15 abril 2022

A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS


(Comentário do 3º tópico da Lição 3: JESUS, O DISCÍPULO E A LEI)


Jesus mostra que o padrão de Justiça do Reino de Deus é diferente daquele ensinado pelos rabinos judaicos, que se baseava no binômio lei-obra. A justiça ensinada por Jesus não é exterior ou legalista e só pode ser obtida através da ação do Espírito Santo no interior do ser humano, que promove o novo nascimento. O conceito de justiça na Bíblia é diferente do que temos hoje. Justiça atualmente tem a ver com legalidade e poder judiciário.  Do ponto de bíblico, a palavra justiça está relacionada  com retidão, integridade e honestidade. Por isso, no Sermão do Monte, Jesus nos convida a viver a justiça do Reino de Deus, mediante estas virtudes. 


1- Quem é grande no Reino de Deus? Os parâmetros de Jesus são muito diferentes dos padrões dos escribas e fariseus e do mundo em geral. Para os escribas e fariseus, alguns mandamentos da Lei eram mais importantes que outros. Eles valorizavam muito a tradição dos anciãos e, com isso, acabavam invalidando as coisas mais importantes da lei que eram o juízo, a misericórdia e a fé (Mt 23.23). Por isso, Jesus disse que eles coavam um mosquito e engoliam um camelo. 

Para Jesus, quem é considerado grande em seu reino não não os que detém muito conhecimento, os que são prósperos materialmente, os que têm cargos elevados ou que são de linhagem nobre. Grandes no Reino de Deus são aqueles que ensinam e guardam a Palavra de Deus como ela é, com fidelidade, sem nenhuma distorção. Ninguém na terra têm autoridade para alterar a Palavra de Deus e liberar o que ela condena, ou condenar aquilo que ela não condena. As leis humanas se tornam obsoletas com o passar dos anos e precisam ser alteradas ou revogadas. Entretanto, a Palavra de Deus é eterna, inerrante e imutável, pois foi inspirada por Deus, conforme estudamos no trimestre passado. 

 

2- A Justiça do reino de Deus. No Sermão do Monte, Jesus disse que se a nossa Justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entraremos no Reino de Deus. Para entendermos melhor o que Jesus falou, precisamos antes entender quem eram os escribas e fariseus e qual o conceito que eles tinham de justiça.  Os escribas eram os mestres da lei. Eles eram os responsáveis por copiar as Escrituras, interpretar e ensinar ao povo. Naquela época, não era como hoje que cada um tem a sua Bíblia em casa. Os rolos das Escrituras ficavam na Sinagoga e o povo ia lá para ouvir a leitura e a explicação. Poucas pessoas sabiam ler e, para piorar, os poucos que sabiam ler não entendiam as Escrituras. 

O povo judeu havia passado por vários cativeiros, desde que foram levados para a Babilônia. Depois dos babilônios, foram dominados pelos medos e persas. Eles retornaram para a sua terra, mas não tiveram mais independência. Depois dos persas, os gregos dominaram o mundo. O povo permaneceu em sua pátria, mas sob o domínio dos gregos e posteriormente dos romanos. Os gregos usavam o processo de aculturamento para arraigar o seu domínio entre os povos. Mesmo após o domínio romano, a cultura grega (helenismo) prevaleceu. 

Depois do retorno do cativeiro babilônio, o povo judeu não conhecia mais a Lei, a cultura e até o idioma da sua terra, que era o hebraico. Nos setenta anos de cativeiro, eles se amoldaram à cultura dos caldeu e falavam o aramaico. Por causa disso, o escriba e sacerdote Esdras veio da Pérsia para ler as Escrituras para o povo e explicar o seu significado. Foi nesse período que surgiu um documento chamado Talmud (aprendizado em hebraico), que são compilações das explicações dos rabinos sobre a Lei.

Os fariseus, por sua vez, formavam um grupo religioso de Israel, que surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos (gregos). Este nome aparece pela primeira vez durante a época do governo de João Hircano, que governou a Judéia entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano, que era sumo sacerdote, era também um fariseu. Mas, depois passou para o partido dos saduceus. 

A palavra “fariseu” é de origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Eles eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Além dos mandamentos da Lei de Moisés, os fariseus criaram muitas regras preventivas, para “evitar que as pessoas pecassem”.  Em Mateus 23, Jesus teceu duras críticas aos fariseus, dizendo que eles criaram “fardos pesados e difíceis de suportar”, eram hipócritas e ficavam na porta dos céus: não entravam e impediam os outros de entrarem. Saulo de Tarso, antes da sua conversão ao Cristianismo pertencia ao grupo dos fariseus.

O conceito de justiça para os escribas e fariseus era baseado na teologia da retribuição, ou seja, se você obedece a lei é recompensado e se desobedece é punido. A compreensão que eles tinham de justiça era focado nas próprias ações exteriores e não em Deus. Por isso, faziam de tudo para serem vistos. A justiça ensinada por Jesus, no entanto, é interior e não pode ser obtida por méritos ou capacidade humana. Ela é o resultado da fé em Cristo. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença.” (Rm 3:21,22


REFERÊNCIAS: 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. p. 45.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. p. 309.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pp. 68-70.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. p. 195.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.557.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. p. 87.



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Pb. Weliano Pires


 

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