem interior", incluindo a capacidade de perceber as coisas espirituais, discernir o bem do mal e julgar com imparcialidade. Isto significa que o ser humano é aquilo que está em seu interior. Se o seu pensamento (ser interior) for mau, as suas atitudes também serão. Se for bom as suas atitudes também serão boas. Hendriksen diz: “Se o que está no coração é bom, o excedente que vaza será bom; se o conteúdo do ser interior é ruim, o que vaza pela boca será também ruim”.
3- Sujeitando o corpo ao Espírito Santo. Conforme já vimos, o nosso corpo é regido pelo nosso coração (pensamentos, ser interior). Por conta da entrada do pecado no mundo, a natureza humana foi terrivelmente afetada e, portanto, os seus instintos naturais são maus. Sendo assim, se o ser humano seguir os seus próprios instintos, cometerá as mais terríveis atrocidades, tanto no campo espiritual, quanto moral. O apóstolo Paulo assim escreveu aos Efésios: “E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração, os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza.” (Ef 4.17-19). Na Epístola aos Gálatas, falando sobre o mesmo assunto, o apóstolo disse que “a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” Gl 5.17). Ou seja, a natureza humana destituída da glória de Deus, se contrapõe ao modo de vida proposto pelo Espírito Santo e domina o homem. No versículo anterior, Paulo mostra o remédio para vencer a natureza carnal: Andar no Espírito. (Gl 5.16). O verbo grego traduzido por “andai” é “peripateo”. Nos escritos paulinos esta palavra é usada em sentido figurado, com o sentido de “viver”, “portar-se”, ou ‘conduzir-se”. Quanto vivemos na dependência do Espírito Santo e nos submetemos ao Seu domínio, a nossa natureza pecaminosa é dominada e passamos a refletir o caráter de Cristo. Portanto, para vencer o adultério e outros pecados, que são obras da carne, o crente precisa sujeitar-se completamente ao Espírito Santo.
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 93-97.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 434.
E. Howard. Comentário Bíblico Beacon. Gálatas. Editora CPAD. Vol. 9. pág. 68.
LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 482-483.
LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS, A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 238-240.
LOPES, Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem Perfeito. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pág. 568.
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