15 agosto 2024

O BANQUETE DE ASSUERO E A RECUSA DE VASTI

(comentário do 1° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do banquete do rei Assuero e da recusa da rainha Vasti a participar deste. Veremos algumas informações biográficas do rei Assuero e os detalhes do banquete que ele ofereceu a todos os nobres do seu reino e chefes das províncias, a fim de mostrar-lhes as grandezas do seu reino. Na sequência, falaremos de dois banquetes oferecidos: um que foi oferecido publicamente pelo rei Assuero  a todo o povo de Susã. Era um banquete público com muito luxo, que deveria durar sete dias; o outro banquete era exclusivo para as mulheres, oferecido pela rainha Vasti. Por último, falaremos do convite do rei Assuero à rainha Vasti, para que viesse ao palácio com a coroa real, para que os seus nobres vissem a sua beleza. 


1- O rei Assuero. Nos primeiros versículos do Livro de Ester, temos alguns dados sobre o rei Assuero, que nos permitem identificá-lo. O texto bíblico nos informa que “nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias”. (Et 1.1,2). Estes detalhes históricos em relação a Assuero nos permitem identificá-lo como Xerxes I, que governou o Império Persa de 486 a 465 a.C. O nome Assuero não era o nome próprio de um rei, e sim um título de um monarca da Pérsia. É a transliteração do  termo hebraico Akhashverosh, que corresponde ao termo persa Khsayarsqha, e é chamado no grego de Xerxes. 


O poderoso Império Persa, um dos maiores da antiguidade, que foi superado apenas pelo Império Romano, teve início com Ciro II, conhecido como Ciro, o Grande. Este Ciro era filho de Cambises I, rei da Pérsia, e de Mandane, filha de Astíages, rei da Média. Era neto de Ciro I. Os persas, neste contexto, eram dominados pelos medos. Em 550 a.C., o então príncipe persa Ciro, liderou uma revolta contra o domínio dos medos e saiu vitorioso, derrotando o seu avô materno. 


Ao assumir o trono persa em 559 a.C. Ciro derrotou vários reis do Oriente Próximo, Sudeste da Ásia e Ásia Central e expandiu os territórios do Império Persa. Em 539 a.C., Ciro derrotou os babilônios e colocou Dario, o medo, como rei da Babilônia. 


Ciro faleceu em 530 a.C. e foi sucedido pelo seu filho Cambises II. Em 522 a.C. Cambises foi assassinado e o poder passou ao seu filho Dario I, que não é o mesmo de Daniel 6. Aquele não era persa, era medo e viveu muitos anos antes de Dario I. Em 486 a.C. Dario I foi sucedido por seu filho Xerxes I, que é chamado na Bíblia de Assuero e foi o marido de Vasti e depois de Ester, e reinou até 465 a.C.


2- Um banquete público, outro exclusivo. Assuero era extravagante e estava acostumado a ter tudo o que queria. Enquanto se preparava para invadir a Grécia, Assuero fez um grande banquete e convidou muitos importantes oficiais de todas as províncias do império, para mostrar-lhes o seu poder, riqueza e autoridade. Este banquete durou seis meses ou 180 dias, pois os meses eram todos de 30 dias (Et 1.4). Depois dos 180 dias, o rei estendeu o banquete a todo o povo de Susã por mais sete dias, com muito luxo, ostentação e vinho à vontade (Et 1.5). Entretanto, a bebida não era obrigatória. Só beberiam, aqueles que quisessem (E 1.8). 


Paralelo a estes banquetes, a rainha Vasti, esposa de Assuero, fez outro banquete na casa real, restrito às mulheres (Et 1.9). O texto bíblico não nos dá mais informações sobre a rainha Vasti. A literatura grega a identifica como Améstris, que foi a mãe de Artaxerxes, que foi o sucessor de Assuero no trono. Segundo Heródoto, esta rainha Améstris era uma mulher astuta e sanguinária. Por outro lado, fontes judaicas dizem que Vasti era filha do rei Belsazar da Babilônia. Trata-se apenas de especulações e não podemos afirmar se é verdade, pois o texto bíblico não traz estas informações e não há confirmação destes fatos na história.


3- O convite à rainha. No final do banquete que fora oferecido a todos os súditos do seu reino, o rei Assuero já havia bebido bastante vinho e “o seu coração estava alegre do vinho” (Et 1.10). Em outras palavras, o rei estava embriagado e perdeu completamente a sensatez. O rei Assuero, conforme falei acima, era extravagante e gostava de exibir o seu poder, para impressionar os nobres do império. 


Eufórico pela quantidade de vinho ingerida, Assuero resolveu convocar a rainha para que se vestisse com as vestes reais e comparecesse ao palácio para que os seus nobres e o povo em geral, vissem a sua beleza (Et 1.10-11). Evidentemente, Assuero não pretendia fazer uma exibição sensual da sua esposa, como muitos sugerem. Ele pretendia exibir a beleza da rainha como um troféu perante os participantes do banquete. 


Em todo caso, era uma atitude insana e descabida vinda de um imperador. Naqueles tempos sombrios, não se podia esperar bom senso dos reis, pois eles eram considerados deuses ou enviados destes. Nabucodonosor, por exemplo, construiu uma estátua de quase 30 metros de altura e exigiu que todos se prostraram e adorassem esta estátua. Quem não o fizesse, seria lançado em uma fornalha acesa. Os imperadores persas, no entanto, eram mais comedidos. Eles davam uma certa liberdade aos povos dominados e as leis dos medos e dos persas, não podiam ser revogadas nem mesmo pelos reis. 


A questão aqui é que o rei Assuero, tomado pelo vinho, fez uma uma convocação absurda à rainha e mandou sete eunucos para buscá-la. É por isso que em Provérbios 31.4,5, o rei Lemuel escreveu o conselho que recebeu da sua mãe: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte; Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.” 


Infelizmente, muitas pessoas praticam muitas barbaridades sob o efeito de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes: xingamentos, agressões, acidentes automotivos e até assassinatos. Se uma pessoa comum não deve embriagar-se para não fazer besteiras, imagine autoridades! Lamentavelmente, há crentes e até obreiros que defendem o consumo de bebidas. Mas, há muitas recomendações na Bíblia contra esta prática. Na Bíblia, até mesmo pessoas justas como Noé e Ló, praticaram coisas horríveis sob o efeito do vinho (Gn Gn 9.20,21; 19.31-36). O apóstolo Paulo colocou como requisitos para o episcopado e diaconado, que os candidatos “não sejam dados ao vinho”. (1 Tm 3.3,8).


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

13 agosto 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 07: A DEPOSIÇÃO DA RAINHA VASTI E A ASCENSÃO DE ESTER

 


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos sobre o Livro de Ester. Fizemos um estudo panorâmico deste Livro, trazendo as informações referentes à posição do Livro na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã, a autoria e data da redação, o contexto dos fatos narrados e a mensagem do Livro de Ester. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, vimos a categorização do livro de Ester, apresentando a sua posição na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã. Vimos as características literárias do livro de Ester que são historicidade objetiva e o estilo menos dialógico. Por último, vimos as informações referentes à autoria e data da composição desta obra. 


No segundo tópico, falamos do exílio do povo hebreu. Vimos um resumo dos cativeiros da Assíria e da Babilônia, até chegar ao Império Persa. Por último, falamos do fim do exílio e do período pós-exílio. 


No terceiro tópico, falamos da mensagem do Livro de Ester. Vimos a providência divina, para salvar o seu povo do extermínio. Falamos também da falsa estabilidade dos judeus que decidiram permanecer na Pérsia após o fim do cativeiro. Por último, falamos da instituição da festa de Purim para comemorar o livramento dado aos judeus. 


LIÇÃO 07: A DEPOSIÇÃO DA RAINHA VASTI E A ASCENSÃO DE ESTER 


INTRODUÇÃO


Nesta lição veremos o contraste entre duas mulheres: a rainha Vasti e a jovem judia Ester. A rainha Vasti foi deposta do posto de rainha por desobedecer a uma ordem expressa do rei para que comparecesse ao palácio. Ester, uma jovem judia, órfã de pai e mãe, tornou-se rainha por obedecer às orientações do seu primo e pai adotivo, Mardoqueu. Há muitas discussões sobre o motivo da recusa de Vasti e sobre os reais motivos do convite do rei. Entretanto, o ponto aqui é a obediência à autoridade. Assuero não era apenas o marido dela, era a autoridade máxima do Império Persa. A palavra-chave desta lição é obediência. Deus valoriza mais a obediência do que os sacrifícios e abomina a rebelião, a ponto de compará-la à feitiçaria (1 Sm 15.22). 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falaremos do banquete do rei Assuero e da recusa da rainha Vasti a participar deste. Veremos algumas informações biográficas do rei Assuero e os detalhes do banquete que ele ofereceu a todos os nobres do seu reino e chefes das províncias, a fim de mostrar-lhes as grandezas do seu reino. Na sequência, falaremos de dois banquetes oferecidos: um que foi oferecido publicamente pelo rei Assuero  a todo o povo de Susã. Era um banquete público com muito luxo, que deveria durar sete dias; o outro banquete era exclusivo para as mulheres, oferecido pela rainha Vasti. Por último, falaremos do convite do rei Assuero à rainha Vasti, para que viesse ao palácio com a coroa real, para que os seus nobres vissem a sua beleza. 


No segundo tópico, temos os detalhes da recusa da rainha Vasti a comparecer ao banquete, descumprindo a ordem do rei, que culminou na sua deposição do posto de rainha. O rei estava embriagado quando fez o convite à rainha, mas quando tomou a decisão de destituí-la do cargo, consultou antes os sábios e juristas do seu reino, que o aconselharam a fazer isso. 


No terceiro tópico, veremos os detalhes da ascensão da jovem judia Ester, ao posto de rainha do império persa. O processo de sucessão da rainha Vasti durou cerca de quatro anos. Não havia restrições legais sobre a origem étnica e racial das candidatas ao posto de rainha da Pérsia. As únicas exigências era que fossem virgens e belas. Mesmo assim, Mardoqueu orientou a Ester que não revelasse as suas origens judaicas e ela obedeceu. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

09 agosto 2024

PROPÓSITO E MENSAGEM

(Comentário do 3º tópico da Lição 06 – O Livro de Ester)


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos o propósito e a mensagem do Livro de Ester. Falaremos da providência divina, para salvar o seu povo, apesar das suas escolhas fora da vontade de Deus. Falaremos também da falsa estabilidade dos judeus que decidiram permanecer na Pérsia, mesmo após o fim do cativeiro. Por último, veremos a instituição da festa de Purim para comemorar o livramento dado aos judeus. 


1- A providência divina. Assim como aconteceu no Livro de Rute, onde vimos Deus agir para preservar a descendência de Elimeleque e Noemi e através desta, trazer o Messias, no Livro de Ester, vemos também a providência de Deus, para preservar o seu povo do extermínio. Ao longo dos séculos, os filhos de Israel já sofreram várias tentativas de extermínio. Não fosse a providência de Deus, este povo já teria sido extinto, como muitos outros da antiguidade. 

A primeira tentativa de exterminar o povo hebreu aconteceu no Egito, após a morte de José e seus irmãos. Levantou-se um Faraó que não havia conhecido José e, preocupado com o crescimento da população hebréia, tentou matar os bebês israelitas, mas Deus interveio e os libertou das mãos de Faraó. Mesmo após a saída do Egito, Faraó os perseguiu até o Mar Vermelho, mas ele e o seu exército pereceram no meio do mar. 

Durante a jornada pelo deserto, vários inimigos se levantaram e tentaram impedir Israel de chegar à terra prometida, mas apesar das murmurações, Deus deu vitória e cumpriu a promessa feita a Abraão de dar aquela terra aos seus descendentes. Depois que entrou na terra prometida, Israel também enfrentou exércitos poderosos e os venceu, pois Deus estava com eles. 

Após a morte de Josué, o povo caiu na idolatria e, por falta de liderança, se tornou uma anarquia. Por causa disso, Deus permitiu que várias nações os oprimissem, mas não deixou que fossem exterminados. Os filisteus, amalequitas, midianitas, amonitas, assírios, babilônios e muitos outros atentaram contra Israel, mas não conseguiram exterminá-los. 

Nos dias de Ester, mesmo tendo recebido autorização para voltar à sua terra, muitos judeus preferiram permanecer na Babilônia e na Pérsia. Ao contrário dos assírios e dos babilônios, que foram cruéis com os povos dominados, o Império Persa era mais brando e permitia certas liberdades. Voltar a cidade de Jerusalém, que estava destruída e começar tudo do zero, era um sacrifício e renúncia que muitos não estavam dispostos a fazê-lo. Apesar desta escolha equivocada, Deus teve misericórdia deles e não permitiu a sua destruição. 


2- Uma falsa estabilidade. Aqui, o comentarista faz um alerta sobre a confiança nas estruturas deste mundo, que muitas vezes parecem ser vantajosas e oferecer segurança. O povo de Deus sempre foi orientado a confiar no Senhor e não em suas próprias forças, nos seus exércitos ou nas riquezas. 

Muitas vezes Deus permite situações adversas, para que o seu povo o buscasse. Nos dias de Josafá, três exércitos poderosos se uniram contra Judá e, do ponto de vista humano, Israel não tinha a menor chance de vencer aqueles inimigos (2 Cr 20.1,2). Josafá temeu e decidiu buscar ao Senhor. Ele apregoou um jejum em todo o Judá e fez uma longa oração, pedindo o socorro de Deus. O Senhor lhe respondeu dizendo que, naquela peleja, eles não precisariam lutar, pois a peleja era de Deus. Josafá, então, ordenou que os cantores louvassem a Deus. O Senhor colocou emboscadas e os inimigos fugiram. 

Situação parecida aconteceu nos dias de Ezequias, quando o poderoso rei Senaqueribe da Assíria enviou cartas afrontando a Deus e ao rei de Judá. Ezequias não tinha a menor possibilidade de vencê-los, pois os assírios eram uma potência militar naqueles dias. Ezequias e o profeta Isaías oraram ao Senhor pedindo socorro. Deus enviou um anjo e este feriu 185 mil homens do exército da Assíria. 

Nos dias de Ester, muitos judeus se acomodaram à vida no cativeiro, confiando na estabilidade que o Império Persa lhes oferecia. Tudo parecia ir muito bem, até que surgiu o plano maligno de Hamã para destruir todo o povo judeu. Foi necessário a intervenção divina, através de Mardoqueu e Ester, para livrá-los do extermínio. 

Infelizmente, em nossos dias, muitos crentes também se acostumaram à vida neste mundo e confiam no dinheiro e na proteção das leis humanas. Esquecem que não somos daqui e que somos completamente dependentes de Deus. A pandemia veio para provar que neste mundo, ninguém está seguro. Se o Senhor não nos proteger estaremos perdidos: “O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra” (Sl 121.2).


3- A Festa de Purim. A festa de Purim é uma festa milenar dos judeus, que é comemorada até hoje, no dia 14 do mês de Adar (Fevereiro/Março). Esta festa não foi instituída no Pentateuco, mas é obrigatória no Judaísmo em todo o mundo. Se não fosse pelo Livro de Ester, não saberíamos a sua origem. 

O nome Purim é o plural de Pur, que significa sorte. Na ocasião, Hamã, o agagita, descendente de Agague, rei dos amalequitas e inimigo dos judeus, conseguiu fazer o rei Assuero assinar um decreto para que matassem todos os judeus das províncias do Império Persa. A sorte dos judeus estava lançada e na Pérsia, as leis não poderiam ser revogadas, nem mesmo pelo imperador. 

Após a denúncia de Ester ao rei Assuero contra a maldade de Hamã, o mandou enforcá-lo na forca que ele fizera para Mardoqueu. O rei não podia revogar o decreto que ele mesmo havia assinado contra os judeus. Mas ele assinou outro decreto permitindo que os judeus se vingassem dos seus inimigos apenas no dia 13 de Adar. Eles venceram os seus inimigos no dia 13, e Mardoqueu instituiu a festa de Purim para o dia 14. Falaremos deste assunto na última lição deste trimestre. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.

Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98

MACARTHUR, John. Manual bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse. Tradução Erica Campos. RIO DE JANEIRO: Thomas Nelson, 2ª Ed. 2019.

07 agosto 2024

O CONTEXTO HISTÓRICO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06 – O Livro de Ester) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos do contexto histórico do Livro de Ester. Faremos neste tópico um resumo dos cativeiros da Assíria e da Babilônia, até chegar ao Império Persa, que foi o contexto dos fatos narrados no Livro de Ester. Traremos também alguns detalhes do final do cativeiro babilônico. Por último, falaremos do período pós-exílio, que foi o período em Ester se tornou a rainha da Pérsia. 


1- O povo hebreu no exílio. O contexto histórico do Livro de Ester está no governo de Xerxes I, ou Assuero, como está no texto bíblico. Neste período, o cativeiro já havia chegado ao fim, pois o decreto de Ciro, em 539, havia autorizado os judeus a retornarem para a sua terra. Porém, muitos judeus que nasceram no cativeiro e outros que estavam estabilizados ali, não quiseram retornar para a terra de Israel, que estava em ruínas desde a invasão babilônica. 


Para compreender este contexto, é preciso voltar ao período anterior ao cativeiro do povo de Israel. Primeiro é preciso esclarecer que houve dois cativeiros. Houve o cativeiro das dez tribos do Norte, que foram levadas para a Assíria em 722 a. C. Estes não retornaram mais para a sua terra, pois o rei da Assíria trouxe outros povos para habitar na região (2 Rs 17.23,24). 


Cerca de 100 anos depois, aconteceu também o cativeiro do Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia em três etapas: Em 605, foram levados o rei de Judá e membros da família real, entre eles Daniel e seus companheiros; em 597 foram levados outros, entre eles, o profeta Ezequiel; por último, em 586, foi levado o restante do povo e Jerusalém foi completamente destruída). No caso do Reino do Sul, Deus prometeu através do profeta Jeremias, que o cativeiro duraria setenta anos (Jr 25.11). Isto por causa da promessa do advento do Messias, através da descendência de Davi. 


Os motivos para o povo de Israel ser levado cativo, tanto no Reino do Norte quanto no Reino do Sul, foram os mesmos: idolatria, violência, injustiça e opressão ao pobre. O Reino do Norte, desde a divisão das tribos de Israel após a morte de Salomão, se entregou completamente à idolatria. Não houve nenhum rei que temesse a Deus. Todos foram ímpios. 


O Reino do Sul, embora tenha contado com alguns Reis piedosos como Asa, Josafá, Jotão, Ezequias e Josias, teve também muitos reis idólatras que afrontaram a Deus, como Roboão, Jeorão, Acaz, Manassés, Amom, Jeoaquim e Zedequias. Por isso, Deus permitiu que eles também fossem levados cativos. Mesmo vendo o exemplo dos seus irmãos do Norte e sendo advertidos muitas vezes pelos profetas, não deram ouvidos. 


2- O fim do exílio. Deus usou a Assíria e a Babilônia como instrumentos de punição, respectivamente, contra Israel e Judá. Estes dois impérios eram cruéis e foram extremamente violentos contra o povo de Israel. O profeta Jeremias descreveu os horrores praticados pelos babilônios, no Livro de Lamentações. 


O profeta Habacuque, teve uma visão de que Judá seria dominado pela Babilônia e reclamou com Deus, dizendo: “Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.11). O profeta não entendia como Deus poderia permitir que uma nação ímpia oprimisse o povo de Israel. Mas Deus lhe respondeu que também iria punir aquela nação. 


Tanto a Assíria quanto a Babilônia foram julgadas por Deus e foram vencidas seus inimigos. O Império Assírio foi dominado pelos medos, com o apoio da Babilônia. Em 612 a.C., o rei da Assíria foi morto e Nínive, a capital da Assíria foi destruída. 


A Babilônia se fortaleceu e dominou várias nações, inclusive Judá. Após a morte de Nabucodonosor, a hegemonia babilônica entrou em decadência e foi vencida pela coalizão dos medos e dos persas, liderada por Ciro, o Grande, em 539 a.C. 


3- O pós-exílio. Depois que dominou a Babilônia, Ciro decretou o fim do cativeiro dos judeus em 539 a.C. e autorizou o retorno deles para a sua terra. Cerca de 200 anos antes de Ciro nascer, o profeta Isaías profetizou a respeito dele, dizendo “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante da sua face…” (Is 45.1). Ciro teve contato com esta profecia, provavelmente através do profeta Daniel e decretou o fim do cativeiro dos judeus.


Sob a liderança de Zorobabel um grupo de 42.360 judeus, sem contar os seus servos (Ed 2:64-65), voltaram para iniciarem os trabalhos de reconstrução do templo em Jerusalém. Depois, outro grupo liderado por Esdras retornou, com a missão de ensinar a Lei ao povo e restabelecer o culto judaico. Por último, retornou um grupo de pessoas com Neemias para a reconstrução dos muros de Jerusalém. 


Mesmo com o fim do cativeiro decretado, muitos judeus nascidos na Babilônia e outros que estavam acostumados com a vida lá, não quiseram retornar para Jerusalém, que se encontrava totalmente destruída e os pobres que lá ficaram viviam na mais profunda miséria. Mardoqueu e Ester fazem parte dos que permaneceram no cativeiro e viviam em Susã, capital do Império Persa. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.

Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98

MACARTHUR, John. Manual bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse. Tradução Erica Campos. RIO DE JANEIRO: Thomas Nelson, 2ª Ed. 2019.


06 agosto 2024

A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

(COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 06 – O LIVRO DE ESTER).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, veremos a categorização do livro de Ester, apresentando a posição do Livro na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã. Apresentaremos também as características literárias do livro, destacando a sua historicidade objetiva e o estilo menos dialógico, que difere do Livro de Rute. Por último, veremos as informações referentes à autoria e data da composição desta obra, que são incertas.


1- A categorização de Ester. Na lição 02, quando falamos do Livro de Rute, vimos que, embora o conteúdo da Bíblia Hebraica e o do Antigo Testamento da nossa Bíblia sejam iguais, a ordem e a quantidade de livros são diferentes. A Bíblia hebraica está organizada por assunto e é formada por três seções: Torah (Lei), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos). Este três nomes formam a sigla Tanak, que é a junção das letras iniciais destas três palavras. Dentro do Ketuvim, há um grupo de cinco livros pequenos, chamados de Megillot, que são lidos nas festas judaicas: Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. O Livro de Ester é lido durante a celebração da festa de Purim. 


O Antigo Testamento da Bíblia Cristã, também está organizado por assunto e se divide em quatro grupos: Pentateuco (Lei), Livros históricos, Livros poéticos e Livros proféticos. O Livro de Ester aparece no  mesmo grupo do Livro de Rute e faz parte do conjunto dos Livros históricos, que são: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. 


Muitos ateus e teólogos liberais tentam desqualificar o Livro de Ester como um livro histórico e dizem que se trata apenas de uma história de ficção ou um romance da antiguidade. Entretanto, o Livro de Ester cita nomes e acontecimentos históricos que podem ser confirmados, como veremos nos próximos tópicos. É um livro que faz parte do Cânon Sagrado, ou seja, foi inspirado pelo Espírito Santo e é parte da inerrante, infalível e perfeita Palavra de Deus. 


2- Características literárias. O Livro de Ester é composto por 10 capítulos e 167 versículos. O seu gênero literário é narrativo, porém, diferente do Livro de Rute, não contém tantos diálogos entre os personagens. O narrador ocupa a maior parte do texto, descrevendo os fatos sem fazer parte deles. É bastante comum nos livros históricos da Bíblia, o escritor não falar em primeira pessoa, mesmo quando ele faz parte dos acontecimentos. Por exemplo, a autoria dos Livros de Samuel é atribuída a ele próprio, mas em momento algum a narrativa se refere a Samuel em primeira pessoa, exceto em diálogos que ele participou. O mesmo ocorre nos Livro do Pentateuco, Josué, Esdras, etc. A exceção é o Livro de Neemias, onde há algumas falas de Neemias em primeira pessoa. Até mesmo os Livros proféticos mencionam os profetas em terceira pessoa, como se eles não fossem os escritores. 


O Livro de Ester tem como principal característica a objetiva historicidade, ou seja, o texto traz informações específicas sobre o rei Assuero, mencionando que este Assuero reinou sobre cento e vinte e sete províncias, desde a Índia até à Etiópia (Et 1.1). O nome Assuero não era o nome próprio de um rei, e sim um título de um monarca da Pérsia. É a transliteração do  termo hebraico Akhashverosh, que corresponde ao termo persa Khsayarsqha, e é chamado no grego de Xerxes. Estes detalhes históricos em relação a Assuero nos permitem identificá-lo como Xerxes I, que governou o Império Persa de 486 a.C, a 465 a.C. 


Conforme nos informou o comentarista, o Livro de Ester também é a fonte histórica da festa judaica de Purim (Et 9.20-33), que é comemorada nos dias 14 e 15 do mês de Adar (Fevereiro/Março) até aos dias atuais pelo povo judeu. A instituição dessa festa não consta na Lei Mosaica, como outras festas de Israel. Entretanto, ela se tornou uma celebração nacional de todos os judeus. Até mesmo os saduceus, que só aceitavam a Torah como Livros Sagrados, celebravam esta festa. 


3- Autoria e data. Assim como acontece em praticamente todos os livros históricos da Bíblia, o Livro de Ester não menciona em lugar algum quem o escreveu. As evidências internas nos permitem apenas saber que ele foi escrito por um judeu, devido ao amplo conhecimento do calendário e costumes judaicos e também pelo forte nacionalismo judaico. Por outro lado, era um judeu que nasceu ou viveu muitos anos na Pérsia, pois possuía amplo conhecimento dos costumes, história e etiqueta persa, e também do Palácio de Susã. Considerando este perfil, os nomes sugeridos para a autoria do Livro de Ester são Mardoqueu, Esdras e Neemias. 


A data da composição da obra também é incerta. As evidências internas indicam que o Livro foi escrito após a morte de Assuero, que ocorreu em 465 a.C. Isto porque, o texto de Ester 10.2 se refere ao governo de Assuero como se ele já estivesse concluído. Por outro lado, o Livro de Ester foi escrito antes da conquista da Pérsia pela Grécia, em 330 A.C., pois não há o uso de expressões ou costumes gregos. Portanto, o Livro foi escrito entre 465 e 330 a.C.


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.

Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98

MACARTHUR, John. Manual bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse. Tradução Erica Campos. RIO DE JANEIRO: Thomas Nelson, 2ª Ed. 2019.

05 agosto 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06 – O LIVRO DE ESTER

Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada, falamos do casamento de Rute e Boaz, que foi o desfecho final da história de Rute e a conclusão da remição da família de Noemi. Esta história começa com a fome e o sofrimento da família de Elimeleque, por causa da sua morte e dos seus dois filhos. Mas termina com dois eventos marcantes: o casamento de Rute e Boaz, e o nascimento de Obede. A história de amor entre Rute e Boaz é um tipo do relacionamento da Igreja com Cristo. 


No primeiro tópico, falamos do compromisso de Boaz para com Rute de casar com ela. Rute poderia ter outras oportunidades fora de casa, mas preferiu ficar no lugar da bênção, sob a liderança de sua sogra Noemi, que elaborou um plano para aproximar Rute e Boaz. O caráter santo e justo de Rute e Boaz, levou-os a respeitar o processo e esperar o momento certo para terem qualquer intimidade. 


No segundo tópico vimos os detalhes do casamento de Boaz e Rute. Boaz estava decidido a se casar com Rute, mas havia um obstáculo, que era a preferência do parente mais próximo. Respeitando o processo, Boaz foi falar com o titular da remição da família. O casamento de Boaz com Rute ressalta o papel da liderança masculina que pressupõe atitude, amor responsável e honra à mulher.


No terceiro tópico falamos da remição da linhagem de Davi. Rute e Boaz geraram a Obede, que foi o avô do rei Davi e permitiu a continuidade da descendência de Noemi e Elimeleque. Esta linda história de amor entre um israelita próspero e uma estrangeira pobre e viúva é também um tipo do relacionamento espiritual de Cristo com a Igreja. 


LIÇÃO 06 – O LIVRO DE ESTER


INTRODUÇÃO


A partir desta lição até à última, teremos uma série de lições baseadas no Livro de Ester. Na primeira lição, vimos um resumo das biografias de Rute e Ester. Assim como fizemos com o Livro de Rute, na lição 02, nesta lição faremos um estudo panorâmico do Livro de Ester, trazendo as informações referentes à posição do Livro na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã, autoria e data da redação, o contexto dos fatos narrados e a mensagem do Livro de Ester. Diferente do Livro de Rute, que faz menções constantes a Deus, no Livro de Ester não contém nenhuma referência direta a Deus, mas a providência divina está presente em todo o Livro. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, veremos a categorização do livro de Ester, apresentando a sua posição do Livro na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã. Apresentaremos também as características literárias do livro, destacando a sua historicidade objetiva e o estilo menos dialógico, que difere de Livro de Rute. Por último, veremos as informações referentes à autoria e data da composição desta obra, que são incertas.  


No segundo tópico, falaremos do exílio do povo hebreu. Faremos neste tópico um resumo dos cativeiros da Assíria e da Babilônia, até chegar ao Império Persa, que foi o contexto em que deu os fatos narrados no Livro de Ester. Traremos detalhes do final da monarquia do Reino do Sul e do cativeiro babilônico. Depois falaremos do fim do exílio e o período pós-exílio. 


No terceiro tópico, temos a mensagem do Livro de Ester. Falaremos da providência divina, para salvar o seu povo, apesar das suas escolhas fora da vontade de Deus. Falaremos também da falsa estabilidade dos judeus que decidiram permanecer na Pérsia, mesmo após o fim do cativeiro. Por último, veremos a instituição da festa de Purim para comemorar o livramento dado aos judeus, que é comemorada até os dias atuais por eles. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.

Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98

A MULHER É CHAMADA POR DEUS PARA SER RELEVANTE NO MUNDO

( Comentário do 3º tópico da Lição 13 : Ester, a portadora de boas novas)  Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a mulher é ch...