(Comentário do 2° tópico da Lição 08: Uma lição de humildade).
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos da relação entre a humildade e o autoconhecimento. Inicialmente, trataremos do conhecimento que Jesus tinha da própria natureza e da compreensão que Ele tinha do seu papel como Senhor e Mestre. Falaremos também do exemplo deixado por Jesus, que sendo Senhor, fez-se servo para ensinar aos seus discípulos, o valor da humildade. Por último, falaremos da preocupação dos discípulos em saber quem seria o maior no Reino dos Céus.
1. Conhecendo a própria natureza. João iniciou o relato do capítulo 13, dizendo que Jesus sabia de antemão tudo o que estava para acontecer com Ele, ou seja, que seria entregue nas mãos dos judeus, seria crucificado e depois voltaria para o Pai (Jo 13.1). Ele sabia das humilhações e dores que iria sofrer no dia seguinte a este fato. Jesus não foi um mártir, que foi morto por confrontar os religiosos, como ensinam os adeptos do chamado “evangelho social”. Ele veio a este mundo exatamente para morrer pelos pecadores e reconciliá-los com Deus.
Além de saber de antemão o que iria lhe acontecer, Jesus sabia também quem Ele é. João disse que Jesus sabia que o Pai entregou todas as coisas em suas mãos, que Ele havia saído do Pai e voltaria para o Pai (Jo 13.3). Jesus tornou-se homem, mas nunca deixou de ser Deus. Ele sabia perfeitamente que, mesmo sendo homem, continuou sendo Deus e Senhor de todos. Em uma tempestade, o vento e o mar lhe obedeceram. Quando Ele repreendeu o espírito maligno que estava no endemoninhado gadareno, o demônio gritou: “Que tenho eu contigo Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes”. (Lc 8.28).
Entretanto, mesmo sabendo da sua divindade e tendo consciência de que é o Senhor de todos, Jesus assumiu a função de um escravo para servir aos seus discípulos, lavando-lhes os pés. Jesus não teve dificuldade de fazer isso, porque Ele é manso e humilde de coração (Mt 11.29). Faz parte da sua natureza amar, compadecer-se e servir. Ele mesmo disse que não veio a este mundo para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28).
2. O exemplo deixado por Jesus. Jesus é o nosso modelo em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, durante a nossa vida neste mundo. Ele não é alguém que está longe da nossa realidade e exige um padrão de conduta que Ele mesmo não conhece de perto. Jesus fez-se homem e viveu neste mundo, sujeito às mesmas dificuldades e tentações que nós. Ele foi tentado de todas as formas, mas nunca pecou (Hb 4.15). Se o cristão deseja saber se algo está certo ou errado, precisa saber o que as Escrituras falam sobre o assunto e se Jesus faria tal coisa.
No caso da humildade, que é o assunto desta lição, mesmo sendo Deus, Senhor e Mestre, Jesus deu-nos o maior exemplo de humildade, em tudo o que fazia. Primeiro, quando esvaziou-se da sua glória, tomou a forma humana e veio a este mundo. Falando sobre isso, o apóstolo Paulo assim escreveu aos Filipenses: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”. (Fp 2.5-8).
Jesus deu-nos o exemplo de humildade também em outras ocasiões durante o seu ministério terreno. Mesmo sendo quem Ele é, nunca buscou a glória para si e não fazia questão de aparecer. Ele não se vestia diferente dos seus discípulos e não buscava lugares de honra por onde passava. Quando os soldados foram prendê-lo, foi preciso Judas indicar com um beijo, para que eles soubessem quem era Jesus entre os discípulos. Jesus nunca ostentou nada e não fazia acepção de pessoas. Aliás, os fariseus o criticavam porque Ele tinha amizade com pessoas que eram desprezíveis naquela sociedade, como os publicanos, samaritanos e prostitutas.
Olhando para o exemplo de Jesus, não deveríamos ter nenhuma dificuldade em servir ao próximo e submeter-nos à liderança de outras pessoas, como disse o comentarista. Entretanto, a nossa natureza corrompida pelo pecado tem a tendência de achar que somos mais importantes que os outros e que devemos ser servidos, em vez de servir. Somente através da ação do Espírito Santo em nosso interior, é que podemos mortificar a velha natureza e agir como Jesus.
3. O maior no Reino de Deus. Conforme mencionamos no tópico anterior, os discípulos de Jesus tinham mania de grandeza e viviam em constante disputa, para ver quem seria considerado o maior entre eles: “E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior”. (Lc 22.24). A resposta de Jesus sobre esta disputa dos discípulos foi a seguinte: “E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve”. (Lc 22.25,26).
Este tipo de comportamento é incompatível com um discípulo de Jesus, pois Ele nunca agiu assim e sempre fez o contrário disso. Sendo Deus, fez-se servo e nunca reivindicou a sua igualdade com o Pai. Esta postura de humildade de Jesus faz com que alguns hereges pensem que Ele é inferior ao Pai. Mas, a Bíblia deixa claro que Ele é igual ao Pai, como vimos no trimestre passado. Entretanto, em sua humilhação como homem, Jesus nunca buscou a glória para si.
No Reino de Deus, os valores são antagônicos aos deste mundo. Para o mundo, grandes são os que têm riquezas, títulos acadêmicos, poder político, fama, etc. Por isso, as pessoas fazem de tudo serem ricas e famosas. Lamentavelmente, este comportamento tem contaminado o meio evangélico. Muitos crentes atualmente não procuram servir e sim “ser vistos”. Até fazem algum trabalho na Igreja, mas o objetivo é estar em evidência e não servir.