Há várias interpretações sobre o cumprimento da Lei, que são heréticas e absurdas. Alguns dizem que Jesus era apenas um rabino judeu, que apenas deu continuidade à Lei e a explicou. Segundo esta interpretação, o Cristianismo seria obra de Paulo. Outros, interpretam erroneamente João 1.17 e dizem que Jesus aboliu completamente a Lei e introduziu a Graça. Nesta questão, há dois extremos que o cristão deve evitar em relação à Lei: o antinomismo e o legalismo. O Evangelho de Cristo não é antinomista, nem legalista. Vejamos a seguir, o que isto significa.
1 - O que é Antinomismo? A palavra antinomismo procede da junção de duas palavras gregas, “anti”, que significa "contra", e “nomos”, que significa lei. Portanto, antinomismo significa literalmente “contra a lei.” Segundo os antinomistas, Cristo aboliu completamente o Antigo Testamento e o cristão está desobrigado de obedecer quaisquer princípios morais da lei.
Há dois tipos de antinomismo: o dualístico e o espiritual. O antinomismo dualístico ensina que a salvação é apenas para a alma, independente do que fazemos com o nosso corpo em nossas ações e comportamento. Segundo este ponto de vista, o cristão não precisa guardar a lei de Deus e pode viver desenfreadamente em pecado.
O chamado antinomismo espiritual diz que a lei deve ser rejeitada e que o Espírito Santo diz a cada pessoa o que é certo e errado. Portanto, fazer a vontade de Deus seria algo subjetivo e segundo a revelação espiritual de cada indivíduo.
2- A Lei e o Evangelho. Os opositores de Jesus constantemente o acusavam de violar a Lei e as tradições dos anciãos. Esta foi a principal acusação das autoridades judaicas para condená-lo à morte. Porém, os
romanos não condenavam ninguém à morte por questões religiosas. Então, eles inventaram a acusação de que Jesus se declarava rei, o que configurava uma conspiração contra o imperador romano (Jo 18.33).
Conforme vimos na lição passada, o Senhor Jesus não veio abolir a Lei, mas veio cumpri-la e aperfeiçoá-la. Em relação às questões cerimoniais, sacrifícios e rituais, Jesus veio cumpri-las. Esta parte da lei eram tipos e figuras que apontavam para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Com a vinda de Jesus, elas foram cumpridas nele e se tornaram desnecessárias.
As leis civis, administrativas e criminais eram voltadas para a nação de Israel na época em que era uma teocracia e, portanto, não se aplica aos cristãos não judeus. Neste aspecto, cada país tem as suas leis e o cristão deve estar submetido a elas.
As leis morais, por sua vez, receberam de Jesus uma abrangência maior. Jesus incluiu nos mandamentos as intenções e o aspecto interior.
3 - Legalismo x Antinomismo. Se por um lado temos a heresia do antinomismo, que nega totalmente a Lei de Deus, inclusive as leis morais, temos no outro extremo o legalismo, que defende o cumprimento de regras para alcançar o favor de Deus. Normalmente, o legalismo despreza a Graça de Deus e vê no cumprimento de regras, um alicerce para a salvação. O legalismo coloca Deus como um devedor, se cumprirmos regras. Isso torna o cristão, um merecedor da salvação, por causa das boas obras praticadas. Entretanto, a Bíblia nos ensina que somos salvos pela Graça de Deus mediante a fé. Isso não vem de nós mesmos, nem das obras, para que ninguém se glorie. (Ef 2.8-10). Entretanto, não é porque somos salvos pela fé e não pelas obras, que podemos viver sem regras, como dizem os antinomistas, pois Tiago disse que a fé sem as obras e morta. (Tg 2.29,26).
Pb. Weliano Pires
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 75-76.
STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 37.
CHEUNG, Vincent. O Sermão do Monte. Editora Monergismo. 1 ed, 2011.
SUGEL, Michelén. Da Parte de Deus e na Presença de Deus: Um guia para a pregação expositiva. Editora Fiel.
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