16 junho 2022

HÁ DOIS CAMINHOS PARA ESCOLHER


(Comentário do 2º tópico da Lição 12)


Jesus falou de dois destinos que o ser humano pode escolher. Para explicar isso, o mestre usou duas figuras de linguagem: a porta e o caminho. A porta apertada e o caminho estreito, que representam respectivamente, um novo acesso a Deus e uma nova conduta neste mundo. O destino dos que entram pela porta estreita e andam pelo caminho apertado é a vida eterna com Deus. A porta larga e o caminho espaçoso, por sua vez, representam o estilo de vida alheio a Deus, onde tudo é permitido. O destino da porta larga e do caminho espaçoso é a condenação eterna. Jesus deixou claro que a escolha é nossa: porfiai por entrar pela porta estreita. (Lc 13.24).  


1- A porta e o caminho no aspecto bíblico. A ordem em que aparecem as palavras “porta” e “caminho”, indicam que a porta é um acesso para o caminho. No contexto em que Jesus viveu neste mundo, as cidades eram cercadas por muros, com acessos controlados nas portas, devido ao perigo de invasões de inimigos. A cidade de Jerusalém possuía doze portas de acesso: Porta do Gado, Porta do Peixe (Porta de Damasco), Porta Velha (Porta de Jafa), Porta do Vale, Porta do Monturo, Porta da Fonte, Porta do Cárcere, Porta das Águas, Porta dos Cavalos, Porta Oriental, Porta de Mifcade (da Atribuição), Porta de Efraim. 


Algumas dessas portas eram largas e outras estreitas. Durante a noite, as portas grandes eram fechadas e apenas as portas estreitas ficavam abertas. Quem desejasse passar por uma porta estreita, principalmente se levasse bagagem, teria de fazer muito sacrifício. No aspecto metafórico, quer dizer o acesso ou entrada num estado. No aspecto espiritual, fala da entrada para o caminho a fim de viver uma experiência nova com Cristo Jesus.


A figura do caminho também era bem conhecida dos ouvintes de Jesus. No Antigo Testamento, a palavra caminho é um substantivo masculino, que no hebraico é derek.  Literalmente, significa estrada, distância, jornada, maneira, vereda, direção. No sentido figurado significa um hábito, o curso da vida, ou o estilo de vida. No Salmo 1, por exemplo, temos a referência a dois caminhos: o caminho dos pecadores e o caminho dos justos. No Salmo 30, o salmista diz: “O caminho de Deus é perfeito”. No Novo Testamento, os discípulos são descritos como “os do Caminho” no Livro de Atos. ( Atos 9.2). Isso demonstra que nos primórdios da Igreja Cristã, a palavra Caminho era uma referência ao próprio Cristianismo. Somente a em Atos 11 é que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos, de forma pejorativa (At 11.26). Há também referências que nos mostram que o “caminho do Senhor” (At 18.25),  “o caminho de Deus” (At 25.26) e “caminho da salvação” (At 16.17), indicam o modo de vida que os homens devem seguir, se desejam ser salvos. Entretanto, Jesus deixou claro que Ele é o único caminho que conduz ao Pai (Jo 14.6). Sendo assim, o caminho como estilo de vida, só terá algum valor se a pessoa estiver em Cristo, pois as boas obras ou estilo de vida correto, não salvam ninguém. 


2- O que as duas portas e os dois caminhos ilustram para nós?  As duas portas, a estreita e a porta larga, representam respectivamente, o acesso ao caminho do céu e ao caminho da perdição. Em João 10, Jesus usou a parábola do curral das ovelhas e do pastor, para falar da salvação. No primeiro versículo, Ele diz: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.” (Jo 10.1). Como os seus ouvintes não entenderam o que Ele queria dizer, a partir do versículo 7, Jesus explica: “Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo 10.7-9). Esta parábola de Jesus deixa claro que Jesus é a única porta, ou o único acesso ao Pai. Não existe outro mediador entre Deus e a humanidade (1 Tm 2.5). 


No texto de Mateus 7.13,14, Jesus está falando dos caminhos que conduzem ao céu e ao inferno. O primeiro, o caminho estreito, conduz à vida eterna. Poucos são os que entram por ele. O segundo, o caminho espaçoso, conduz à perdição e muitos são os que entram por ele. Esse ensino de Jesus desmonta algumas teorias equivocadas das falsas religiões e até de igrejas evangélicas. A primeira delas é a falsa ideia de que todos os caminhos levam a Deus. Jesus deixou claro que só existe um caminho para Deus e este caminho é Ele (Jo 14.6). O apóstolo Pedro também falou que “em nenhum outro há salvação” (At 4.12). A segunda, é a ideia de que há um terceiro caminho, que seria o purgatório, como ensinam os católicos. Jesus não disse que há um desvio do caminho largo, passando pelo purgatório para chegar ao céu. Ele falou que o caminho largo conduz à perdição. Tem ainda uma terceira ideia equivocada que a das estatísticas. Muitos acham que se a maioria está em um caminho é porque ele é correto. Jesus disse o contrário: poucos são os que entram pelo caminho que conduz à vida eterna. 


3- A escolha entre os dois caminhos. Em Lucas 13.24, Jesus disse: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.” O verbo porfiar, no grego, significa “esforçar-se com zelo extremo, empenhar-se em obter algo”. Nas palavras de Jesus, é uma alusão ao desejo de andar no caminho estreito e ter uma nova vida com Deus, vivendo de acordo com os padrões dele e na contramão do sistema maligno que impera no mundo. 

Evidentemente, Jesus não está falando de salvação por meio do sofrimento e boas obras, como pregam os católicos. Jesus está falando que estes dois caminhos têm consequências diferentes e contrárias. O caminho largo é popular e isento de perseguições. Entretanto, o final dele é a condenação eterna. O caminho estreito, por sua vez, é difícil de andar por ele, pois há muitas dificuldades, renúncias e perseguições. Mas o final dele é a vida eterna. 

Em nossos dias, infelizmente, temos visto ensinos em algumas Igrejas que são contrários ao de Jesus. Ensinam que o justo não sofre, não fica doente e se ficar exige a cura, toma posse de todas as coisas, prospera financeiramente e é só vitória. Ora, quem ofereceu prosperidade e poder em troca de adoração foi o diabo e não Deus. Nas últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, Ele os alertou dizendo: Sereis perseguidos e odiados por todas as gentes por causa do meu Nome. Matar-vos-ão e qualquer que vos matar, pensará que estará prestando um serviço a Deus. No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, pois Eu venci o mundo. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 227-232.

PFEIZER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Mateus. Editora Batista Regular. pág. 33.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pag. 36.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 240.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 53.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. págs. 300-303.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3053.

HARRISON, K. Leviticos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 92.

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61


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Pb. Weliano Pires

15 junho 2022

A bondade de Deus


(Comentário do 1º tópico da Lição 12)

Neste primeiro primeiro tópico falaremos a respeito da bondade de Deus. Veremos a definição da palavra bondade no dicionário de língua portuguesa e no sentido filosófico. Depois, falaremos sobre a bondade de Deus no aspecto bíblico, mostrando referências bíblicas que falam a respeito da bondade de Deus e o seu significado nos respectivos contextos. Por último, falaremos da bondade de Deus no aspecto teológico. A bondade de Deus é uma característica inerente ao seu Ser, ou seja, Deus é o único que é bom em sua própria natureza. O ápice da bondade de Deus foi revelado quando Ele enviou o seu Filho Unigênito, para dar a sua vida em resgate de pecadores, que não mereciam. 


1- Definição de bondade. Segundo o dicionário Michaelis a palavra bondade vem do latim “bonitatem” e traz as seguintes definições: Qualidade de quem tem traços psicológicos e morais que o induzem a praticar o bem; benevolência; ato que evidencia esses atributos; boa ação; qualidade ou característica de quem é atencioso; amabilidade, delicadeza; qualidade do que é bom, adequado ou elaborado. É o oposto de maldade. 


Na filosofia, a bondade é considerada algo transcendente, ou um bem maior. Alguns filósofos chegaram a usar a palavra Deus para se referir não a uma pessoa, mas a um uma bondade superior. Os filósofos consideram a bondade superior ao direito, pois o direito está relacionado apenas ao que é justo, enquanto a bondade envolve a prática do amor e da misericórdia, inclusive a quem não merece. Fazer o bem a quem merece não significa ser bom, pode ser apenas retribuição ou interesse por recompensas. Essa ideia que a filosofia tem de que a bondade é algo transcendente se aproxima do conceito bíblico, pois, a bondade é um dos atributos morais de Deus, mas não do homem. O pecado corrompeu a natureza o humano e tornou-o essencialmente mal.


2 - A bondade de Deus no aspecto bíblico. Na Bíblia, desde o princípio, a bondade está relacionada a Deus e às suas obras. Quando Deus criou o Universo, a cada obra criada, a Bíblia relata: “E viu Deus que era bom”. Esta expressão aparece seis vezes, no primeiro capítulo de Gênesis: (Gn 1.4; 1.10; 1.18; 1.24; 1.25; 1.31). Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, aparecem dois tipos de bondade: a bondade que se baseia na misericórdia (hebraico hesed; Grego Chrestotes); e a bondade que se baseia na bondade moral de Deus (hebraico Tob; Grego agathosune). Deus é bom em todos os aspectos. Ele é bom porque se compadece de nós e também no aspecto moral, porque só pratica o que é bom e correto. Deus manifesta a sua bondade em sua justiça e nas coisas que Ele criou “Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do Senhor” (Sl 33.5; Sl 52.1; 107.8). Em vários textos bíblicos a perfeição e a bondade de Deus vêm à tona (Nm 10.32; Sl 16.2; Sl 23.6; Sl 34.10; 1 Ts 1.11). 


A bondade (Gr. agathosune) também é uma das virtudes do Fruto do Espírito. Neste sentido, refere-se à santidade e à justiça cristã (Gl 5.22). Todas as virtudes do Fruto do Espírito são provenientes de Deus e não fazem parte da natureza humana corrompida pelo pecado. Por isso, nenhum ser humano é bondoso em sua essência. Após pecar o ser humano teve a sua justiça original corrompida e inclinou-se essencialmente ao mal. O apóstolo Paulo declarou: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem” (Rm 7.18). Só haverá bondade em nós, se vivermos no Espírito, pois Ele produzirá esta virtude em nosso interior. 


3- A bondade de Deus no aspecto teológico. No sentido teológico, a bondade vai muito além das definições dos dicionários e da filosofia. Teologicamente, a bondade não é apenas uma virtude daquele que pratica coisas boas, mas envolve santidade, retidão, verdade, amor, benevolência, graça e misericórdia. Por isso, somente o Deus da Bíblia é essencialmente bom. Deus não apenas pratica o que é bom, Ele é a fonte de toda bondade. A bondade é um dos seus atributos morais de Deus, ou seja, é uma das características do Seu ser. 

Deus não é bom esporadicamente, ou apenas com aqueles que merecem. Até porque ninguém merece a bondade de Deus. Deus é um ser bondoso, e é dele que procedem as coisas boas para nós: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.” (Tg 1.17). É neste sentido que Jesus diz: “Pedi e dar-se-vos-á; batei e abrir-se-vos-á." (Mt 7.7). Na continuação deste texto, Jesus disse que mesmo o ser humano sendo essencialmente mal por causa do pecado, sabe dar coisas boas aos seus filhos. 

Nenhum pai daria uma serpente, a um filho que lhe pedisse um peixe, ou uma pedra ao filho que pedisse comida. Em seguida, Jesus conclui dizendo: “Se, vós, pois, sendo maus,sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11.). Deus é bondoso em sua própria natureza e concede aquilo que necessitamos, não porque merecemos e exigimos, mas porque Ele  é bom. É sempre bom lembrar que Deus sabe o que é bom para nós e concede aquilo que precisamos, não o que queremos. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. págs. 223-226.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 551-552.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por 

versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 487.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 239-240.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. 1 Ed 2001. Editora Cultura Cristã. pág. 966.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. 1 Ed 2006. pág. 35.


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Pb. Weliano Pires



13 junho 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: A BONDADE DE DEUS PARA NOS ATENDER


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos o tema: SENDO CAUTELOSOS NAS OPINIÕES. Vimos que o Senhor Jesus alertou os seus discípulos a respeito do julgamento do próximo, dizendo que, com a medida em que medissem os outros, eles seriam medidos. 


No primeiro tópico, vimos que não devemos julgar os outros. Jesus não proibiu qualquer tipo de julgamento, pois, Ele próprio orientou os seus discípulos a “julgarem segundo a reta justiça” (Jo 7.24). Jesus também recomendou aos seus discípulos para não dar as coisas santas aos cães ou as pérolas aos porcos. Depois, falou para os discípulos terem cautela em relação aos falsos profetas. Não  é possível ter essa cautela sem julgar.


No segundo tópico, falamos sobre o alerta de Jesus para olharmos primeiramente para nós mesmos. Jesus ensinou que primeiro devemos tirar a trave no nosso olho, antes de olhar para o argueiro que está no olho do próximo. O ensino de Jesus aqui é para não sermos exagerados no julgamento dos erros dos outros. Precisamos ter cuidado com o espírito crítico, que ignora as próprias falhas e só vê os erros alheios. Para evitar esse tipo de comportamento devemos sempre lembrar que somos falhos, que também fomos perdoados por Deus e olhar para os outros com misericórdia, assim como Deus fez conosco. 


No terceiro e último tópico, fizemos uma reflexão sobre a seguinte pergunta: E se fôssemos julgados pela severidade de Deus? Deus é o justo juiz, que é absolutamente santo e não pode conviver com o pecado. Entretanto, Ele é compassivo e misericordioso para com aqueles que buscam o seu perdão. Deus conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Sl 103.8-10, 14). Por isso se compadece de nós e nos oferece perdão, por meio de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Devemos agir da mesma forma com o nosso próximo. Não devemos compactuar com o erro, mas devemos sempre agir com misericórdia, lembrando que fomos alcançados pela Graça de Deus. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER


Na lição desta semana, falaremos a respeito de um dos atributos comunicáveis de Deus, que é a Sua infinita bondade. Atributos comunicáveis são aqueles que pertencem a Deus, mas, Ele os compartilha em parte com os seus filhos e espera que eles os manifestem. Deus é bom em sua essência e não faz mal. No Salmo 34.8, está escrito: “Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.” O salmista recomenda que as pessoas provem e vejam que Deus é bom. Ou seja, quem provar, chegará a essa conclusão, porque a bondade de Deus está manifesta por toda parte. Por ser bom, Deus concede coisas boas aos seus filhos. Entretanto, quando Jesus diz que Deus sabe dar coisas boas aos seus filhos, significa que Ele concede aquilo que precisamos, não o que queremos. 


No primeiro tópico da lição, falaremos sobre a bondade de Deus. Traremos a definição de bondade no dicionário de língua portuguesa e no sentido filosófico. Depois, falaremos sobre a bondade de Deus no aspecto bíblico, mostrando referência bíblicas que falam a respeito da bondade de Deus e o seu significado. Por último, falaremos da bondade de Deus no aspecto teológico. A bondade de Deus é uma característica inerente ao seu Ser, ou seja, Deus é o único que é bom em sua própria natureza. A principal expressão da bondade de Deus é o sacrifício vicário de Jesus na Cruz do Calvário para nos salvar da condenação eterna. 


No segundo tópico, veremos que Jesus falou de dois caminhos para escolher. Para explicar isso, o mestre usou duas figuras de linguagem: a porta e o caminho. A porta apertada e o caminho estreito, que representam respectivamente, um novo acesso a Deus e uma nova conduta neste mundo. O destino dos que entram pela porta estreita e andam pelo caminho apertado é a vida eterna com Deus. A porta larga e o caminho espaçoso, por sua vez, representam o estilo de vida alheio a Deus, onde tudo é permitido. O destino da porta larga e do caminho espaçoso é a condenação eterna. Jesus deixou claro que a escolha é nossa: porfiai por entrar pela porta estreita. (Lc 13.24).  


No terceiro e último tópico, falaremos  sobre a mentira dos falsos profetas. Jesus orientou os seus discípulos a terem cautela com os falsos profetas, pois eles vêm disfarçados de ovelhas, mas, por dentro são lobos devoradores. Por isso é muito importante, não se deixar levar pelas aparências, pois os falsos profetas normalmente não revelam a verdadeira identidade. Jesus deu a receita aos seus discípulos, para identificarem os falsos profetas: “Pelos seus frutos conhecereis.” Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. Assim são também as pessoas. Quando Jesus falou de fruto, estava se referindo à conduta e ao ensino dos falsos profetas e não aos resultados do trabalho deles. A Bíblia nos mostra em vários textos, os critérios que devemos usar para identificar os falsos profetas e falsos mestres em nosso meio. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 220-222.

PFEIZER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Mateus. Editora Batista Regular. pág. 33.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 53.

Revista Ensinador Cristão, CPAD, N⁰ 89, p. 42.


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Pb. Weliano Pires


11 junho 2022

Reflexão: O cansaço, enfado, desmotivação e estresse de pastores


O que leva os pastores a esta situação caótica? O que fazer para não  chegar a esse nível de cansaço, decepção e estresse com o ministério pastoral? 

Por WELIANO PIRES


Eu nunca fui pastor de uma Igreja, mas, por graça de Deus, sou presbítero da Assembléia de Deus, Ministério do Belém no estado de São Paulo, há catorze anos e, como tal, fui pastor auxiliar de três pastores em Osasco-SP, convivendo lado a lado com os problemas que eles enfrentavam e dividindo a carga. Atualmente, atuo como pastor auxiliar em São Carlos-SP e vejo de perto, as situações de cansaço de alguns pastores com o próprio ministério.


O cansaço, enfado, desmotivação e estresse [até depressão, infarto e suicídio] de pastores é um fato, que não acontece apenas no Brasil, mas em vários locais do mundo. Diante desta triste realidade, nos vem à mente os seguintes questionamentos: O que leva os pastores a esta situação caótica? O que fazer para não  chegar a esse nível de cansaço, decepção e estresse com o ministério pastoral? 


A meu ver, a principal causa deste cansaço generalizado foi a transformação das Igrejas em empresas. Evidentemente, eu sei que a Igreja apesar de ser um organismo espiritual, ela é também uma instituição, que precisa ser administrada. Mas, a administração eclesiástica não precisa, necessariamente, ser feita pelos pastores, que muitas vezes não tem a menor vocação e conhecimento de administração de empresas. A administração da Igreja também não pode adotar os parâmetros comerciais, onde o objetivo é o retorno financeiro. Os objetivos da Igreja são outros. Quando olhamos para o Novo Testamento, percebemos que as questões administrativas, financeiras e sociais da Igreja ficavam a cargo dos diáconos e não dos pastores. Aos pastores competia dedicar-se à oração e à pregação da Palavra de Deus. (Atos 6.1-7).


Por ter adotado os parâmetros comerciais, as Igrejas passaram a exigir de seus pastores retornos financeiros e crescimentos numéricos a qualquer custo. Agora, para piorar, estão exigindo engajamento político, tanto para a eleição de lideranças das convenções, quanto para as eleições de "candidatos da Igreja" nas eleições político partidárias. De novo, quando olhamos para a Bíblia, não vemos isso. Não é papel do pastor aumentar arrecadação, fazer a Igreja crescer e muito menos fazer política. O pastor deve ser avaliado quanto à sua fidelidade a Deus e à sua Palavra e o seu empenho na Obra do Senhor. Se fizer isso, e a Igreja não crescer, ele não deve mudar os fundamentos para alcançar crescimento, ou ser cobrado porque a Igreja não cresceu. “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Coríntios 3.6,7).


Outro fator que leva pastores ao estresse e cansaço com o ministério, é a falta de vocação para o ministério. Em muitas Igrejas hoje em dia, ordena-se pastores sem a menor vocação, por causa de amizade, condições financeiras, boa oratória, submissão e obediência cega à liderança da Igreja, etc. O ministério pastoral é tarefa árdua e é dado por Deus (Efésios 4.11,12). A Igreja não tem ministério para oferecer a ninguém. Ela deve apenas reconhecer a chamada de Deus na vida do obreiro. Um obreiro que não foi chamado por Deus para ser pastor, não vai aguentar o ministério por muito tempo.


Por último, o que leva muitos pastores ao cansaço é a sede de poder. Na visão de muitos obreiros da atualidade, ser pastor é ter poder e mandar em tudo. Mas, na vida real não é assim. Um verdadeiro pastor é um líder servidor. É alguém chamado por Deus para cuidar da sua Igreja, sofrer por ela, renunciar a muitas coisas e dar a vida pelas ovelhas, se for preciso.


Concluindo, é preciso que as Igrejas e os pastores façam uma reflexão, sobre o papel dos pastores, começando pela escolha. O obreiro tem chamada de Deus para ser pastor? Depois, reavaliando as atribuições do ministério pastoral, de acordo com o modelo bíblico. Pastor não foi chamado para ser tesoureiro, secretário, construtor de templos, mestre de obras, advogado, assistente social, etc. O ministério pastoral consiste em orar, visitar, evangelizar, ensinar a Palavra de Deus e aperfeiçoar os santos.


Weliano Pires é professor da Escola Dominical e presbítero da Assembléia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos-SP.


10 junho 2022

E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS


(Comentário do 3º tópico da Lição 11)


Há um grande equívoco, mesmo entre alguns evangélicos, de pensarem que há diferença entre o Deus do Antigo Testamento e o do Novo Testamento. Muitas pessoas pensam que o Deus do Antigo Testamento era severo e vingativo e que o Deus do Novo Testamento é amoroso e tolerante. Talvez este pensamento seja reflexo dos ensinamentos de Marcião, um heresiarca do Século II. Marcião era natural de Sinope, uma cidade famosa cidade comercial grega, que ficava ao Sul do Mar Negro. Por volta do ano 139 d.C., tornou-se membro da Igreja de Roma e ofereceu dinheiro à igreja. As suas doutrinas, no entanto, contrariavam o cristianismo ortodoxo e em 144 d.C., ele foi afastado da comunhão e o seu dinheiro foi devolvido. Sendo rico e culto, ele tentou criar uma igreja rival e espalhar a sua doutrina por diversas partes. 


Por rejeitar o Deus do Antigo Testamento, Marcião escreveu a sua própria versão do Novo Testamento, composto apenas pelo Evangelho de Lucas e dez epístolas paulinas, excluindo também as epístolas pastorais. Marcião ensinou muitas heresias e em sua concepção, o Antigo Testamento foi feito por Demiurgo, uma espécie de deus “justo e iracundo”, que submeteu o seu povo a uma lei muito severa. Ora, isso é uma grande falácia, pois um dos principais atributos de Deus é a sua imutabilidade. Deus não muda em seu Ser, atributos, propósitos e promessas. No Salmo 90.2 assim está escrito: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” No Novo Testamento, o escritor da Epístola aos Hebreus, assim se referiu a Cristo: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente.”  (Hb 13.8). 


1- Deus é severo? O Antigo Testamento nos mostra que Deus é bom (Sl 25.8), compassivo (Sl 86.15), misericordioso (Sl 103.8), piedoso, amoroso e benigno (Sl 145.8). Por outro lado, Deus é justo e não castiga o justo junto com o ímpio pecador (Gn 18.23). Mesmo sendo justo e santo, Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11). Deus perdoa ao pecador que se arrepende e se humilha, mesmo sendo perversos e cruéis como Acabe e Manassés (1Rs 21.29; 2 Cr 33.11-13). Falando sobre o endurecimento e a incredulidade de Israel, o apóstolo Paulo escreveu que devemos considerar “a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22). Deus é bom, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, pois Ele não muda. Da mesma forma, Ele é severo contra o pecado. Deus é bom e busca salvar a todos os pecadores. Mas é severo contra aqueles que insistem em permanecer no pecado. 


Na Epístola aos Hebreus lemos: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hb 10.31); e: “O nosso Deus é fogo consumidor.” (Hb.12.29). O apóstolo Pedro, falando sobre os falsos mestres, citou vários exemplos de pecadores que não arrependeram e falou que Deus livrou os justos e puniu os ímpios: “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados.” (2 Pe 2.9). Judas, em sua epístola, faz a mesma coisa e alerta os cristãos, citando os casos de rebeliões dos anjos, de Sodoma e Gomorra, dos egípcios que não creram, de Coré, Balaão e outros. 


2- Como Deus nos julga? Antes de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, Deus teve uma conversa com Abraão e anunciou que iria destruí-las. Abraão intercedeu por aquelas cidades e questionou se Deus iria destruir o justo junto com o ímpio e se não faria justiça, o Juiz de toda a terra. (Gn 18.23-25). Deus argumentou com Abraão que se houvesse até 10 justos. Vemos neste relato que Deus é o Supremo Juiz da humanidade e que é extremamente justo em seus julgamentos. Em vários textos bíblicos, lemos que Deus julga com retidão, justiça e equidade (Sl 9.8; Sl 72.2; Sl 96.10; Sl 98.9). 


Deus é o Criador, o Sustentador e o Juiz do Universo. Ele criou todas as coisas e estabeleceu as suas leis morais para serem cumpridas. Se as suas leis forem violadas, os infratores serão julgados e punidos. Deus também também não julga ninguém por um pecado se não houver a Lei que condene o tal pecado. “Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também não há transgressão.” (Rm 4.15)


Os julgamentos de Deus não se baseiam em aparências e Ele não faz acepção de pessoas. Deus também é Verdadeiro e jamais se deixa subornar ou manipular. Ele conhece e vê todas as coisas. Por isso, julga corretamente não apenas as ações, mas, também as omissões e intenções das pessoas. Deus é absolutamente santo e não julga segundo os padrões humanos. Mesmo sendo Deus justo em seus julgamentos contra o pecador impenitente, Ele é também amoroso e misericordioso. Por isso, Ele justifica o pecador arrependido, mediante a fé em Cristo. 


3 - O exemplo da justiça de Deus na vida de Davi. Nós gostamos de Davi, pelas vitórias que ele obteve, pela sua humildade e bondade para com o próximo e pelos belos Salmos que ele escreveu. Davi foi injustamente perseguido por Saul e não revidava. Teve a oportunidade de executá-lo enquanto ele dormia, mas, não o fez, dizendo que não estenderia a sua mão contra o ungido do Senhor (1 Sm 24.1-6). O próprio Deus declarou que Davi era um homem segundo o coração de Deus (Sl At 13.22).


Ser um homem segundo o coração de Deus, no entanto, não significa que ele era perfeito ou que não tenha cometido erros. Davi foi um homem que amava a Deus, estava sempre disposto a perdoar e buscava a reconciliação com os inimigos e com Deus. Entretanto, Davi cometeu dois pecados gravíssimos, que pela Lei deveriam ser punidos com a morte: Um adultério e um homicídio. Ao pecar contra o Senhor e contra o seu fiel soldado, Davi experimentou a justiça divina.


Deus amava Davi e deu testemunho dele. Também o perdoou, quando ele confessou o seu pecado e se arrependeu. Mas, não o isentou da punição pelos pecados cometidos, embora não aplicou a pena merecida, que seria a morte. Deus agiu com misericórdia para com Davi, não aplicando o que ele merecia. Mas, agiu com severidade, punindo-o pelo seu pecado, principalmente para discipliná-lo e servir de exemplo. Vejamos a sentença que Deus deu a Davi: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher. Assim diz o Senhor : Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei ao teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.” (2 Sm 12.10-12).


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 214-216.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pág. 797.

POHL, Adolf. Comentário Esperança: Romanos. Editora Evangélica Esperança. 1 Ed. 1999.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 390.


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Pb. Weliano Pires



09 junho 2022

DEVEMOS PRIMEIRAMEN­TE OLHAR PARA NÓS MESMOS


(Comentário do 2º tópico da Lição 11)


Conforme falamos no tópico anterior, Jesus não proibiu o cristão de emitir opiniões e não condenou os julgamentos que são necessários. Entretanto, o Mestre condenou a hipocrisia dos que vêem apenas os erros dos outros e ignoram os próprios erros. São extremamente severos em relação aos erros alheios e muito complacentes consigo mesmos. A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que foram extremamente intolerantes com relação aos pecados alheios, enquanto encobriam coisas gravíssimas de si mesmas. Usavam um duplo padrão de medida: a da misericórdia para si e o da punição severa para os outros. O ensino de Jesus aqui é: Com a medida que medirmos os outros seremos também medidos. Por isso, devemos sempre olhar primeiro para nós mesmos, antes de olhar para o próximo. 


1 - Cuidado com o juízo exagerado sobre os outros. Segundo a psicologia, o ser humano tem dentro de si um mecanismo de defesa chamado projeção, que consiste em projetar de modo inconsciente no outro, aqueles comportamentos que ele não tolera em si mesmo. Assim, ele acaba atacando no outro um comportamento que, na verdade, ele gostaria de fazer ou faz. É por isso que muitas vezes o caloteiro é um excelente cobrador e uma pessoa muito ciumenta, trai ou tem vontade de trair. É também uma forma de desviar o foco dos próprios erros, atacando os dos outros. 

Temos na Bíblia vários casos de pessoas que foram implacáveis com os erros dos outros, quando na verdade, escondiam coisas muito piores praticadas por elas mesmas. Em Gênesis 38 temos o caso de Judá e sua nora Tamar. Er, o primeiro filho de Judá casou-se com Tamar. Ele era perverso e, por isso, o Senhor o matou, sem que deixasse descendência. Pela lei do Levirato, o próximo irmão dele deveria casar-se com a viúva e o primeiro filho seria do falecido. 

Onã, o segundo filho casou-se com Tamar e aconteceu a mesma coisa. Selá, o terceiro filho, ainda era pequeno e foi prometido em casamento à viúva dos seus irmãos. Entretanto, o tempo foi passando e Tamar percebeu que o seu sogro não iria cumprir a promessa. Ela, então, disfarçou-se de prostituta e engravidou do sogro. Porém, antes exigiu que ele lhe desse o seu selo, seu cordão e o cajado, que eram objetos pessoais que representavam a autoridade de Judá na família. 

Quando Judá soube que a nora estava grávida, sem saber que era ele o pai, determinou que ela fosse queimada viva. Tamar, então apresentou os objetos pessoais do seu sogro, dizendo que o pai da criança era o proprietário daqueles objetos. Judá, imediatamente recuou da condenação rigorosa e disse que ela era mais justa do que ele, pois, ele havia prometido o seu filho a ela em casamento e não havia cumprido. Os dois erraram gravemente, não restam dúvidas. Mas, ele encobria o próprio erro e queria ser rigoroso com o pecado da nora. 

Outro  exemplo desse tipo de comportamento é o do rei Davi, depois de ter cometido adultério com Batseba e homicídio contra o marido dela. Ele escondeu estes dois pecados durante dois anos, se comportando como se nada tivesse acontecido. Mas Deus enviou o profeta Natã para repreendê-lo. O profeta contou-lhe uma parábola, dizendo que um homem rico tinha muitos animais em sua fazenda e o seu empregado tinha apenas uma ovelha que ele criara junto com os seus filhos, como se fosse um deles. Certo dia, veio um visitante ilustre à casa deste rico fazendeiro e ele, em vez de pegar uma das suas muitas ovelhas, pegou a do seu empregado e deu-a ao visitante. 

Ouvindo esta história, irritado, Davi levantou-se e decretou a sentença: 

- Digno de morte é o homem que fez tal coisa!. 

O profeta o interpelou, dizendo: 

- Este homem és tu, ó rei! 

O profeta, usado por Deus, lembrou a Davi de que o Senhor o tirara de trás das ovelhas, livrou-o das mãos de Saul e o fez rei de Israel. Deu-lhe também mulheres. Mas ele desprezou a Palavra do Senhor, tomou a mulher do seu servo e tramou o seu assassinato de forma covarde. O senso de justiça inicial de Davi não estava errado, mas, era exagerado. Quem praticasse uma injustiça daquela, de fato deveria ser punido, mas, não com a morte. A punição prevista na lei para o roubo de uma ovelha seria restituir quatro vezes o valor. Os pecados dele sim, eram punidos com a morte, tanto o adultério quanto o homicídio. 

O outro problema de Davi é que a partir das palavras do profeta de que ele era o infrator, o rigor do seu julgamento desapareceu. De fato, ele se arrependeu e confessou a sua culpa. Mas, não proferiu nenhuma sentença de morte contra si mesmo. É assim que muitas pessoas agem. Usam um padrão duplo de julgamento, um para si e sua família e outro para as outras pessoas. 

A recomendação bíblica é para nos examinarmos a nós mesmos (1 Co 11.28) e tirar primeiro a trave que está em nossos olhos, para depois olhar para o argueiro que está no olho do nosso próximo. Quando olhamos primeiro para nós, detectamos os nossos erros e olhamos para os outros com o olhar de misericórdia, com o objetivo de corrigi-los e ajudá-los. 


2- A inconsistência dos que possuem espírito de crítica. Os escribas e fariseus se consideravam os mestres e intérpretes da Lei mosaica. Conforme já vimos em lições anteriores, as pessoas não tinham as Escrituras em suas casas e a maioria não sabia ler. Portanto, dependiam exclusivamente da leitura e explicação dos rabinos. Sendo assim, eles abusavam do poder religioso e impunham ao povo pesados fardos. Eram muito rigorosos em seus julgamentos e vasculhavam a vida das pessoas, buscando falhas para os acusar. Eles faziam isso com Jesus o tempo todo, com perguntas ardilosas, a fim de apanhá-lo em algum erro para acusá-lo e condená-lo à morte. 

Jesus não condenou o justo julgamento, baseado na verdade, coerência e consistência. O próprio Jesus condenou muitas atitudes dos escribas e fariseus (Mt 23), de Herodes (Lc 13.32) e até dos próprios discípulos (Lc 9.55), quando se tornaram repreensíveis. O julgamento verdadeiro, tendo como base a Palavra de Deus, com o objetivo de zelar pela Sã doutrina e para evitar a contaminação da Igreja é válido. Entretanto o espírito crítico, que busca a todo custo encontrar falhas nos outros, com propósitos espúrios e ar de superioridade em relação aos demais, é incompatível com a vida cristã. 


3- O que fazer para não julgarmos precipitadamente os outros? Conforme já foi dito e repetido, Jesus não proibiu o julgamento e a correção necessária de coisas erradas. Ele proibiu os julgamentos precipitados dos outros, sem olhar para os os nossos próprios erros. Temos a tendência de enxergarmos até os pequenos erros dos outros, mas não enxergamos erros graves da nossa parte. Somos muitas vezes brandos com nós mesmos e severos com os outros. Por isso, Jesus disse que seremos medidos com a mesma medida que medirmos. O que fazer, então para evitar fazer julgamentos precipitados e não adotar o espírito da crítica para com os pecados alheios? 

Devemos sempre nos lembrar que também somos falhos e imperfeitos. Mesmo sendo transformados pelo Espírito Santo, não somos perfeitos e ainda cometemos erros, embora, não por prazer, mas, por causa das nossas falhas e limitações. Precisamos também adotar a mesma atitude que Jesus teve para conosco. Ele nos amou e morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Sendo assim, devemos lembrar que fomos alcançados pelo favor imerecido de Deus e oferecer também misericórdia e compaixão para com os outros pecadores. Em vez de julgar e condenar os que pecarem, devemos orar para que o Senhor os perdoe e os ajude a recomeçar. 


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 209-214.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1276.

PURKISER, T. M. A. Comentário Bíblico Beacon I e II Samuel. Editora CPAD. Vol. 3. pág. 246.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, o Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 237.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pág. 82,83.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.560. 


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