12 agosto 2025

A IGREJA PERSEGUIDA

(Comentário do 1° tópico da lição 07: Uma Igreja que não teme a perseguição).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseguida.  Inicialmente, falaremos dos primeiros perseguidores da Igreja Cristã em Jerusalém. Na sequência, falaremos das duas esferas dessa perseguição, que eram a religiosa e a política. Por último, veremos que a Igreja de Cristo sempre enfrentará algum tipo de perseguição. 


1. Os perseguidores. A Igreja de Jerusalém nasceu em um contexto de perseguição, pois fazia menos de dois meses que Jesus havia sido morto em Jerusalém. Nos primeiros dias após a descida do Espírito Santo, os discípulos do Senhor encontraram resistência por parte das autoridades religiosas judaicas. No capítulo três de Atos, lemos o relato da cura de um coxo de nascença na porta do Templo, por Pedro e João. Os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, se irritaram porque Pedro ensinava ao povo a ressurreição de Cristo, e os encerraram na prisão, até o dia seguinte, pois já era tarde. 

No dia seguinte, se reuniram os anciãos, os escribas e os sacerdotes para interrogá-los. Pedro e João, com muita autoridade falaram de Jesus, diante das autoridades. Vendo a ousadia de Pedro e João e, sabendo que eram iletrados, as autoridades se maravilharam, concluindo que eles foram seguidores de Jesus durante o seu ministério terreno. Vendo ali, o homem que havia sido curado e a multidão de pessoas, os anciãos, escribas e sacerdotes ficaram sem saber o que fazer. 

Chamaram, então, os apóstolos em particular e ameaçaram açoitá-los, caso continuassem ensinando no Nome de Jesus. Pedro, no entanto, respondeu que obedeceria a Deus e não aos homens, pois, não poderia deixar de falar daquilo que tinham visto e ouvido. O capítulo 5 de Atos registra que os apóstolos pregavam ousadamente a Palavra de Deus, muitos enfermos foram curados e endemoninhados libertos. 

O sumo sacerdote, que pertencia ao partido dos saduceus, encheu-se de inveja e mandou prender os apóstolos novamente. Porém, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão, libertou os apóstolos e eles voltaram a pregar publicamente. Quando descobriram, que os apóstolos não estavam mais na prisão e que estavam pregando no Templo, mandaram buscá-los, mas, sem violência, pois, tiveram medo de ser apedrejados pelo povo.

Neste contexto dos capítulos 3 a 5 do Livro de Atos, são mencionados três grupos de perseguidores da Igreja:: Os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Os sacerdotes eram os descendentes de Aarão, irmão de Moisés, cuja família foi escolhida por Deus para ministrar no templo. Neste contexto, o sumo sacerdote era o presidente do Sinédrio, uma espécie de Suprema Corte judaica. 

O grupo dos saduceus era um partido religioso que nasceu no período interbíblico e eram descendentes de Zadoque, que foi o sumo sacerdote escolhido nos dias de Salomão (1 Rs 2.35). O nome Saduceus é a forma aportuguesada de Zadoqueus. Os saduceus apoiavam o império romano, pois se beneficiavam dele. Tinham poucos apoiadores, mas os que os apoiavam pertenciam à classe sacerdotal ou eram pessoas ricas. 

Este grupo misturou o Judaísmo com a cultura grega e reconheciam como Escrituras Sagradas apenas o Pentateuco. Não aceitavam as tradições orais dos anciãos, não criam em anjos, espíritos e na ressurreição. Tinham uma visão dualista e não acreditavam na providência de Deus, nem em intervenções divinas na história da humanidade.

O capitão do templo era o chefe da guarda do templo, responsável pela segurança do local. No templo de Jerusalém havia regras muito rígidas em relação à separação dos locais. No lugar santíssimo, somente o sumo sacerdote poderia ter acesso. Depois, o lugar santo, onde somente os sacerdotes poderiam acessar para oferecer sacrifícios. No pátio, poderiam entrar os homens judeus de nascimento, que eram circundados. Este local  era separado do pátio das mulheres e do pátio dos gentios.

O grupo dos fariseus não foi mencionado aqui, mas eles também perseguiram a Igreja. 

Os fariseus eram um grupo religioso de Israel, que surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos. A palavra hebraica “prushim” (fariseus) tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Os fariseus eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral.

A perseguição dos fariseus teve maior relevância através de um  jovem doutor da lei, natural de Tarso da Cilícia, chamado Saulo. Este foi um dos responsáveis pela morte de Estevão. Depois disso, Saulo empreendeu uma grande perseguição aos cristãos, arrastando homens e mulheres pelas ruas e conduzindo-os às prisões. Em meio a estas perseguições, Saulo teve um encontro com Jesus e se tornou o maior missionário do Cristianismo. 

No capítulo 12 de Atos, surgiu outro perseguidor da Igreja que foi Herodes Agripa I. Este Herodes era sobrinho de Herodes Antipas, que foi o assassino de João Batista. Era também neto de Herodes, o Grande, e herdou a tetrarquia do seu tio, Herodes Antipas. No governo do imperador Cláudio, Herodes Agripa I foi nomeado também governador da Judéia e, como tal, deveria apaziguar os judeus e evitar rebeliões contra Roma. Por isso, ele iniciou a perseguição aos cristãos, com o intuito de conquistar os judeus.


2. Esferas da perseguição. Os cristãos eram perseguidos por vários grupos, como vimos acima. Estes grupos tinham várias divergências entre si, mas tinham algo comum a todos eles: o ódio aos cristãos. A perseguição dos judeus aos cristãos se deu por razões diferentes. O comentarista mencionou aqui duas esferas dessa perseguição: a esfera religiosa, que via na mensagem cristã uma ameaça ao Judaísmo; e a esfera política, por parte dos governantes romanos, que perseguiam os cristãos para obter o apoio dos judeus. 


a) Na esfera religiosa. Desde os dias em que Jesus estava entre eles, os líderes religiosos de Jerusalém já se sentiam ameaçados com a sua mensagem, do ponto de vista político. Na ocasião da ressurreição de Lázaro, sem ter o que fazer para impedir que as pessoas cressem nele, os principais sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e disseram: “Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação”. (Jo 11.47,48).

Além de se sentirem ameaçados, estes líderes religiosos também tinham inveja de Jesus, por causa da sua popularidade. O próprio Pilatos ao interrogar Jesus sabia que os judeus o acusavam por inveja e não porque ele tivesse cometido algum crime: “Portanto, estando eles reunidos, disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que por inveja o haviam entregado”. (Mt 27.17,18).

Depois da morte de Jesus, a situação se repetia com os apóstolos. Eles testemunharam ousadamente de Jesus, acusando as autoridades religiosas de Israel de tê-lo condenado à morte injustamente e afirmavam que Ele havia ressuscitado. Além disso, realizavam muitos milagres publicamente, que eram incontestáveis. Milhares de judeus, inclusive sacerdotes, se converteram a Cristo. Isso representava uma ameaça ao Judaísmo e causou muita inveja. 


b) Na esfera política. A dinastia de Herodes não tinha nada a ver com a religião judaica. Herodes, o grande, era descendente dos idumeus, que eram remanescentes dos edomitas, inimigos históricos do povo judeu. Eram vistos pelos judeus como impostores estrangeiros, a serviço de Roma. Para conquistar a simpatia dos judeus, Herodes casou-se com Mariana, que era filha de um sacerdote judeu e fez a reconstrução esplendorosa do templo de Jerusalém. 

No segundo caso da perseguição mencionada na leitura bíblica classe, no texto de Atos 12, trata-se de uma perseguição por motivos políticos. Herodes Agripa I, neto de Herodes o grande, depois de ter sido nomeado governador da Judéia, querendo agradar aos Judeus, mandou decapitar o apóstolo Tiago. Percebendo que os judeus haviam aprovado a sua atitude, mandou prender também a Pedro e pretendia condená-lo à morte após a festa da Páscoa,  para que não houvesse tumulto em Jerusalém. 

A motivação de Herodes Agripa I para perseguir os cristãos, portanto, era política. Tratava-se de uma jogada política para conquistar o apoio dos judeus. Mesmo não tendo nada pessoal contra os cristãos e sem que estes tivessem violado nenhuma lei romana, Herodes mandou executar o apóstolo Tiago, sem nenhuma acusação formal e sem direito à defesa. Lançado na prisão, Pedro teria o mesmo destino, se não fosse a intervenção divina. 


3. A Igreja enfrentará oposição. Conforme foi dito na Verdade prática desta lição, há duas verdades inegáveis em relação à verdadeira Igreja Cristã: a Igreja será perseguida e Deus a protegerá. Com relação a esta primeira verdade, a verdadeira Igreja Cristã sempre enfrentou oposição em qualquer época e continuará enfrentando. Isto acontece não por causa da Igreja, mas, porque o mundo odeia a Deus e a Igreja é a coluna e firmeza da verdade neste mundo. 

Ao longo da história da Igreja, vários sistemas políticos e religiosos se levantaram contra a Igreja do Senhor para tentar detê-la. Primeiro foram os judeus. Depois, vieram os romanos, os papas, o iluminismo, os comunistas, os muçulmanos, os católicos, etc. As perseguições iniciais eram violentas, porque aqueles povos eram violentos, da mesma forma que acontece hoje em muitos países da África, Oriente Médio e Ásia. Mas há também perseguições disfarçadas através de leis e multas que impedem o funcionamento da Igreja.

Os missionários pentecostais quando chegaram ao Brasil, em 1910 e nos anos subsequentes, também foram bastante perseguidos. Naquela época, o Catolicismo Romano era a religião oficial e perseguia de várias formas, as demais religiões. Os padres falavam para as pessoas não alugarem casa aos protestantes, não negociarem com eles e não podiam sequer usar os cemitérios para sepultar protestantes. 

Havia muitas zombarias e afrontas aos protestantes. Perturbavam os cultos e jogavam pedras nos templos. Maridos proibiam as esposas de serem crentes, agredindo-as física e psicologicamente. Os patrões não queriam contratar crentes, ou ameaçavam demiti-los após a conversão ao Evangelho. Muitos jovens também foram agredidos e expulsos de casa pelos pais, por causa da fé evangélica. Esta não é mais a realidade do Brasil, pois a nossa Constituição garante a liberdade religiosa. A perseguição hoje no Brasil ocorre de forma disfarçada e através de leis que prejudicam a Igreja.  

Entretanto, em muitos países, ainda há perseguição violenta contra os cristãos. O Portal Missões Portas Abertas, elenca vários tipos de perseguição no mundo atual: Nacionalismo religioso, perseguição comunista e pós comunista, hostilidade etno-religiosa, protecionismo denominacional, intolerância secular, perseguição islâmica, perseguição dos familiares dos cristãos, perseguição de ditadores, perseguição de corruptos e do crime organizado, etc. Muitos destes grupos são extremamente violentos: sequestram, torturam, e abusam sexualmente de cristãos. Oremos pela igreja perseguida! 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 39

Biografia de Herodes I o Grande. Disponível em: https://www.ebiografia.com/herodes_i_o_grande/

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 108-120.

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª edição: 2023.

ROTA DA PERSEGUIÇÃO: Uma jornada pelos dez países onde os cristãos são mais perseguidos. Publicação do Portal Missões Portas Abertas. Disponível em: missao.portasabertas.org.br/rota-da-perseguicao.



11 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7: UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO

TEXTO ÁUREO:

“Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5.29).


VERDADE PRÁTICA:

Em relação à verdadeira Igreja Cristã há duas verdades inegáveis: 1) a Igreja será perseguida; 2) Deus a protegerá.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:
Atos 5.25-32; 12.1-5.

Objetivos da Lição: 
I) Explicar os motivos e as esferas da perseguição enfrentada pela Igreja Primitiva; 
II) Demonstrar como Deus protegeu sua Igreja através de livramentos e da intercessão; 
III) Encorajar os alunos a permanecerem firmes na fé, mesmo diante das adversidades.

Palavra-Chave: PERSEGUIÇÃO

Em seu livro, Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo, publicado pela CPAD, o pastor Wagner Gaby traz a seguinte definição para perseguição:

“A palavra perseguição vem do latim “per”, (através), e “sequi”, (seguir), que dá a ideia de algo que nos segue opressivamente, correndo atrás de nós, alguma severa ou sistemática opressão. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com intenção de prejudicá-la ou matá-la. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com a intenção de prejudicá-la ou matá-la. A perseguição geralmente é uma tentativa constante e, por muitas vezes, sistemática, para eliminar ou prejudicar o indivíduo perseguido. Pode empregar ou não meios violentos. A perseguição pode ser mental. Pode envolver o ostracismo social.”

INTRODUÇÃO

Na Lição 04, vimos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja cheia do Espírito Santo e, como tal, as suas principais características é que ela era uma Igreja que suportava o sofrimento por amor a Cristo e, mesmo sob intensa perseguição e ameaças, não negociava a sua fé. 

Tendo consciência dos perigos que corriam em anunciar publicamente o Evangelho, a Igreja Jerusalém enfrentava a oposição ao Evangelho, com a ousadia que o Espírito Santo lhe concedia e não se adaptava às exigências dos inimigos do Evangelho para não serem perseguidos.

Nesta lição, aprofundaremos o nosso estudo sobre o tema da perseguição sofrida pela Igreja de Jerusalém e como esta Igreja enfrentou corajosamente os seus perseguidores, sem jamais negar a sua fé, nem deixar de cumprir a sua missão. Tomaremos como base, dois acontecimentos da Igreja Primitiva: a perseguição das autoridades religiosas, que prenderam Pedro e João, mas ele foram milagrosamente libertos da prisão; e a perseguição de Herodes, que mandou matar Tiago e, em seguida, mandou prender a Pedro, mas este foi liberto da prisão por um anjo.

A perseguição é uma marca da vida cristã e todos os que forem fiéis a Deus serão perseguidos de alguma forma (2Tm 3.12). O Senhor Jesus já havia avisado aos seus discípulos que eles seriam odiados, perseguidos e sofreriam terríveis aflições, por causa do Nome dele (Mt 10.22; 24.9; Lc 21.17; Jo 15.21; 16.33). Por isso, o cristão não deve se espantar com a perseguição, mas deve se admirar se não sofrer perseguições. 

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A IGREJA PERSEGUIDA

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseguida. Inicialmente, falaremos dos primeiros perseguidores da Igreja Cristã em Jerusalém. Na sequência, falaremos das duas esferas dessa perseguição, que eram a religiosa e a política. Por último, veremos que a Igreja de Cristo sempre enfrentará algum tipo de perseguição. 

II. A IGREJA PROTEGIDA

No segundo tópico, veremos que apesar de ser perseguida, a Igreja é protegida por Deus. Inicialmente falaremos dos livramentos que Deus deu aos apóstolos em meio à perseguição, por meio dos anjos. Na sequência, falaremos da prática da intercessão da Igreja durante a prisão do apóstolo Pedro. Por fim, falaremos do valor da oração em várias situações difíceis da Igreja Primitiva. 

III. A IGREJA DESTEMIDA

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja destemida. Falaremos do testemunho com poder que os apóstolos deram, após serem libertos da prisão. Veremos ainda que eles estavam convictos da sua fé e, por isso, não negociaram os seus valores e decidiram obedecer a Deus incondicionalmente, contrariando às autoridades, sabendo que isso poderia custar a própria vida.

Ev WELIANO PIRES 
AD-BELEM SÃO CARLOS, SP

Referências:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 20025. Ed. 102, p. 39.
Comentário Bíblico Beacon: João e Atos. Vol. 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.292
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1964.
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 108-120

UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD 

A trajetória da igreja de Cristo neste mundo sempre foi marcada por oposições e perseguições. A pregação do Evangelho não encontra apenas desafios de ordem política ou religiosa, mas também espiritual. Não podemos nos esquecer que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra as hostes espirituais, principados e potestades das trevas (Ef 6.12). É preciso ter em mente essa perspectiva a fim de que lutemos com as armas espirituais e não materiais. Desde o princípio da igreja, nossos irmãos fizeram uso dessas ferramentas. Eles se reuniam e faziam continuamente oração para o Espírito Santo os capacitar a pregar a Palavra e a vencer os desafios impostos pelas perseguições.

Além da oração, a igreja perseverava em um testemunho dos valores bíblicos com poder e pronta disposição. Não havia incoerência entre o que pregavam e o que praticavam, pois para eles a prática do Evangelho foi adotada como um estilo de vida. Eles agiam, pensavam, se comunicavam e tomavam decisões de acordo com a direção do Espírito Santo. Como vemos em Atos, os primeiros crentes perseveravam unânimes todos os dias no templo, partindo o pão e louvando a Deus (At 2.46,47). Essa comunhão chamava a atenção da sociedade de modo que muitos criam no Evangelho e se convertiam à fé cristã.

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD, “a Bíblia não só apresenta a Igreja como sofredora como também desenvolve uma teologia da perseguição — sua origem, objetivo e efeitos. A origem da perseguição é o ódio do homem pecador contra Deus. Paulo chama os homens irreconciliados e ‘inimigos de Deus’ (Rm 5.10). O amor ao mundo é inimizade contra Deus. ‘Ninguém pode servir a dois senhores’ (Mt 6.24). ‘A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz’ (Jo 3.19). ‘Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser’ (Rm 8.7). O Senhor Jesus Cristo assegura aos seus seguidores que não é o servo maior do que o seu Senhor. ‘Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós’ (Jo 15.20). No mundo, os discípulos devem esperar tribulações, mas devem preocupar-se com o fato de serem bem-vistos por todos. Eles devem regozijar-se quando falarem mal deles (Mt 5.11,12). Os homens farão mais do que falar contra a reputação, eles matarão os discípulos julgando estar prestando um serviço a Deus (Jo 16.2).” (2006, p.1512).

Além de vigiar, é preciso buscar continuamente a presença do Espírito Santo. Só com a capacitação do Espírito podemos suportar as adversidades que tentam impedir o progresso espiritual da igreja. Perseveremos (1Co 15.58).

08 agosto 2025

A IGREJA QUE REPELE A MENTIRA

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: Uma igreja não conivente com a mentira)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos dos resultados em uma Igreja que repele a mentira. O primeiro deles é uma igreja temente a Deus. Após o julgamento divino sobre Ananias e Safira, veio grande temor dentro e fora da Igreja de Jerusalém. O segundo é uma igreja forte. Uma Igreja que não compactua com a mentira em seu seio torna-se forte, pois o Espírito Santo opera maravilhas no meio dela e ela passa a ser respeitada na sociedade em que está inserida. 

1. Uma igreja temente. Logo após a morte de Ananias, no texto de Atos 5.11, Lucas escreveu: “... E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas”. A palavra grega traduzida por temor neste texto é “phobos”, que deu origem à palavra portuguesa fobia. Esta palavra aparece mais de noventa vezes no Novo Testamento e tem vários significados: Medo (Mt 28.4); pavor (Lc 21.26); reverência (At 2.43); respeito (2 Co 7.1). 

Nesse caso de Atos 5.11, o sentido da palavra temor é medo de incorrer no mesmo erro de Ananias. Os cristãos que viram aquele acontecimento, certamente ficaram assustados com o julgamento de Deus em relação à mentira. O caso se assemelha aos filhos de Israel no deserto, quando viram a manifestação da glória de Deus e ficaram atemorizados:  “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da trombeta, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos”. (Êx 20.18,19).

Houve também um grande temor externo, por parte das pessoas que não faziam parte da Igreja, mas viram o que acontecera a Ananias e Safira. No versículo 13, Lucas diz: “Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles [os apóstolos]…”. Quando a Igreja trata o pecado com seriedade, não sendo conivente com ele, ela adquire respeito  e confiança tanto dos seus membros quanto das pessoas de fora. O oposto também é verdade. Uma Igreja que acoberta coisas erradas não é levada a sério. 

2. Uma igreja forte. Após o episódio envolvendo Ananias e Safira, a Igreja saiu fortalecida. Lucas relatou que “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos” (At 5.12). Quando a Igreja não é conivente com o pecado, ela se fortalece espiritualmente, pois o Senhor opera maravilhas no meio dela. Da mesma forma, se a Igreja aceita passivamente coisas erradas, o Espírito Santo se entristece e ela acaba morrendo espiritualmente. 

Quando lemos as cartas às Igrejas da Ásia, no Livro do Apocalipse, podemos perceber isso claramente. As Igrejas de Éfeso, Esmirna e Filadélfia foram elogiadas por Jesus porque não toleraram falsos ensinos e o pecado em seu interior. Por outro lado, as Igrejas de Pérgamo e Tiatira foram duramente condenadas por serem tolerantes com heresias e idolatria. As Igrejas de Sardes e Laodicéia já estavam mortas espiritualmente. 

Que Deus nos guarde na verdade!

07 agosto 2025

O CRISTÃO E A MENTIRA

(Comentário do 2° tópico da lição 06: Uma igreja não conivente com a mentira).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da mentira no meio cristão. Em primeiro lugar, veremos que mentir é uma questão de escolha. Mesmo a mentira tendo a sua origem no Diabo, cabe a cada um escolher mentir ou falar a verdade. Na sequência, veremos que Ananias e Safira foram atraídos pela mentira e quiseram se beneficiar dela. Por fim, veremos que a mentira tem consequências drásticas. No caso de Ananias e Safira, custou-lhes a própria vida. 

1. Mentir é uma escolha. Todos nós, seres humanos, nascemos com a natureza pecaminosa, que herdamos dos nossos primeiros pais. Sendo assim, temos a inclinação natural para o pecado. No Salmo 51, ao confessar o seu pecado a Deus, Davi disse: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. (Sl 51.5). Isto não significa que o pecado seja algo automático, que acontece contra a vontade humana. O ser humano peca porque escolhe seguir a sua natureza pecaminosa. 
Embora o pecado tenha a participação do diabo na fase da tentação, a responsabilidade por pecar será sempre do ser humano que tem livre-arbítrio, ou seja, tem liberdade para tomar decisões, e decide pecar. O ser humano não regenerado está morto espiritualmente em seus pecados e ofensas (Ef 2.1) e não tem condições de, por si mesmo, livrar-se da escravidão do pecado. Jesus disse que “todo aquele que peça é escravo do pecado.” (Jo 8.34).
Quando damos ouvidos à voz do Espírito Santo e recebemos a Cristo como Senhor e Salvador, o Espírito Santo opera em nosso interior o milagre do novo nascimento ou regeneração e nos capacita a viver de acordo com o padrão de Deus. Isso, porém, não significa que estamos completamente isentos de cometer pecados. A velha natureza pecaminosa continua adormecida em nosso interior e se faz necessário mortificá-la diariamente, vigiando em todo tempo, para não ceder às tentações.
No caso da mentira, que é um pecado, também é assim. Ninguém é obrigado a mentir, tampouco nasce predestinado a ser um mentiroso, como dizem os calvinistas. Cada um de nós é responsável pelas próprias escolhas e não podemos fazer como Adão e Eva que, ao serem interrogados por Deus, tentaram transferir a culpa para terceiros. Cada um é responsável pelos seus próprios atos e dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12).

2. Atraídos pela mentira. Ananias e Safira eram livres para escolher a mentira ou a verdade, mas escolheram mentir. Pedro deixou bem claro em sua repreensão a Ananias que a propriedade era deles e, portanto, o dinheiro da venda era deles. Ninguém os obrigou a vender, nem tampouco a fazer a doação do dinheiro. Se eles entregassem a metade do dinheiro, trinta por cento, dez por cento, não teria problema algum. O problema estava exatamente em mentir, entregando uma parte do dinheiro, fingindo que era a totalidade do valor da venda. 
O casal Ananias e Safira eram crentes e certamente ouviram muitos ensinos da Palavra de Deus, transmitidos pelos apóstolos. Viram também outras pessoas, movidas pelo amor, venderem as suas propriedades e trazerem o dinheiro, voluntariamente, para ajudar aos necessitados. Mas eles eram avarentos e não quiseram entregar todo o dinheiro. Por outro lado, não queriam ficar mal perante a Igreja e não levar nada, pois todos sabiam que eles tinham condições. 
Por isso, foram atraídos para a mentira, pelas artimanhas do inimigo. Tiago escreveu: “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”. (Tg 1.14). Segundo Myer Pearlman, “houve um tempo em que Ananias e Safira tinham a possibilidade de resistir à tentação”. Entretanto, eles foram seduzidos pela tentação de ficar com uma parte do dinheiro da venda, cederam à tentação e mentiram.
O texto bíblico não diz por que o casal resolveu mentir. Mas podemos deduzir que eles queriam obter vantagem com a mentira. Que tipo de vantagem eles poderiam obter com esta atitude? Se a mentira não tivesse sido desmascarada pelo Espírito Santo, eles teriam sido elogiados pela Igreja, por terem sido “generosos” para com os pobres, como aconteceu com Barnabé. 

3. Mentir tem consequências. A mentira é uma escolha, como vimos acima, mas ela traz consequências trágicas, não apenas para quem mente, mas também para outras pessoas atingidas por ela. Na Bíblia temos exemplos de pessoas que morreram, vítimas de mentiras de outras pessoas: um profeta nos dias de Jeroboão, que foi vítima da mentira de um profeta velho; Nabote, que foi apedrejado por causa de mentirosos contratados por Jezabel para o acusarem de blasfêmia; Estevão, que também foi apedrejado com base em mentiras; etc. 
Temos também na Bíblia casos de pessoas justas, que mentiram por medo ou para obter vantagens pessoais e colheram os frutos amargos da mentira, como Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Jacó. Só não aconteceram tragédias maiores, porque Deus teve misericórdia deles e  as impediu. Abraão, ao ser indagado por Faraó, rei do Egito, e por Abimeleque, rei de Gerar, a respeito de Sara, sua mulher, como medo de morrer, disse que ela era sua irmã. Sara chegou a ser levada para se tornar concubina destes reis (Gn 12.10-19; 20.1-9). O fato só não se consumou, porque Deus entrou em ação e não permitiu. 
Isaque seguiu o exemplo do pai e também mentiu a Abimeleque rei de Gerar, dizendo que Rebeca, sua mulher, era sua irmã (Gn 26.6-10). Na velhice de Isaque, Rebeca induziu o seu filho Jacó a mentir para o seu pai dizendo que era Esaú, para ficar com a benção da primogenitura (Gn 28.6-27). Por causa disso, Esaú quis matá-lo e ele teve que fugir para Padã-Arã, onde passou cerca de vinte anos morando com o seu tio Labão (Gn 6.41-44). Se não fosse a providência divina, teria acontecido um fratricídio naquela família.
Por fim, temos o caso do casal Ananias e Safira, que é o assunto desta lição, os quais foram mortos por causa da própria mentira. Na atualidade também, muitos mentem para obter vantagens e caluniam os outros, para tirá-los da concorrência. Com isso, destroem reputações, semeiam contendas e destroem famílias e ministérios. Estas pessoas até escapam da morte física, mas morrem espiritualmente e, certamente, não escaparão do juízo de Deus, se não se arrependerem. 

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 39
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, p.64

06 agosto 2025

O DIABO, O PAI DA MENTIRA

(Comentário da Lição 06: Uma Igreja não conivente com a mentira).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, veremos que a mentira tem origem no diabo, que é o pai da mentira, como disse Jesus em João 8.44. Inicialmente, veremos que é da natureza satânica, mentir. Jesus disse que quando o diabo mente, “fala daquilo que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.”  Na sequência, veremos que  a mentira é um ardil maligno. Ele não força ninguém a mentir, mas tem uma capacidade enorme de induzir o ser humano a pecar e está por trás de toda espécie de mentira e engano. Por último, veremos que não devemos superestimar o inimigo, nem tampouco subestimar a sua capacidade de enganar. 


1. É da natureza satânica mentir. Assim como faz parte da natureza de Deus ser verdadeiro, também faz parte da natureza do Diabo, mentir, ser falso e enganar. Jesus disse que o diabo quando mente, fala daquilo que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira. Ou seja, a mentira é um atributo ou caraterística própria do diabo. Aliás, o título “diabo” não é o nome próprio dele. Esta palavra é a transliteração portuguesa do termo grego “diabolos”, que significa “acusador” ou “caluniador”. No hebraico, ele é chamado “satan”, que significa “adversário”.

A mentira teve origem nas regiões celestiais com um ser espiritual, que pertencia à ordem angelical dos querubins, sendo o mais exaltado deles (Ez 28.12,14; Is 14.12-15). Este ser se rebelou contra Deus e convenceu um terço dos anjos a fazerem o mesmo. Para fazer isso, evidentemente, ele inventou muitas mentiras, pois ninguém conseguiria uma coisa dessa, falando a verdade. A primeira mentira registrada na Bíblia foi dita por Satanás: “Certamente não morrereis”. (Gn 3.4). 

Antes de proferir esta mentira ao primeiro casal, o inimigo lançou dúvidas sobre o que Deus havia dito: “...É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do Jardim?...” (Gn 3.1). Ora, mesmo não sendo onipresente, o inimigo é um ser espiritual que observa as ações de Deus. Se ele andava andava pelo Jardim, certamente sabia o que Deus havia falado para o primeiro casal. Mesmo assim, iniciou o diálogo com Eva para criar confusão sobre a ordem de Deus. Finalmente, plantou a mentira no coração dela, que passou a desejar o fruto proibido.


2. A mentira como um ardil maligno. Pedro iniciou a sua repreensão a Ananias, perguntando-lhe: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3). A Nova Versão Transformadora (NVT) traduziu este texto assim: “³ "Ananias, por que você deixou Satanás encher seu coração? Você mentiu para o Espírito Santo quando guardou parte do dinheiro para si”. 

Ananias tramou esta mentira em sua casa com a sua mulher Safira, combinando que ambos diriam a mesma coisa aos apóstolos, quando entregassem o dinheiro. Pedro, cheio do Espírito Santo, recebeu a revelação do que estava acontecendo e identificou nesta mentira uma ação do inimigo. Embora o inimigo não tenha obrigado Ananias a mentir, ele fez o trabalho sujo de convencê-lo a fazer isso.

Não devemos subestimar a capacidade do inimigo de enganar, mentir e convencer as pessoas a fazerem coisas erradas. Ele é especialista no assunto e tem muita experiência, pois começou antes da criação do homem. Ele se transfigura em anjo de luz para enganar os desatentos (2 Co 11.14). O apóstolo Pedro nos alertou dizendo: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1 Pe 5.8). 


3. Não superestime o Inimigo! Se por um lado não devemos subestimar o inimigo, achando que ele está amarrado e não pode fazer nada contra nós, por outro lado, não devemos superestimá-lo e equipará-lo a Deus. Apesar de ser um estrategista inteligente, astuto e ter exércitos de demônios sob seu comando, o diabo não é onipresente, onisciente e onipotente como Deus é. Ele não pode estar em vários lugares ao mesmo tempo, não conhece pensamentos e intenções dos corações, e o seu poder é limitado por Deus. 

Precisamos tomar cuidado para não incorrermos no erro do dualismo e pensar que Deus e o Diabo são duas forças equivalentes. Ele é criatura e só pode agir até onde Deus permitir. Além disso, ele já foi derrotado na Cruz e já está condenado. Só falta iniciar o cumprimento da pena, mas não há a possibilidade de mudar a sua sentença. 

O inimigo tem métodos e artimanhas para enganar os crentes. Somente com discernimento, vigilância e toda a armadura de Deus podemos vencer os seus enganos. Escrevendo aos Efésios, o apóstolo Paulo disse: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Ef 6.11). Conforme explicou o comentarista, a expressão “astutas ciladas”, no grego é methodeias, que significa artifícios, truque, arte, malandragem e deu origem portuguesa método. 

Se o Diabo revelasse a sua verdadeira identidade e aparecesse para as pessoas com chifres, com uma cauda enorme e soltando fogo pelas narinas, como muitos imaginam que ele é, ninguém se deixaria enganar por suas investidas. Mas ele é perigoso, justamente porque age de forma sutil, sem revelar quem realmente é.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 39
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp.59,60.
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

04 agosto 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 6: UMA IGREJA NÃO CONIVENTE COM A MENTIRA

TEXTO ÁUREO:

“Disse, então, Pedro: Ananias, porque encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3).

VERDADE PRÁTICA:
Como toda forma de engano, a mentira é pecado. Devemos, pois, andar sempre na luz da verdade.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 5.1-11.

HINOS SUGERIDOS: 77, 302 e 388 da Harpa Cristã.

Objetivos da Lição: 
I) Apresentar a origem da mentira como uma estratégia de Satanás para enganar os crentes; 
II) Mostrar que mentir é uma escolha moral e que todo crente deve rejeitar o engano; 
III) Valorizar a santidade da Igreja e a necessidade de viver em verdade diante de Deus.

Palavras-Chave: 
MENTIRA e CONIVÊNCIA 

O verbo mentir tem origem no termo latino mentiri, que por sua vez, deriva da raiz ‘mens’, cujo significado é mente, inteligência ou intenção. Portanto, mentir é o ato de construir uma realidade falsa, deturpar a verdade ou falar algo que sabe-se que não é verdadeiro, com intenções diversas. 

A palavra mentira no Antigo Testamento é o termo hebraico é sheker, que significa mentira, engano, desapontamento, falsidade (Ex 20.16). No grego, a palavra traduzida por mentira é pseústēs, que significa mentiroso, sem confiança, falso e sem fé (Jo 8.44). Este termo deu origem à palavra portuguesa “pseudo”. 

Não foi colocado na lição, mas é importante definir também a palavra CONIVÊNCIA, pois ela está no título da lição e está intrinsecamente relacionada ao assunto. A palavra conivência deriva do latim “connivens entis” que significa literalmente “fechar os olhos”. Conivência é o ato de cumplicidade, colaboração, conluio, maquinação, cumplicidade e transigência com os erros de outra pessoa. 

INTRODUÇÃO

A lição desta semana é um desdobramento do assunto que vimos na lição passada, quando estudamos sobre o amor na Igreja de Jerusalém. Em todas as lições anteriores, vimos apenas pontos positivos dessa igreja. Entretanto, conforme já falamos em outras lições, ela não era uma igreja perfeita, pois era formada por seres humanos imperfeitos e tinha em seu meio, naturalmente, pessoas carnais. 

Veremos nesta lição o primeiro problema interno enfrentado pela Igreja de Jerusalém que foi a mentira do casal Ananias e Safira. Este fato aconteceu no contexto em que os cristãos mais abastados vendiam algumas das suas posses e, voluntariamente, entregavam o dinheiro aos apóstolos para o socorro dos necessitados. 

Ao ver os irmãos fazerem isso, Ananias não quis ficar por baixo e vendeu uma das suas propriedades, não movido pelo amor, mas para impressionar. Entretanto, como era avarento, combinou com a sua esposa e entregou apenas uma parte do dinheiro da venda da propriedade. O Espírito Santo revelou o plano a Pedro e o casal morreu depois de serem repreendidos por Pedro.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. O DIABO, O PAI DA MENTIRA

No primeiro tópico, veremos que a mentira tem origem no Diabo, que é o pai da mentira, como disse Jesus em João 8.44. Inicialmente, veremos que é da natureza satânica, mentir. Jesus disse que quando o Diabo mente, “fala daquilo que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” Na sequência, veremos que a mentira é um ardil maligno. Ele não força ninguém a mentir, mas tem uma capacidade enorme de induzir o ser humano e está por trás de toda espécie de mentira e engano. Por último, veremos que não devemos superestimar o inimigo, nem tampouco subestimar a sua capacidade de enganar. 

II. O CRISTÃO E A MENTIRA

No segundo tópico, falaremos da mentira no meio cristão. Em primeiro lugar, veremos que mentir é uma questão de escolha e, mesmo aa mentira tendo a sua origem no Diabo, cabe a cada um escolher mentir ou falar a verdade. Na sequência, veremos que Ananias e Safira foram atraídos pela mentira e quiseram se beneficiar dela. Por fim, veremos que a mentira tem consequências drásticas. No caso de Ananias e Safira, custou-lhes a própria vida.

III. A IGREJA QUE REPELE A MENTIRA

No terceiro tópico, falaremos do resultado de uma Igreja que repele a mentira. O primeiro resultado é uma igreja temente a Deus. Após o julgamento divino sobre Ananias e Safira, veio grande temor dentro e fora da Igreja de Jerusalém. O segundo resultado é uma igreja forte. Uma Igreja que não compactua com a mentira em seu seio torna-se forte, pois o Espírito Santo opera maravilhas no meio dela e ela passa a ser respeitada na sociedade em que está inserida. 

Ev. WELIANO PIRES 
AD-BELEM/SÃO CARLOS, SP.

UMA IGREJA NÃO CONIVENTE COM A MENTIRA

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD

A lição desta semana trata sobre um comportamento execrado pela Palavra de Deus e que é muito comum no mundo. Estamos falando da prática da mentira, um malefício que resulta em grandes problemas para a vida das pessoas que a tornam um hábito. A igreja primitiva também teve de lidar com esse tipo de atitude. A mentira de Ananias e Safira é um dos grandes exemplos bíblicos que expressam a insatisfação de Deus em relação à mentira (At 5.1-11). As Escrituras classificam o Diabo como pai e autor da mentira (Jo 8.44). Em contrapartida, nosso Senhor é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14.6). Essa declaração comprova o compromisso de Jesus com a verdade.

O pecado da mentira é um mal contumaz que tem feito parte da vida de muitas pessoas. A mentira destrói famílias, relacionamentos, separa os melhores amigos e pode levar até mesmo inocentes a serem injustamente condenados. Em geral, a mentira é praticada por quem não sabe lidar com o medo de encarar a verdade ou pelo constrangimento de ser punido. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD, sobre Ananias e Safira, “em um profundo contraste com a falta de egoísmo de outros membros da igreja, eles fingiram dar à igreja o valor total da venda de sua propriedade, mas na realidade estavam separando uma parte para si mesmos. Pedro repreendeu Ananias, que imediatamente caiu morto por um julgamento Divino. Algumas horas mais tarde, Safira foi igualmente julgada pelo mesmo esforço de enganar. É importante perceber que Pedro previa, mas não decretava esses julgamentos, que eram atos exclusivos de Deus. A severidade do julgamento de Deus é um aviso para todos, e não se repetiu em casos posteriores por causa da sua tolerância e do desejo que tem de que nos arrependamos. Esse casal pode não ter sido enviado à punição eterna, como alguns supõem, mas, antes, levados desta vida para que não fossem condenados com os infiéis (1Co 11.29-32).” (2006, p.98).

Não obstante o exemplo de Ananias e Safira, há quem acredite que Deus não atua da mesma maneira hoje em relação à mentira e outros pecados, com tal evento sendo só uma forma de ensinar aos primeiros cristãos sobre a onisciência do Espírito Santo. Na verdade, nosso Deus continua comprometido com a fidelidade a Seu santo Evangelho, bem como Seu Espírito se indigna com a mentira (Pv 6.16,17). Ele espera de nós comprometimento com afinco às verdades basilares do Evangelho. Em tempos de mornidão espiritual, importa sermos cautelosos e reafirmar nosso compromisso com o testemunho cristão para não sermos achados em falta quando o som da trombeta soar. 

01 agosto 2025

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Uma Igreja cheia de amor).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da manifestação do amor através da solidariedade cristã. Inicialmente falaremos da busca pela equidade, que é diferente de igualdade, pois não busca nivelar a todos, mas reconhecer o direito de cada um. Na sequência, falaremos de propriedade e compartilhamento. Diferente da ideologia comunista, a Igreja de Jerusalém não abolia o direito à propriedade, mas compartilhavam parte dos seus bens para socorrer aos necessitados. Por fim, esta atitude dos crentes de Jerusalém foi um exemplo de voluntariedade e ninguém foi constrangido a entregar as suas propriedades. 

1. A busca pela equidade. O amor ao próximo se manifesta na equidade, ou seja no reconhecimento do direito de cada um, considerando as dificuldades particulares. Aqui, o comentarista fez questão de estabelecer a diferença entre igualdade e equidade. Embora sejam parecidas, são coisas diferentes. Há uma adágio popular, usado em tom de crítica aos privilégios concedidos aos poderosos, que diz: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros”. 

Todos devem ser considerados iguais, no sentido de dignidade, respeito, direitos e deveres. Qualquer coisa fora disso seria acepção de pessoas e a Bíblia condena isso. Entretanto, antes de considerar todos iguais, é preciso corrigir as desigualdades entre as partes. Na matemática estudamos sobre valor absoluto e valor relativo. No valor absoluto, o valor de um algarismo é exatamente o seu valor real. No valor relativo, no entanto, o valor deste mesmo número é de acordo com a posição dele. Por exemplo, no numeral 333, o primeiro três vale 300, o segundo vale 30 e o terceiro, vale 3. 

Na Igreja de Jerusalém e na sociedade da época havia muita desigualdade social. Havia escravos, cobradores de impostos, soldados, pecadores, viúvas e órfãos que não tinham previdência social e havia também pessoas abastadas, que tinham mais de uma propriedade. Não se deve tratar a todos da mesma forma em ambiente assim, pois as neves são diferentes. Como acontece em todo o mundo em qualquer época, o número de pobres era maior. Sendo assim, os cristãos que tinham mais condições financeiras, vendo a necessidade dos mais pobres, decidiram voluntariamente vender uma das suas propriedades e doar o valor para que os apóstolos socorressem aos mais necessitados.

2. Propriedade e compartilhamento. Neste ponto, o comentarista faz um esclarecimento necessário sobre a questão da propriedade. Isto é importante porque os adeptos da chamada Teologia da Libertação usam este texto do Livro de Atos, para dizer que a Igreja Cristã era comunista e defende que as propriedades dos ricos sejam divididas. Este movimento surgiu após o Concílio Vaticano II, dentro da Igreja Católica, como oposição aos regimes ditatoriais na América Latina e ao capitalismo. Em 1971, um padre peruano chamado Gustavo Gutiérrez publicou um livro denominado "A Teologia da Libertação”. 

A partir desta publicação teve início um movimento ecumênico, que interpretava os ensinos de Cristo, aplicando-os não à libertação do pecado no aspecto moral, mas a uma suposta libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Além de Gustavo Gutiérrez, os brasileiros Leonardo Boff e Frei Beto, e os Jesuítas Juan Luis Segundo e Jon Sobrino, também foram expoentes desta teologia na América Latina. Foram criadas dentro das igrejas católicas da América Latina, pequenos grupos chamados de Comunidades Eclesiais de Base, que para promover campanhas da fraternidade voltadas para os temas da distribuição de renda, reforma agrária, entre outros. Foi através da Teologia da Libertação que surgiram movimentos políticos de esquerda como o PT, Liga dos Camponeses, Via Campesina, MST, MTST e outros.

Do lado protestante também surgiu uma versão desta teologia, que é chamada Teologia da Missão Integral (TMI). O pioneiro desta teologia foi o pastor Renê Padilha nascido no Equador e radicado na Argentina, onde desenvolveu o seu ministério pastoral. Em 1984, Padilha publicou o livro: O Reino de Deus e a Igreja, que é uma coleção de artigos e palestras dele. Renê Padilha se empenhou em associar o Evangelho às ações sociais e tinha proximidade com os movimentos políticos de esquerda da América Latina. Ele ensinava que Jesus não veio salvar apenas a alma, mas também transformar a sociedade. No Brasil, os pastores Caio Fábio, Ariovaldo Ramos, Ed Renê Kivitz, Ricardo Gondim e outros são expoentes dessa teologia. Alguns destes pastores, posteriormente aderiram também à teologia liberal e ao teísmo aberto. Ed Renê Kivitz chegou a dizer que a Bíblia precisa ser “ressignificada” e “atualizada”. Ricardo Gondim perdeu completamente o rumo. Declarou publicamente que rompeu com os evangélicos e pediu perdão aos homossexuais pelas críticas que fez no passado ao homossexualismo. 

Estas teologias, no entanto, não tem nada a ver com o que aconteceu na Igreja de Jerusalém. Primeiro, porque em lugar algum, a Bíblia condena a propriedade privada. Ao contrário, no Antigo Testamento, as leis protegiam a propriedade e havia duras penas para quem se apropriasse dos bens alheios. No Novo Testamento, nem Jesus nem os seus apóstolos jamais falaram contra o direito de propriedade. Além disso, as propriedades não foram confiscadas pelo governo como se faz no comunismo. As pessoas que tinham mais de uma propriedade, vendia apenas uma e trazia o dinheiro aos apóstolos. Mas continuavam com outras propriedades. 

3. Um exemplo da voluntariedade. Não houve nenhuma exigência dos apóstolos para que os cristãos vendessem as suas propriedades. O apóstolo Pedro ao repreender Ananias, disse: “Vendendo, o dinheiro não era teu?”. O que foi condenado em Ananias e Safira, sua esposa, não foi o fato de não entregarem o dinheiro todo da propriedade, pois o dinheiro era deles. O problema deles foi a mentira ao Espírito Santo, fingindo ser o que não eram, como veremos na próxima lição. 

O que devemos destacar aqui é a voluntariedade dos crentes em ajudar os seus irmãos necessitados. Não se trata de dividir propriedades com os pobres para que todos se tornem iguais. Os ricos continuaram ricos e os pobres continuaram pobres. Houve apenas uma disposição voluntária de alguns irmãos para ajudar, que era fruto da manifestação do amor de Deus. Esta forma de ajuda não foi uma regra estabelecida para as igrejas em todas as épocas. As outras igrejas mencionadas no Novo Testamento não fizeram isso, embora também tenham ajudado aos pobres.

Esta não foi, necessariamente, a melhor forma de ajuda a ser adotada mesmo naquela época e não diminuiu a pobreza. A Igreja de Jerusalém também passou por sérias dificuldades econômicas e precisou ser socorrida por outras Igrejas gentílicas. Por que estou dizendo isso? Porque na atualidade, algumas pessoas dizem que os cristãos devem vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro com os mais pobres. Outros dizem que os pastores devem pegar o dinheiro dos dízimos e ofertas e construir casas populares. 

Claro que devemos socorrer os irmãos necessitados, mas a Igreja não pode assumir as obrigações do poder público, deixando a missão de pregar o Evangelho para fazer obras sociais. Alguém já disse sabiamente que “o melhor programa social é um emprego”. Portanto, podemos ajudar as pessoas pobres, promovendo cursos profissionalizantes, abrindo empresas em áreas crentes, divulgando os seus trabalhos, comprando os seus produtos, para que possam ter independência financeira e viver com dignidade.

O ENSINO SOBRE OS DESEJOS, EM TIAGO

(Comentário do 3º tópico da Lição 9: A contade - o que move o ser humano) No terceiro e último tópico, trataremos do ensino de Tiago a respe...