13 janeiro 2024

IMAGENS QUE DESCREVEM HABITAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos das imagens que descrevem a Igreja como habitação de Deus. Primeiro, veremos que a Igreja é descrita como um santuário de Deus. Falaremos também da Igreja como Casa de Deus, um conceito derivado do Antigo Testamento, que retrata Israel como Casa e Família de Deus. Por último, veremos que é um privilégio fazer parte da Igreja de Deus, pois ela é uma comunidade de salvos que se relacionam com Deus, ela exerce a função sacerdotal perante o mundo e é habitação de Deus. 


1- Santuário de Deus. A figura do santuário de Deus também é uma expressão oriunda do Antigo Testamento. No deserto, Deus ordenou a Moisés que construísse um santuário móvel, chamado de Tabernáculo. Deus mostrou a Moisés o modelo e todos os materiais que deveriam ser utilizados na construção do Tabernáculo (Êx 25.8,9). Tudo aquilo era tipológico e apontava para Cristo e Sua Igreja (Hb 9.11,12).


Quando Israel se estabeleceu na terra prometida, esta tenda móvel foi fixada em Siló (Js 18.1). Nos dias de Davi, ele se incomodou com o fato da Arca da Aliança estar em uma tenda móvel e desejou construir um santuário para Deus. Por ele ter sido um rei guerreiro, Deus não permitiu que ele construísse o templo, mas garantiu que daria paz à Israel nos dias do seu filho Salomão, para que ele edificasse o templo (1 Cr 17.1-15). Davi, no entanto, comprou o terreno e arrecadou materiais em abundância para esta construção (1 Cr 29.1-5).


Salomão edificou um majestoso templo ao Senhor. Ele não poupou esforços nem economizou recursos na construção. Fez com materiais de altíssima qualidade, pois, era para Deus e ele entendia que para Deus, devemos fazer o melhor que podemos. Houve duas manifestações da Glória do Senhor no templo: a primeira foi quando os sacerdotes introduziram a arca (2 Cr 5.14) e a segunda, quando Salomão inaugurou o templo (2 Cr 7.1). 


No Antigo Testamento havia o conceito de se ter um santuário para Deus habitar entre o povo. O sentido de habitar ali era de que a Glória de Deus se manifestava. O templo, portanto, era o santuário onde Deus manifestava a Sua Glória perante o Seu povo. Quando a glória de Deus se manifestava era sinal de que Ele estava aprovando o que foi feito. 


Na Nova Aliança, não há mais necessidade de um santuário para Deus se manifestar ou lugar específico para adoração. Jesus deixou isso muito claro em seu diálogo com a mulher samaritana: “Os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em Espírito e em Verdade”. (Jo 4.24). O crente, individualmente, é o templo do Espírito Santo: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16).  Mas, a Igreja, no sentido coletivo também é o santuário de Deus, pois Deus habita no meio da Sua Igreja, conforme vemos na Carta do Senhor Jesus à Igreja de Éfeso: “Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro [a totalidade da Igreja]”.(Ap 2.1).  


O templo na Nova Aliança, não tem o mesmo sentido do Antigo Testamento. Hoje, o templo nada mais é do que um local específico, para a Igreja se reunir e adorar a Deus. Deus não habita no templo e não manifesta a Sua Glória no templo e sim, na Igreja que são os salvos por Cristo. Evidentemente, o templo tem a sua importância como Casa de oração e local onde a Igreja se reúne para adorar a Deus, pregar o Evangelho e ouvir o ensino bíblico. Diferente do que muitos crentes dizem, no templo cristão também não há altares, pois não oferecemos sacrifícios. Não temos um lugar mais santo do que outros no templo. O que temos são púlpitos, de onde pregamos a Palavra de Deus. 


2- Casa de Deus. A figura da Igreja como a Casa de Deus não se refere ao santuário, ou ao templo, conforme vimos acima. A Igreja como a Casa de Deus é uma referência à família de Deus. A Igreja é uma grande família, pois somos filhos de Deus por adoção em Cristo Jesus e, portanto, irmãos. Por isso, quando há brigas e disputas no meio da Igreja, perde-se o sentido de Igreja que é um ajuntamento de salvos, que são irmãos em Cristo. 


A Igreja também é formada por famílias. Pode até haver famílias bem estruturadas fora da Igreja, onde se aplicarem os princípios divinos para a família. Mas não pode haver Igreja sem famílias. Se os laços familiares se desfizerem em uma Igreja, esta perde a condição de ser considerada Igreja de Cristo. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo disse: “Se alguém não cuida da sua família e dos seus, negou a fé e é pior do que o infiel.” (1Tm 5.8). 


3- O privilégio de ser Igreja. Ser  Igreja do Senhor, sem dúvida nenhuma, é um grande privilégio por várias razões. Neste subtópico, com base em tudo o que estudamos nesta lição, o comentarista apresenta-nos três razões pelas quais, fazer parte da Igreja de Deus constitui-se num grande privilégio: 

a. O relacionamento pessoal com Deus. O Deus da Bíblia é um Ser pessoal que ama e se relaciona com a Sua Igreja. Deus não é uma energia impessoal, como o deus dos panteístas. Mesmo sendo transcendente, que está infinitamente acima das suas criaturas em todos os aspectos, Deus é também imanente, ou seja, Ele se interessa pelos nossos problemas e se envolve conosco. 

b. A função sacerdotal perante Deus e o mundo. Mesmo sendo pecadores, Deus nos salvou e nos constituiu como reis e sacerdotes e, como tais, temos acesso direto à presença do Pai, para adorá-lo, conversar com Ele e interceder pelas pessoas. Na Antiga Aliança, somente os sacerdotes e profetas tinham este privilégio. 

c. A habitação de Deus. Deus não habita em templos feitos por mãos humanas. Ele escolheu habitar na sua Igreja neste mundo. O Espírito Santo, que é Deus, habita em nós, pois somos o templo do Espírito Santo. Onde Deus habita há vida e alegria indizível. Que privilégio ser habitado por Deus! 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.


12 janeiro 2024

IMAGENS QUE DESCREVEM FUNÇÃO

(Comentário do 2º tópico da LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos das imagens que descrevem as funções da Igreja. Primeiro, veremos a Igreja como geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Estas três imagens mostram que a Igreja é o povo de Deus no Novo Pacto, assim como Israel foi no Antigo Testamento. Depois, falaremos da Igreja como o Corpo de Cristo. A imagem de um corpo, descreve a harmonia e unidade da Igreja de Cristo. Em um corpo há vários membros que são diferentes, com funções diversas e que trabalham pelo perfeito funcionamento do corpo. Assim também é a Igreja de Cristo. 


1- Geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Neste subtópico, o comentarista nos apresenta três figuras que descrevem a função da Igreja neste mundo, mencionadas pelo apóstolo Pedro, em 1 Pedro 2.9: geração eleita, sacerdócio real e povo adquirido. As figuras de um povo eleito, povo sacerdotal e nação santa estão presentes no Antigo Testamento, em referência à nação de Israel. No Novo Testamento elas se aplicam à Igreja, com algumas diferenças significativas. 


a. Geração eleita. No Antigo Pacto, para fazer parte do povo eleito teria que ser descendente de Abraão, Isaque e Jacó e ser circuncidado. Por isso, as genealogias tinham tanta importância. Neste texto de 1 Pe 2.9, a palavra geração (Gr. genos) também traz o sentido de raça, ou de um único povo, mas não tem nada a ver com etnia, genealogia, ou condição social. Na Igreja, Deus formou um só povo, de todos os povos da terra, mediante a fé em Cristo. 

b. Sacerdócio real. O conceito de sacerdócio também é oriundo do Antigo Testamento. O sacerdote era um ministro de Deus que oferecia sacrifícios e intercedia pelo povo, fazendo a mediação entre Deus e o homem. No tempo dos patriarcas, era o chefe de família que exercia este ofício e intercedia pela própria família (Gn 8.20, 21; Jó 1.5; Gn 12.8; 13.18). Depois, na Lei Mosaica, o Senhor estabeleceu que Aarão e os seus descendentes seriam a família sacerdotal. 

Estes sacerdócios eram transitórios e apontavam para Cristo, que o Sumo Sacerdote Eterno, que ofereceu-se a Si mesmo uma única vez, em sacrifício perfeito a Deus. Cristo, como Sacerdote perfeito, liberou o acesso direto à presença do Pai. Pelo seu sangue, temos ousadia para entrar no santuário. É neste sentido que a Igreja é sacerdócio real. A Reforma Protestante resgatou a doutrina bíblica do sacerdócio universal de todos os crentes. Antes da Reforma, a Igreja separava os cristãos em duas classes: os clérigos e os leigos. Os clérigos, que eram os sacerdotes, formavam uma espécie de “classe superior” e  tinham vários privilégios. 

Na Nova Aliança não precisamos mais de mediadores ou sacerdotes para oferecer sacrifícios por nós, pois Cristo já cumpriu esta missão e é o Único Mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2.5). Por isso, a ideia de cobertura espiritual e de obreiros como mediadores entre Deus e a Igreja, é totalmente descabida. Entretanto, o sacerdócio universal de todos os crentes não dispensa o ministério da Igreja como ensinam os desigrejados. O próprio Jesus constituiu pastores sobre a Sua Igreja para aperfeiçoar os santos (Ef 4.11,12). 

c. Nação santa e povo adquirido. As figuras da Nação Santa e Povo adquirido retratam a Igreja como povo de Deus, não no sentido de uma nação geográfica ou um povo étnico. Estas figuras, acompanhadas dos respectivos adjetivos indicam que a Igreja de Cristo é santa, ou seja, é separada do pecado e pertence exclusivamente a Deus. É também um povo adquirido pois foi comprado pelo alto preço que é o sangue Jesus. A ideia é de um escravo que foi comprado e pertence exclusivamente ao seu Senhor. 


2- Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo comparou a Igreja ao corpo humano, que tem muitos membros e cada um tem a sua importância no funcionamento do corpo (1Co 12.27). O corpo humano é formado de três partes principais: cabeça, tronco e membros. A cabeça processa as informações e comanda o corpo. No tronco estão os principais órgãos vitais e os membros dão mobilidade ao corpo. 


Na ilustração usada por Paulo, Cristo é a cabeça, a Igreja é um corpo e cada crente é membro desse corpo. Sendo assim, não existe Igreja sem Cristo, pois um corpo sem a cabeça morre. Também não pode existir membro desligado do corpo, pois membros amputados não servem para nada sozinhos e também morrem. 


Quando falamos de “corpo”, em anatomia, que é o sentido que Paulo usou, temos a seguinte definição: “Constituição ou estrutura física de uma pessoa ou animal, composta por, além de todas suas estruturas e órgãos internos: cabeça, tronco e membros.” (Dicionário Online de Português). É através do corpo que a alma e o espírito se manifestam. Um corpo, mesmo se estiver com todos os seus órgãos intactos, se a alma e o espírito saírem dele, estará morto e entra em estado de decomposição. Da mesma forma, a Igreja só permanecerá viva se o Espírito Santo estiver nela para dar-lhe vida e orientar os seus movimentos. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.


11 janeiro 2024

IMAGENS QUE DESCREVEM UM RELACIONAMENTO

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos das imagens, que falam do relacionamento da Igreja com Cristo. Falaremos da Igreja como a Noiva de Cristo, retratando a pureza, castidade e fidelidade da Igreja. Depois, falaremos da Igreja como a esposa de Cristo, destacando o relacionamento fundamentado no amor que se entrega e se sacrifica. Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela. Este relacionamento também foi usado por Paulo como o ideal para os casais cristãos. Por último, falaremos da Igreja como o rebanho de Deus. O relacionamento entre o pastor e a ovelha deve servir de parâmetro para a liderança da Igreja. 


1- A Noiva de Cristo. No Antigo Testamento, o relacionamento de Deus com Israel é comparado ao relacionamento entre um marido e sua esposa. No Novo Testamento, esta imagem do relacionamento conjugal é aplicada ao relacionamento entre Cristo e a Sua Igreja. O apóstolo Paulo comparou a Igreja de Cristo a uma noiva pura, que aguarda o seu noivo para a festa nupcial, com as suas vestes brancas e limpas. 


A Igreja do Senhor também o espera em santidade, com as suas vestes brancas, sem nenhuma mancha de ordem moral ou espiritual. É importante destacar que, naquela cultura, a marcha nupcial era diferente da nossa. Aqui é o esposo que espera a noiva se preparar para encontrá-lo e ele espera ansioso a chegada da sua noiva, linda e exuberante. No antigo Oriente, era a noiva que esperava a chegada do noivo e se preparava para recebê-lo. 


A Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap 21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo santifica-a para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2 Ts 2.13). O noivado nos tempos bíblicos era um compromisso sério de casamento e não poderia ser desfeito, exceto se fosse descoberto alguma infidelidade. Portanto, a Igreja de Cristo (o conjunto de todos os salvos), têm um compromisso de ser fiel a Ele e manter-se pura até o casamento que acontecerá em breve após o arrebatamento da Igreja. 


2- A Esposa de Cristo. A segunda imagem que fala do relacionamento da Igreja com Cristo é a da esposa (Ef 5.25,26). Conforme falamos acima, no Antigo Testamento, o relacionamento de Deus com Israel foi comparado ao de um esposo e sua esposa. Entretanto, Deus sempre repreendeu a Israel por sua infidelidade a Deus. No Livro do profeta Oséias, Deus mandou que o profeta se casasse com uma prostituta e tivesse filhos com ela, para exemplificar o adultério espiritual de Israel (Os 1.2). 


No Novo Testamento, escrevendo aos Efésios, o apóstolo Paulo deu orientações aos casais e comparou a relação conjugal com o relacionamento entre Cristo e a sua Igreja. Para entendermos esta comparação, é importante esclarecer que o casamento, ao qual Paulo se refere, não é o casamento dos dias atuais, baseado no egoísmo, onde muitos se casam por interesses escusos e não se respeitam. 


O apóstolo Paulo se refere a um casamento onde o esposo ama profundamente a sua esposa, a ponto de dar a sua vida por ela. Por outro lado, a esposa submete-se voluntariamente, por amor, à liderança do esposo. É um relacionamento baseado exclusivamente no amor. Cristo, o esposo, ama profundamente a sua Igreja que sacrificou-se por ela. A Igreja também ama profundamente a Cristo e, por isso, submete-se à sua liderança e é fiel a Ele. 


Este modelo de relacionamento é o ideal para os casais cristãos. Este foi o modelo que Deus instituiu no princípio, quando uniu o primeiro casal. Deus criou homem e mulher e os uniu com um tríplice propósito: reproduzir a espécie, proporcionar a felicidade do casal e criar um ambiente seguro para os filhos. Se os casais seguirem o modelo de relacionamento entre Cristo e a sua Igreja em seu casamento, este durará até o fim de suas vidas. Infelizmente, na atualidade muitos casamentos de pessoas que se dizem cristãos acabam em divórcio. Isto acontece porque um ou os dois não seguiram as recomendações da Palavra de Deus. 


3- Rebanho de Deus. No Antigo Testamento, em várias passagens, Israel é descrito como as ovelhas de Deus e os seus líderes como pastores (1 Rs 22.17; Ez 34). Quando se afastava de Deus, os profetas diziam que Israel estava disperso, como ovelhas que não têm pastor. Esta metáfora era bem conhecida em Israel, pois aquele povo vivia em sua grande maioria da agricultura e da pecuária, utilizando-se de métodos primitivos. O rebanho usado para comparação era o de ovelhas, pois estes animais têm características especiais, que ilustram bem este este relacionamento. 


As ovelhas são animais inteligentes, capazes de reconhecer os outros animais de seu rebanho e até os rostos humanos. Os animais, em geral, tem o instinto de autodefesa e reagem quando se sentem ameaçados: mordem, dão coices, chifradas, picadas, etc. Outros, quando são capturados esperneiam e são escandalosos. Entretanto, as ovelhas não são assim. Por isso, são presas fáceis de predadores e necessitam de cuidados especiais de pastores. São extremamente dóceis e obedientes ao seu pastor. Diferente das cabras, que dão muito trabalho para entrarem no curral, as ovelhas conhecem a voz do seu pastor e o seguem. 


No Novo Testamento é a Igreja que é tratada como o rebanho de Deus. Depois de comer a última páscoa com os seus discípulos, o Senhor Jesus foi com eles para o Monte das Oliveiras e disse-lhes: "Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão." (Mt 26.31). O relacionamento de conhecimento e submissão da ovelha ao seu pastor ilustra bem o relacionamento da Igreja com o Seu Senhor. A Igreja de Cristo conhece a Sua voz e o segue. As ovelhas não andam na frente do seu pastor como os bodes. Elas ouvem a sua voz e o seguem para onde ele as guiar. Assim também é a Igreja de Cristo. A Igreja segue a Cristo, rumo ao Céu. 


O relacionamento da Igreja com Cristo serve também de parâmetro para a liderança da Igreja. O apóstolo Paulo, em seu discurso emocionante aos bispos de Éfeso, deu a seguinte recomendação: "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho." O apóstolo Pedro também, admoestou aos presbíteros da Igreja dizendo: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho." (1 Pe 5.2,3). Nestes dois textos temos as seguintes orientações aos pastores do rebanho de Deus: 

a. O rebanho é de Deus. Embora os pastores sejam líderes constituídos por Deus sobre as ovelhas do Senhor, não são donos ou dominadores da Igreja. Portanto, devem cuidar do rebanho sabendo que é do Senhor e irão prestar contas a Deus;

b. Devem cuidar de Si e do rebanho. A responsabilidade do pastor é maior do que a dos demais cristãos. Eles devem cuidar da própria vida, para não fracassar e da Igreja para que os lobos não a ataque;

c. Devem liderar a Igreja não como dominadores ou por força e sim, pelo exemplo. A liderança da Igreja de Deus é diferente de uma liderança secular. Na Igreja, não temos o poder de mandar ninguém embora ou puni-los, exceto em casos de pessoas que recusam-se deixar o pecado e causa escândalos, que a disciplina é necessária. A liderança segundo o modelo de Deus é uma liderança servidora e pautada pelo exemplo. A Igreja precisa ver em seu pastor um exemplo de fidelidade a Deus e não um ditador de ordens. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.

09 janeiro 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 


Estudamos na lição passada sobre a origem da Igreja. Fizemos uma introdução ao tema que será estudado durante o trimestre, mostrando que a Igreja é uma instituição divina, planejada por Deus, antes da fundação do mundo. 


No primeiro tópico,  falamos sobre o significado do povo de Deus no Antigo Testamento, que era uma referência ao povo de Israel; no Novo Testamento, que era a Igreja Cristã ou o ajuntamento dos salvos; e ao longo da história da Igreja, estabelecendo as diferenças entre o pensamento católico e protestante neste aspecto. 


No segundo tópico, falamos da Igreja como uma criação divina. A Igreja é um ideal de Deus e sempre esteve nos planos do Eterno. Mas ela não ficou apenas no plano teórico. Deus colocou o seu plano em prática e estabeleceu a sua Igreja, na plenitude dos tempos. 


No terceiro tópico, falamos da Igreja como a comunidade dos salvos. Vimos que a Igreja é formada por uma comunidade de pessoas que foram regeneradas pelo sangue de Jesus. Falamos também da diferença entre o batismo de Cristo e o batismo do Espírito Santo. Vimos que Cristo batiza os salvos no Espírito Santo, como uma capacitação. O Espírito Santo, por sua vez, nos batizou no corpo de Cristo, tornando-nos parte da sua Igreja


LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA 


INTRODUÇÃO 


Nesta lição, estudaremos algumas imagens descritas na Bíblia, que retratam a Igreja de Cristo em vários aspectos. Na Bíblia temos o uso abundante de diversas figuras ou imagens, a fim de nos fazer compreender melhor determinados temas que antes eram mistérios. Há usos de figuras para falar de Cristo, do Espírito Santo, da Palavra de Deus e com a Igreja, não é diferente. 


Temos na Bíblia várias figuras que são usadas para nos fazer compreender a Igreja, sua natureza e missão. Por exemplo: Corpo de Cristo, Lavoura de Deus, Edifício de Deus, Coluna e firmeza da Verdade, Noiva de Cristo, Esposa de Cristo, etc. Nesta lição, o comentarista agrupou três tipos de imagens, que falam do relacionamento da Igreja com Cristo, das funções da Igreja de Cristo e da Igreja como habitação de Deus. 


TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, falaremos das imagens, que falam do relacionamento da Igreja com Cristo. Falaremos da Igreja como a Noiva de Cristo, retratando a pureza, castidade e fidelidade da Igreja. Depois, falaremos da Igreja como a esposa de Cristo, destacando o relacionamento fundamentado no amor que se entrega e se sacrifica. Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela. Este relacionamento também foi usado por Paulo como o ideal para os casais cristãos. Por último, falaremos da Igreja como o rebanho de Deus. O relacionamento entre o pastor e a ovelha deve servir de parâmetro para a liderança da Igreja. 


No segundo tópico, falaremos das imagens que descrevem as funções da Igreja. Primeiro, veremos a Igreja como geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Estas três imagens mostram que a Igreja é o povo de Deus no Novo Pacto, assim como Israel foi no Antigo Testamento. Depois, falaremos da Igreja como o Corpo de Cristo. A imagem de um corpo, descreve a harmonia e unidade da Igreja de Cristo. Em um corpo há vários membros que são diferentes, com funções diversas e que trabalham pelo perfeito funcionamento do corpo. Assim também é a Igreja de Cristo. 


No terceiro tópico, falaremos das imagens que descrevem a Igreja como habitação de Deus. Primeiro, veremos que a Igreja é descrita como um santuário de Deus. Falaremos também da Igreja como Casa de Deus, um conceito derivado do Antigo Testamento, que retrata Israel como Casa e Família de Deus. Por último, veremos que é um privilégio fazer parte da Igreja de Deus, pois ela é uma comunidade de salvos que se relacionam com Deus, ela exerce a função sacerdotal perante o mundo e é habitação de Deus. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.


ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: A ESCOLA DA PALAVRA DE DEUS


Ev. WELIANO PIRES


A Bíblia é o livro texto da Escola Dominical. Sendo um espaço de incentivo ao estudo e prática das Sagradas Escrituras, a Escola Dominical é um local de crescimento espiritual, tanto individual quanto coletivo, que atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã.

Muitos cristãos atualmente reclamam dos conteúdos antibíblicos e, muitas vezes imorais, que são ensinados nas escolas seculares. De fato, as escolas secundárias e as universidades estão cheias de ateus militantes e de professores com ideologias anti cristãs. Isso tem levado muitos dos nossos jovens a se afastar da Igreja e até a se tornarem ateus. Outros não se desviam, mas ficam envergonhados e silenciam as suas dúvidas.

As seitas compreenderam isso e investem pesado na doutrinação dos seus adeptos, para evitar perdê-los. No Islamismo, as crianças são doutrinadas desde a infância no Al Corão e aprendem a odiar Israel e o Ocidente. A Igreja Católica ensina desde muito cedo o catecismo às crianças. O Mormonismo, as Testemunhas de Jeová, o Adventismo e outras seitas também doutrinam os seus adeptos desde os primeiros encontros, nos ensinos das suas organizações.

As Igrejas evangélicas precisam despertar urgentemente para uma educação cristã eficiente, pois isso é uma questão de sobrevivência, principalmente para os jovens e novos convertidos. O melhor espaço para este ensino é a Escola Dominical. Nela temos classes para todas as idades, com materiais exclusivos para cada uma delas. Precisamos urgente, investir, aperfeiçoar e principalmente participar da nossa Escola Bíblica Dominical. 

06 janeiro 2024

A IGREJA COMO A COMUNIDADE DOS SALVOS

(Comentário do 3° tópico da LIÇÃO 1 - A ORIGEM DA IGREJA). 


Ev. WELIANO PIRES


A Igreja é formada por uma comunidade de pessoas que foram regeneradas pelo sangue de Jesus. Estas pessoas receberam o selo de Deus, que é o Espírito Santo. Não se refere ao batismo no Espírito Santo e sim, à entrada do Espírito Santo no crente após a sua conversão. Há diferença entre o batismo de Cristo e o batismo do Espírito Santo. Cristo batiza os salvos no Espírito Santo, ou seja, é um batismo de capacitação. O Espírito Santo, por sua vez, nos batizou no corpo de Cristo, tornando-nos parte da sua Igreja. 


1- Regenerados pelo sangue de Cristo. O primeiro passo para alguém se tornar parte da comunidade dos salvos, que é Igreja de Cristo, é a regeneração pelo sangue de Cristo. Quando falamos de regeneração, estamos nos referindo ao novo nascimento que o Espírito Santo opera em nosso interior. Quando o ser humano vive na prática do pecado, ele está morto espiritualmente e é incapaz de nascer de novo por seus próprios esforços ou méritos. Somente através do arrependimento e fé em Cristo, isto se torna possível. 


A palavra grega traduzida por arrependimento é metanoeo, que é formada por dois termos gregos “meta” (mudança) e “nous” (pensamento). Portanto, arrependimento é a mudança de pensamento do pecador, que passa a pensar segundo a mente de Cristo. Isso só é possível se a pessoa crer em Cristo. Para crer em Cristo, é preciso ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17). Enquanto o pecador ouve a Palavra de Deus, o Espírito Santo convence-o do pecado, da justiça e do juízo e capacita-o para crer em Cristo. Entretanto, Deus concede ao pecador o livre-arbítrio para aceitar ou rejeitar o perdão de Deus.


O batismo nas águas é apenas um símbolo da confissão pública que fazemos de que nascemos de novo. Através do batismo declaramos publicamente que morremos para o pecado e nascemos para Deus. Não é através do batismo que passamos a fazer parte da comunidade dos salvos e sim, através do arrependimento e fé em Cristo. Estudaremos sobre o batismo na lição 9. 


2- Selados pelo Espírito Santo. O selo nos tempos bíblicos era uma forma de autenticar documentos ou identificar uma propriedade. Quando a Bíblia fala que fomos selados pelo Espírito Santo significa que passamos a ser propriedade de Deus. Depois que cremos no Senhor Jesus, Ele nos dá o Seu Espírito Santo para habitar em nós como garantia de que pertencemos a Ele. Na Epístola aos Romanos, capítulo 8 versículo 9, o apóstolo Paulo diz: “... Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” Todos os salvos foram selados pelo Espírito Santo. Isso não deve ser confundido com o batismo no Espírito Santo, pois são coisas diferentes, como veremos abaixo. 


3- O Batismo de Cristo e do Espírito. Há muita confusão, inclusive no meio evangélico, sobre a obra do Espírito Santo. Muitas pessoas confundem a entrada do Espírito Santo no crente, por ocasião da sua conversão, com o batismo no Espírito Santo. Outros pensam que aqueles que não são batizados no Espírito Santo não tem o Espírito Santo. Há ainda os que dizem que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais cessaram após a conclusão das Escrituras.


A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). O batismo no Espírito Santo, por sua vez, não é para a salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26).


Há ainda os que confundem batismo no Espírito Santo com o fruto do Espírito e dons do Espírito Santo. O batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder para o crente testificar, ousadamente, de Cristo. Já o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22) é formado por nove virtudes que o Espírito Santo produz na vida do crente que anda no Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. Estas virtudes são o resultado da entrega do crente ao Espírito Santo, vivendo sob o seu domínio.


Há diferença entre o batismo de Cristo e o batismo do Espírito Santo. O batismo de Cristo  é uma referência ao batismo no Espírito Santo, através do qual o crente é revestido do poder do Espírito Santo para fazer a obra de Cristo. O batismo do Espírito Santo, por sua vez, é uma referência à imersão do crente no corpo de Cristo, que é operada pelo Espírito Santo na conversão. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.

MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...