10 novembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7 – OS PENSAMENTOS: A ARENA DE BATALHA NA VIDA CRISTÃ

 TEXTO ÁUREO:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8).


VERDADE PRÁTICA:

O cristão sábio e prudente preserva sua mente, tornando seus pensamentos obedientes a Cristo.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:

Filipenses 4.8,9; 2 Coríntios 10.3-5.


OBJETIVOS DA LIÇÃO:

I) Levar o aluno a compreender que o pensamento é uma faculdade presente desde a criação, sendo essencial nas decisões humanas; 

II) Encorajar os alunos a assumirem responsabilidade ativa sobre seus pensamentos, conforme a instrução bíblica de Filipenses 4.8; 

III) Conscientizar os alunos sobre a realidade da batalha espiritual travada na mente e a necessidade de vigilância contra pensamentos malignos e destrutivos.


PALAVRA-CHAVE:

PENSAMENTOS

A palavra “pensamento” vem do latim pensamentum, que, por sua vez, deriva do verbo pensare, cujo sentido original era “pendurar um objeto em uma balança para descobrir o seu peso”. Com o tempo, essa ideia passou a ser usada de forma figurada, significando “pesar com a mente”, isto é, avaliar, refletir e considerar algo com atenção e cuidado.

Quando pensamos dessa forma, percebemos que o ato de pensar envolve mais do que simplesmente formar ideias — trata-se de discernir, avaliar e refletir sobre aquilo que ocupa o nosso coração e a nossa mente.

No Antigo Testamento, encontramos diferentes palavras hebraicas que expressam essa riqueza de significado. A palavra machăshâbâh (Jr 29.11) vem do verbo châshab, que quer dizer “pensar, planejar, imaginar, calcular”. Deus, em Sua sabedoria, declara: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito” (Jr 29.11). Esses pensamentos não são apenas ideias, mas planos de amor e propósito para cada um de nós.

Outra palavra usada é rayah, que se refere a propósito ou intenção (Sl 139.2,17). Isso nos lembra que Deus conhece não só o que pensamos, mas também as intenções mais profundas do nosso coração. Há ainda o verbo zâmam, que significa “planejar” ou “propor uma ação”, e o termo mezimmah (Jó 42.2), traduzido como “pensamentos” ou “planos”, mostrando que nada pode frustrar os desígnios do Senhor.

No Novo Testamento, o texto grego traz ainda mais nuances sobre o tema. A palavra nóēma fala de pensamento, razão e julgamento; já nous se refere à mente, ao entendimento e à capacidade de discernir com sobriedade e justiça. A palavra diánoia, derivada de nous, aparece em Mateus 22.37, quando Jesus ensina que devemos amar a Deus “de todo o nosso entendimento”. Ela aponta para a mente como o centro das nossas faculdades — intelecto, emoções e vontade — onde se formam tanto pensamentos bons quanto maus.

Em Filipenses 4.8, o apóstolo Paulo nos convida a encher a mente com tudo o que é verdadeiro, justo e puro. O verbo usado ali é logizomai, que significa “considerar, refletir, avaliar com cuidado”. Ou seja, não basta ter pensamentos; é preciso deliberar sobre eles à luz de Deus, escolhendo o que edifica e traz paz.

Outra palavra significativa é enthýmēsis (Mt 9.4), que se refere não apenas ao ato de pensar, mas também à motivação moral e à intenção do coração. Jesus, ao perceber os pensamentos dos fariseus, mostrou que Ele não vê apenas o que pensamos, mas também o porquê pensamos.

Assim, ao estudarmos a origem e o sentido das palavras relacionadas ao pensamento, aprendemos uma lição preciosa: Deus se importa com o que habita em nossa mente. Pensar, no sentido bíblico, é um ato espiritual — é pesar com a alma, é discernir à luz da verdade divina. Que, como filhos e filhas de Deus, possamos permitir que nossos pensamentos sejam guiados e purificados pelo Espírito Santo, para que tudo o que refletirmos e planejarmos esteja alinhado com a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor.

INTRODUÇÃO

Esta é a terceira lição sobre a alma humana. Na Lição 5, estudamos o tema “A Alma — A Natureza Imaterial do Ser Humano”, quando abordamos a natureza imaterial e imortal da alma, bem como seus principais atributos. Vimos também que a alma humana possui três faculdades: a emoção ou sentimento, a razão ou intelecto e a volição ou vontade.

Nas próximas três lições, estudaremos cada uma dessas faculdades. Na presente lição, trataremos da razão ou intelecto do ser humano — a parte cognitiva da alma, responsável por raciocinar, ponderar, examinar, avaliar e refletir sobre o mundo ao redor e sobre as próprias ações.

No Jardim do Éden, o ser humano não conhecia o mal; por isso, seus pensamentos eram puros. Entretanto, após a Queda, o intelecto humano se tornou um campo de batalha entre bons e maus pensamentos.

Com base nas orientações do apóstolo Paulo em Filipenses 4.8 e 2 Coríntios 10.3-5, esta lição nos mostra a importância de pensar corretamente, tendo a mente renovada e alinhada à vontade de Deus. Para isso, é necessário examinar diariamente os nossos pensamentos, comparando-os com o ensino da Palavra de Deus, enchendo a mente com o que é bom e rejeitando tudo o que é nocivo.

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. UMA VISÃO INTRODUTÓRIA

Neste primeiro tópico, apresentaremos uma visão introdutória sobre o tema dos pensamentos.
Como é de praxe nas lições deste trimestre, o comentarista nos conduz ao relato da criação, destacando a experiência de Adão e Eva no uso de seu intelecto — raciocinando, elaborando pensamentos e tomando decisões.

Em seguida, trataremos do conceito e das origens dos pensamentos, que podem surgir de fatores internos, externos ou da combinação de ambos. Contudo, independentemente da origem, cabe ao ser humano decidir se aceita ou rejeita os pensamentos que lhe sobrevierem.

Por fim, veremos as características dos pensamentos humanos, que podem ser bons ou maus, dependendo de sua natureza e motivação.

II. A GESTÃO DOS PENSAMENTOS

No segundo tópico, abordaremos a gestão dos pensamentos. Com base em Filipenses 4.8, veremos que pensar em coisas boas e virtuosas é um imperativo ético e espiritual: “...nisso pensai.” 

Aprenderemos também que “pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.2) está muito além das técnicas humanas de gestão mental — trata-se de uma prática espiritual profunda.

Falaremos ainda sobre a leitura e meditação nas Escrituras como recursos espirituais eficazes para gerar bons pensamentos e fortalecer a mente.

Por fim, destacaremos a influência de fatores físicos, orgânicos e ambientais em nossa Maneira de pensar, tomando como exemplo Jesus, que, embora estivesse frequentemente em meio às multidões e agitações de Jerusalém, também buscava momentos de retiro em Betânia, um lugar de descanso e comunhão.

III. A BATALHA NA ARENA DOS PENSAMENTOS

No terceiro tópico, trataremos da batalha espiritual que ocorre na mente. Primeiramente, falaremos sobre as influências espirituais nos pensamentos humanos, destacando os exemplos de Judas Iscariotes e Ananias, esposo de Safira, ambos influenciados por Satanás em seus pensamentos — e, por isso, tiveram fins trágicos.

Abordaremos também cuidados práticos que devemos adotar para proteger a mente de maus pensamentos e manter a saúde mental e espiritual.

A mente é o campo onde se trava a principal batalha da vida cristã, e somente pela ação do Espírito Santo e pela renovação contínua da mente pela Palavra (Rm 12.2) é possível experimentar a verdadeira vitória interior.

Bons estudos!

Ev. WELIANO PIRES
AD-BELÉM / SÃO CARLOS-SP
Notas:

Dicionários Etimológicos Online: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa e Infopédia apresentam consistentemente a derivação de "pensar" e "pensamento" a partir do latim pensare, com o sentido original de "pesar" ou "avaliar o peso".


REFERÊNCIAS:

STRONG, James. Concordância de Strong: dicionário bíblico hebraico e grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 103, p.39.

09 novembro 2025

OS PENSAMENTOS — A ARENA DA BATALHA NA VIDA CRISTÃ


SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD

A aula desta semana traz a explicação de um conceito importante dentro da tricotomia humana: o pensamento. O cuidado com os pensamentos trata-se de uma disciplina pouco explorada desde a nossa infância. Aprendemos conhecimentos gerais, somos disciplinados a respeitar regras e ao preparo quanto à vida profissional. No entanto, há pouco aprendizado em relação a lidar com os pensamentos e as emoções. Isso tem resultado em adultos ansiosos, instáveis emocionalmente e com baixa autoestima. A Palavra de Deus destaca a importância de cuidar da mente, não se permitir ser enganado pelas emoções ou pelos pensamentos invasivos que se opõem aos princípios divinos. Por essa razão, o crente deve atentar para a forma como lida com seus pensamentos, não permitindo que o medo controle suas emoções de tal forma que a suas ações sejam comprometidas.

A respeito deste assunto, Leslie Parrot, em sua obra A Batalha Pela Sua Mente (CPAD), discorre que no contexto cristão, a infelicidade em lidar com a batalha na mente é resultado da imaturidade: “Tiago descreve os quatro fatores normalmente presentes nos cristãos que são vítimas da sua própria imaturidade: 1. Na vida de cada cristão imaturo, existe a falta de sabedoria, que é um nível baixo de bom senso. 2. Na vida de cada cristão imaturo há uma fé hesitante, que oscila pelos ventos do desapontamento. Sempre imerso em boatos até os joelhos, o cristão hesitante é sempre ansioso e amedrontado. 3. Na vida de cada cristão imaturo há muita dependência de algum milagre que compense toda a falta de bom senso e toda a fé hesitante. E 4. Na vida de cada cristão imaturo, existe o problema da instabilidade. As pessoas imaturas desistem facilmente, se sentem desencorajadas pela falta de aprovação de outros, e frequentemente vivem duas vidas, uma na igreja e a outra no mundo. A indecisão faz com que o possível cristão seja inútil para Deus, para si mesmo, e certamente para qualquer outra pessoa”. (2010, p.79).

O cristão precisa se habilitar para lidar com a batalha que ocorre no campo mental. Como aconselha o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios, as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus para destruição das fortalezas (2Co 10.4). Com as armas que Deus nos concede, podemos destruir todo conselho e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e levar cativo todo entendimento à obediência de Cristo (v.5). Agindo assim, nosso pensamento estará continuamente preenchido com as virtudes que “vêm do Alto” e estaremos preparados para lidar com as intempéries da batalha que ocorre no campo da mente.

Fonte: 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 103, p.39.
PARROT, Leslie. A Batalha Pela Sua Mente: Entendendo a personalidade santificada. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2010, p.79.

06 novembro 2025

A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL

(Comentário do 3º tópico da Lição 6: A consciência - O tribunal interior)

No terceiro tópico, veremos que a consciência humana é falível. Primeiramente, analisaremos os defeitos da consciência mencionados na Bíblia: a consciência cauterizada, fraca e corrompida. Em seguida, refletiremos sobre o fato de que Deus é o Supremo Juiz, que sonda o mais profundo do nosso ser, conhece todos os desígnios — até os ocultos — e julga com absoluta justiça.

1. Defeitos da consciência

Não podemos avaliar nossos próprios atos unicamente pela consciência, presumindo que, se ela não nos condena, estamos em plena conformidade com a vontade divina. Tal presunção é incorreta, visto que a consciência humana foi igualmente afetada pela corrupção do pecado.

A Bíblia descreve situações em que o indivíduo endurece o coração a ponto de “perder a sensibilidade”; em outras palavras, sua consciência torna-se cauterizada (Ef 4.19). Há também casos em que a consciência se encontra aprisionada ao legalismo, acreditando que a justificação se dá pelas obras; tal consciência é denominada fraca (1Co 8.7-12). Por fim, existem aqueles cuja consciência se encontra corrompida, a ponto de considerarem que nada constitui pecado (Tt 1.15).

Diante disso, pergunta-se: o que fazer para que a consciência funcione adequadamente? O apóstolo Paulo nos oferece a resposta: é necessário educá-la por meio da Palavra de Deus e mantê-la submissa ao Espírito Santo. A mente humana pode ser comparada a um computador, que opera conforme as informações nele armazenadas. Um computador novo e bem configurado pode ser comprometido se acessarmos conteúdos impróprios ou instalarmos programas corrompidos.

Da mesma forma, quando a mente é alimentada pelo pecado, a consciência se contamina e perde sua capacidade de discernimento moral. Portanto, é imprescindível nutrir a mente com a Palavra de Deus e cultivar constante comunhão com o Espírito Santo, a fim de preservar uma consciência pura e sensível à direção divina.

2. Deus, o Supremo Juiz

Como vimos, a consciência atua como um tribunal interior, exercendo importante papel na avaliação de nossas ações — seja para nos acusar, seja para nos defender quando injustamente acusados. Contudo, como afirma o comentarista, a consciência é falível e, portanto, o seu juízo não é definitivo.

O simples fato de a consciência não nos acusar não significa que sejamos inocentes diante de Deus. Do mesmo modo, se ela nos absolve de determinada acusação, isso não implica necessariamente que a acusação seja injusta. É possível que a própria consciência esteja defeituosa, conforme já mencionamos. Por essa razão, devemos submetê-la constantemente ao crivo da Palavra de Deus, a qual é fiel, verdadeira e digna de toda aceitação.

Devemos rogar continuamente ao Senhor que examine o nosso coração e revele qualquer erro oculto, pois Ele é onisciente e conhece as profundezas do nosso ser. Somente Deus conhece plenamente as nossas intenções — mais do que nós mesmos. Ele é o Justo e Supremo Juiz, que julga com retidão absoluta. O ser humano pode enganar os outros e até a si próprio, mas jamais conseguirá enganar a Deus.

Com frequência, julgamos que tudo vai bem conosco, até que o Senhor nos confronta, nos repreende e nos mostra o caminho correto. A Igreja de Éfeso, por exemplo, era doutrinariamente sólida e acreditava estar em conformidade com a vontade divina. Contudo, Jesus, embora tenha reconhecido seus acertos, apontou que ela havia abandonado o primeiro amor e a exortou ao arrependimento, recomendando que voltasse a praticar as primeiras obras (Ap 2.1-7).

Ev. WELIANO PIRES

04 novembro 2025

O Funcionamento da Consciência

(Comentário do 2º tópico da Lição 6- A Consciência — O Tribunal Interior

No segundo tópico, falaremos sobre o funcionamento da consciência. Inicialmente, veremos que a nossa consciência possui uma tríplice função: acusação, defesa e julgamento. Em seguida, constataremos que a consciência é implacável e não cede a vãs justificativas humanas para os próprios pecados. Por fim, veremos que a nossa consciência atua como um tribunal, debatendo com os nossos pensamentos e tomando como base a lei moral escrita em nosso coração.

1. Acusação, defesa e julgamento.

A nossa consciência tem uma tríplice função: acusação, defesa e julgamento. Quando pecamos, mesmo sem que ninguém veja, a consciência nos acusa e nos julga. Muitos perdem até o sono e têm pesadelos por causa das acusações de sua própria consciência. Entretanto, se somos acusados injustamente, a consciência nos defende e nos tranquiliza.

Adão e Eva, depois de terem pecado contra Deus, sentiram a reprovação da própria consciência e tiveram vergonha de sua nudez:

“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3:7).

Quando ouviram a voz de Deus, sentiram-se incomodados e tentaram se esconder (Gn 3:10). Antes do pecado, eles ouviam a voz de Deus todos os dias e não se sentiam perturbados.

Davi, depois de ser repreendido pelo profeta Natã por causa do adultério e do homicídio que cometeu, escreveu o Salmo 51, no qual confessa seu pecado e pede perdão e restauração. No início da oração, ele declara:

“Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51:3).

Em outra ocasião, no Salmo 32, o mesmo Davi afirmou:

“Quando eu guardei silêncio [em relação ao pecado], envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia” (Sl 32:3).

Isso mostra que a consciência o acusava e condenava pelos pecados que cometera, a ponto de causar-lhe sofrimento na alma e no corpo. Uma consciência pesada traz sérios problemas espirituais, emocionais e até físicos ao ser humano, a não ser quando já se encontra insensível ou “cauterizada” — como veremos no próximo tópico.

2. Vãs justificativas.

Depois de pecar e ouvir a voz de Deus, Adão tentou se esconder, mas é impossível ocultar algo de Deus, pois Ele é onisciente e onipresente. Confrontado pela voz divina, apresentou uma desculpa:

“Me escondi porque estava nu.”

Ora, ele nunca havia usado roupas antes e nunca se preocupara em se esconder; logo, o problema não era a falta de vestes.

Em seguida, Deus foi direto ao ponto, buscando a confissão do pecado:

“Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3:11).

Adão não tinha como negar seu pecado, pois sua consciência o acusava, e ele percebeu que Deus já sabia de tudo. Sem conseguir se justificar, comportou-se como muitos seres humanos fazem ainda hoje: tentou transferir a culpa.

“A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3:12).

Eva seguiu na mesma direção, acusando a serpente. Nenhum dos dois reconheceu sua culpa nem pediu perdão a Deus.

Aqui observamos uma grande diferença entre Adão e Davi. Adão, quando confrontado, não reconheceu seu pecado e atribuiu a culpa à mulher, como se ela o tivesse forçado a pecar. Davi, ao ser confrontado por Natã, arrependeu-se e confessou:

“Pequei contra o Senhor” (2Sm 12:13).

Imediatamente, foi perdoado por Deus.

Infelizmente, muitas pessoas hoje buscam justificativas para os próprios pecados, chegando a usar textos bíblicos isolados e distorcidos. Outras culpam líderes espirituais ou a Igreja por seus erros. No entanto, não podem enganar a própria consciência e, um dia, estarão diante do Justo Juiz, que não aceita vãs justificativas.

3. O debate no tribunal

Em um tribunal, acontecem debates entre acusação e defesa. Cada parte tem seu tempo para inquirir o réu e as testemunhas e apresentar sua tese. Em seguida, os jurados votam, e o juiz profere a sentença — absolvendo ou condenando o réu.

Em nossa mente ocorre algo semelhante: a consciência atua como um tribunal, debatendo com os nossos pensamentos e tomando como base a lei moral escrita em nosso coração, seja para nos acusar, seja para nos defender. Se somos culpados, a consciência nos acusará; se somos acusados injustamente, ela nos absolverá e tranquilizará o coração.

O apóstolo Paulo escreveu aos Romanos:

“[Os gentios] mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2:15).

Isso vale para aqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Já os que conhecem a verdade serão julgados pela própria Palavra, e não apenas pela consciência:

“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (Jo 12:48).

Ev. WELIANO PIRES

ANTES E DEPOIS DA QUEDA

(Comentário do 1º tópico da Lição 6- A Consciência — O Tribunal Interior)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos da consciência antes e depois da Queda. Inicialmente, discorreremos sobre a primeira manifestação da consciência, que se deu logo após o primeiro casal desobedecer a ordem de Deus no Jardim do Éden. Na sequência, falaremos do direito natural, uma lei moral que há em cada ser humano, que lhe permite discernir o certo e o errado. Por fim, falaremos da lei escrita nos corações mencionada pelo apóstolo Paulo em Romanos 2.12-16. 

1. A primeira manifestação. O comentarista traz aqui uma definição da palavra consciência, considerando o termo grego syneidesis, usado pelo apóstolo Paulo no texto de Atos 24.16, que é o texto áureo desta lição:

“E, por isso, procuro sempre ter uma consciência [Gr. syneidesis] sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens.”


Esta palavra significa literalmente “saber com”. Refere-se a uma espécie de sensor que Deus inseriu na parte imaterial do ser humano, que o torna capaz de diferenciar o que é moralmente bom e mau, instigando-o a fazer o que é bom e acusando-o quando fizer o que é mau. 


O comentarista diz que a consciência é uma faculdade da alma, mas admite que não há consenso entre os teólogos sobre isso. De fato, teólogos assembleianos de grande envergadura, defendiam que a consciência é uma faculdade do espírito humano. O saudoso missionário Eurico Bergstén, um dos grandes nomes da teologia assembleiana, assim escreveu:


“…Uma das faculdades mais importantes do espírito do homem é a sua CONSCIÊNCIA, Rm.2:15,16, que é uma janela no homem, pela qual Deus olha para o interior dele. A consciência é um ‘espião’ de Deus que persegue o homem, quando ele peca, mas que lhe fala com uma voz elogiosa quando faz o bem…”


O saudoso pastor Antonio Gilberto também defendia esta posição: 


“…O espírito identifica o homem, a criação espiritual e dá-lhe a consciência de Deus. (…) Por meio dele o homem tem consciência de Deus.…”


Sobre a primeira manifestação da consciência na experiência humana, é importante esclarecer que o primeiro casal, Adão e Eva, viveram dois períodos completamente diferentes: antes e depois da Queda. Conforme já vimos em lições anteriores, eles foram criados perfeitos e puros. Mas, após pecarem contra Deus, a natureza deles foi corrompida. Isso inclui, evidentemente, a consciência. 


No Éden, o ser humano era inocente e puro. Deus deu-lhe a capacidade de discernir o que é certo e errado, quando os proibiu de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Após a Queda, porém, eles tiveram o sentimento de culpa, vergonha e medo. A partir daquele momento, passaram a ter também a inclinação para o mal e a consciência passou a funcionar como um tribunal dentro deles.


2. O direito natural.

Todo ser humano, mesmo aqueles que não conhecem a Deus, carrega dentro de si uma lei moral que lhe permite discernir o que é certo e o que é errado, mesmo sem conhecer os preceitos de Deus. O comentarista chamou essa lei de "direito natural", mas alguns teólogos preferem o termo "lei natural". Em sua "Suma Teológica", escrita entre 1265 e 1274, Tomás de Aquino afirmou que "a lei natural é a base racional da moralidade e da justiça, servindo como uma ponte entre a ordem divina do universo e as ações e normas humanas".

A primeira manifestação desse direito ou lei natural pode ser observada no caso de Caim, que assassinou seu irmão Abel. Não havia ainda um código penal que proibisse o assassinato ou outros crimes, mas a sua consciência o acusou quando foi indagado por Deus:
"Então disse Caim ao Senhor: 'É maior a minha maldade do que a que possa ser perdoada. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar me matará.'" (Gn 4.13-14). Essa referência bíblica pode ser vista como uma manifestação inicial da consciência moral humana, antes mesmo da criação de um sistema jurídico formal.

Da mesma forma, todo ser humano, ao errar, é confrontado pela sua própria consciência. Muitos tentam se esconder ou transferir a culpa, mas o seu tribunal interior continuará a atormentá-lo. Diante das acusações da consciência, alguns criminosos acabam confessando os seus crimes, enquanto outros chegam até a cometer suicídio. Evidentemente, nem todas as consciências funcionam adequadamente, pois podem estar defeituosas. De acordo com Tomaz de Aquino, o funcionamento da consciência pode ser afetado pela ignorância, vícios ou até pela corrupção da razão, dificultando o discernimento moral.

3. Escrita no coração.

No texto de Romanos 2.12-16, o apóstolo Paulo menciona dois tipos de lei: a Lei Mosaica, dada a Israel, e a Lei Moral, escrita nos corações de todos os seres humanos. O apóstolo abordou a distinção entre os que têm a Lei Mosaica e os que não a têm, destacando a responsabilidade moral universal de todos os seres humanos diante de Deus. É com base nesta lei moral que a consciência humana age tanto para acusar quanto para defender.

Mesmo nas civilizações que não conhecem a Deus e a Sua Palavra, existe um senso de justiça que leva à criação de leis para punir aqueles que praticam o mal contra o próximo. Nas civilizações antigas, haviam leis criadas para estabelecer os direitos e deveres dos cidadãos e para punir as violações dessas leis. O mais conhecido desses códigos é o Código de Hamurabi (1792-1750 a.C.), que possui várias semelhanças com a Lei Mosaica.

Naturalmente, essas leis eram criadas com base no senso de moralidade presente nos corações dos seres humanos, embora houvesse muita maldade devido à corrupção da natureza humana. Apesar de imperfeitas e até injustas, as leis humanas são inspiradas no código moral que Deus colocou no interior do ser humano.

REFERÊNCIAS:
Teologia sistemática: Doutrina do Espírito Santo, do homem, do pecado e da salvação. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1986, p.78.

Bíblia de Estudo com comentários de Antônio Gilberto. A triunidade do homem. RIO DE JANEIRO, CPAD,202, p.1922.

 AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Tradução de José F. de Almeida. São Paulo: Editora Loyola, 2002.

03 novembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: A CONSCIÊNCIA – O TRIBUNAL INTERIOR

TEXTO ÁUREO:

“E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens.” (At 24.16).

VERDADE PRÁTICA:

Diante da crescente degradação do padrão moral do mundo, o cristão deve apegar-se cada vez mais à sã doutrina para ter sempre uma boa consciência.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 2.12-16.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

I) Mostrar aos alunos a origem da consciência humana como um senso moral dado por Deus, reconhecendo seu papel antes e depois da Queda; 

II) Ensinar que a consciência atua como um tribunal interior, capaz de acusar ou defender, incentivando o autoexame constante; 

III) Alertar os alunos para as falhas e deformações que a consciência pode sofrer quando não é orientada pela verdade bíblica.

Palavra-chave: CONSCIÊNCIA

A palavra consciência vem do latim conscientia, que significa “conhecimento”, “senso próprio” ou “particular”. Entretanto, não há uma única definição para o termo, pois ele assume diferentes significados conforme a área do conhecimento: Filosofia, Psicologia, Medicina, Sociologia ou Teologia. O vocábulo também é usado em sentido figurado, com diversos significados.

Na Teologia, que é o foco do nosso estudo, a consciência é uma espécie de sensor implantado por Deus em nosso interior, que nos permite discernir entre o certo e o errado. Quando erramos, ela nos acusa; quando acertamos, ela nos defende. Para alguns teólogos, a consciência é uma faculdade do espírito humano; para outros, pertence à alma.

Segundo o teólogo John MacArthur:

“A consciência é um sistema de alerta interno que nos sinaliza quando algo que fizemos é errado. A consciência é para a nossa alma o que os sensores de dor são para o nosso corpo: ela inflige sofrimento, sob a forma de culpa, sempre que violamos o que nossos corações nos dizem ser certo.”

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, falamos sobre a definição da alma, sua natureza, seus atributos e os cuidados que devemos ter com ela para manter um bom relacionamento com Deus. Nesta segunda lição sobre a alma humana, abordaremos a consciência humana como um tribunal interior — uma espécie de lei moral que Deus implantou em nós, que nos acusa, defende e julga.

Todos os seres humanos, cristãos ou não, possuem dentro de si a consciência. No entanto, ela foi distorcida pelo pecado e, no caso daqueles que não servem a Deus, pode se tornar fraca, corrompida ou até cauterizada — isto é, totalmente insensível ao pecado. Por isso, nossa consciência precisa ser constantemente orientada pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo, para que funcione corretamente e nos alerte quando estivermos prestes a cometer erros.

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. ANTES E DEPOIS DA QUEDA

No primeiro tópico, trataremos da consciência antes e depois da Queda. Inicialmente, abordaremos a primeira manifestação da consciência, que ocorreu logo após o primeiro casal desobedecer à ordem de Deus no Jardim do Éden. Em seguida, falaremos sobre o direito natural, uma lei moral existente em cada ser humano, que o capacita a discernir entre o certo e o errado. Por fim, analisaremos a lei escrita nos corações, mencionada pelo apóstolo Paulo em Romanos 2.12-16.

II. O FUNCIONAMENTO DA CONSCIÊNCIA

No segundo tópico, estudaremos o funcionamento da consciência. Veremos que ela exerce uma tríplice função: acusar, defender e julgar. Depois, entenderemos que a consciência é implacável, não se deixando enganar por justificativas humanas para o pecado. Por fim, compreenderemos que a consciência atua como um tribunal interior, debatendo com nossos pensamentos e tendo como base a lei moral escrita em nosso coração.

III. A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL

No terceiro tópico, veremos que a consciência humana é falível. Primeiramente, analisaremos os defeitos da consciência mencionados na Bíblia: a consciência cauterizada, fraca e corrompida. Em seguida, refletiremos sobre o fato de que Deus é o Supremo Juiz, que sonda o mais profundo do nosso ser, conhece todos os desígnios — até os ocultos — e julga com absoluta justiça.

Bons estudos!

Ev. WELIANO PIRES

AD-BELÉM – SÃO CARLOS/SP.

REFERÊNCIAS

MACARTHUR, John. A Vida Segundo Deus: O que a Bíblia ensina sobre a vida cristã. São Paulo: Editora Fiel, 1997.

 

A CONSCIÊNCIA: O TRIBUNAL INTERIOR

Créditos da imagem: Editora CPAD

(SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO)

Nesta lição, veremos como funciona a consciência. Criada por Deus, é por meio dela que tomamos conhecimento daquilo que agrada a Deus ou não. Infelizmente, a entrada do pecado no mundo, decorrente da Queda, descaracterizou a consciência humana criada por Deus. Somente o conhecimento das Escrituras Sagradas pode trazer renovação para consciência humana e trazê-la de volta ao pleno conhecimento da verdade. 

O apóstolo Paulo discorre sobre o tratamento dado à consciência quando escreve a Carta aos Romanos. Ele instrui que somos transformados pela renovação do nosso entendimento a fim de que experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1). O primeiro passo é a submissão do corpo à vontade divina. Jesus nos ensinou que o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41). Logo, precisamos submetermo-nos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1). A segunda lição ensinada pelo apóstolo diz respeito a não se conformar com este mundo. Literalmente, significa não assumir a mesma forma que o mundo, isto é, o comportamento, a maneira de agir e pensar das pessoas que não creem no Evangelho (Rm 12.2). Essas atitudes devem ser lembradas por quem deseja guardar os preceitos e valores da Palavra de Deus.

Por último, o apóstolo menciona que somos transformados pela renovação do nosso entendimento. Conforme discorre Lawrence O. Richards, na obra Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento (CPAD), “a palavra usada aqui para ‘entendimento’ é nous, e não deve ser confundida com ‘conhecimento’ nem com ‘razão’. O que Paulo tem em mente é expresso mais apropriadamente como ‘perspectiva’ ou ‘modo de pensamento’. 

Os crentes devem resistir às pressões exercidas pelo mundo para nos conformar com seu modo de pensamento, e em vez disso ter cada uma de nossas perspectivas sobre as questões da vida renovada e transformada. A única maneira de você ou eu podermos fazer a vontade de Deus é reconhecê-la. E nós só podemos reconhecer a vontade de Deus se aprendermos a ver as questões da vida a partir da perspectiva de Deus. Que grande dádiva é a Escritura. E que grande dádiva é o Espírito, que usa a Palavra para renovar nosso entendimento e transformar nossa vida” (2007, p.317).

A consciência do homem sem Deus fica entenebrecida. Graças a Deus pelo Evangelho de Jesus, que nos trouxe a luz da verdade. Acerca disso, o apóstolo João enfatizou que devemos andar na luz, e “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1Jo 1.7). Permaneçamos nessa luz!

FONTE: 
Revista Ensinador Cristão. Ed. 103. RIO DE JANEIRO: CPAD, p.39.

02 novembro 2025

Como enfrentar o luto na família


A morte é dolorosa para qualquer pessoa que perde um ente querido. É assustadora, mas precisamos passar pelo momento de luto, nos recompor e continuar a vida.

por WELIANO PIRES

A morte é uma realidade terrível, inevitável e irremediável para todos os seres humanos. Ricos, pobres, cultos, iletrados, poderosos e pessoas de todas as tribos e nações estão condenados à morte. Não há, no mundo, ninguém que possa impedir a própria morte ou a morte de outrem, por mais dinheiro que tenha.

Deus havia falado ao primeiro casal que, se eles pecassem, morreriam. A partir do pecado do primeiro casal, a morte passou a ser uma realidade inevitável para todos. A morte entrou no mundo, portanto, como consequência do pecado, e não como um plano de Deus.

Para qualquer pessoa que perde um ente querido, a morte é dolorosa e assustadora, pois não fomos criados para morrer. Existem situações nas quais a morte já é esperada e, nesses casos, embora sofrendo com a partida do nosso ente querido, nos conformamos com mais facilidade. Quando se trata de um idoso com mais de 90 anos, ou de alguém acometido de uma doença incurável, cujo diagnóstico médico atesta que não há mais jeito, já esperamos, a qualquer momento, receber a notícia do falecimento.

Entretanto, quando se trata de mortes por acidente, assassinato ou morte súbita — por infarto, AVC e coisas do tipo —, especialmente em pessoas jovens e aparentemente saudáveis, o choque é terrível. Muitas pessoas não conseguem se recuperar e praticamente morrem juntas, pois não encontram mais motivação para viver. Caem em tristeza profunda, depressão e desistem da vida. Para os pais que perdem um filho, contudo, essa dor é ainda maior.

Jó e sua família eram prósperos, felizes e respeitados na comunidade em que viviam. De repente, foram surpreendidos com uma série de notícias trágicas, principalmente a morte de todos os seus filhos. Eles tinham razões para estarem tristes e viverem o seu período de luto. Mesmo diante de tamanha dor e tristeza, Jó manteve sua fidelidade ao Senhor e o adorou.

Deixo abaixo quatro recomendações importantes para enfrentar e superar a triste realidade do luto na família:

1. Jamais culpe a Deus ou blasfeme contra Ele

Uma das razões que mais costuma levar pessoas ao ateísmo é a revolta diante de um sofrimento extremo, como a perda de um ente querido muito próximo — um filho, o cônjuge ou os pais. Nessas circunstâncias, muitas pessoas costumam culpar a Deus pela tragédia que lhes sobreveio, ou passam a duvidar da existência de Deus, pois, segundo imaginam, se Ele existisse, teria evitado que a tragédia acontecesse.

Outros, quando perdem os seus entes queridos, não chegam a duvidar da existência de Deus, mas duvidam do seu amor, revoltam-se contra Ele e blasfemam. Há mistérios nesta vida que jamais entenderemos, somente na eternidade. A vida e tudo o que há no Universo pertencem a Deus (Sl 24.1). Portanto, precisamos ter cuidado com a nossa fragilidade no luto, para não culpar ou blasfemar contra Deus por causa da morte do nosso ente querido.

2. Viva o momento de luto

Infelizmente, muitos cristãos, querendo dar a impressão de que são seres extraterrestres, tentam desencorajar o choro ou o luto, interpretando erroneamente o texto de 1 Tessalonicenses 4.13, que diz:

“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais que não têm esperança.”

Dizem, portanto, que o crente não deve chorar ou se entristecer por causa dos seus entes queridos que partiram. Ora, o que Paulo está dizendo é para não se desesperar, como aqueles que não têm a esperança da ressurreição.

Como vamos dizer a uma mãe que acabou de perder um filho, de forma trágica, para não chorar ou não ficar triste? O próprio Jesus, diante do túmulo do seu amigo Lázaro — que havia falecido havia quatro dias —, comoveu-se com o choro das irmãs dele e também chorou (Jo 11.35).

3. Mantenha viva a esperança na ressurreição

É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto pela perda de alguém que ama. Reprimir o choro e a tristeza para parecer forte pode trazer sérios problemas emocionais e até à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista sua esperança na vida eterna.

Precisamos sempre lembrar que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus, antes de subir ao Céu, prometeu aos seus discípulos que “viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que, onde Ele estiver, eles também estejam” (Jo 14.1-3).

4. Não morra junto com o seu ente querido

Por mais dolorosa que seja a partida de alguém que amamos, precisamos nos recompor e continuar a vida até o dia em que Deus nos chamar também. Não devemos jamais dizer que a vida acabou ou perdeu o sentido porque alguém que amamos se foi. Todos nós somos mortais e, cedo ou tarde, passaremos por esse momento.

Se você está passando por um momento de luto em sua família, acalme-se e busque a Deus em oração, para que Ele conforte o seu coração e lhe dê forças para continuar a vida. Um dia ressuscitaremos para nunca mais morrer. Teremos um corpo glorificado, não mais sujeito a doenças e à morte, e viveremos eternamente com o Senhor, se vivermos com Ele neste mundo.

Se, por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas nem dores (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará sentido se levarmos em consideração a vida eterna.

Weliano Pires é evangelista da Assembleia de Deus — Ministério do Belém, em São Carlos-SP; bacharel em Teologia, articulista, blogueiro evangélico e professor da Escola Bíblica Dominical.

O ENSINO SOBRE OS DESEJOS, EM TIAGO

(Comentário do 3º tópico da Lição 9: A contade - o que move o ser humano) No terceiro e último tópico, trataremos do ensino de Tiago a respe...