22 janeiro 2022

Lição 05: Como ler as Escrituras


30 de Janeiro de 2022.

TEXTO ÁUREO:

“E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?” (At 8.30)


VERDADE PRÁTICA:

“As técnicas de interpretação auxiliam na compreensão da Bíblia, mas não são infalíveis; por isso, não podem ser colocadas acima da autoridade da Palavra de Deus.”


LEITURA DIÁRIA

Segunda – Dn 9.2 

Todos os leitores da Bíblia também a interpretam

Terça – Rm 15.4 

Tudo o que está escrito é verdadeiro e serve para o nosso ensino

Quarta – At 2.39 

As Escrituras ensinam a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos Dons Espirituais

Quinta – 1 Jo 5.20 

Necessitamos do Espírito Santo para discernir as verdades bíblicas

Sexta – Mc 16.20 

As verdades bíblicas são confirmadas quando experimentadas pela Igreja

Sábado – At 17.11 

As experiências devem ser submetidas ao crivo das Escrituras Sagradas


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 8.26-30

Atos 8

26 – E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.

27 – E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,

28 – Regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías.

29 – E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.

30 – E, correndo Filipe, ouviu que lia 0 profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?


Hinos Sugeridos: 129, 368, 559 da Harpa Cristã


PLANO DE AULA


1- INTRODUÇÃO


Se é importante conhecer a estrutura da Bíblia para bem manejá-la, mais importante ainda é lê-la adequadamente. Não são poucos os erros e os enganos por causa da má interpretação das Escrituras Sagradas. Por isso temos de dar a devida importância ao assunto que impacta diretamente a qualidade da fé do leitor da Bíblia. Que tenhamos sabedoria para ler a Bíblia e compreendê-la adequadamente.


2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO


A) Objetivos da Lição:

I) Expor que a Bíblia precisa ser interpretada;

II) Pontuar os pressupostos pentecostais para a leitura da Bíblia;

III) Apresentar os princípios básicos de interpretação bíblica.


B) Motivação: 

Ler e interpretar a Bíblia de maneira adequada deve ser o objetivo de todo aluno da Escola Dominical. Como compreender os ensinos de Jesus nos Evangelhos? Como aplicar hoje a mensagem do apóstolo Paulo em suas epístolas? Sem dúvida essas questões nos motivam para a presente lição.


C) Sugestão de Método: Sugerimos que você pergunte aos alunos como eles leem a Bíblia. Permita que eles exponham as próprias experiências. Aproveite as respostas da classe para desenvolver o primeiro tópico (A Bíblia Precisa Ser Interpretada), principalmente o subponto que diz respeito às limitações dos leitores.


3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO


A) Aplicação: Desafie os alunos a lerem a Bíblia de maneira metódica e sistemática, de acordo com os pontos apresentados na lição. Se for o caso, proponha à classe um plano de leitura anual e estabeleça metas para cumpri-lo durante o ano.


4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p.38, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “O Autor como fator determinante do significado” aprofunda o tema da interpretação, no primeiro tópico, focando na importância da intenção do autor sagrado ao escrever um livro da Bíblia;

2) O texto “ Tipos de Autoridade Religiosa” aprofunda a importância da autoridade canônica e o valor da experiência espiritual como uns dos pressupostos pentecostais para a leitura da Bíblia.


INTRODUÇÃO


A leitura e o estudo das Escrituras são um dever e um privilégio. Por isso, temos que zelar pelo conhecimento bíblico e estar conscientes da necessidade de aplicar o texto sagrado em nossas vidas. Tiago alerta que devemos ser cumpridores da Palavra e não apenas os ouvintes (Tg 1.22). Nesta lição, veremos a importância dos princípios basilares da interpretação bíblica.


Palavra-Chave: LEITURA


I – A BÍBLIA PRECISA SER INTERPRETADA


1. A importância da exegese. O termo “exegese” vem do grego “ex”, traduzido como “fora”, e "agein" com o sentido de “guiar”. Literalmente significa “guiar para fora”, isto é, extrair a intenção das palavras de um texto. Assim, o alvo da exegese é deixar que as Escrituras digam o que o Espírito Santo pretendia no seu contexto original. Dessa forma, para não fazer o texto significar aquilo que Deus não pretendeu, é necessário um minucioso exame das Escrituras (2 Tm 2.15). Por exemplo, estudo das línguas bíblicas, dos fatos da história, da cultura e dos recursos literários usados no texto sagrado cooperam na compreensão do real significado das palavras inspiradas (Ef 3.10-18). 2. As limitações dos leitores. Nesse aspecto é preciso reconhecer que toda a vez que lemos a Bíblia, estamos os interpretando. Isso porque todos os leitores são também intérpretes (Dn 9.2). O problema dessa constatação reside nas ideias que trazemos conosco antes mesmo de começarmos a leitura da Bíblia (Ef 4.22). Por conseguinte, nem sempre o “entendimento” daquilo que lemos reproduz a verdadeira “intenção” do Espírito Santo (2 Pe 3.16). Em virtude de nossa inclinação pecaminosa que nos induz ao erro (Rm 8.7), precisamos usar métodos sadios que nos auxiliem na interpretação das Escrituras (Rm 12.2). Essa é uma nobre tarefa atribuída a todo salvo em Cristo Jesus (1 Tm 4.13; Ap 1.3). 3. A natureza das Escrituras. Nesse ponto, ratificamos que a necessidade de a Bíblia ser interpretada acha-se na natureza da própria Palavra de Deus. Como já estudado, o texto bíblico foi escrito majoritariamente em duas línguas distintas (hebraico e grego), no período aproximado de 1600 anos, por cerca de 40 autores que viveram em épocas e culturas diferentes. Portanto, os textos canônicos possuem particularidades que não podem ser ignoradas. Dentre tantas, podemos citar as narrativas, as poesias, as crônicas, as profecias e as parábolas que precisam ser interpretadas, sob a orientação do Espírito Santo, observando as regras gramaticais e o contexto histórico e literário de quando foram redigidas (Mt 5.18).


SINOPSE I

As Escrituras Sagradas precisam ser interpretadas para que todos conheçam o verdadeiro significado da mensagem .


AUXÍLIO TEOLÓGICO 


O Autor como fator determinante do significado O método mais tradicional para o estudo da Bíblia, no entanto, tem sido o de analisar o significado como algo controlado pelo autor. De acordo com esse ponto de vista, o significado é aquele que o escritor, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. Dessa maneira, a epístola aos Romanos deve ser interpretada à luz do que Paulo quis passar aos seus leitores quando escreveu – se estivesse vivo, bastaria que nos dissesse o que desejava transmitir. O significado, portanto, é exatamente o que o apóstolo considerava como tal. […] Negar que o autor determina o significado do texto também levanta uma questão ética – a de se estar roubando a criação de alguém. Analisar um texto à parte da intenção de quem o escreveu é como roubar uma patente de um inventor ou uma criança recém – nascida de sua mãe. Ao registrar-se um trabalho sob o nome de seu autor se está admitindo, pelo menos tacitamente, que essa obra a ele pertence. O uso do nosso significado para substituir o pretendido pelo autor é uma espécie de plágio. Um escrito assemelha-se ao testamento”.

STEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia: Interpretando conforme as regras. 10. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.23,25.



II – PRESSUPOSTOS PENTECOSTAIS PARA LER A BÍBLIA


1. Autoridade da Bíblia. Uma das marcas do Pentecostalismo é o seu compromisso inegociável com as Escrituras. Cremos na inspiração divina, verbal e plenária da Palavra de Deus, nossa autoridade final em questões de fé e prática (2 Tm 3.16). Portanto, ao ler o livro sagrado temos como pressuposto sua inerrância e infalibilidade. Tudo o que está escrito é verdadeiro e serve para o nosso ensino (Rm 15.4). Nessa compreensão, refutamos a relativização e a desobediência aos preceitos bíblicos (Ap 22.19). Acatamos suas doutrinas, reconhecemos a realidade do sobrenatural, a literalidade dos milagres e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos Dons Espirituais (At 2.39). 2. A iluminação do Espírito Santo. A doutrina da Iluminação se refere à atuação do Espírito Santo na vida do crente, que o capacita a discernir as verdades da Palavra de Deus (Ef 1.17,18; 1 Jo 5.20). Somente o estudo racional não é suficiente para o entendimento da revelação escrita de Deus. Contudo, a iluminação não é uma fonte paralela de revelação e nem substitui o exame das Escrituras; ao contrário, pois à medida que estudamos, o Espírito nos concede a compreensão. A iluminação não aumenta e nem altera a Bíblia, apenas elucida o que já foi revelado pelo Espírito. Assim, o conhecimento da Palavra produz comunhão com Deus, vida de oração, obediência e santificação (2 Pe 1.3-10). 3. O valor da experiência. O texto sagrado é útil para o ensino, repreensão, e correção a fim de tornar o salvo perfeito (2 Tm 3.16,17). Essas declarações demonstram que a Bíblia deve ser aplicada ao nosso viver diário. As verdades bíblicas são confirmadas quando experimentadas pela Igreja do Senhor (Mc 16.20). Nesse aspecto, por exemplo, cremos que o livro de Atos não apenas descreve a experiência pentecostal da Igreja Primitiva, como também a torna válida para os nossos dias (At 2.1-4,38,39). Ressalta-se, porém, que nem a experiência nem a tradição da Igreja podem estar acima da autoridade bíblica. Somente a Escritura é que pode autenticar, e até mesmo corrigir, a experiência ou a prática da Igreja, caso seja necessário (2 Tm 4.2). SINOPSE II A Bíblia é a autoridade final, o Espírito Santo nos auxilia na sua compreensão e a experiência confirma as verdades bíblicas.


AUXÍLIO TEOLÓGICO


Tipos de Autoridade Religiosa Autoridade Canônica.


A autoridade canônica sustenta que as matérias bíblicas, contidas no cânon das Escrituras, são a revelação autorizada de Deus. A Bíblia tem uma mensagem clara e definitiva para as nossas crenças e para o nosso modo de vida. Os proponentes desta opinião afirmam que:

(1) A Bíblia é autoridade em virtude de sua autoria divina; e

(2) A Bíblia fala com clareza a respeito das verdades básicas que apresenta. 

Todas as questões de fé e conduta estão sujeitas à autoridade da Bíblia de modo que os itens da crença teológica devem, ou ter apoio bíblico (explícito ou implícito), ou ser repudiados.


A experiência como autoridade


A primeira fonte interna da autoridade é a experiência. O indivíduo relaciona- -se com Deus no âmbito da mente, da vontade e das emoções. Considerando a pessoa como unidade, os efeitos experimentados, nos demais, quer subsequente quer simultaneamente. De fato, a revelação de Deus tem o seu efeito na totalidade da pessoa humana. […] [Porém,] não é fidedigna a experiência isolada e que se arvora como fonte de autoridade para mediar a revelação de Deus”. 

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.46,48).


III – REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO


1. A Escritura é sua própria intérprete. A “hermenêutica” tem origem no termo grego hermeneutikós que, na teologia, designa os princípios que regem a interpretação dos textos sagrados. Lutero desenvolveu a máxima de que a Escritura tem de ser interpretada e entendida por si própria (Is 8.20). Significa que devemos estudar a Bíblia seguindo o método pelo qual uma parte do texto auxilia na compreensão de outro texto. Essa afirmação é legítima porque a coesão da Escritura é o resultado de um único autor divino (Pv 30.5,6). Embora esse método seja legítimo, o estudante das Escrituras precisa do auxílio de regras básicas para uma correta interpretação.


2. Princípios de interpretação bíblica. Dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizamos que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente. Nesse aspecto, é preciso tomar cuidado com as expressões de uso simbólico/alegórico. Por exemplo, Cristo disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo” (Mt 26.26). Esse texto mostra que “corpo” aqui não está no sentido literal, mas no figurado. Outro princípio refere-se ao contexto, isto é, analisar os versículos que precedem e seguem o texto que se estuda. Diz a máxima que “texto fora do contexto é pretexto”. Desse modo, observando esses princípios, a Bíblia precisa ser interpretada no todo, nenhuma doutrina pode basear-se em um único texto ou em hipóteses particulares (2 Pe 1.20).


3. Os perigos da hermenêutica pós-moderna. Nossa ortodoxia refuta todo e qualquer um que nega a inspiração verbal e plenária da Bíblia e sua consequente autoridade (2 Pe 1.21). Assim sendo, o intérprete não pode criar outro cânon dentro do cânon bíblico, ou seja, não cabe ao estudante fragmentar ou relativizar os textos inspirados. Não se pode empregar métodos subjetivos focados no leitor em prejuízo do texto e do autor bíblico. Ratificamos que as experiências devem ser submetidas ao crivo das Escrituras Sagradas (At 17.11). Por fim, reconhecemos que as técnicas hermenêuticas não são infalíveis. Durante o processo de aplicação dos métodos interpretativos necessitamos da iluminação do Espírito Santo (1 Co 2.12).


SINOPSE III

A Escritura é a sua principal interpretação. Assim sendo, o uso da hermenêutica e a iluminação do Espírito auxiliam na correta interpretação.


CONCLUSÃO


A Bíblia Sagrada deve ser lida e interpretada. Nesse mister, somos auxiliados pela exegese e pela hermenêutica. Contudo, nenhuma das técnicas de interpretação estão acima da autoridade da Palavra de Deus. O que a igreja crê e professa deve ser interpretado à luz da própria Escritura.


REVISANDO O CONTEÚDO


1. Qual é o significado do termo “Exegese”?

O termo “ exegese” vem do grego ex, traduzido como “fora”, e agein com o sentido de “guiar” . Literalmente significa “guiar para fora”, isto é, extrair a intenção das palavras de um texto.


2. Por que precisamos usar métodos sadios como auxílio na interpretação das Escrituras? 

Em virtude de nossa inclinação pecaminosa que nos induz ao erro (Rm 8.7), precisamos usar métodos sadios que nos auxiliem na interpretação das Escrituras (Rm 12.2).


3. Segundo a lição, como podemos acatar a autoridade da Bíblia? 

Acatamos suas doutrinas, reconhecemos a realidade do sobrenatural, a literalidade dos milagres e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e os Dons Espirituais (At 2.39).


4. Acerca do valor da experiência, como vemos o livro de Atos? 

Nesse aspecto, por exemplo, cremos que o livro de Atos não apenas descreve a experiência pentecostal da Igreja primitiva, como também a torna válida para os nossos dias (At 2.1-4, 3 8, 39).


5. O que é enfatizado na interpretação bíblica dentre os princípios gramaticais, históricos e literários? 

Dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizam os que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente


O NOVO TESTAMENTO


(Comentário do 3⁰ tópico da lição 04: A estrutura da Bíblia)

No tópico anterior fizemos uma exposição panorâmica do Antigo Testamento, falando sobre os seus livros, canonicidade e algumas particularidades. Neste terceiro tópico faremos o mesmo com o Novo Testamento. 

O Novo Testamento representa o cumprimento e a explicação do Antigo Testamento. Muitas coisas que eram incompreensíveis no antigo pacto se tornam claras no Novo Testamento. Os tipos, figuras alegorias e profecias se tornam claras com o registro do Novo Testamento. 

Diferente do Antigo Testamento, que demorou mais de mil anos para ser escrito, o Novo Testamento demorou menos de um século. Os apóstolos do Senhor e pessoas ligadas a eles como Marcos e Lucas, foram inspirados pelo Espírito Santo para escrever os registros do ministério terreno de Nosso Senhor Jesus Cristo, a descida do Espírito Santo, as doutrinas da Igreja Cristã e as revelações das últimas coisas que em breve irão acontecer. 

1. Os livros do Novo Testamento. Os livros do Novo Testamento, assim como os do Antigo Testamento, também não estão classificados na ordem em que foram escritos, nem na ordem em que os fatos aconteceram. Foram classificados por assuntos, divididos em quatro grupos: Evangelho, História, Epístolas e Revelação. 

a. Evangelhos. São os livros de Mateus, Marcos, Lucas e João. Estes livros registram o ministério terreno do Senhor Jesus. Encontramos nestes livros, a genealogia de Jesus Cristo, os registros do anúncio do nascimento de Jesus pelo Anjo Gabriel, as circunstâncias do nascimento de Jesus, os seus discursos, os milagres, a sua prisão, morte, ressurreição e ascensão ao Céu. Os livros de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de "Evangelhos Sinóticos" devido à semelhança dos relatos. Já o Evangelho segundo João, destoa um pouco, pois dá ênfase ao ministério de Jesus na vida adulta e aponta para a sua divindade.  

b. Histórico. Temos apenas um livro histórico no Novo Testamento, que é o livro de Atos dos Apóstolos, que foi escrito por Lucas, o 'médico amado', historiador, companheiro de ministério do apóstolo Paulo. Este livro relata os últimos momentos de Jesus com os seus discípulos, após a sua ressurreição e a sua ascensão ao Céu. Em seguida, relata o início da história da Igreja Primitiva, com a descida do Espírito Santo. Nos 12 capítulos iniciais, temos o protagonismo de Pedro e João, como principais líderes da Igreja. No capítulo 9 temos a conversão de Saulo de Tarso, e a partir do capítulo 13, a ênfase recai sobre ele e o trabalho missionário de Paulo e Barnabé, terminando com a sua prisão de Paulo no templo, em Jerusalém.

c. Epístolas. As Epístolas foram livros escritos pelos apóstolos a Igrejas específicas, outras à Igreja em geral e algumas foram escritas a uma pessoa em particular. Nas Epístolas temos a sistematização das doutrinas cristãs para a Igreja em todas as épocas. Entre as Epístolas temos dois tipos:

1. Epístolas Paulinas. São as que foram escritas pelo apóstolo Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemon. Entre as Epístolas Paulinas ainda há também outras denominações que os teólogos colocam, de acordo com o assunto ou a circunstância em que foram escritas:

  • Cartas escatológicas: São as que dão maior ênfase aos assuntos relacionados às últimas coisas: 1 e 2 Tessalonicenses.

  • Cartas soteriológicas: São as que falam mais sobre a doutrina da salvação: Romanos, 1 e 2 Coríntios e Gálatas.

  • Cartas da prisão: São as que foram escritas durante a prisão do apóstolo Paulo: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.

  • Cartas pastorais: São as que foram escritas pelo apóstolo Paulo a um pastor, com orientações ministeriais: 1 e 2 Timóteo e Tito. (2 Timóteo também é considerada epístola da prisão, pois foi redigida na prisão).

2. Epístolas Gerais. São as Epístolas escritas para serem lidas em todas as Igrejas e que não tinham destinatário específico. Neste grupo estão: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2, 3 João e Judas. A Epístola aos Hebreus é considerada por muitos como Epístola Paulina. Em algumas traduções antigas do Novo Testamento, chegou a ser colocado título de "Carta de Paulo aos Hebreus". Mas, por falta de elementos no texto da Epístola que justificassem a autoria Paulina, como por exemplo a identificação, logo no prefácio, que acontece em todas as suas Epístolas, a maioria dos teólogos afirmam que autoria de Hebreus é desconhecida. 

d) Revelação. Neste grupo consta apenas o livro do Apocalipse, que traz as revelações de Jesus ao apóstolo João, quando este se encontrava exilado na Ilha de Patmos. O livro contém o prefácio de João e a aparição de Jesus ressuscitado ao velho apóstolo. Depois, contém sete cartas de Jesus aos líderes de sete Igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Sardes, Pérgamo, Tiatira, Filadélfia e Laodicéia. Depois, uma série de revelações sobre os juízos de Deus sobre a humanidade na Grande Tribulação, as visões do Milênio, a Nova Jerusalém, o Juízo Final e a eternidade. 

Assim está dividido o Novo Testamento, totalizando 27 livros canônicos, que são chamados pelos próprios apóstolos de Escrituras e de Palavra do Espírito Santo, que foram divinamente inspiradas. (1 Co 2.13; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). 

2. Canonicidade do Novo Testamento. Logo nos primeiros anos do Cristianismo, surgiram falsos ensinos, propagados por falsos profetas e falsos mestres, com conteúdos gnósticos, judaizantes e outros. Isso já havia sido alertado pelo Senhor Jesus  (Mt 7.15; Mc 13.22) e depois por Paulo, Pedro, Judas e João. No final do primeiro século todos os 27 livros do Novo Testamento já haviam sido escritos. A autoridade deles não era questionada e eram tidos como de grande valia para as Igrejas. Entretanto, não havia ainda uma relação dos livros considerados inspirados por Deus, como já acontecia com os livros do Antigo Testamento. 

Através dos escritos dos pais da igreja, como Clemente de Roma, Inácio, Policarpo e Papias sabemos que os Evangelhos e os escritos do apóstolo Paulo eram considerados como Escritura. Policarpo e Clemente de Alexandria, também fazem menção em seus escritos, aos evangelhos de Mateus e de Lucas. Isso nos leva a crer que por volta da metade do século II, já havia uma coletânea dos quatro evangelhos, que eram lidos e reconhecidos nas Igrejas como Escrituras Sagradas. 

Somente em 145 d.C. um heresiarca chamado Marcion ou Marcião, publicou a primeira lista de livros que ele considerava sagrados: 10 cartas de Paulo, excluindo as chamadas cartas pastorais, e uma versão adulterada do evangelho de Lucas, segundo ele, livre das influências vétero-testamentárias e judaizantes. Marcion acreditava que havia dois deuses: O Deus do Antigo Testamento e o Deus do Novo Testamento.  O Deus do Antigo Testamento seria “um deus justo e iracundo”, que, “irado”, preparou a crucificação de Cristo. 

A partir desta lista de Marcião, a Igreja viu a necessidade de definir os livros considerados inspirados por Deus e iniciaram-se as discussões. No final do século II, nos escritos de Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria é possível perceber um cânon em formação, que incluía os quatro Evangelhos, Atos dos Apóstolos, 13 cartas de Paulo, 1 Pedro, 1 João e o Apocalipse. 

Somente no final do Século IV é que o processo de reconhecimento do Cânon chegou ao fim. Por meio da 39º Carta Pascal de Atanásio, foram declarados canônicos os 27 livros que compõem o Novo Testamento. Essa definição foi aceita pela igreja do Ocidente nos sínodos de Hipona Régia, em 393 e de Cartago, em 397 d.C.

Os critérios de avaliação de canonicidade dos livros no Novo Testamento foram semelhantes aos que foram utilizados em relação ao Antigo Testamento. Foram estabelecidos os seguintes critérios para o reconhecimento destes livros como Palavra de Deus: 

  • O Testemunho Interno do Espírito Santo;

  • Origem Apostólica ou de alguém muito próximo aos apóstolos;

  • O Conteúdo dos Livros em relação ao restante das Escrituras;

  • As Evidências Internas do restante do Novo Testamento.

3. Particularidades do Novo testamento. Os escritos do Novo Testamento foram escritos aproximadamente nesta ordem: 

  • A Epístola de Tiago, entre os  anos de 49 d.C; 

  • As Epístolas de Paulo Gálatas, entre 49 d.C; 

  • 1 Tessalonicenses, por volta de 51 d.C.; 

  • 2 Tessalonicenses, entre 51 e 52 d.C.; 

  • Aos Coríntios, aproximadamente 55 d.C.;

  • Aos Romanos, entre 55 e 57 d.C. 

  • Depois disso, foram escritos os Evangelhos Sinóticos Mateus, Marcos e Lucas, entre 60 e 70 d.C. Uns dizem que Mateus foi o primeiro e Marcos, o segundo. Outros dizem que Marcos foi escrito primeiro. 

  • Depois destas Epístolas, foram escritos os Evangelhos de Mateus e Marcos. 

  • Entre 60 e 62 d.C. foram escritos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. 

  • A primeira Epístola de Pedro foi escrita entre os anos 60 e 68 d.C. 

  • 1 Timóteo e Tito foram escritas entre 62 e 64 d.C.; Atos dos apóstolos, escrito aproximadamente em 63 d.C.; 

  • 2 Timóteo entre 64 e 68 d.C.; 2 Pedro, entre 65 e 67 d.C.; 

  • A Epístola de Judas, entre 65 e 69 d.C.; 

  • A Epístola aos Hebreus, 67 d.C.; 

  • O Evangelho de João, escrito entre 85 e 90 d.C.; 

  • 1 João, entre 85 e 95 d.C.; 

  • 2 e 3 João em 90 d.C.

  • Por último, o livro do Apocalipse, escrito entre 94 e 96 d.C.

O idioma usado na escrita do Novo Testamento foi o grego koiné, dialeto grego que era a língua comum de todo o mundo do Mediterrâneo no primeiro século da era cristã. O koiné não era a linguagem dos intelectuais gregos. Era a língua do trabalhador, do camponês, do vendedor e da dona de casa. Nenhum estudioso da atualidade estudaria o grego koiné, se não fosse ele o idioma do Novo Testamento. Deus quis que a sua Palavra fosse compreendida por todos e, por isso, escolheu a linguagem mais popular de todo império romano. Há também algumas expressões no Novo Testamento que foram escritas em aramaico: Talita cumi “Menina, levan­ta -te” (Mc 5.41); Aba Pai, “Pai, pai; ‘Meu Pai” (Mc 14.36); Eloí, Eloí, lamá sabactâni? “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34).  


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.   

REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.    

COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pag. 22-23.    

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 636.    

REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.  

Biblioteca Bíblica: bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/08/o-canon-do-novo-testamento.html. Acesso em 21/01/2022. 

CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas): cacp.org.br/marcionismo-moderno Acesso em 21/01/2021. 

Estilo Adoração: estiloadoracao.com/cartas-de-paulo


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Pb. Weliano Pires

20 janeiro 2022

O ANTIGO TESTAMENTO


(Comentário do 2⁰ tópico da lição 04: A estrutura da Bíblia)

O conteúdo da Bíblia hebraica é o mesmo do nosso Antigo Testamento, entretanto a ordem e a quantidade de livros são diferentes. As Escrituras hebraicas também estão organizadas por assunto, assim como a nossa. 


1. Os Livros do Antigo Testamento. A classificação dos livros do Antigo Testamento em nossa Bíblia não segue a ordem cronológica dos fatos, ou da data em que foram escritos. Estão classificados por assuntos, na mesma ordem da versão grega, chamada de Septuaginta. Os nomes dos livros também são a transliteração dos que contam nesta versão. Entretanto, a nossa Bíblia não incluiu os livros apócrifos, presentes na Septuaginta, pois eles nunca fizeram parte do Cânon Judaico. Os livros do Antigo Testamento na nossa Bíblia estão classificados em cinco grupos: 


a. Pentateuco. A palavra Pentateuco é a junção de dois termos gregos: "penta" (cinco) e "teucos" (vasilhas). É uma referência aos estojos onde se guardavam os rolos de papiro ou de pergaminho, utilizados como material de escrita, para protegê-los da deterioração. O Pentateuco é composto pelos cinco livros da Lei, escritos por Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Pentateuco conta a história da criação, a tentação e queda do primeiro casal, o dilúvio, os patriarcas, a escravidão dos Hebreus no Egito, a libertação liderada por Moisés, a jornada de 40 anos no deserto, terminando com a morte de Moisés.


b) Históricos. O grupo dos livros históricos é formado por 12 livros: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Estes livros contam a história de Israel, desde a morte de Moisés, começando na chamada de Josué, passando pelo período dos juízes, instituição da monarquia, divisão do reino, cativeiro do Reino do Norte, cativeiro do Reino do Sul e retorno do cativeiro do Reino do Sul. 


c. Poéticos. Este grupo é composto por cinco livros: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Estes livros registram os cânticos, as poesias e os provérbios Israel. O livro de Jó, embora pareça histórico, pois registra a história do patriarca Jó, foi escrito no estilo literário mashal, o mesmo de Provérbios. 


d) Proféticos. São os livros que registram as profecias do Antigo Testamento. Este grupo está dividido em duas categorias: profetas maiores e profetas menores. Esta denominação não está relacionada à importância do profeta e sim à extensão do livro. 

  • Profetas maiores. Composto por cinco livros: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel;

  • Profetas menores. Composto por doze livros: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.


2. As Escrituras hebraicas. Conforme já foi dito, embora o conteúdo das Escrituras Hebraicas seja o mesmo do Antigo Testamento que conta em nossas Bíblias, a organização, nomes dos livros e quantidade são diferentes. O Cânon hebraico é formado por três partes, denominadas pela sigla TANAK, que são as iniciais de cada uma destas partes: Torah (Lei), Neviim (Profetas) e Ketubim (Escritos). A Tanak é formada por vinte e quatro livros: A Torah possui cinco livros, o Neviim oito e o Ketubim, onze.

a. Torah (Lei) Esta palavra no hebraico significa “instrução”, ou “ensinamento”. O texto da torah corresponde exatamente ao texto do Pentateuco. Entretanto, os títulos dos livros são diferentes. O nosso Pentateuco segue os títulos gregos da Septuaginta. A Torah judaica, no entanto, usa a primeira palavra de cada livro, como título. Por exemplo, a primeira palavra do livro do Gênesis, em hebraico é Bereshit (no princípio) e este é o título do livro. O título do Êxodo é Shemot (nomes), que é a primeira palavra do livro em hebraico. Levítico é Vayicrá (e chamou) Números é Bamidbar (No deserto) e Deuteronômio é Devarim (Palavras), que também correspondem às respectivas primeiras palavras de cada livro. 

b. Nebiim (Profetas). Deriva da palavra Nabi (Profeta) com o plural (im). Esta parte do cânon judaico é formada de dois subgrupos: profetas anteriores (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e profetas posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e o livro dos doze, que contém os textos dos doze profetas menores da nossa Bíblia: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias). 

c. Ketubim (Escritos): Esta seção reúne os livros de Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras (Esdras-Neemias) e Crônicas. 


2. Canonicidade do Antigo Testa­mento. Alguns critérios foram usados para reconhecer os livros canônicos do Antigo Testamento: 

  • O livro é autorizado – afirma vir da parte de Deus?

  • É profético – foi escrito por um servo de Deus?

  • É digno de confiança – fala a verdade acerca de Deus, do homem, etc.?

  • É dinâmico – possui o poder de Deus que transforma vidas?

  • É aceito pelo povo de Deus, para o qual foi originalmente escrito? 

  • É reconhecido como vindo de Deus? 

Em resumo, os requisitos necessários para um livro ser reconhecido como canônico seriam a inspiração divina, reconhecimento do povo de Deus e preservação pelo povo de Deus, como colocou o nosso comentarista. 


3. Particularidades do Antigo Testamento. O Antigo Testamento levou mais de mil anos para ser concluído. Os livros mais antigos foram escritos por Moisés, o legislador e libertador de Israel. O livro de Jó é considerado o mais antigo e é de autoria incerta. A tradição judaica diz que foi Moisés. Mas outros atribuem a Eliú, a Salomão e ao próprio Jó. O último livro a ser escrito foi o Malaquias, concluindo a inspiração do Antigo Testamento. 


O idioma usado na escrita do Antigo Testamento foi o hebraico, com alguns trechos em aramaico, um dialeto, que segundo a tradição judaica veio de Arã, filho de Sem e neto de Noé.  Este idioma deu origem à língua árabe. Após o cativeiro babilônico, o aramaico tornou-se a língua comum na região da Palestina. O hebraico antigo, usado nos primeiros livros do Antigo Testamento não possuía vogais. Era formado de 22 consoantes. 


Os primeiros materiais usados para escrever os textos bíblicos foram pedras, tábuas de barro, madeira, papiro e, por último, o pergaminho.


A primeira tradução do Antigo Testamento para outro idioma foi feita em Alexandria, durante o reinado de Ptolomeu II Filadelfo. Setenta anciãos judeus, em setenta e dois dias, traduziram as Escrituras hebraicas para o grego. Por isso, esta versão da Bíblia é chamada de Septuaginta (LXX). Além dos 39 livros do Antigo Testamento, esta versão incluiu também sete livros apócrifos, que não constam no Cânon Judaico. Depois o Pentateuco Samaritano foi traduzido para o grego e para o aramaico e Jerônimo traduziu o Antigo Testamento para o latim. Esta versão ficou conhecida como Vulgata. 


O Antigo Testamento é uma espécie de introdução ao Plano de Salvação de Deus. Embora seja em sua maioria, dirigido à nação de Israel, o Antigo Testamento nos fornece as bases para entendermos o Novo Testamento. Mostra também o governo de Deus e os seus princípios morais. O Antigo Testamento mostra também a nossa pecaminosidade e incapacidade de nos salvar através da lei. As suas figuras, tipos e profecias apontam para Cristo, o único Salvador e Mediador entre Deus e a humanidade. 


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. págs. 16-18; 19-20.    

REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.    


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Pb. Weliano Pires


19 janeiro 2022

COMO A BÍBLIA ESTÁ ORGANIZADA

(Comentário do 1⁰ tópico da lição 04: A estrutura da Bíblia)

A Bíblia Sagrada está dívida em duas partes principais, chamadas de Antigo Testamento e Novo Testamento. A organização da nossa Bíblia é diferente da Bíblia hebraica, que tem apenas o Antigo Testamento. A ordem e a quantidade dos livros também são diferentes, como veremos no segundo tópico.

Nos textos originais da Bíblia não havia a divisão em capítulos e versículos como temos atualmente. Isso foi introduzido após as traduções, muitos anos depois, para facilitar a localização dos textos bíblicos e a memorização. A divisão em capítulos foi feita no ano de 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, um estudioso das Escrituras. Já a divisão em versículos foi feita duas vezes: Primeiro, a divisão do Antigo Testamento, em 1445, pelo Rabi Nathan. Segundo, a divisão do Novo Testamento, que foi feita em 1551, pelo impressor Robert Stevens, em Paris. A Bíblia toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos.

Neste primeiro tópico falaremos sobre a organização da Bíblia em geral. Nos tópicos 2 e 3, respectivamente, falaremos sobre as organizações do Antigo e do Novo Testamento. Ambos foram inspirados por Deus, como vimos nas lições anteriores, e são inerrantes e infalíveis. 

1. Definição do termo Bíblia. A palavra Bíblia tem origem no termo grego “biblos”. Isto porque o primeiro material usado na escrita era o papiro, uma  planta abundante às margens do rio Nilo, usada pelos antigos egípcios, gregos e romanos para escrever. A palavra grega para papiro era biblos. Por isso, a palavra biblos passou a significar “livro” Como os livros da Bíblia eram rolos separados, os cristãos usaram a expressão latina “ta Bíblia”, que significa “os livros”. O primeiro a usar esta expressão para se referir aos livros sagrados foi Clemente de Roma por volta do ano 150 d.C. O profeta Daniel, no entanto, já havia usado a expressão “os livros” para se referir às Escrituras (Dn 9.2). 

No Novo Testamento, são utilizadas outras expressões com o mesmo sentido para se referir às Escrituras: Jesus usou “as Escrituras” (Mt 21.42; Jo 5.39); “a Lei” (Mc 5.18; Lc 16.17; Jo 12.34); “Moisés e os Profetas” (Lc 16.29; 24.27); “a Lei e os Profetas” (Mt 22.40; Lc 16.16); “a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos” (Lc 24.44). Paulo usou as expressões “as Santas Escrituras” e “as sagradas letras” (Rm 1.2; 2 Tm 3.15). As Escrituras ou a Escritura, se referem aos livros inspirados, tanto do Antigo como do Novo Testamento (2 Tm 3.16; 2 Pe 3.16).

2. O Cânon da Bíblia. Quando falamos do Cânon, estamos nos referindo ao conjunto de livros inspirados pelo Espírito Santo, que são considerados a Palavra de Deus. A palavra Cânon é a tradução do termo hebraico qãneh que significa literalmente “vara de medir”. O termo correspondente em grego é kanõn que significa “régua”. A teologia usa a palavra cânon como o critério usado para reconhecer os livros divinamente inspirados. Depois passou a significar o conjunto de livros já reconhecidos como a Palavra de Deus, que está completa e nada pode ser acrescentado ou retirado (Ap 22.18,19). 

No Antigo Testamento são 39 livros e no Novo Testamento, 27, um total de 66 livros. Isso, na cânon protestante, que segue a sequência da Septuaginta, com exceção dos apócrifos. O Cânon hebraico é formado por três partes, denominadas pela sigla TANAK: Torah (Lei), Nebiim (Profetas) e Ketubim (Escritos). Conforme já falamos, o Cânon hebraico corresponde ao texto do Antigo Testamento das nossas Bíblias. Muda apenas a ordem dos livros e a quantidade. Falaremos mais detalhadamente sobre esta ordem no segundo tópico. 

3. Os dois Testamentos bíblicos. A divisão da Bíblia em duas partes principais, Antigo e Novo Testamento, indica respectivamente, antes e depois de Cristo. O Antigo Testamento foi escrito e preservado pelos Judeus, inspirados pelo Espírito Santo, antes da vinda de Jesus a este mundo. Nesta parte da Bíblia estão os relatos da criação de todas as coisas e da queda do ser humano. Depois, inicia-se o desenrolar do plano de Deus para restaurar a humanidade, com a vinda do Salvador ao mundo. Deus escolheu um homem, Abrão, para através dele formar uma nação e desta nação, nascer o Filho de Deus, que tomou a forma humana e padeceu em nosso lugar. Todo o contexto do Antigo Testamento gira em torno disso. 

O Novo Testamento foi escrito pelos discípulos de Jesus, durante o primeiro século da era cristã. Eles receberam igualmente a inspiração do Espírito Santo para escrever os relatos da vida e ministério de Jesus, os primeiros passos da Igreja, a doutrina que receberam do Senhor Jesus para a Igreja e as profecias referentes aos últimos dias da humanidade. 

A palavra testamento vem do latim testamentum, que por sua vez é a tradução do grego diatheke e do hebraico berith. Estas palavras têm o sentido de “aliança”, “pacto” ou “acordo” celebrado entre duas partes. No caso da Bíblia, o Antigo Testamento  é o pacto celebrado entre Deus e seu povo, Israel, que são os descendentes de Abraão, com quem Deus estabeleceu este pacto. O Novo Testamento é o pacto celebrado entre Deus e a Igreja, que é a comunidade formada por judeus e gentios, pela fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Sendo assim, como dizem alguns estudiosos da Bíblia, “Cristo se esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo.” No Velho Testamento, as pessoas que serviam a Deus, tinham a expectativa da vinda do Messias ao mundo. A partir do Novo Testamento, temos em Cristo a concretização dos planos de Deus e aguardamos a sua segunda vinda, para consumar o plano de salvação de Deus. 


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.    

TENNEY, Merrill, C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 776-777.  

GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos Séculos: A história e a formação do Livro dos livros. 2.ed. Rio de Janeiro : CPAD, 2019, pp.28-29)


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17 janeiro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: A ESTRUTURA DA BÍBLIA


REVISÃO DA LIÇÃO ANTERIOR


Na lição passada, falamos sobre a inerrância e infalibilidade da Bíblia. Vimos que a Bíblia Sagrada, por ser inspirada por Deus, que é absolutamente verdadeiro, não pode conter erros ou falhas. A Palavra de Deus é absolutamente verdadeira, incorruptível e plenamente confiável em tudo o que ela diz. 


Falamos sobre a definição teológica da doutrina da inerrância das Escrituras. Vimos que a Bíblia reivindica a sua inerrância. A palavra inerrância não está na Bíblia, mas, a idéia de que a Bíblia é isenta de qualquer tipo de erro está presente em vários textos bíblicos. Falamos também sobre a diferença entre inerrância e infalibilidade. 


Depois, falamos que o Espírito Santo preservou as Escrituras. O Espírito Santo atuou não apenas na inspiração dos textos bíblicos, mas manteve a revelação divina incorruptível. Falamos sobre os manuscritos autógrafos e manuscritos apógrafos, e sobre os livros apócrifos e pseudepígrafos. 


Por último, falamos acerca da Verdade nas Escrituras e que a Bíblia é a verdade plena. Explicamos o significado dos termos hebraico e grego, que foram traduzidos por verdade, respectivamente, emeth e aletheia. Falamos também sobre a verdade moral e espiritual dos textos bíblicos. Por último, falamos das verdades históricas e científicas da Bíblia, ou seja, aquilo que a Bíblia registra, seja do ponto de vista histórico ou científico, é absolutamente verdadeiro. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04

Na lição desta semana, estudaremos a estrutura da Bíblia Sagrada. Veremos como a Bíblia está organizada e que ela se divide em dois testamentos. Falaremos resumidamente sobre a  classificação dos livros do Antigo Testamento e em seguida discorreremos sobre a classificação dos livros do Novo Testamento. A organização do texto bíblico por assunto e também as divisões em capítulos e versículos facilitam a localização rápida dos textos e também a sua memorização. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a organização geral da Bíblia Sagrada. Traremos neste tópico a definição etimológica do termo “Bíblia”. Depois falaremos sobre o cânon da Bíblia, trazendo a definição etimológica da palavra cânon. Por último, falaremos sobre os dois Testamentos da Bíblia, a definição etimológica da palavra testamento e o uso desta palavra na Bíblia e na Igreja Primitiva. 


No segundo tópico,  falaremos sobre a classificação dos livros do Antigo Testamento por assunto, como está em nossa Bíblia. Falaremos também sobre a canonicidade do Antigo Testamento. Por último, traremos algumas particularidades e detalhes do Antigo Testamento.


No terceiro e último tópico, falaremos igualmente sobre a classificação por assunto dos livros do Novo Testamento. Depois, discorreremos sobre a canonicidade do Novo Testamento e as provas da sua inspiração divina. Por último, veremos também algumas particularidades do Novo Testamento. 


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MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...