20 fevereiro 2025

HERESIAS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE JESUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 08: Jesus viveu a experiência humana)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos das heresias que negavam a humanidade plena de Jesus. Falaremos da heresia do Apolinarismo, defendida por Apolinário, que viveu entre 310 e 392 d.C. e foi bispo da Laodicéia da Síria. Na sequência falaremos da reação da Igreja a esta heresia, através do Concílio da Calcedônia em 451 d.C. Por último, falaremos do Monotelismo, que foi uma heresia propagada pelo patriarca Sérgio de Constantinopla e foi considerada heresia no Terceiro Concílio de Constantinopla em 681 d.C. 


1- Apolinarismo. Na lição 03, quando falamos da encarnação do Verbo, estudamos sobre a heresia do Docetismo, que negava a corporeidade de Jesus e dizia que Ele não tinha um corpo real, mas apenas a aparência humana. Falamos também da heresia do Gnosticismo que dizia que a matéria é má e, portanto, Jesus não poderia ter um corpo e ser perfeito. Por fim, falamos do Marcianismo que também negava a humanidade plena de Jesus. 

Na lição 07, quando falamos das naturezas humana e divina de Jesus, vimos a heresia do Nestorianismo que dizia que havia duas pessoas em Jesus, sendo uma divina e outra humana. Vimos também a heresia do Monofisismo que dizia que as duas naturezas de Jesus se fundiram e se transformaram em uma natureza que não era humana, nem divina. Falamos também das heresias do Kenoticismo e da Mariolatria, mas estas não estão relacionadas à humanidade de Jesus. 

Nesta lição, trataremos de outra heresia relacionada à humanidade de Cristo, que é chamada de Apolinarismo, ou Apolinarianismo. Esta heresia recebeu este nome por ter sido defendida por Apolinário, que foi bispo de Laodicéia da Síria (Não era a Laodicéia da Ásia Menor, mencionada em Apocalipse), por volta de 310 d.C. 

O Apolinarismo não negava a corporeidade de Jesus, como os gnósticos e os docetas, mas dizia que Ele não teve um espírito humano. Apolinário admitia que Jesus teve um corpo humano, mas negava que Ele teve um espírito humano. Segundo o ensino de Apolinário, o Verbo assumiu o lugar do espírito  humano em Jesus e ele não tinha pensamentos humanos. Isso equivale a negar a humanidade plena de Jesus. 


2- Reação da igreja. Conforme vimos no primeiro tópico, Jesus viveu plena a experiência humana. Ele não era humano apenas no corpo como defendia Apolinário. No texto de Mateus 26.38, mencionado pelo comentarista, lemos o seguinte: “Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo”. Aqui vemos claramente os sentimentos da alma humana de Jesus. Em outro texto citado, Jesus disse: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23.46). Evidentemente, Ele falava do espírito humano e não da sua divindade, pois esta é inseparável do Pai e do Espírito Santo, visto que não são três deuses. 

A intenção de Apolinário era boa. Ele tinha o objetivo de combater o Arianismo, que negava a divindade plena de Jesus. Mas, no afã de defender a divindade de Jesus, Apolinário acabou diminuindo a sua humanidade. A Igreja reagiu a este ensino e considerou o apolinarismo como heresia no Concílio de Calcedônia, em 451 d.C. Jesus é plenamente humano em espírito, alma e corpo. A única diferença da humanidade de Jesus para a nossa é que a sua natureza não foi corrompida pelo pecado e Ele foi o Homem perfeito. 


3- Monotelismo. Três séculos após o surgimento do apolinarismo, surgiu outra heresia chamada Monotelismo, que não deve ser confundida com monoteísmo, que a crença em um único Deus. Esta heresia foi propagada por Sérgio de Constantinopla. A palavra monoteísmo vem de duas palavras gregas: “monos” (único) e “thelēma” (vontade). O monotelismo ensinava que Jesus tinha apenas uma vontade que era a divina. Sobre os textos bíblicos que mostram claramente as vontades humanas de Jesus, o monotelismo dizia que isso era apenas aparente. 

A Bíblia mostra claramente que Jesus teve vontade humana e vontade humana. Mas essas vontades não são duas pessoas como dizia o Nestorianismo e não são conflitantes. A vontade humana de Jesus submeteu-se à vontade divina, pois Ele foi obediente ao Pai em tudo. Por isso, o monotelismo foi considerado heresia e condenado no terceiro concílio de Constantinopla em 681 d.C.


A EXPERIÊNCIA HUMANA NO MINISTÉRIO DE JESUS

(Comentário do primeiro tópico da Lição 08: Jesus viveu a experiência humana).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos da experiência humana no ministério de Jesus. Falaremos dos debates com as autoridades religiosas de Israel: Fariseus, saduceus e herodianos, que eram os seus principais opositores e buscavam meios de apanhá-lo em alguma falha para o condenarem à morte. Na sequência, falaremos da vida social e religiosa de Jesus, através da escolha dos discípulos, do seu relacionamento com parentes e amigos e da sua interação com pessoas de diversas classes sociais. Por último, falaremos das características naturais de um ser humano que Jesus possuía. 


1- Os debates com as autoridades religiosas. Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus enfrentou diversos embates com as autoridades religiosas do seu tempo. Os seus ensinos e estilo de vida contrastavam com a hipocrisia em que viviam os religiosos, que diziam uma coisa e praticavam outra. O Judaísmo naqueles dias não era unificado como nos dias de Moisés, Josué e Samuel. Israel viveu sob o domínio grego no chamado período interbíblico e nos dias de Jesus estava sob o domínio romano. 


Havia diferentes pensamentos no que tange ao relacionamento de Israel com o domínio estrangeiro. Por isso, os religiosos do tempo de Jesus estavam divididos em cinco partidos religiosos: Fariseus, Saduceus, Herodianos, Zelotes e Essênios. O comentarista mencionou apenas três deles, que foram os que entraram em debates com Jesus:


a) Fariseus. Os fariseus eram um grupo religioso de Israel, que surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos. Este nome aparece pela primeira vez durante a época do governo de João Hircano, que governou a Judéia entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano, que era sumo sacerdote, era também um fariseu. Depois passou para o partido dos saduceus. 


A palavra hebraica “prushim” (fariseus) tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Os fariseus eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Além dos mandamentos da Lei de Moisés, os fariseus criaram muitas regras preventivas, para “evitar que as pessoas pecassem”. Nicodemos, Gamaliel e Saulo de Tarso fizeram parte deste grupo. 


Em Mateus 23, Jesus teceu duras críticas aos fariseus, dizendo que eles criaram “fardos pesados e difíceis de suportar”, que eram hipócritas e ficavam na porta dos céus. Não entravam e impediam os outros de entrarem. Os fariseus eram inimigos de Jesus e tiveram vários embates com Ele, buscando apanhá-lo em alguma falta, para o acusarem diante dos romanos e conseguirem a sua execução. 


b) Saduceus. Assim como os fariseus, os saduceus também tiveram origem no período interbíblico. Este partido era formado em sua grande maioria pela classe sacerdotal. Não se sabe ao certo a origem e o significado deste nome e há várias teorias sobre isso. O historiador judeu Flávio Josefo fez várias citações sobre os saduceus, mas o fez de forma hostil e parcial, visto que ele pertencia ao grupo dos fariseus, que era inimigo dos saduceus. A teoria mais aceita é a de que os saduceus eram descendentes de Zadoque, que foi sumo sacerdote escolhido nos dias de Salomão (1 Rs 2.35). 


Os saduceus reconheciam como Escrituras Sagradas apenas o Pentateuco e o consideravam superior aos livros históricos, poéticos e proféticos. Diferente dos fariseus, os saduceus não aceitavam as tradições orais dos anciãos. Eram humanistas e não criam em anjos, espíritos e na ressurreição. Tinham também uma visão deísta, pois não acreditavam na providência de Deus ou quaisquer intervenção divina na história da humanidade.


Politicamente, os saduceus apoiavam o império romano, pois se beneficiavam dele. Diferente dos fariseus, os saduceus tinham poucos apoiadores. Entretanto, os que os apoiavam eram pessoas da classe sacerdotal e pessoas ricas. Apesar de serem rivais dos fariseus, os saduceus se uniram a eles contra Jesus e ambos queriam matá-lo, por razões diferentes. Os fariseus viam em Jesus uma ameaça à sua religiosidade hipócrita. Os saduceus, por sua vez, viam em Jesus uma ameaça aos seus prestígios e lucros materiais. 


c) Herodianos. Os herodianos, como o próprio nome sugere, eram os apoiadores do governo de Herodes Antipas, que era um vassalo do Império romano na região da Judeia. Eram considerados inimigos da pátria pela maioria dos judeus, principalmente pelo grupo dos fariseus e dos zelotes. Mas, em se tratando de Jesus, eles se uniam aos saduceus e aos fariseus contra Ele (Mt 22.16).


Os herodianos eram pessoas influentes, que viam na pessoa de Herodes uma espécie de Messias que iria colocar o povo judeu em vantagem perante o Império romano e obter privilégios deste. Certamente, eles desfrutavam da proteção de Herodes e do Império romano. Por isso, viam em Jesus uma ameaça à paz política que Herodes poderia supostamente oferecer. 


d) Zelotes. O termo grego zelotes, significa “zeloso”. O partido dos zelotes era um grupo radical ultra nacionalista, que não aceitava de forma alguma que os israelitas pagassem tributos a um governo estrangeiro e pagão. Eles entendiam que Israel deveria ser governado por Deus. Submeter-se a um governo estrangeiro seria uma traição a Deus. 


Os Zelotes se originaram na revolta de Judas Galileu, que se revoltou contra o domínio romano por volta do ano 6 d.C. Este grupo praticava atentados a soldados e autoridades romanas, pois entendia que a violência se justificava nesse caso. Hoje seriam considerados um grupo terrorista. Alguns comentaristas sugerem que Barrabás pertencia a este grupo e por isso foi preso. Um dos apóstolos de Jesus, chamado Simão (não Pedro), também pertenceu a este grupo. Não há registros na Bíblia de embates desse grupo com Jesus. 


e) Essênios. A palavra grega traduzida por essênios é essenoi, que significa “curador”. O partido religiosos dos essênios era uma comunidade de judeus que viveram no tempo de Jesus, mas não são mencionados na Bíblia. Eram pessoas que observavam rigorosamente as cerimônias da Lei Mosaica. Viviam em comunidades e cada uma delas havia uma sinagoga. 


Alguns dizem que era necessário um ritual de purificação, que incluía o batismo em águas e juramentos, para ingressar no grupo. Quem quisesse fazer parte do grupo, precisava abrir mão dos seus bens em prol da comunidade. Adotavam um estilo de vida simples e quando viajavam eram acolhidos por pessoas do grupo. Por causa destas características, alguns sugerem que João Batista fazia parte deste grupo. Mas não há nada na Bíblia que fundamente este hipótese, pois este grupo sequer é mencionado.


Os essênios foram muito importantes na preservação das Escrituras judaicas. Eles envolveram várias porções das Escrituras judaicas em panos de linho, colocaram em jarros de barro com tampa e esconderam na caverna de Qumran, na região do Mar Morto. Estes manuscritos foram encontrados no ano de 1947 por beduínos e é o maior achado arqueológico do século XX. Em 68 d.C., os Zelotes se insurgiram contra Roma e na resposta devastadora do Império, os Essênios praticamente desapareceram da região. 


2- A vida social e religiosa de Jesus. Jesus não viveu apenas de debates com os grupos religiosos como vimos acima. O professor Tiago Rosas, do Canal EBD Inteligente, observa que este tópico está invertido e deveria começar pelo terceiro ponto, que trata das características próprias do ser humano que Jesus possuía. Depois deveria seguir para o segundo ponto que trata da vida social e religiosa de Jesus. Por último, deveria mencionar os embates com os religiosos que aconteceram no final do ministério terreno de Jesus em Jerusalém, quando Ele já era bem conhecido. Mas, vamos seguir a ordem proposta pela revista.


O Evangelho segundo Lucas fala de Jesus como o Homem Perfeito e traz detalhes do desenvolvimento de Jesus desde a sua concepção, passando pelo seu nascimento,  circuncisão, apresentação no templo, o cântico de Maria e as palavras de Simeão e Ana. Lucas menciona ainda os parentes, amigos e vizinhos de Jesus. Na sequência, Lucas menciona o episódio em que Jesus foi à festa em Jerusalém com os seus pais aos doze anos e ficou lá no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Finalizando esta fase, Lucas fala do desenvolvimento físico, mental e espiritual de Jesus: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.” (Lc 2.53). 


No capítulo três, Lucas apresenta a genealogia de Jesus até Adão. Esta genealogia difere da que foi apresentada por Mateus, que além de ir apenas até Abraão, pois Mateus escreveu para o judeus, os nomes a partir de Davi até Jesus são diferentes. Na genealogia de Mateus, o pai de José é chamado de Jacó e os ascendentes de Jesus são descritos a partir de Salomão, filho de Davi (Mt 1.6). Lucas, porém, diz que o pai de José é Heli e traz os ascendentes a partir de outro filho de Davi chamado Natã (Lc 3.31). A maioria dos estudiosos bíblicos dizem que Lucas trouxe a genealogia de Maria, enquanto Mateus apresentou a genealogia de José.


Na idade adulta, Jesus pregou na sinagoga de Nazaré e foi expulso pelos seus compatriotas. Ele escolheu os primeiros discípulos em ambiente de amigos pescadores.  Outros foram chamados no trabalho como Mateus. Jesus proferiu vários sermões no monte, na planície, nos barcos e em particular aos seus discípulos. Ele também ensinava por parábolas, partindo de conversas particulares e exemplos do dia a dia dos seus ouvintes.


Jesus também interagia com pessoas de diversas classes sociais, principalmente aquelas que eram desprezadas e excluídas da sociedade judaica, como as mulheres, os publicanos, os samaritanos, as prostitutas, etc. Ele participou de festa de casamento, jantares, banquetes e conquistou as crianças. Isso nos mostra que Jesus enquanto ser humano era amável, pois criança não se aproxima de pessoas carrancudas e chatas. 


3- Características próprias do ser humano. Jesus possuía as características físicas, emocionais e espirituais de um ser humano, com exceção da natureza pecaminosa que Ele não tinha. A sua concepção, evidentemente, foi sobrenatural pois Ele foi gerado pelo Espírito Santo e não a partir de uma conjunção carnal entre homem e mulher. Mas o seu  nascimento foi um parto normal como o de qualquer criança. O dogma da virgindade perpétua de Maria,  ensinado pela Igreja Católica, não se sustenta à luz da Bíblia. 


Jesus teve sentimentos normais de um ser humano. Emocionalmente, ele sentiu angústia e tristeza: “Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.” (Mt 26.38); Ele também chorou: “Jesus chorou” (Jo 11.35); Compadeceu-se do sofrimento das pessoas: “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela e disse-lhe: Não chores.” (Lc 7.13). 


No aspecto físico, podemos ver a sua fragilidade como ser humano. Jesus sentiu fome, calor, sede, dores, cansaço e por fim, morreu de forma cruel, sofrendo insultos e dores terríveis. Entretanto, a morte não pôde detê-lo, pois Ele ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Céu glorificado e assentou-se à destra do Pai. Como bem explicou o comentarista, o Senhor Jesus participou da fraqueza física e emocional como ser humano, mas não da nossa fraqueza moral e espiritual, pois Ele é perfeito e a sua natureza nunca foi corrompida pelo pecado. 


17 fevereiro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: JESUS VIVEU A EXPERIÊNCIA HUMANA


Ev. WELIANO PIRES 

Na lição 3 deste trimestre, falamos sobre a encarnação do Verbo. Naquela ocasião apresentamos as provas bíblicas da humanidade plena de Jesus. Entretanto, devido a limitação de tempo e espaço de uma lição, não foi possível entrar em detalhes sobre os aspectos da humanidade de Cristo.
 
Nesta lição, dando continuidade ao tema da humanidade de Jesus, estudaremos os aspectos da experiência humana do Filho de Deus, que veio a este mundo, tomou a forma humana e viveu por 33 anos na terra de Israel. Ele não viveu como um monge, isolado da sociedade, mas teve uma vida social e religiosa, interagindo com as pessoas. 

No primeiro tópico falaremos da experiência humana no ministério de Jesus. Falaremos dos debates com as autoridades religiosas de Israel: Fariseus, saduceus e os herodianos, que eram os seus principais opositores e buscavam meios de apanhá-lo em alguma falha para o condenarem à morte. Na sequência, falaremos da vida social e religiosa de Jesus, através da escolha dos discípulos, o seu relacionamento com parentes e amigos e a sua interação com pessoas de diversas classes sociais. Por último, falaremos das características naturais de um ser humano que Jesus possuía. 

No segundo tópico, falaremos das heresias que negavam a humanidade plena de Jesus. Na lição 03, estudamos as heresias que negavam a corporeidade de Jesus, ou tinham pensamento distorcido sobre a sua humanidade, como o Docetismo, Gnosticismo e Marcianismo. Neste tópico, falaremos da heresia do Apolinarismo, defendida por Apolinário, que viveu entre 310 e 392 d.C. e  foi bispo de Laodicéia. Na sequência falaremos da reação da Igreja a esta heresia, através do Concílio da Calcedônia em 451 d.C. Por último, falaremos do Monotelismo, que foi uma heresia propagada pelo patriarca Sérgio de Constantinopla e foi considerada heresia no Terceiro Concílio de Constantinopla em 681 d.C. 

No terceiro tópico, veremos como estas heresias se apresentam nos dias atuais. Responderemos à pergunta: Quais países Jesus visitou quando esteve entre nós? Isto porque o Movimento Nova Era e outros grupos esotéricos e ocultistas têm crenças bizarras sobre a vida humana de Jesus, alegando que Ele esteve em vários países que nunca foram mencionados na Bíblia. Na sequência veremos que Jesus era visto como alguém da comunidade de Israel e não como um estrangeiro. Os seus familiares, a sua maneira de viver e os seus ensinos pertencem à cultura judaica. 

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.1892.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.50-51
SOARES, Esequias. Manual de Apologética Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2002, pp. 85-6.

14 fevereiro 2025

O PERIGO DESSAS HERESIAS NA ATUALIDADE

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: As naturezas humana e divina de Jesus). 

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, veremos o perigo destas heresias na atualidade. Falaremos do monofisismo atual, que tem roupagens novas através das tradições siro-monofisita ou jacobista. Na sequência, falaremos da heresia do kenoticismo, que vem da palavra grega kenoō, que significa “esvaziar”. Por último, falaremos da Mariolatria, que se desenvolveu no Catolicismo Romano. 

1. Os monofisitas. No Concílio de Calcedônia, apesar de ter a maior frequência de bispos até aquele momento e terem condenado o Nestorianismo e o Monofisismo, nem todos os presentes acataram a Definição de Calcedônia, produzida por este concílio. Um monge sírio, chamado Jacob Baradeus, rejeitou as resoluções do Concílio de Calcedônia e liderou um grupo de pessoas que apoiavam o Monofisismo. 

Os seguidores de Jacob Baradeus se espalharam pela região e continuaram ensinando a heresia do Monofisismo e ela perdura até aos dias atuais nas Igrejas ortodoxas, cóptica, armênia, abissínia e jacobitas. Estas igrejas foram fundadas por apóstolos ou discípulos de Jesus que conviveram com os apóstolos. Eram Igrejas Cristãs ortodoxas, mas após o concílio de Calcedônia, não aceitaram as resoluções e se tornaram independentes ou autocéfalas (onde cada uma resolve os seus próprios problemas). Por causa disso estas Igrejas são denominadas Igrejas não-calcedonianas.

O comentarista fala aqui da importância de conhecermos a cristologia destas Igrejas, a fim de sabermos como responder aos seus adeptos e manter a nossa fé em Jesus, o Deus que se fez homem (Mt 1.23) e que se manifestou em carne (1Tm 3.16). Estas Igrejas ortodoxas orientais não gostam de serem chamadas de monofisistas ou não-calcedonianas e se descrevem como sendo miafisitas, que é um conceito teológico, que afirma que as duas naturezas de Cristo foram combinadas em uma nova e terceira natureza, uma natureza divino-humana. Ora, isso é a mesma coisa do monofisismo de Êutico. Então, para sabermos a cristologia destas Igrejas, basta relembrar o que ensinava o monofisismo. Para saber como responder aos seus adeptos, precisamos conhecer tudo o que vimos no primeiro tópico desta lição. 

2. O kenoticismo. Neste subtópico, o comentarista faz menção a outra heresia cristológica, que não foi mencionada no tópico anterior, mas que está relacionada à natureza de Cristo durante o seu ministério terreno. Trata-se de uma heresia chamada kenoticismo. Esta palavra deriva do verbo grego kenoō, que significa “esvaziar”. Este verbo está presente no texto de Filipenses 2.7 que diz: “Mas aniquilou-se [kenoō] a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. As versões atualizadas como NVI, ARA, NAA e NVT traduziram este verbo por “esvaziou-se”.

Com base em uma interpretação equivocada deste texto, o kenoticismo afirma que Jesus teria se esvaziado dos seus atributos divinos enquanto esteve neste mundo e após a ressurreição os retomou. Isso equivale a dizer que Jesus deixou de ser Deus e depois voltou a sê-lo. Não faz nenhum sentido, pois Deus não pode deixar de ser Deus, pois um dos seus atributos exclusivos é a imutabilidade. Deus não pode mudar jamais a sua essência e caráter. O que Deus é, Ele sempre foi e sempre será. 

O que significa, então, este autoesvaziamento de Cristo? Significa que Jesus sendo Deus, humilhou-se, tomando a forma de servo, submetendo-se aos limites do tempo, espaço e sofrimentos inerentes à condição humana, por um período de trinta e três anos. Jesus tornou-se semelhante aos homens em todas as coisas, com exceção do pecado (Hb 4.15). Mas, jamais deixou de ser Deus. 

Embora Jesus não tenha usado os seus atributos divinos para vencer as adversidades neste mundo, pois Ele veio para vencer como homem, Ele agiu como Deus, nas circunstâncias que o comentarista mencionou: perdoou pecados (Mc 2.5-7; Lc 7.48), recebeu adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Jo 9.38) e repreendeu a fúria do mar e o vento, mostrando total domínio sobre a natureza (Mt 8.26,27; Mc 4.39). Em seus discursos também, muitas vezes Ele falou como Deus e, por isso, os judeus tentaram apedrejá-lo. 

3. Mariolatria. Neste ponto, o comentarista destoa um pouco do tema da lição, pegando um gancho no título “Mãe de Deus” (Gr. Theotokos), dado a Maria por Cirilo de Alexandria, e fala acerca de um grave problema da teologia católica que é a Mariolatria. Evidentemente Cirilo não era idólatra e não divinizava Maria como fazem os católicos atualmente. O título Mãe de Deus foi usado no sentido de que Maria foi “portadora de Deus” em seu ventre. O objetivo de Cirilo era enfatizar a divindade de Cristo e não divinizar Maria. 

Os teólogos católicos insistem em dizer que não adoram Maria, apenas a veneram. Criaram três termos para supostamente diferenciar a adoração que oferecem a Deus, da veneração que oferecem a Maria e aos santos: Latria, Dulia e Hiperdulia.

a - Latria. (Do Grego "latreuo", que significa adoração). Principal culto na Igreja Católica, seria a adoração a Deus.

b - Dulia (em grego: “douleuo”, que significa veneração). É o culto prestado a Deus, por meio de alguma mediação de santos. 

c - Hiperdulia (do grego: "hyper", acima de; e "douleuo", honra ou veneração). É o culto de adoração a Deus por meio da Virgem Maria, a quem o catolicismo dá um lugar eminente.

Na Bíblia não há esta distinção e não há nenhum mediador entre Deus e a humanidade, além de Jesus Cristo. (1 Tm 2.15). A Bíblia proíbe expressamente o culto ou orações a qualquer pessoa, além de Deus.  (Ex 20.4; Mt 4.10). A verdade é que os católicos deram a Maria um lugar que não lhe pertence, como se ela fosse divina. 

Os católicos agem como se Maria fosse onipresente, onisciente, onipotente, intercessora e mediadora entre Deus e a humanidade. Ora, como ela poderia ouvir e responder as rezas dos católicos do mundo inteiro, interceder por cada causa e agir em favor deles?! Somente Deus pode fazer isso. 

Ao longo da história, o Magistério da Igreja Católica foi incorporando dogmas sobre a pessoa de Maria à teologia da Igreja, que a colocam em igualdade com as Pessoas da Santíssima Trindade. Dizem que Maria nasceu sem o pecado original (Imaculada Conceição), que é rainha do Céu (Salve-rainha), mãe, co-redentora, senhora, cheia de Graça, medianeira (mediadora), que permaneceu virgem após o nascimento de Jesus, que subiu ao Céu e foi coroada acima de todos os anjos (Assunção), etc. 

Estes dogmas estão presentes nas orações e homilias católicas. Nenhum destes, no entanto, tem fundamento nas Escrituras e a própria Maria os rejeitaria, se estivesse neste mundo. Em seu cântico, denominado Magnificat (Lc 1.46-51), Maria engrandeceu ao Senhor, se declarou “Serva do Senhor” e chamou Deus de “Meu Salvador”. Em lugar algum da Bíblia Maria é chamada de senhora ou mãe de Deus. 


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39. 
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.189. 
GILBERTO, Antônio. et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.126,127. 
BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2007, p. 97.
OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001, pp. 233,234.

AS HERESIAS CONTRA O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 07: As naturezas humana e divina de Jesus)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos das heresias contra o ensino bíblico da dupla natureza de Cristo. Primeiro veremos quem foi Nestório. Na sequência falaremos da heresia do Nestorianismo, como ficou conhecido o ensino de Nestório. Falaremos também da heresia chamada Monofisismo, defendida por Êutico. Por último, falaremos das resoluções do Concílio de Calcedônia que condenou estas heresias.


1. Quem foi Nestório? Nestório ou Nestor foi um importante líder cristão no quinto século. Tinha um estilo de vida monástico e era um pregador fervoroso, o que lhe rendeu muitos simpatizantes entre o povo. Nestório foi presbítero da Igreja de Antioquia da Síria e, posteriormente, foi ordenado bispo de Constantinopla, que corresponde atualmente à cidade de Istambul na Turquia. 

Nestório era um pastor, teólogo e escritor, que escreveu e ensinou bastante sobre a pessoa de Cristo. Conforme nos apresentou o comentarista, Nestório se contrapôs a Cirilo de Alexandria, em relação ao título dado a Maria de “Mãe de Deus”, em grego “Theotokos”. 

A posição de Nestório neste caso era biblicamente correta, mas era um dogma muito popular como acontece na Igreja Católica, por isso, a posição de Nestório não foi adiante. O termo mãe de Deus é indevido, pois Maria nunca foi mãe de Deus, ela foi mãe de Jesus como ser humano. Como Deus, Jesus é pré-existente e nunca teve mãe. Como homem, Ele teve mãe, mas não teve pai. 


2. Nestorianismo. Nestório era muito incisivo e até violento contra aqueles que ele considerava herege. Logo que foi nomeado bispo de Constantinopla, ele declarou guerra aos hereges e, de forma violenta, os perseguiu. Nestório dirigiu as seguintes palavras ao imperador Teodósio: Dá-me um país purgado de todos os hereges e em troca por isto, eu lhe darei o céu. Me ajude a subjugar os hereges e eu lhe ajudarei a subjugar os persas”. 

Esta postura de Nestório lhe rendeu, no entanto, muitos desafetos e várias acusações de heresias, que culminaram em sua condenação no Concílio de Éfeso, em 431 d.C. Alguns especialistas dizem que Nestório não defendia a heresia que ficou conhecida como Nestorianismo que é atribuída a ele. Dizem que era uma falsa acusação dos seus adversários, principalmente, Cirilo de Alexandria, que tinha disputas pessoais com ele. 

Seja como for, o Nestorianismo é uma heresia cristológica. O Nestorianismo não nega a humanidade, nem a divindade de Cristo. Mas defende que as duas naturezas de Cristo são, na verdade, duas pessoas: uma divina e uma humana. 

Para ilustrar isso, usavam a figura de um casal, que se torna uma só carne no casamento, mas continua sendo duas pessoas. Esta ilustração é descabida, pois Jesus, embora possua duas naturezas, continua sendo uma única pessoa que é plenamente Deus e plenamente homem. Jesus não é metade Deus é metade humano. 


3. Monofisismo. O monofisismo é uma heresia que defendia que Jesus tinha duas naturezas antes da sua encarnação, mas estas duas naturezas se fundiram e se tornaram apenas uma natureza, que não é totalmente humana, nem totalmente divina.

A palavra monofisismo, usada para conceituar esta heresia, deriva de dois termos gregos: “monos”, que significa único; e “physis”, que significa natureza. Portanto, o monofisismo significa literalmente “uma única natureza”. 

A heresia do Monofisismo também é chamada de eutiquianismo, por ter sido elaborada por Êutico ou Eutiques de Constantinopla. Êutico afirmou o seguinte: 


“Admito que Nosso Senhor teve duas naturezas antes da encarnação e uma só depois dela... Sou discípulo, neste particular, do bem-aventurado Cirilo, dos santos pais e de Santo Atanásio. Eles falam de duas naturezas antes da união. Depois da união e encarnação, apenas falam de uma natureza, não de duas.” 


O monofisismo nasceu com o objetivo de combater o nestorianismo, que diziam que havia duas pessoas em Jesus, uma divina e outra humana. Mas, acabou criando outra heresia, ao afirmar que as duas naturezas de Jesus se transformaram em uma só. 

Para ilustrar a sua tese, Êutico usava o exemplo do bronze, que é uma mistura de cobre e estanho, mas não é nenhum dos dois e sim, outro metal. Com Jesus não aconteceu isso, pois Ele é plenamente Deus e plenamente homem, conforme vimos no primeiro tópico e nas lições 3 e 5. 


4. O Concílio de Calcedônia. Antes do Concílio de Calcedônia, no ano de 449 d.C. o Papa Leão enviou uma carta a Flaviano, bispo de Constantinopla, na qual defendia a Cristologia Ortodoxa e condenava o monofisismo de Êutico. 

Este importante documento, que ficou conhecido como “Tomo de Leão”, não chegou a ser lido naquela ocasião, pois um aliado de  Êutico, chamado Dióscoro, que era defensor do monofisismo, preparou tudo para que o monofisismo fosse considerado uma doutrina ortodoxa, em um concílio que ficou conhecido como “Concílio dos ladrões”. 

Este movimento de Dióscoro acabou resultando no espancamento e morte do bispo Flaviano de Constantinopla. Por causa deste acontecimento trágico e de outros problemas, foi convocado o Concílio de Calcedônia, que produziu a chamada Definição de Calcedônia em 451 d.C. Neste concílio também foi lido o Tomo de Leão. Este concílio contou com a participação de cerca de quatrocentos bispos, sendo a maior frequência até então. 

No Concílio de Calcedônia foram condenadas as heresias de Apolinário e de Êutico e as que foram atribuídas a Nestório. Dióscoro de Alexandria também foi excomungado. Foi aprovado o conteúdo do Tomo de Leão, no qual ele afirmou que “Cristo é completo nas suas propriedades e completo nas nossas”. 

Neste concílio foi afirmada a existência de duas naturezas (diofisismo) em única Pessoa de Cristo, contra o monofisismo que dizia que Cristo tinha apenas uma natureza; e contra o nestorianismo que dizia que havia duas pessoas separadas em Cristo, sendo uma humana e outra divina. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39. 

Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.189. 

GILBERTO, Antônio. et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.126,127. 

BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2007, p. 97.

OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001, pp. 233,234.

11 fevereiro 2025

O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 07: As naturezas humana e divina de Jesus) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, veremos o ensino bíblico a respeito da dupla natureza de Jesus. Veremos o significado da expressão “da descendência de Davi segundo a carne”, usada pelo apóstolo Paulo em Romanos 1.3. Na sequência falaremos da expressão “declarado Filho de Deus em poder”, usada também por Paulo em Romanos 1.4. Por último, falaremos da mensagem do antigo hino Cristológico que está em Filipenses 2.5-11. 

1. “Descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1.3). Na lição 03, falamos sobre a encarnação do Verbo, que é Jesus Cristo. Apresentamos nessa ocasião, ampla fundamentação bíblica de que Ele se tornou homem e os seus discípulos, que conviveram com Ele por três anos, testemunharam a sua humanidade. João escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1.14). 

Depois, em sua primeira Epístola, ele disse: “...o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”. De forma redundante, para que não ficasse nenhuma dúvida sobre a humanidade de Jesus, João afirmou: “vimos com os nossos olhos”, “temos contemplado” e “as nossas mãos o tocaram”. 

Neste subtópico, o comentarista nos apresenta uma declaração do apóstolo Paulo aos Romanos, que apresenta a ancestralidade humana de Jesus: “Acerca de Seu Filho, que nasceu da descendência de Davi, segundo a carne”. (Rm 1.3). Isto nos prova que Jesus veio de uma descendência humana comum, que era conhecida em Israel. Ele era descendente de Davi e de Abraão. Mateus e Lucas mencionam a sua genealogia, sendo que Mateus descreve os seus ancestrais a partir de Abraão, até José, o seu pai adotivo (Mt 1.1-16). Lucas, por sua vez, traz os nomes dos ancestrais de Jesus, desde Maria até Adão (Lc 3.23-38).

Apesar da ancestralidade humana de Jesus, Ele não foi concebido de forma natural, como diziam os monarquianistas dinâmicos e os docetas. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, no ventre de uma virgem, sem nenhuma conjunção carnal (Is 7.14; MT 1.18-21; Lc 1.35). Aqui está, portanto, as duas naturezas de Jesus: uma humana, advinda dos seus ancestrais humanos; e outra divina, pois Ele é pré-existente e é Deus eternamente. 

2. “Declarado Filho de Deus em poder” (v.4). Na sequência do texto aos Romanos, após mencionar a ancestralidade humana de Jesus, o apóstolo Paulo declara também sua natureza divina dizendo: “Declarado Filho de Deus em Poder, segundo o Espírito de santificação…” Conforme vimos na lição passada, a expressão “Filho de Deus”, aplicada a Jesus, indica a sua divindade e igualdade de natureza e essência com o Pai. 

Em outros textos também, Paulo afirma claramente a divindade de Jesus, como por exemplo, em Romanos 9.5: “Dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5). Escrevendo a Tito, o mesmo apóstolo disse: “E a manifestação do nosso Grande Deus e Salvador Jesus Cristo”. (Tt 2.13). Então, o mesmo Jesus, do qual foi dito que é da descendência de Davi e, portanto, humano, é também chamado de Filho de Deus, Grande Deus e Salvador, o que indica a sua divindade e igualdade com o Pai e o Espírito Santo. 

3. O antigo hino cristológico (Fp 2.5,6). Neste terceiro subtópico, o comentarista fala da segunda parte do texto da leitura bíblica em classe, que é um antigo hino cristológico, que está registrado na Epístola aos Filipenses 2.5-11. Alguns estudiosos dizem que este hino era cantado pelos cristãos, que é anterior à Epístola aos Filipenses e foi incluído aqui pelo apóstolo Paulo. Não sabemos se isso procede, mas não muda em nada o valor da mensagem expressa nele. 

O apóstolo se refere ao Senhor Jesus na eternidade passada antes da sua encarnação e menciona também a sua condição humana: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.” Paulo recomenda aos filipenses a terem o mesmo sentimento que houve em Jesus que “sendo em forma (Gr. morphē) de Deus”, não considerou isso como motivo de usurpação, mas a Si mesmo se humilhou. 

Conforme explicou o comentarista, a expressão “sendo em forma de Deus” indica que Ele tem a mesma essência imutável de Deus. A Nova Versão NVI traduziu esta frase por: “embora sendo Deus”. Jesus venceu como homem, mas Ele nunca perdeu os seus atributos, como alguns hereges defendem. 

Quando o texto diz que Ele “aniquilou-se a si mesmo” ou “esvaziou-se”, evidentemente, não foi da sua divindade. Significa que Ele limitou o próprio poder e não usou os seus atributos divinos em seu próprio benefício. Ele jamais poderia deixar de ser Deus, pois Deus é imutável em sua essência e caráter. Portanto, se Jesus pudesse deixar de ser Deus é porque nunca teria sido Deus. Falaremos mais sobre isso no terceiro tópico.

10 fevereiro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 07: AS NATUREZAS HUMANA E DIVINA DE JESUS


Ev. WELIANO PIRES

Nesta lição estudaremos a penúltima lição, sobre a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Já vimos que Ele encarnou-se e tornou-se plenamente humano. Depois vimos a doutrina da Trindade, que afirma que há um só Deus, eternamente subsistente em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Depois estudamos sobre a divindade do Senhor Jesus. Na lição passada, vimos que Ele não é um deus de segunda categoria como dizem os subordinacionistas, mas é Ele é igual com o Pai, ou seja, tem a mesma substância, natureza e essência do Pai. 

Na lição desta semana estudaremos a doutrina bíblica das duas naturezas de Cristo: a humana e a divina. Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, plenamente humano e plenamente divino. Ele não deixou de ser Deus ao tomar a forma humana e não deixou de ser homem depois que ressuscitou. Seguindo o modelo adotado neste trimestre, veremos as heresias antigas contra essa doutrina e como elas se manifestam na atualidade. 

No primeiro tópico, veremos o ensino bíblico a respeito da dupla natureza de Jesus. Veremos o significado da expressão “da descendência de Davi segundo a carne”, usada pelo apóstolo Paulo em Romanos 1.3. Na sequência falaremos da expressão “declarado Filho de Deus em poder”, usada também por Paulo em Romanos 1.4. Por último, falaremos da mensagem do antigo hino Cristológico que está em Filipenses 2.5,6.  

No segundo tópico, falaremos das heresias contra o ensino bíblico da dupla natureza de Cristo. Primeiro veremos quem foi Nestório. Na sequência falaremos da heresia do Nestorianismo, como ficou conhecido o ensino de Nestório.  Falaremos também da heresia chamada Monofisismo, defendida por Êutico ou Eutique. Por último, falaremos das resoluções do Concílio de Calcedônia que condenou estas heresias. 

No terceiro tópico, veremos o perigo destas heresias na atualidade. Falaremos do monofisismo atual, que tem roupagens novas através das tradições siro-monofisita ou joacobista. Na sequência, falaremos da heresia do kenoticismo, que vem da palavra grega kenoō, que significa “esvaziar”. Por último, falaremos da Mariolatria, que se desenvolveu no Catolicismo Romano. 


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39. 
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.189. 
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.126,127.

07 fevereiro 2025

COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE

(Comentário do 3° tópico da Lição 06: O Filho é igual com o Pai)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro, mostraremos como o subordinacionismo se apresenta atualmente. Falaremos desta heresia no contexto islâmico, que negam que Jesus é o Filho de Deus, pois consideram isso uma blasfêmia. Na sequência, veremos como esta heresia se apresenta através das Testemunhas de Jeová, que ensinam que Jeová é o Deus Todo-poderoso e Jesus seria um deus menor, apenas poderoso.  


1- No contexto islâmico. Este tópico é muito semelhante ao terceiro tópico da lição passada, pois lá também falamos sobre as heresias das Testemunhas de Jeová e do Islamismo em relação à pessoa de Cristo. O Islamismo é uma religião monoteísta, fundada em Meca, na Arábia Saudita, por Abul Al-Qasim Muhammad ibn Abd Allah ibn Abd Al-Muttalib ibn Hashim, ou simplesmente Muhammad, que viveu entre 571 E 632 d. C. É popularmente conhecido como Maomé, mas os seus adeptos não gostam que o chamem por este nome. 


Os muçulmanos, como são chamados os seguidores do Islã, aceitam Jesus como um profeta de Alá, inferior a Muhammad, mas jamais como Filho de Deus e divino. Conforme apontou o comentarista, os mulçumanos abominam a idéia de que Jesus é o Filho de Deus e a consideram uma blasfêmia contra Deus. Isso se dá por causa da interpretação equivocada de que ser Filho de Deus implicaria em uma conjunção carnal entre Deus e Maria. O pior de tudo é que os líderes desta religião dizem que o Cristianismo prega isso. Mas, isso é uma acusação leviana, pois nenhum cristão prega um absurdo desse. 


Conforme falamos no primeiro tópico, o conceito de filho na Bíblia vai muito além de ser filho biológico. Significa identidade de natureza e igualdade de essência. Quando a Bíblia diz que Jesus é o Filho de Deus, significa que Ele é Deus e igual ao Pai. Da mesma forma que a expressão Filho do Homem indica a plena humanidade de Jesus, a expressão Filho de Deus denota a sua plena divindade. 

2- O movimento das Testemunhas de Jeová. O grupo religioso Testemunhas de Jeová foi fundado em 1854, por Charles Taze Russell, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Russell era presbiteriano, mas incomodado com a doutrina do tormento eterno para os ímpios, simpatizou-se com o Adventismo, com o qual tinha muitos pontos doutrinários em comum. Até hoje, ainda há várias semelhanças entre este dois grupos religiosos.

Não demorou muito e Russell rompeu também com o Adventismo e fundou um grupo denominado “Estudantes da Bíblia”. Posteriormente, o grupo passou a se chamar Testemunhas de Jeová, devido à ênfase que dão ao nome de Jeová, que segundo dizem, seria o verdadeiro nome de Deus. Uma das características desta seita é a mudança constante das suas posições doutrinárias e o proselitismo entre os evangélicos.


As Testemunhas de Jeová são unitaristas, pois defendem que somente o Pai é Deus, que Jesus Cristo foi a primeira criatura de Deus e que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas é a força ativa de Jeová. Em relação ao tema desta lição, são também subordinacionistas, pois ensinam que Jesus é um deus inferior ao Pai e apenas cumpre as suas ordens, como se fosse um mero administrador de Deus. 


Eles costumam acusar os trinitarianos de serem politeístas, pois confundem a doutrina Trindade com triteísmo. Entretanto, o que se choca com o monoteísmo bíblico é a crença deles de que há um Deus Supremo, que é o Pai, mas há outros deuses menores, bons e maus. Segundo o ensino jeovista, somente Deus o Pai, é o Deus Todo Poderoso. Jesus, seria um deus apenas poderoso. Ora, isso não é monoteísmo. Esta crença é chamada de henoteísmo, que a adoração a um um único deus, mas, sem excluir outros deuses menores. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 39.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.802

ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496.


A DOUTRINA BÍBLICA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO

(Comentário do 3º  tópico da lição 07: “EU SOU A RESSUREIÇÃO E A VIDA”. Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, falaremos da doutrina bíblica ...