16 junho 2022

A MENTIRA DOS FALSOS PROFETAS


(Comentário do 3º tópico da Lição 12)

Neste terceiro e último tópico, falaremos  sobre a mentira dos falsos profetas. Jesus orientou os seus discípulos a terem cautela com os falsos profetas, pois eles vêm disfarçados de ovelhas, mas, por dentro são lobos devoradores. Por isso é muito importante, não se deixar levar pelas aparências, pois os falsos profetas normalmente não revelam a verdadeira identidade. Jesus deu a receita aos seus discípulos, para identificarem os falsos profetas: “Pelos seus frutos conhecereis.” Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. Assim são também as pessoas. Quando Jesus falou de fruto, estava se referindo à conduta e ao ensino dos falsos profetas e não necessariamente aos resultados do trabalho deles. Devemos fazer uma análise criteriosa para identificar e nos precaver dos falsos profetas. A Bíblia nos mostra em vários textos, os critérios que devemos usar para identificar os falsos profetas e falsos mestres em nosso meio. 


1- Cuidado com as falsas aparências. Jesus disse aos seus discípulos: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. (Mt 7.15). Quando Jesus falou para ter cautela em relação aos falsos profetas [Gr. pseudoprophétes], Ele se referia não aos líderes de outras religiões, assumidamente anticristãs. A referência aqui é aos falsos profetas que estão entre nós disfarçados de cristãos. Estes são os mais perigosos, pois, eles se disfarçam de verdadeiros profetas, e estão infiltrados entre as ovelhas, como se fossem uma delas. São ferozes e perigosos, e conseguem atacar as pobres ovelhinhas distraídas. 


Sempre houve entre o povo de Deus, falsos mestres e falsos profetas, principalmente em tempos de apostasia, quando as pessoas não têm comunhão com Deus, não oram, não há ensino da Palavra e, consequentemente, não tem discernimento. O profeta Jeremias, por exemplo, enfrentou grandes lutas por causa de falsos profetas. Ele entregava a mensagem de julgamento e exortação ao arrependimento, que Deus mandava e os falsos profetas o desmentiam, dizendo que haveria paz e Deus não os entregaria nas mãos dos babilônicos. Entretanto, as profecias de Jeremias se cumpriram nos mínimos detalhes.


Há muitas frases populares que nos recomendam a não se deixar levar pelas aparências: Nem tudo que reluz é ouro; as aparências enganam; quem vê cara não vê coração; etc. Na Bíblia também temos a recomendação do próprio Deus ao profeta Samuel, para atentar para a aparência de Eliabe, o irmão primogênito de Davi, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração. (1 Sm 16.7). Evidentemente, não somos oniscientes e não temos como ver o interior das pessoas e saber as verdadeiras intenções. O que Jesus recomenda é para não sermos precipitados e não nos impressionarmos com as aparências, pois os falsos profetas se disfarçam muito bem.


2. Como detectar os falsos profetas? Se sabemos que os falsos profetas estão entre nós, “de terno, gravata e Bíblia na mão”, como fazer para identificá-los, se não somos oniscientes e não conhecemos as pessoas por dentro? Jesus nos deu a receita principal: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16). Árvores boas dão bons frutos e árvores más produzem maus frutos. Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. A figura do fruto aqui indica a real essência ou natureza do profeta e aponta para duas características deles: os ensinos e as obras. Várias espécies de árvores tem também uma espécie muito parecida que é brava. As verdadeiras nem sempre são belas, mas são saudáveis e produzem bons frutos. As bravas, no entanto, muitas vezes belas, são venenosas ou produzem frutos venenosos.  


Assim também são os falsos profetas. Se disfarçam de cristãos, preocupados com a Igreja e tem discursos cativantes. Entretanto, a sua vida normalmente é libertina e as suas mensagens são enganosas e mentirosas. Basta ver o que eles produzem na vida da Igreja, para saber que são lobos destruidores. O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, alertou contra os falsos mestres que iriam surgir, mostrando algumas características deles, que podem facilitar a identificação (2 Pe 2.1-3): 

a. Surgirão “entre vós”. É um perigo interno. Os falsos mestres e falsos profetas não são necessariamente os que estão fora do Cristianismo. Estes nós já sabemos quem são. O perigo maior são os de dentro. 

b. Introduzirão encobertamente heresias de perdição. Ensinam doutrinas contrárias à Escrituras. O nosso padrão, parâmetro, régua (cânon) é a Palavra de Deus. Quem ensina doutrinas antibíblicas é lobo. 

c. Negarão o Senhor que os resgatou. Os falsos mestres e falsos profetas costumam negar a Cristo, seja com palavras ou com atitudes. A intenção deles é buscar glórias e benefícios para si mesmos e não glorificar a Deus.

d. Terão vida dissoluta. Normalmente, falsos mestres têm conduta pervertida, imoral e contrária aos padrões bíblicos. Se alguém adota práticas que a Bíblia condena, é lobo disfarçado de ovelha. 

e. Serão avarentos. Tudo o que fazem é visando obter vantagens financeiras. Devemos ter muito cuidado com pessoas cujos objetivos são o enriquecimento e o poder. 

f. Farão de vós na Igreja um negócio. Todo obreiro que faz da Igreja uma negócio, ou forma de enriquecer é lobo. Já existem até obreiros vendendo a Igreja para outros ministérios (de porteira fechada). 

g. Usarão palavras fingidas. Os falsos mestres sempre fingem ser o que não são, com palavras bonitas e persuasivas. 


Não podemos entregar o púlpito das nossas Igrejas para qualquer pessoa falar, sem saber a procedência. Também não devemos receber obreiros de outras denominações sem carta e sem antes verificar a conduta deles. Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha. 


3. Uma análise criteriosa. Precisamos adotar critérios em nossas Igrejas, para detectarmos a presença de lobos. Conforme vimos acima, não podemos nos deixar levar pelas aparências, pois, nem tudo é o que parece ser. Um operador de caixa não precisa se especializar em cédulas falsas para identificá-las. Ele só precisa conhecer profundamente as cédulas verdadeiras e, se aparecer alguma falsa, ele logo perceberá. Podemos adotar também este critério em relação aos falsos profetas. Se conhecermos as características de um verdadeiro profeta do Senhor apresentadas na Bíblia, facilmente conseguiremos  identificar os falsos profetas que aparecerem em nosso meio. Vejamos algumas características de uma profeta do Senhor: 

a. Vida santa e irrepreensível. A palavra de Deus recomenda no Antigo e no Novo Testamento que devemos ser santos, porque o Senhor é Santo: “E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus.” (Lv 20.26); “Porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pe 1.16). Se alguém está em nosso meio e não vive uma vida santa, é falso cristão.

b. Fala a verdade e as suas profecias se cumprem. O nosso Deus é o Deus da Verdade e não pode mentir (Hb 6.18). Os seus profetas também não mentem. Aquilo que profetizam tem que se cumprir, senão não é profeta de Deus (1 Sm 3.19, 20). 

c. Prega a verdade bíblica. Deus vela por Sua Palavra para cumprir. Jesus disse que passarão os céus e a terra, mas, a Sua Palavra não passará. A Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus. Deus tem compromisso com a sua Palavra (Jr 1.12). Portanto, se um profeta chegar com uma mensagem contrária à Bíblia, não é profeta de Deus.

d. Não aceita subornos e não prega ou profetiza por dinheiro. Um verdadeiro profeta do Senhor entrega a mensagem de Deus com fidelidade e não busca ganhos financeiros ou privilégios. Eliseu foi usado por Deus para curar a lepra de Naamã (2 Rs 5.1,16). Após a cura, o general Siro lhe ofereceu vários presentes, mas, ele recusou. O homem de Deus recebe ofertas ou salário da Igreja se viver exclusivamente para a obra de Deus. Mas, isso jamais irá interferir naquilo que ele prega. 

d. Não busca popularidade ou aplausos. A maioria dos profetas de Deus na Bíblia não eram populares: Elias, Micaías, Jeremias, Amós, etc. principalmente, em tempos de apostasia. O verdadeiro profeta do Senhor é homem de Deus e não homem do povo. Por isso, ele procura ser fiel a Deus e não ser aplaudido.


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 234-236.

ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.61).

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 241-242.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 310-311.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 141.

SPROUL, R.C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pág. 174-175.


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Pb. Weliano Pires


HÁ DOIS CAMINHOS PARA ESCOLHER


(Comentário do 2º tópico da Lição 12)


Jesus falou de dois destinos que o ser humano pode escolher. Para explicar isso, o mestre usou duas figuras de linguagem: a porta e o caminho. A porta apertada e o caminho estreito, que representam respectivamente, um novo acesso a Deus e uma nova conduta neste mundo. O destino dos que entram pela porta estreita e andam pelo caminho apertado é a vida eterna com Deus. A porta larga e o caminho espaçoso, por sua vez, representam o estilo de vida alheio a Deus, onde tudo é permitido. O destino da porta larga e do caminho espaçoso é a condenação eterna. Jesus deixou claro que a escolha é nossa: porfiai por entrar pela porta estreita. (Lc 13.24).  


1- A porta e o caminho no aspecto bíblico. A ordem em que aparecem as palavras “porta” e “caminho”, indicam que a porta é um acesso para o caminho. No contexto em que Jesus viveu neste mundo, as cidades eram cercadas por muros, com acessos controlados nas portas, devido ao perigo de invasões de inimigos. A cidade de Jerusalém possuía doze portas de acesso: Porta do Gado, Porta do Peixe (Porta de Damasco), Porta Velha (Porta de Jafa), Porta do Vale, Porta do Monturo, Porta da Fonte, Porta do Cárcere, Porta das Águas, Porta dos Cavalos, Porta Oriental, Porta de Mifcade (da Atribuição), Porta de Efraim. 


Algumas dessas portas eram largas e outras estreitas. Durante a noite, as portas grandes eram fechadas e apenas as portas estreitas ficavam abertas. Quem desejasse passar por uma porta estreita, principalmente se levasse bagagem, teria de fazer muito sacrifício. No aspecto metafórico, quer dizer o acesso ou entrada num estado. No aspecto espiritual, fala da entrada para o caminho a fim de viver uma experiência nova com Cristo Jesus.


A figura do caminho também era bem conhecida dos ouvintes de Jesus. No Antigo Testamento, a palavra caminho é um substantivo masculino, que no hebraico é derek.  Literalmente, significa estrada, distância, jornada, maneira, vereda, direção. No sentido figurado significa um hábito, o curso da vida, ou o estilo de vida. No Salmo 1, por exemplo, temos a referência a dois caminhos: o caminho dos pecadores e o caminho dos justos. No Salmo 30, o salmista diz: “O caminho de Deus é perfeito”. No Novo Testamento, os discípulos são descritos como “os do Caminho” no Livro de Atos. ( Atos 9.2). Isso demonstra que nos primórdios da Igreja Cristã, a palavra Caminho era uma referência ao próprio Cristianismo. Somente a em Atos 11 é que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos, de forma pejorativa (At 11.26). Há também referências que nos mostram que o “caminho do Senhor” (At 18.25),  “o caminho de Deus” (At 25.26) e “caminho da salvação” (At 16.17), indicam o modo de vida que os homens devem seguir, se desejam ser salvos. Entretanto, Jesus deixou claro que Ele é o único caminho que conduz ao Pai (Jo 14.6). Sendo assim, o caminho como estilo de vida, só terá algum valor se a pessoa estiver em Cristo, pois as boas obras ou estilo de vida correto, não salvam ninguém. 


2- O que as duas portas e os dois caminhos ilustram para nós?  As duas portas, a estreita e a porta larga, representam respectivamente, o acesso ao caminho do céu e ao caminho da perdição. Em João 10, Jesus usou a parábola do curral das ovelhas e do pastor, para falar da salvação. No primeiro versículo, Ele diz: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.” (Jo 10.1). Como os seus ouvintes não entenderam o que Ele queria dizer, a partir do versículo 7, Jesus explica: “Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo 10.7-9). Esta parábola de Jesus deixa claro que Jesus é a única porta, ou o único acesso ao Pai. Não existe outro mediador entre Deus e a humanidade (1 Tm 2.5). 


No texto de Mateus 7.13,14, Jesus está falando dos caminhos que conduzem ao céu e ao inferno. O primeiro, o caminho estreito, conduz à vida eterna. Poucos são os que entram por ele. O segundo, o caminho espaçoso, conduz à perdição e muitos são os que entram por ele. Esse ensino de Jesus desmonta algumas teorias equivocadas das falsas religiões e até de igrejas evangélicas. A primeira delas é a falsa ideia de que todos os caminhos levam a Deus. Jesus deixou claro que só existe um caminho para Deus e este caminho é Ele (Jo 14.6). O apóstolo Pedro também falou que “em nenhum outro há salvação” (At 4.12). A segunda, é a ideia de que há um terceiro caminho, que seria o purgatório, como ensinam os católicos. Jesus não disse que há um desvio do caminho largo, passando pelo purgatório para chegar ao céu. Ele falou que o caminho largo conduz à perdição. Tem ainda uma terceira ideia equivocada que a das estatísticas. Muitos acham que se a maioria está em um caminho é porque ele é correto. Jesus disse o contrário: poucos são os que entram pelo caminho que conduz à vida eterna. 


3- A escolha entre os dois caminhos. Em Lucas 13.24, Jesus disse: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.” O verbo porfiar, no grego, significa “esforçar-se com zelo extremo, empenhar-se em obter algo”. Nas palavras de Jesus, é uma alusão ao desejo de andar no caminho estreito e ter uma nova vida com Deus, vivendo de acordo com os padrões dele e na contramão do sistema maligno que impera no mundo. 

Evidentemente, Jesus não está falando de salvação por meio do sofrimento e boas obras, como pregam os católicos. Jesus está falando que estes dois caminhos têm consequências diferentes e contrárias. O caminho largo é popular e isento de perseguições. Entretanto, o final dele é a condenação eterna. O caminho estreito, por sua vez, é difícil de andar por ele, pois há muitas dificuldades, renúncias e perseguições. Mas o final dele é a vida eterna. 

Em nossos dias, infelizmente, temos visto ensinos em algumas Igrejas que são contrários ao de Jesus. Ensinam que o justo não sofre, não fica doente e se ficar exige a cura, toma posse de todas as coisas, prospera financeiramente e é só vitória. Ora, quem ofereceu prosperidade e poder em troca de adoração foi o diabo e não Deus. Nas últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, Ele os alertou dizendo: Sereis perseguidos e odiados por todas as gentes por causa do meu Nome. Matar-vos-ão e qualquer que vos matar, pensará que estará prestando um serviço a Deus. No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, pois Eu venci o mundo. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 227-232.

PFEIZER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Mateus. Editora Batista Regular. pág. 33.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pag. 36.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 240.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 53.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. págs. 300-303.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3053.

HARRISON, K. Leviticos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 92.

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61


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Pb. Weliano Pires

15 junho 2022

A bondade de Deus


(Comentário do 1º tópico da Lição 12)

Neste primeiro primeiro tópico falaremos a respeito da bondade de Deus. Veremos a definição da palavra bondade no dicionário de língua portuguesa e no sentido filosófico. Depois, falaremos sobre a bondade de Deus no aspecto bíblico, mostrando referências bíblicas que falam a respeito da bondade de Deus e o seu significado nos respectivos contextos. Por último, falaremos da bondade de Deus no aspecto teológico. A bondade de Deus é uma característica inerente ao seu Ser, ou seja, Deus é o único que é bom em sua própria natureza. O ápice da bondade de Deus foi revelado quando Ele enviou o seu Filho Unigênito, para dar a sua vida em resgate de pecadores, que não mereciam. 


1- Definição de bondade. Segundo o dicionário Michaelis a palavra bondade vem do latim “bonitatem” e traz as seguintes definições: Qualidade de quem tem traços psicológicos e morais que o induzem a praticar o bem; benevolência; ato que evidencia esses atributos; boa ação; qualidade ou característica de quem é atencioso; amabilidade, delicadeza; qualidade do que é bom, adequado ou elaborado. É o oposto de maldade. 


Na filosofia, a bondade é considerada algo transcendente, ou um bem maior. Alguns filósofos chegaram a usar a palavra Deus para se referir não a uma pessoa, mas a um uma bondade superior. Os filósofos consideram a bondade superior ao direito, pois o direito está relacionado apenas ao que é justo, enquanto a bondade envolve a prática do amor e da misericórdia, inclusive a quem não merece. Fazer o bem a quem merece não significa ser bom, pode ser apenas retribuição ou interesse por recompensas. Essa ideia que a filosofia tem de que a bondade é algo transcendente se aproxima do conceito bíblico, pois, a bondade é um dos atributos morais de Deus, mas não do homem. O pecado corrompeu a natureza o humano e tornou-o essencialmente mal.


2 - A bondade de Deus no aspecto bíblico. Na Bíblia, desde o princípio, a bondade está relacionada a Deus e às suas obras. Quando Deus criou o Universo, a cada obra criada, a Bíblia relata: “E viu Deus que era bom”. Esta expressão aparece seis vezes, no primeiro capítulo de Gênesis: (Gn 1.4; 1.10; 1.18; 1.24; 1.25; 1.31). Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, aparecem dois tipos de bondade: a bondade que se baseia na misericórdia (hebraico hesed; Grego Chrestotes); e a bondade que se baseia na bondade moral de Deus (hebraico Tob; Grego agathosune). Deus é bom em todos os aspectos. Ele é bom porque se compadece de nós e também no aspecto moral, porque só pratica o que é bom e correto. Deus manifesta a sua bondade em sua justiça e nas coisas que Ele criou “Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do Senhor” (Sl 33.5; Sl 52.1; 107.8). Em vários textos bíblicos a perfeição e a bondade de Deus vêm à tona (Nm 10.32; Sl 16.2; Sl 23.6; Sl 34.10; 1 Ts 1.11). 


A bondade (Gr. agathosune) também é uma das virtudes do Fruto do Espírito. Neste sentido, refere-se à santidade e à justiça cristã (Gl 5.22). Todas as virtudes do Fruto do Espírito são provenientes de Deus e não fazem parte da natureza humana corrompida pelo pecado. Por isso, nenhum ser humano é bondoso em sua essência. Após pecar o ser humano teve a sua justiça original corrompida e inclinou-se essencialmente ao mal. O apóstolo Paulo declarou: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem” (Rm 7.18). Só haverá bondade em nós, se vivermos no Espírito, pois Ele produzirá esta virtude em nosso interior. 


3- A bondade de Deus no aspecto teológico. No sentido teológico, a bondade vai muito além das definições dos dicionários e da filosofia. Teologicamente, a bondade não é apenas uma virtude daquele que pratica coisas boas, mas envolve santidade, retidão, verdade, amor, benevolência, graça e misericórdia. Por isso, somente o Deus da Bíblia é essencialmente bom. Deus não apenas pratica o que é bom, Ele é a fonte de toda bondade. A bondade é um dos seus atributos morais de Deus, ou seja, é uma das características do Seu ser. 

Deus não é bom esporadicamente, ou apenas com aqueles que merecem. Até porque ninguém merece a bondade de Deus. Deus é um ser bondoso, e é dele que procedem as coisas boas para nós: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.” (Tg 1.17). É neste sentido que Jesus diz: “Pedi e dar-se-vos-á; batei e abrir-se-vos-á." (Mt 7.7). Na continuação deste texto, Jesus disse que mesmo o ser humano sendo essencialmente mal por causa do pecado, sabe dar coisas boas aos seus filhos. 

Nenhum pai daria uma serpente, a um filho que lhe pedisse um peixe, ou uma pedra ao filho que pedisse comida. Em seguida, Jesus conclui dizendo: “Se, vós, pois, sendo maus,sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11.). Deus é bondoso em sua própria natureza e concede aquilo que necessitamos, não porque merecemos e exigimos, mas porque Ele  é bom. É sempre bom lembrar que Deus sabe o que é bom para nós e concede aquilo que precisamos, não o que queremos. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. págs. 223-226.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 551-552.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por 

versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 487.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 239-240.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. 1 Ed 2001. Editora Cultura Cristã. pág. 966.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. 1 Ed 2006. pág. 35.


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Pb. Weliano Pires



13 junho 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: A BONDADE DE DEUS PARA NOS ATENDER


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos o tema: SENDO CAUTELOSOS NAS OPINIÕES. Vimos que o Senhor Jesus alertou os seus discípulos a respeito do julgamento do próximo, dizendo que, com a medida em que medissem os outros, eles seriam medidos. 


No primeiro tópico, vimos que não devemos julgar os outros. Jesus não proibiu qualquer tipo de julgamento, pois, Ele próprio orientou os seus discípulos a “julgarem segundo a reta justiça” (Jo 7.24). Jesus também recomendou aos seus discípulos para não dar as coisas santas aos cães ou as pérolas aos porcos. Depois, falou para os discípulos terem cautela em relação aos falsos profetas. Não  é possível ter essa cautela sem julgar.


No segundo tópico, falamos sobre o alerta de Jesus para olharmos primeiramente para nós mesmos. Jesus ensinou que primeiro devemos tirar a trave no nosso olho, antes de olhar para o argueiro que está no olho do próximo. O ensino de Jesus aqui é para não sermos exagerados no julgamento dos erros dos outros. Precisamos ter cuidado com o espírito crítico, que ignora as próprias falhas e só vê os erros alheios. Para evitar esse tipo de comportamento devemos sempre lembrar que somos falhos, que também fomos perdoados por Deus e olhar para os outros com misericórdia, assim como Deus fez conosco. 


No terceiro e último tópico, fizemos uma reflexão sobre a seguinte pergunta: E se fôssemos julgados pela severidade de Deus? Deus é o justo juiz, que é absolutamente santo e não pode conviver com o pecado. Entretanto, Ele é compassivo e misericordioso para com aqueles que buscam o seu perdão. Deus conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Sl 103.8-10, 14). Por isso se compadece de nós e nos oferece perdão, por meio de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Devemos agir da mesma forma com o nosso próximo. Não devemos compactuar com o erro, mas devemos sempre agir com misericórdia, lembrando que fomos alcançados pela Graça de Deus. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER


Na lição desta semana, falaremos a respeito de um dos atributos comunicáveis de Deus, que é a Sua infinita bondade. Atributos comunicáveis são aqueles que pertencem a Deus, mas, Ele os compartilha em parte com os seus filhos e espera que eles os manifestem. Deus é bom em sua essência e não faz mal. No Salmo 34.8, está escrito: “Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.” O salmista recomenda que as pessoas provem e vejam que Deus é bom. Ou seja, quem provar, chegará a essa conclusão, porque a bondade de Deus está manifesta por toda parte. Por ser bom, Deus concede coisas boas aos seus filhos. Entretanto, quando Jesus diz que Deus sabe dar coisas boas aos seus filhos, significa que Ele concede aquilo que precisamos, não o que queremos. 


No primeiro tópico da lição, falaremos sobre a bondade de Deus. Traremos a definição de bondade no dicionário de língua portuguesa e no sentido filosófico. Depois, falaremos sobre a bondade de Deus no aspecto bíblico, mostrando referência bíblicas que falam a respeito da bondade de Deus e o seu significado. Por último, falaremos da bondade de Deus no aspecto teológico. A bondade de Deus é uma característica inerente ao seu Ser, ou seja, Deus é o único que é bom em sua própria natureza. A principal expressão da bondade de Deus é o sacrifício vicário de Jesus na Cruz do Calvário para nos salvar da condenação eterna. 


No segundo tópico, veremos que Jesus falou de dois caminhos para escolher. Para explicar isso, o mestre usou duas figuras de linguagem: a porta e o caminho. A porta apertada e o caminho estreito, que representam respectivamente, um novo acesso a Deus e uma nova conduta neste mundo. O destino dos que entram pela porta estreita e andam pelo caminho apertado é a vida eterna com Deus. A porta larga e o caminho espaçoso, por sua vez, representam o estilo de vida alheio a Deus, onde tudo é permitido. O destino da porta larga e do caminho espaçoso é a condenação eterna. Jesus deixou claro que a escolha é nossa: porfiai por entrar pela porta estreita. (Lc 13.24).  


No terceiro e último tópico, falaremos  sobre a mentira dos falsos profetas. Jesus orientou os seus discípulos a terem cautela com os falsos profetas, pois eles vêm disfarçados de ovelhas, mas, por dentro são lobos devoradores. Por isso é muito importante, não se deixar levar pelas aparências, pois os falsos profetas normalmente não revelam a verdadeira identidade. Jesus deu a receita aos seus discípulos, para identificarem os falsos profetas: “Pelos seus frutos conhecereis.” Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. Assim são também as pessoas. Quando Jesus falou de fruto, estava se referindo à conduta e ao ensino dos falsos profetas e não aos resultados do trabalho deles. A Bíblia nos mostra em vários textos, os critérios que devemos usar para identificar os falsos profetas e falsos mestres em nosso meio. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 220-222.

PFEIZER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Mateus. Editora Batista Regular. pág. 33.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 53.

Revista Ensinador Cristão, CPAD, N⁰ 89, p. 42.


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Pb. Weliano Pires


11 junho 2022

Reflexão: O cansaço, enfado, desmotivação e estresse de pastores


O que leva os pastores a esta situação caótica? O que fazer para não  chegar a esse nível de cansaço, decepção e estresse com o ministério pastoral? 

Por WELIANO PIRES


Eu nunca fui pastor de uma Igreja, mas, por graça de Deus, sou presbítero da Assembléia de Deus, Ministério do Belém no estado de São Paulo, há catorze anos e, como tal, fui pastor auxiliar de três pastores em Osasco-SP, convivendo lado a lado com os problemas que eles enfrentavam e dividindo a carga. Atualmente, atuo como pastor auxiliar em São Carlos-SP e vejo de perto, as situações de cansaço de alguns pastores com o próprio ministério.


O cansaço, enfado, desmotivação e estresse [até depressão, infarto e suicídio] de pastores é um fato, que não acontece apenas no Brasil, mas em vários locais do mundo. Diante desta triste realidade, nos vem à mente os seguintes questionamentos: O que leva os pastores a esta situação caótica? O que fazer para não  chegar a esse nível de cansaço, decepção e estresse com o ministério pastoral? 


A meu ver, a principal causa deste cansaço generalizado foi a transformação das Igrejas em empresas. Evidentemente, eu sei que a Igreja apesar de ser um organismo espiritual, ela é também uma instituição, que precisa ser administrada. Mas, a administração eclesiástica não precisa, necessariamente, ser feita pelos pastores, que muitas vezes não tem a menor vocação e conhecimento de administração de empresas. A administração da Igreja também não pode adotar os parâmetros comerciais, onde o objetivo é o retorno financeiro. Os objetivos da Igreja são outros. Quando olhamos para o Novo Testamento, percebemos que as questões administrativas, financeiras e sociais da Igreja ficavam a cargo dos diáconos e não dos pastores. Aos pastores competia dedicar-se à oração e à pregação da Palavra de Deus. (Atos 6.1-7).


Por ter adotado os parâmetros comerciais, as Igrejas passaram a exigir de seus pastores retornos financeiros e crescimentos numéricos a qualquer custo. Agora, para piorar, estão exigindo engajamento político, tanto para a eleição de lideranças das convenções, quanto para as eleições de "candidatos da Igreja" nas eleições político partidárias. De novo, quando olhamos para a Bíblia, não vemos isso. Não é papel do pastor aumentar arrecadação, fazer a Igreja crescer e muito menos fazer política. O pastor deve ser avaliado quanto à sua fidelidade a Deus e à sua Palavra e o seu empenho na Obra do Senhor. Se fizer isso, e a Igreja não crescer, ele não deve mudar os fundamentos para alcançar crescimento, ou ser cobrado porque a Igreja não cresceu. “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Coríntios 3.6,7).


Outro fator que leva pastores ao estresse e cansaço com o ministério, é a falta de vocação para o ministério. Em muitas Igrejas hoje em dia, ordena-se pastores sem a menor vocação, por causa de amizade, condições financeiras, boa oratória, submissão e obediência cega à liderança da Igreja, etc. O ministério pastoral é tarefa árdua e é dado por Deus (Efésios 4.11,12). A Igreja não tem ministério para oferecer a ninguém. Ela deve apenas reconhecer a chamada de Deus na vida do obreiro. Um obreiro que não foi chamado por Deus para ser pastor, não vai aguentar o ministério por muito tempo.


Por último, o que leva muitos pastores ao cansaço é a sede de poder. Na visão de muitos obreiros da atualidade, ser pastor é ter poder e mandar em tudo. Mas, na vida real não é assim. Um verdadeiro pastor é um líder servidor. É alguém chamado por Deus para cuidar da sua Igreja, sofrer por ela, renunciar a muitas coisas e dar a vida pelas ovelhas, se for preciso.


Concluindo, é preciso que as Igrejas e os pastores façam uma reflexão, sobre o papel dos pastores, começando pela escolha. O obreiro tem chamada de Deus para ser pastor? Depois, reavaliando as atribuições do ministério pastoral, de acordo com o modelo bíblico. Pastor não foi chamado para ser tesoureiro, secretário, construtor de templos, mestre de obras, advogado, assistente social, etc. O ministério pastoral consiste em orar, visitar, evangelizar, ensinar a Palavra de Deus e aperfeiçoar os santos.


Weliano Pires é professor da Escola Dominical e presbítero da Assembléia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos-SP.


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