14 dezembro 2023

O SERVIÇO DE MISSÕES

(Comentário do 3º tópico da Lição 12: O modelo de missões da Igreja de Antioquia)


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, do início das missões cristãs a partir de Antioquia, trazendo o relato da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé, tendo João Marcos como cooperador. Depois, falaremos do roteiro e das principais atividades na primeira viagem missionária. Por último, falaremos das prestações de contas de Paulo e sua equipe à Igreja de Antioquia que os enviou. 

1- O início das missões cristãs. Depois que o Espírito Santo ordenou à Igreja de Antioquia que separasse Barnabé e Saulo para a obra que Ele havia chamado, a Igreja se reuniu novamente em jejum e oração. A liderança da Igreja impôs as mãos sobre eles e os despediu para irem ao campo missionário (At 13.3). 

O ato de impor as mãos não indica “transferência de unção”, como alguns ensinam. Significa que a Igreja reconhece o chamado de Deus e confere autoridade para o obreiro fazer a obra, para a qual Deus o chamou. Impor as mãos na ordenação de obreiros é um reconhecimento público por parte da Igreja, assim como o batismo em águas é uma confissão pública de que a pessoa nasceu de novo. 

Quando Barnabé foi enviado a Antioquia pela Igreja de Jerusalém no início da evangelização, ele partiu para Tarso para buscar Saulo e ambos ficaram um ano em Antioquia, ensinando a Palavra de Deus (At 11.25), conforme já vimos no primeiro tópico. Neste período, alguns profetas foram de Jerusalém a Antioquia. Um deles, chamado Ágabo, foi usado por Deus para profetizar que viria uma grande fome em todo o mundo (At 11.27,28). A Igreja de Antioquia, então enviou uma ajuda aos necessitados da Judéia por meio de Barnabé e Saulo. 

Na volta de Jerusalém, Barnabé e Saulo trouxeram consigo João Marcos, que era primo de Barnabé (At 12.25). Após o chamado do Espírito Santo, eles partiram em sua primeira viagem missionária e levaram João Marcos, como um cooperador da equipe (At 13.5). Esta primeira viagem missionária aconteceu entre os anos 46 e 48 d.C. Veremos a seguir o roteiro e as atividades desta viagem. 

2- Roteiro da viagem e atividades missionárias.  Barnabé, Saulo e João Marcos partiram de Selêucia, porto marítimo de Antioquia, rumo à  província romana de Chipre, que era a terra natal de Barnabé (At 13.4,5). Desembarcaram na cidade de Salamina, em Chipre, onde havia uma população considerável de Judeus e anunciaram a Palavra de Deus nas sinagogas judaicas. O fato de haver mais de uma sinagoga indica que a comunidade judaica ali era grande. 

Partindo de Salamina, atravessaram toda a Ilha de Chipre e chegaram à cidade de Pafos, que na época era a capital de Chipre. Ali, encontraram um falso profeta judeu, feiticeiro, chamado Barjesus, também chamado de Elimas, o qual estava em companhia do procônsul romano Sérgio Paulo, que era o procônsul de Chipre durante o governo do imperador Cláudio. 

Sérgio Paulo era um homem prudente e chamou os missionários para lhe explicarem melhor o Evangelho. Porém, este feiticeiro procurava tirar-lhe a atenção. Diante disso, Saulo o repreendeu e ele ficou cego imediatamente (At 13.8-11). O procônsul ficou maravilhado com o ocorrido e creu na doutrina do Senhor. A partir deste episódio, Lucas passa a mencionar o nome de Paulo e não mais Saulo. 

A equipe missionária partiu de Pafos em direção a Perge, na província da Panfília, que fica no litoral sul da Ásia Menor. Ali, João Marcos abandonou a missão e voltou para Jerusalém. O texto bíblico não relata nenhuma atividade dos missionários em Perge, nem tampouco a razão pela qual João Marcos resolveu voltar. 

A próxima parada de Paulo e Barnabé, após o retorno de Marcos, foi na cidade de Antioquia da Pisídia, que ficava na Ásia Menor, no território que hoje pertence à Turquia. Ali havia uma grande comunidade judaica e uma base militar romana. Chegando à sinagoga foi dada a oportunidade a Paulo e Barnabé trouxessem uma palavra de consolação ao povo. Paulo fez um longo discurso, discorrendo sobre a história de Israel desde a saída do Egito até Cristo. 

Um grande número de judeus nativos e prosélitos, ouvindo este discurso, creram e seguiram a Paulo e Barnabé. No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a pregação de Paulo novamente. Entretanto, um grupo de judeus, movidos pela inveja, contestava o que Paulo dizia, incitava o povo contra os missionários e os expulsaram da cidade. Diante disso, Paulo e Barnabé sacudiram o pó dos seus pés e partiram para Icônio. 

A cidade de Icônio fazia parte da Frígia. Depois, passou a fazer parte da Licaônia e da Galácia. Hoje corresponde à cidade de Konya na Turquia. À semelhança de Antioquia da Pisídia, em Icônio também havia muitos judeus que ouviram a pregação de Paulo e creram. Mas os adversários também incitaram a população contra os missionários e eles, sob apedrejamento, fugiram para as cidades de Listra e Derbe, também na Licaônia. 

Em Listra, Paulo começou a pregar e viu um homem coxo de nascença. Paulo olhou para o coxo e, vendo a fé dele, exclamou:

– Levanta-te, direito sobre os teus pés! 

Imediatamente, o homem deu um salto e andou. 

A multidão perplexa com o que acabara de ver, exclamou em voz alta, dizendo que “os deuses haviam se tornado humanos e descido até eles”. Então, passaram a chamar Paulo e Barnabé, respectivamente, de Mercúrio e Júpiter, deuses gregos. O sacerdote de Júpiter trouxe animais e queria oferecer sacrifícios. Paulo e Barnabé rasgaram as suas vestes e protestaram para que a multidão não fizesse aquilo. 

Enquanto Paulo discursava para a multidão, os judeus de Icônio os cercaram e os apedrejaram. Em seguida, arrastaram-nos para fora da cidade, pensando que estivessem mortos. Depois que os algozes os deixaram, os discípulos os cercaram, eles se levantaram e retornaram para Derbe, passaram pelas cidades que haviam evangelizado na viagem e, finalmente, voltaram para a Igreja de origem, em Antioquia da Síria. 

3- Prestando contas. De volta a Antioquia da Síria, Paulo e Barnabé relataram à Igreja que os enviara, tudo o que o Senhor havia feito por meio deles entre os gentios. Muitas almas foram salvas, sinais e maravilhas aconteceram e muitas Igrejas foram plantadas. Mesmo sofrendo grandes perseguições, os servos do Senhor chegaram à sua base missionária, regozijantes e com a sensação de dever cumprido. 

O comentarista nos apresenta aqui, três lições importantes que aprendemos com o modelo missionário de Antioquia:

a. Não existe fundamento bíblico para se fazer missões independentes, sem estar vinculado a uma Igreja, prestando contas apenas a Deus;

b. Perseguições e obstáculos fazem parte da obra missionária, mas há também grandes resultados como salvação de almas e milagres que glorificam ao Senhor;

c. Quem leva a preciosa semente, andando e chorando, certamente colherá os seus frutos (126.6). Não precisamos modificar a mensagem para alcançar resultados. A nossa preocupação deve ser fazer a obra com fidelidade ao Senhor e os resultados virão. 


REFERÊNCIAS:

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 119-133.

Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 1962, 1965. 

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol. 1, CPAD, p. 680.

CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo. 1ª Ed.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2021

UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 12: O modelo de missões da Igreja de Antioquia)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos de Antioquia como uma Igreja missionária em ação. Falaremos das características do corpo de obreiros de Antioquia, que era formado de profetas e doutores. Depois, falaremos da liderança da Igreja de Antioquia, que era uma liderança servidora, mesmo sendo bastante diversificada. Por último, falaremos da chamada específica de Barnabé e Saulo, pelo Espírito Santo, para a missão transcultural. 


1- “Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1). Antioquia era uma Igreja rica em líderes, com vários profetas e doutores. Estes dois ministérios fazem parte da relação de dons ministeriais, descrita pelo apóstolo Paulo em Efésios 4.11: “Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores.” Assim como nos casos dos dons espirituais, há pensamentos diferentes em relação ao ministério de profeta nos dias atuais. 


Alguns dizem que não existem mais profetas nos dias atuais, pois, Jesus disse que “a Lei e os Profetas, vigoraram até João [Batista]..." (Lc 16.16). Entretanto, o Novo Testamento relata a existência de profetas e profetisas, depois da morte de João Batista: Ágabo (At 21.10,11); As filhas de Filipe (At 21.8,9); e na Igreja de Antioquia também havia profetas (At 13.1). 


Por outro lado, há os que querem atribuir as características dos profetas do Antigo Testamento aos profetas de hoje, querendo agir como Elias, Eliseu e outros. O ministério profético no Antigo Testamento consistia em transmitir a mensagem de Deus ao povo de Israel e até a outras nações. Esta mensagem poderia ser sobre o futuro, ou denúncias contra o pecado e advertências. As mensagens destes profetas eram Palavras de Deus e não podiam ser questionadas. Não temos mais profetas com esse perfil. Foi nesse sentido que Jesus falou que a lei e os profetas vigoraram até João. 


O ministério profético continuou no Novo Testamento. Jesus é o profeta por excelência, que havia de vir ao mundo. Moisés profetizou que Deus levantaria um profeta semelhante a ele, referindo-se a Cristo. Os apóstolos de Cristo também exerceram a atividade profética, mediante revelação e inspiração do Espírito Santo. Eles foram usados por Deus, tanto para proclamar o Evangelho, como para escrever os livros inspirados do Novo Testamento. 


Deus ainda escolhe pessoas para exercerem o ministério de profeta na Igreja local. Entretanto, é preciso esclarecer que o dom ministerial de profeta não é equivalente aos profetas do Velho Testamento, ou mesmo do Novo Testamento, que eram canônicos e receberam inspiração divina para escrever os livros sagrados que formam a Palavra de Deus. Hoje, não temos mais profetas com esta característica. As palavras dos profetas de hoje precisam ser julgadas pelo crivo da Palavra de Deus.


Na Igreja de Antioquia também havia obreiros com o dom ministerial de mestre ou doutor. Antes de subir ao Céu, Jesus deu ordem aos seus discípulos para que ensinassem todas as nações a guardar todas as coisas que Ele mandou. (Mt 28.19,20). Este ensino começa na evangelização, passa pelo discipulado e continua no crescimento espiritual do crente. 


Este não é um ensino filosófico ou acadêmico, baseado apenas no conhecimento humano (1 Co 1.12,13). É o Espírito Santo quem capacita crentes com o dom ministerial de mestre para ensinar a Palavra de Deus à Igreja. Vale lembrar que, isso não dispensa o mestre de estudar a Bíblia. Paulo, escrevendo a Timóteo disse: "persiste em ler e exortar…" (1 Tm 4.13).


Infelizmente, muitos obreiros ainda acham que basta abrir a Bíblia, ler um texto aleatoriamente e ensinar, sem conhecer nada do que leu. Antes de se levantar para ensinar, é preciso sentar-se para aprender e saber de quem está aprendendo. Os mestres da Igreja precisam continuar aprendendo e se atualizando no estudo teológico e secular. O conhecimento está ao alcance de todos e a cada dia surgem novas descobertas científicas. Os mestres não podem ficar alheios a isso, sob pena de serem considerados ultrapassados ou falarem bobagens. 


2- Uma liderança servidora (v.2). A liderança da Igreja de Antioquia foi escolhida sob a direção do Espírito Santo. Era uma liderança formada por pessoas de culturas e classes sociais muito diferentes. O primeiro da lista é Barnabé, um levita, natural da Ilha de Chipre, que era muito amoroso. Ele apareceu pela primeira vez no Livro de Atos, no lamentável episódio envolvendo Ananias e Safira. O seu nome era José, mas os apóstolos o chamavam de Barnabé que significa "Filho da Consolação". 


Depois, Barnabé é citado novamente após a conversão de Saulo, que era um terrível perseguidor da Igreja. Os cristãos de Jerusalém não acreditaram que ele havia se convertido e fugiam dele, achando que seria uma armadilha. Barnabé, no entanto, se aproximou de Saulo, ouviu o relato da sua conversão e o integrou à Igreja de Jerusalém (At 9.27). 


A partir daí, nasceu a parceria entre os dois. Quando Barnabé foi enviado a Antioquia, ele foi a Tarso, buscar Saulo para ajudá-lo no discipulado dos novos crentes. Durante um ano inteiro, eles ensinaram a Palavra de Deus naquela Igreja. (At 11.25,26). Depois, por orientação do Espírito Santo, Barnabé tornou-se companheiro de Paulo na primeira viagem missionária, como veremos no próximo tópico. 


Não temos informações sobre os demais obreiros desta lista, com exceção de Saulo. Simeão, por ser chamado “Níger”, nome latino que significa “negro”, alguns dizem que era africano e sugerem que seria o mesmo Simão Cireneu, que carregou a Cruz de Jesus, mas, não há nenhuma comprovação disso. 


Nada sabemos também sobre Lúcio de Cirene. Cirene ficava no norte da África e provavelmente, Lúcio era um dos “homens de Chipre e Cirene” que pregaram pela primeira vez o evangelho aos gentios de Antioquia (At 11.20,21). A tradição católica o chama de “São Lúcio de Cirene” e diz que ele era bispo de Cirene e foi martirizado.


A única informação que temos de Manaém é que ele foi criado com Herodes, o Tetrarca. Este Herodes era Herodes Antipas, governador da Galiléia que mandou prender e matar João Batista, por condenar a sua relação adúltera com Herodias, ex-mulher do seu irmão Filipe. 


O último da lista é Saulo de Tarso. Antes da sua conversão, Saulo era um terrível perseguidor da Igreja. Saulo era um rabino judeu, da tribo de Benjamin, a mesma de Saul. O nome Saulo é uma variação de Saul. Paulo era o seu nome latino, pelo qual ele era conhecido no Império Romano. Era altamente instruído na Lei Mosaica, aluno de Gamaliel, um dos mais conceituados rabinos da sua época. Era conhecedor também da filosofia grega e um respeitado cidadão romano. 


Podemos notar a diversidade racial, geográfica, cultural e social dos obreiros de Antioquia. O Evangelho chegou a Antioquia através de cristãos gentios leigos e o Espírito Santo preparou esta diversidade, para que a Igreja pudesse se espalhar pelo mundo, levando o Evangelho a todos os povos. 


Na Assembléia de Deus no Brasil, desde o início, vemos também esta diversidade de crentes. Mesmo tendo sido fundada por europeus, que moravam nos Estados Unidos, em uma cultura racista, a Assembléia de Deus sempre teve pastores de diversas classes sociais e etnias: brancos, negros, militares, pedreiros, comerciantes, agricultores, homens cultos e iletrados. 


3- “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v.2). A Igreja de Antioquia estava reunida em oração e jejum, quando o Espírito Santo mandou que a Igreja separasse Barnabé e Saulo para a obra missionária. Não sabemos a forma que o Espírito Santo falou, se foi em profecia ou se foi em voz audível. O fato é que a Igreja entendeu que era o Espírito Santo falando. 


A partir daí, Antioquia tornou-se a primeira Igreja a fazer missões transculturais, ou seja, em outras culturas totalmente diferentes da cultura dos missionários. Conforme já falamos em lições anteriores, é Deus quem chama missionários para a sua obra. Depois da chamada, Deus fala também com a liderança da Igreja para enviar o missionário ao campo. 


A ideia de missionário independente, que escolhe o lugar que quer fazer missões e vai por conta própria, sem uma liderança, não tem base nas Escrituras. Daniel Berg e Gunnar Vingren vieram sozinhos ao Brasil, depois que Deus falou com eles. Mas eles procuraram o pastor da Igreja antes de vir e comunicaram o que Deus havia falado. A liderança da Igreja falou que não tinha condições financeiras para sustentá-lo, mas orou por eles e deu o aval. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 119-133.

Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 1962, 1965. 

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol. 1, CPAD, p. 680.

CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo. 1ª Ed.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2021

12 dezembro 2023

A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E CARACTERÍSTICAS

Comentário do 1º tópico da Lição 12: O modelo de missões da Igreja de Antioquia)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da natureza e das características da Igreja de Antioquia. Inicialmente, veremos as informações da cidade de Antioquia da Síria. Depois, falaremos da Igreja de Antioquia, desde o seu nascimento, até se tornar uma base missionária de Paulo e Barnabé. Por último, veremos que esta Igreja não foi fundada pelos apóstolos e anciãos de Jerusalém e sim, por cristãos leigos, com pouca instrução sobre as doutrinas cristãs. 

1- Antioquia da Síria. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria. 

A cidade de Antioquia, mencionada aqui, que se tornou a base missionária de Barnabé e Saulo, é a Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era a capital da província romana da Síria e uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Ficava atrás apenas de Roma, que era a capital do Império, e de Alexandria, que era o maior centro cultural do mundo da época. Bem estruturada e com belas construções, Antioquia da Síria ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "Rainha do Oriente”. 

Antioquia da Síria era uma cidade cosmopolita, ou seja, havia pessoas ali de várias partes do mundo e de várias culturas. Por isso, a cidade foi usada estrategicamente por Deus, para ser a base missionária, de onde saíram os missionários transculturais, que levariam o Evangelho por todo o Império Romano. 

2- A igreja em Antioquia. O Evangelho chegou a Antioquia na ocasião da grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém, que se deu após a morte de Estêvão. Os cristãos foram dispersos por vários lugares e anunciavam o Evangelho por onde passavam. Filipe seguiu para Samaria e muitas pessoas se converteram ali. 

Alguns destes cristãos dispersos passaram pela Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Inicialmente, eles anunciavam o Evangelho, somente aos judeus (At 11.19-21). Mas alguns homens chíprios e de Cirene, anunciaram o Evangelho também aos gentios (At 11.20). A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia. 

A notícia de que muitas conversões haviam acontecido em Antioquia da Síria chegou à Igreja de Jerusalém. Os apóstolos, então, enviaram Barnabé, que era natural de Chipre, para lá. Chegando a Antioquia, Barnabé viu o crescimento do Evangelho na cidade e exortou os novos convertidos para que permanecessem na fé. 

Vendo a necessidade do ensino bíblico para aqueles novos crentes, Barnabé partiu para Tarso, em busca de Saulo. Durante um ano, Barnabé e Saulo ensinaram a palavra de Deus nesta Igreja. Este discipulado e ensino bíblico promovidos por Barnabé e Saulo fizeram da Igreja de Antioquia uma Igreja fervorosa e bem estruturada. 

Esta Igreja tinha o hábito de orar e jejuar e possuía em seu corpo de obreiros, ensinadores de excelência, como Barnabé e Saulo. A Igreja fazia missões locais em seu próprio reduto e muitas pessoas se converteram lá. Havia também o discipulado e o ensino da Palavra de Deus, que desenvolveu a espiritualidade da Igreja e formou bons obreiros. 

3- Uma obra de leigos. A grande cidade de Antioquia da Síria foi evangelizada inicialmente por cristãos que não eram obreiros, de origem gentílica. Estes cristãos certamente tinham pouca instrução da doutrina cristã. Não eram pregadores eloquentes e preparados teologicamente como Estevão, Filipe, Paulo, Apolo e outros. Mas “a Mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram a Cristo”. 

A Igreja de Antioquia, portanto, foi fundada por cristãos gentios anônimos, que não foram enviados pela Igreja de Jerusalém. É importante lembrar que os crentes de Jerusalém, em sua maioria judeus, tinham dificuldades de entender a universalidade do Evangelho.

Eles pregavam o Evangelho apenas aos judeus e não cumpriram a ordem do Senhor Jesus de ir aos confins da terra e pregar o Evangelho a toda criatura. Foi necessário o Senhor permitir que viesse uma grande perseguição, para que eles saíssem. Mesmo após a dispersão, eles pregavam em outros lugares apenas aos judeus. Entretanto, o Espírito Santo levantou estes cristãos leigos para pregar o Evangelho aos gentios. Em muitos lugares do Brasil, a Assembléia de Deus começou desta forma. Homens e mulheres simples, com pouquíssimos recursos e pouca instrução, iniciavam um ponto de pregação em suas próprias casas. Buscavam a Deus em oração e testificavam do que Deus havia feito em suas vidas. Milagres aconteciam e as pessoas iam se convertendo. Em pouco tempo, era preciso alugar um salão e era empossado um diácono ou presbítero para dirigir o trabalho. 

A Igreja pode até começar com leigos, falando de Jesus aos que não o conhecem. Entretanto, é indispensável que, após a conversão, seja iniciado o processo de discipulado e ensino da Palavra de Deus, para que os novos crentes conheçam de fato o Evangelho. Sem este trabalho de educação cristã, as pessoas não permanecem na fé e podem se tornar presas fáceis dos falsos mestres. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 119-133.

Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 1962, 1965. 

CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo. 1ª Ed.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2021

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.



11 dezembro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA

Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 


Na lição passada, estudamos o tema da perseguição aos cristãos. Ser perseguido é a regra no Cristianismo, uns com maior intensidade e outros menos. Onde houver Cristianismo verdadeiro, haverá perseguição. 


No primeiro tópico, vimos  que a Igreja Cristã nasceu em um contexto de perseguição. O primeiro mártir dessa perseguição foi o diácono Estevão. Após a execução dele, a perseguição se intensificou e a Igreja foi obrigada a se dispersar. Vimos também que a perseguição continua sendo uma triste realidade para os cristãos atuais.


No segundo tópico, falamos da perseguição aos cristãos na atualidade. Vimos que, em muitos lugares, é perigoso ser cristão.  Depois, falaremos do exemplo da Coreia do Norte, que é uma ditadura comunista há décadas, onde não há liberdades e é o país mais fechado do mundo para a pregação do Evangelho. 


No terceiro tópico, vimos três formas de ajudar os cristãos perseguidos, que são:  conhecer a gravidade da situação; orar pelos nossos irmãos perseguidos, para que o Senhor os proteja e para que eles não desistam; e se envolver com a causa dos irmãos perseguidos, fazendo contato com eles. 


LIÇÃO 12:  O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA 


INTRODUÇÃO 


Na lição desta semana estudaremos sobre o modelo de missões da Igreja de Antioquia, que foi a primeira Igreja formada por gentios e também a primeira Igreja a fazer missões transculturais. Após a morte de Estêvão, levantou-se uma grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém e os cristãos se dispersaram, com exceção dos apóstolos. Os cristãos dispersos, no entanto, pregavam o Evangelho por onde passavam, mas somente aos judeus. 


Alguns homens chíprios e de Cirene, anunciaram o Evangelho também aos gentios (At 11.20). A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia. Esta notícia chegou à Igreja de Jerusalém e Barnabé, que era natural de Chipre, foi enviado a Antioquia. 


Barnabé viu a necessidade do ensino bíblico que havia naquela Igreja recém formada e foi a Tarso buscar Saulo. Juntos, eles permaneceram por cerca de um ano ensinando a Palavra de Deus em Antioquia. Isto deu àquela Igreja solidez doutrinária e espiritualidade, tornando-a uma Igreja que tinha bons obreiros e a primeira a fazer missões transculturais.


No primeiro tópico, falaremos da natureza e das características da Igreja de Antioquia. Inicialmente, veremos as informações da cidade de Antioquia da Síria. Depois, falaremos da Igreja de Antioquia, desde o seu nascimento, até se tornar uma base missionária de Paulo e Barnabé. Por último, veremos que esta Igreja não foi fundada pelos apóstolos e anciãos de Jerusalém e sim, por cristãos leigos, com pouca instrução sobre as doutrinas cristãs. 


No segundo tópico, falaremos de Antioquia como uma Igreja missionária em ação. Falaremos das características do corpo de obreiros de Antioquia, que era formado de profetas e doutores. Depois, falaremos da liderança da Igreja de Antioquia, que era uma liderança servidora, mesmo sendo bastante diversificada. Por último, falaremos da chamada específica de Barnabé e Saulo, pelo Espírito Santo, para a missão transcultural. 


No terceiro tópico, falaremos sobre o serviço de missões da Igreja de Antioquia. Inicialmente, falaremos do início das missões cristãs a partir de Antioquia, trazendo o relato da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé, tendo João Marcos como cooperador. Depois, falaremos do roteiro e das principais atividades na primeira viagem missionária. Por último, falaremos das prestações de contas de Paulo e sua equipe à Igreja de Antioquia que os enviou. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 119-133.

Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs. 1962, 1965. 

MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...