19 janeiro 2022

COMO A BÍBLIA ESTÁ ORGANIZADA

(Comentário do 1⁰ tópico da lição 04: A estrutura da Bíblia)

A Bíblia Sagrada está dívida em duas partes principais, chamadas de Antigo Testamento e Novo Testamento. A organização da nossa Bíblia é diferente da Bíblia hebraica, que tem apenas o Antigo Testamento. A ordem e a quantidade dos livros também são diferentes, como veremos no segundo tópico.

Nos textos originais da Bíblia não havia a divisão em capítulos e versículos como temos atualmente. Isso foi introduzido após as traduções, muitos anos depois, para facilitar a localização dos textos bíblicos e a memorização. A divisão em capítulos foi feita no ano de 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, um estudioso das Escrituras. Já a divisão em versículos foi feita duas vezes: Primeiro, a divisão do Antigo Testamento, em 1445, pelo Rabi Nathan. Segundo, a divisão do Novo Testamento, que foi feita em 1551, pelo impressor Robert Stevens, em Paris. A Bíblia toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos.

Neste primeiro tópico falaremos sobre a organização da Bíblia em geral. Nos tópicos 2 e 3, respectivamente, falaremos sobre as organizações do Antigo e do Novo Testamento. Ambos foram inspirados por Deus, como vimos nas lições anteriores, e são inerrantes e infalíveis. 

1. Definição do termo Bíblia. A palavra Bíblia tem origem no termo grego “biblos”. Isto porque o primeiro material usado na escrita era o papiro, uma  planta abundante às margens do rio Nilo, usada pelos antigos egípcios, gregos e romanos para escrever. A palavra grega para papiro era biblos. Por isso, a palavra biblos passou a significar “livro” Como os livros da Bíblia eram rolos separados, os cristãos usaram a expressão latina “ta Bíblia”, que significa “os livros”. O primeiro a usar esta expressão para se referir aos livros sagrados foi Clemente de Roma por volta do ano 150 d.C. O profeta Daniel, no entanto, já havia usado a expressão “os livros” para se referir às Escrituras (Dn 9.2). 

No Novo Testamento, são utilizadas outras expressões com o mesmo sentido para se referir às Escrituras: Jesus usou “as Escrituras” (Mt 21.42; Jo 5.39); “a Lei” (Mc 5.18; Lc 16.17; Jo 12.34); “Moisés e os Profetas” (Lc 16.29; 24.27); “a Lei e os Profetas” (Mt 22.40; Lc 16.16); “a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos” (Lc 24.44). Paulo usou as expressões “as Santas Escrituras” e “as sagradas letras” (Rm 1.2; 2 Tm 3.15). As Escrituras ou a Escritura, se referem aos livros inspirados, tanto do Antigo como do Novo Testamento (2 Tm 3.16; 2 Pe 3.16).

2. O Cânon da Bíblia. Quando falamos do Cânon, estamos nos referindo ao conjunto de livros inspirados pelo Espírito Santo, que são considerados a Palavra de Deus. A palavra Cânon é a tradução do termo hebraico qãneh que significa literalmente “vara de medir”. O termo correspondente em grego é kanõn que significa “régua”. A teologia usa a palavra cânon como o critério usado para reconhecer os livros divinamente inspirados. Depois passou a significar o conjunto de livros já reconhecidos como a Palavra de Deus, que está completa e nada pode ser acrescentado ou retirado (Ap 22.18,19). 

No Antigo Testamento são 39 livros e no Novo Testamento, 27, um total de 66 livros. Isso, na cânon protestante, que segue a sequência da Septuaginta, com exceção dos apócrifos. O Cânon hebraico é formado por três partes, denominadas pela sigla TANAK: Torah (Lei), Nebiim (Profetas) e Ketubim (Escritos). Conforme já falamos, o Cânon hebraico corresponde ao texto do Antigo Testamento das nossas Bíblias. Muda apenas a ordem dos livros e a quantidade. Falaremos mais detalhadamente sobre esta ordem no segundo tópico. 

3. Os dois Testamentos bíblicos. A divisão da Bíblia em duas partes principais, Antigo e Novo Testamento, indica respectivamente, antes e depois de Cristo. O Antigo Testamento foi escrito e preservado pelos Judeus, inspirados pelo Espírito Santo, antes da vinda de Jesus a este mundo. Nesta parte da Bíblia estão os relatos da criação de todas as coisas e da queda do ser humano. Depois, inicia-se o desenrolar do plano de Deus para restaurar a humanidade, com a vinda do Salvador ao mundo. Deus escolheu um homem, Abrão, para através dele formar uma nação e desta nação, nascer o Filho de Deus, que tomou a forma humana e padeceu em nosso lugar. Todo o contexto do Antigo Testamento gira em torno disso. 

O Novo Testamento foi escrito pelos discípulos de Jesus, durante o primeiro século da era cristã. Eles receberam igualmente a inspiração do Espírito Santo para escrever os relatos da vida e ministério de Jesus, os primeiros passos da Igreja, a doutrina que receberam do Senhor Jesus para a Igreja e as profecias referentes aos últimos dias da humanidade. 

A palavra testamento vem do latim testamentum, que por sua vez é a tradução do grego diatheke e do hebraico berith. Estas palavras têm o sentido de “aliança”, “pacto” ou “acordo” celebrado entre duas partes. No caso da Bíblia, o Antigo Testamento  é o pacto celebrado entre Deus e seu povo, Israel, que são os descendentes de Abraão, com quem Deus estabeleceu este pacto. O Novo Testamento é o pacto celebrado entre Deus e a Igreja, que é a comunidade formada por judeus e gentios, pela fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Sendo assim, como dizem alguns estudiosos da Bíblia, “Cristo se esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo.” No Velho Testamento, as pessoas que serviam a Deus, tinham a expectativa da vinda do Messias ao mundo. A partir do Novo Testamento, temos em Cristo a concretização dos planos de Deus e aguardamos a sua segunda vinda, para consumar o plano de salvação de Deus. 


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

REVISED, Joseph Angus. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.    

TENNEY, Merrill, C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 776-777.  

GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos Séculos: A história e a formação do Livro dos livros. 2.ed. Rio de Janeiro : CPAD, 2019, pp.28-29)


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