29 março 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 01: QUANDO A FAMÍLIA AGE POR CONTA PRÓPRIA


Ev. WELIANO PIRES

Com a ajuda do Espírito Santo, iniciamos o segundo trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical, no ano de 2023. Estudaremos um tema muito importante e extremamente necessário para os dias atuais: Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. 


O comentarista deste trimestre é o renomado pastor Elienai Cabral, escritor, conferencista, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil (AELB) e da Casa de Letras Emílio Conde (CPAD) e consultor doutrinário e teológico da CPAD. O pastor Elienai Cabral tem larga experiência não apenas como teólogo, escritor, conferencista e comentarista de Lições Bíblicas, mas também no exercício do ministério pastoral. 


Pr. Elienai é filho do saudoso pastor Osmar Cabral e da irmã Jardelina Cabral, pioneiros da Assembléia de Deus em Santa Catarina, e como tal, foi criado no ambiente ministerial. Foi ordenado ao ministério de evangelista aos 21 anos, em 1966. Por indicação da Convenção do Estado de Santa Catarina, foi trabalhar na cidade de Rio do Sul-SC, como pastor auxiliar.

Depois, atendendo ao convite do missionário Bernhard Johnson Jr. passou a integrar a equipe de evangelistas da Cruzadas Boas Novas, que realizava cruzadas evangelísticas em todo o Brasil, atuando como dirigente das cruzadas e de programas de rádios e como cantor. Em 1968 foi ordenado pastor e organizou e fundou Institutos bíblicos em Santos-SP, Niterói-RJ e Fortaleza-CE. Foi vice-presidente da Assembleia de Deus em Bela Vista, Fortaleza-CE, e pastoreou por muitos anos a Assembleia de Deus em Sobradinho - DF.


Estudaremos neste trimestre as seguintes lições:

LIÇÃO 1: Quando a família age por conta própria.

LIÇÃO 2: A predileção dos pais por um dos filhos 

LIÇÃO 3: Ciúme, o mal que prejudica a família.

LIÇÃO 4: Ídolos na família.

LIÇÃO 5: Motim em família.

LIÇÃO 6: Pais zelosos e filhos rebeldes.

LIÇÃO 7: O relacionamento entre nora e sogra 

LIÇÃO 8: A importância da paternidade na vida dos filhos.

LIÇÃO 9: Uma família nada perfeita.

LIÇÃO 10: Quando os pais sepultam os seus filhos.

LIÇÃO 11: Os prejuízos da mentira na família.

LIÇÃO 12: Criando filhos saudáveis.

LIÇÃO 13: A amizade de Jesus com uma família em Betânia.


Nesta primeira lição, tomando como exemplo o casal Abrão e Sarai, estudaremos o tema: Quando a família age por conta própria. Abrão, que depois se tornou Abraão, é conhecido e reverenciado pelas três religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Os israelitas e os árabes são descendentes de Abraão. Jesus Cristo, o Salvador, também veio a este mundo através da descendência de Abraão.

Deus em sua presciência, chamou a Abrão e ordenou que ele saísse da sua terra, do meio dos seus parentes e fosse a uma terra que Deus iria lhe mostrar. É provável que Abrão tenha entendido errado e, não se sabe ao certo, se Abrão contou esta ordem divina ao seu pai. O texto de Gênesis 11.31 diz: "E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali". Deus chamou Abrão, ordenou que ele deixasse a sua terra e os seus parentes, prometeu abençoá-lo e fazer dele uma grande nação. Porém, o casal Abrão e Sara não tinham filhos e tinham idade avançada para isso. Abrão tinha 75 anos e Sarai, 65.

Abrão creu na promessa do Senhor e saiu em direção à terra que Deus lhe prometeu. Porém, não se desligou completamente da sua parentela e levou consigo o seu sobrinho Ló. Isso causou desentendimento entre os empregados de ambos e, posteriormente, tiveram que se separar. Abrão teve também outros problemas, com Faraó e Abimeleque, por não esperar a orientação divina e seguir para o Egito e Gerar. Sem dúvida nenhuma, o maior problema do casal foi não esperar o cumprimento da promessa de Deus de que lhe daria um filho e a precipitação em adotar um costume da época, das mulheres estéreis, terem filhos através do relacionamento do seu marido com suas escravas.

 

REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pags. 9-11.

Quem é o Pr. Elienai Cabral (Seara News).

LINDSAY, Gordon. Abraão, o amigo de Deus: Série heróis do Antigo Testamento Retratos dos personagens notáveis. Volume 3. Graça Artes Gráficas e Editora Ltda. 

25 março 2023

AVIVAMENTO: QUESTÃO DE VIDA OU DE MORTE

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13: Aviva ó Senhor a tua obra)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro e último tópico, veremos que o avivamento, é questão de vida ou morte. O profeta Habacuque sabia que o seu povo havia pecado e que o juízo seria inevitável, por isso apelou para a misericórdia de Deus. Deus é misericordioso, compassivo e bondoso. O profeta Jeremias, em suas lamentações disse que "as misericórdias do Senhor é a causa de não sermos consumidos". (Lm 3.22). Clamemos, pois a Deus pela sua misericórdia e por um avivamento em nossa geração. 


1- O clamor pela misericórdia de Deus. Por último, em seu clamor, o profeta Habacuque pediu que na ira, Deus se lembrasse da Sua misericórdia. Ele sabia perfeitamente, que o povo havia ultrapassado todos os limites na iniquidade e que os juízos de Deus seriam justos e inevitáveis. Por isso, rogou que usasse de misericórdia na Sua ira: “[…] na tua ira, lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2c). Deus é Santo, Justo e não compactua com o pecado. Mas, Ele é também misericordioso e compadece de nós. Onde houver corações contritos e arrependidos, Deus estará pronto para perdoar e restaurar o pecador. O avivamento não acontece por merecimento do crente, mas pelo favor de Deus, quando Ele se compadece de nós e usa de misericórdia.


2- Deus é misericordioso. Um dos maiores equívocos teológicos é a ideia de que o ser humano tem algum mérito ou direito diante de Deus. Com a entrada do pecado no mundo, o homem tornou-se inimigo de Deus. O apóstolo Paulo assim escreveu: 'Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). Sendo assim, todos nós, sem exceção, éramos por natureza merecedores da condenação divina. O mesmo apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios disse: "Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". (Ef 2.4-6). 

A palavra portuguesa misericórdia vem da junção de duas palavras latinas: miseratio, derivada de miserere que significa “compaixão por“, e “cordis” que significa “coração”. Sendo assim, a idéia de misericórdia em latim é “coração compassivo”.

A misericórdia é um dos atributos comunicáveis de Deus. Em vários textos do Antigo Testamento é dito que Deus é misericordioso e que as suas misericórdias não têm fim. (Ex 34.6; Sl 100.5; Sl 103.4,8; Lm 3.22).


3- Clamemos a Deus. O mundo atual a cada dia está se afundando a cada dia no pecado. A depravação moral tem alcançado níveis insuportáveis. O mais grave é que até mesmo no meio evangélico, comportamentos que há anos atrás eram reprovados até por aqueles que não serviam a Deus, hoje são considerados normais em muitas Igrejas. 

Estes dias que antecedem a vinda de Jesus foram descritos por Jesus e pelos seus apóstolos como tempos de apostasia, ódio aos cristãos, aumento da iniquidade e esfriamento do amor. (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2; Jd 1). A frieza espiritual tem tomado conta de muitas Igrejas e, quando isso acontece, a tolerância ao pecado e o relativismo moral toma conta e a Igreja perde a sua condição de sal da terra e luz do mundo. 

Precisamos urgente, seguir a orientação de Deus a Salomão: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra." (2 Cr 7.14). Em vez de reclamarmos que a nossa Igreja está fria e o pecado tem invadido o nosso arraial, devemos nos humilhar diante de Deus e clamar a Ele em oração por um poderoso avivamento. Aviva, ó Senhor a tua obra! 


REFERÊNCIAS: 

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 1131.

CHAMPLIN, Russell Norman,. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. 11 ed. 2013. pág. 298-299.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 296-297.

O AVIVAMENTO PELA PALAVRA

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 13: Aviva, ó Senhor a tua obra).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos sobre o avivamento pela Palavra, com base nas palavras de Habacuque diante da resposta de Deus ao seu clamor. Falaremos da importância de se ouvir a Palavra de Deus. Depois veremos o que significa temer a Deus. Por último, falaremos sobre a necessidade de clamar ao Senhor por avivamento. 


1- Ouvir a Palavra de Deus. Depois de fazer o seu clamor, angustiado pela situação pecaminosa em que vivia o seu povo, e questionar a Deus pela aparente indiferença, o profeta Habacuque teve uma resposta da parte de Deus. Conforme vimos no tópico anterior, esta resposta de Deus não foi a que ele esperava. Entretanto, diante da resposta de Deus, o profeta teve uma atitude louvável, respondendo a Deus: "Ouvi, Senhor a tua Palavra…". (Hc 3.1a). Mesmo não as ações de Deus ao usar os caldeus como chicote para corrigir o povo de Judá, o profeta deu ouvidos à Palavra de Deus. 

No Livro de apoio, o pastor Elinaldo Renovato traz algumas características da Palavra de Deus, que aparecem na Bíblia:

" ...A Palavra de Deus purifica os caminhos (Sl 119.9); dá condições para o crente não pecar contra Deus (Sl 119.11); alegra o coração de quem se lembra dela (119.16); vivifica o coração (119.25); fortalece a alma (119.28); traz salvação (119.41); produz a piedade de Deus (119.58); consola o aflito (119.76); veio do céu e permanece no céu (119.89); é lâmpada e luz para o caminho da vida (119.105); a Palavra de Deus sustenta (119.116); ordena os passos (119.133); é muito pura (119.140); a Palavra de Deus é a verdade desde o princípio (119.160); ela dá entendimento (119.169); é gozo e alegria no coração (Jr 15.16); a Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17).

A Palavra de Deus é o único manual de doutrina e conduta do cristão. Através da oração nós falamos com Deus e através da Palavra de Deus, Ele fala conosco. Por isso, não pode haver um avivamento genuíno, onde não há exposição bíblica.

Quando lemos a Bíblia, não podemos questionar, relativizar, ou discordar dos seus ensinos. Nenhum escrito, tradição, tratado ou opinião humana podem ser equiparados à eterna, infalível, inspirada, inerrante e completa Palavra de Deus. A Bíblia não está sob julgamento, pois ela é a Palavra de Deus. A nós cabe única e exclusivamente, ouvir e cumprir o que ela determina. A Palavra de Deus é fonte inesgotável de conhecimento e é poderosa para produzir uma profunda transformação nos corações daqueles que dão ouvidos a ela: "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hb 4.12). 


2- Temer a Deus. Depois de ouvir a Palavra de Deus, o profeta Habacuque disse que 'temeu". Temer a Deus não é ter medo, pavor ou viver aterrorizado. Temer a Deus significa reverenciá-lo, respeitá-lo e obedecê-lo em todas as áreas da nossa vida, mesmo quando ninguém está vendo, ou quando as leis dos homens não nos obrigam a fazer isso.  O salmista descreve o temor a Deus, como o princípio da sabedoria:

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor permanece para sempre” (Sl 111.10).

Tanto importante quanto crer na Palavra de Deus e ouvir os seus ensinos, é temer a Deus. Quem tem a Deus, obedece a Ele voluntariamente e foge de toda a aparência do mal. Temos na Bíblia o exemplo de José, que era escravo no Egito e foi assediado sexualmente pela esposa do seu senhor. Ele estava sozinho com ela em casa e o que acontecesse ali, ninguém ficaria sabendo. Mas, por temor a Deus e respeito ao seu senhor, mesmo em sua ausência, ele preferiu fugir, arriscando a própria vida. Por causa disso, ele foi parar na prisão injustamente. Entretanto, não traiu a Deus, nem ao seu senhor. Depois, Deus honrou a sua fidelidade, colocando-o como governador geral do Egito. 

O temor a Deus também é condição indispensável para que aconteça um verdadeiro avivamento. Infelizmente, em nossos dias, há pessoas que falam em avivamento mas não tem nenhum temor a Deus. Falam e praticam coisas reprováveis à luz da Palavra de Deus. Deus é absolutamente santo e também exige santidade do seu povo. (1 Pe 1.16). 


3- O clamor pelo avivamento. Habacuque ouviu a Palavra de Deus e esta Palavra produziu temor em seu coração. Ele entendeu, pela resposta de Deus, que o juízo seria inevitável. Então, ele clamou a Deus por um avivamento espiritual em Judá: "… aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2). 

Conforme já vimos em lições anteriores, o avivamento espiritual não é algo produzido pelo homem. Só quem produz o avivamento é Deus e Ele não se submete a agendas humanas. Por isso, é preciso clamar a Deus por um avivamento, como fez Habacuque. O tempo do avivamento também é determinado por Deus, por isso o profeta clamou a Deus para que avivasse a Sua obra no meio dos anos e não apenas na sua geração. É tempo de buscarmos a Deus em oração por um avivamento de Deus sobre a sua Igreja. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 140-141.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 1131.

PALMER, Robertson. Comentário do Antigo Testamento: Naum, Habacuque e Sofonias. Editora Cultura Cristã. pág. 277.

PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Habacuque. Editora Batista Regular. pág. 20-21.

24 março 2023

O CLAMOR PELO AVIVAMENTO


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 13: Aviva ó Senhor a tua obra)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre o clamor pelo avivamento. Veremos a intercessão angustiada do profeta Habacuque, que após ter uma visão sobre os horrores da invasão babilônica e diante da aparente indiferença de Deus, fez uma oração, questionando a Deus, perguntando até quando ele clamaria a não teria resposta. Veremos também a resposta imediata de Deus ao profeta. 


1- A intercessão angustiada do profeta. Não temos informações sobre o profeta Habacuque em seu livro, ou em outra parte da Bíblia sobre a pessoa do profeta. O livro o identifica apenas como “o profeta Habacuque”. Isso pode ser um indicativo de que ele era bem conhecido. O nome Habacuque significa “aquele que abraça” e, no final da sua profecia, o nome faz sentido, pois, o profeta se apegou a Deus. 

As referências ao templo (Hc 2.20) e a oração em forma de canto no capítulo 3, com referência ao cantor-mor e instrumentos musicais, são indicativos de que Habacuque deve ter sido um levita e cantor do templo. Habacuque iniciou seu ministério por volta do ano 609 a.C., no governo de Jeoaquim, rei de Judá (2 Rs 23.30-34) e profetizou durante os últimos momentos do império da Assíria e início da ascensão da Babilônia. Foi contemporâneo de Jeremias, Ezequiel, Daniel e Sofonias. 

O livro de Habacuque começa com a perplexidade do profeta diante da violência e da iniquidade que presenciava. Diante disso, ele clamou a Deus com várias perguntas, questionando porque Deus não o respondia e permitia que os ímpios (Caldeus) punissem ao povo de Israel (Hc 1.4-6). No capítulo 2, o Senhor lhe respondeu dizendo: “Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” (Hc 2.2). O Senhor lhe mostrou que o povo de  Judá não era justo e mereceu a punição. No capítulo 3, Habacuque fez uma oração em forma de canto, suplicando a misericórdia do Senhor,  louvando-o por seu poder e demonstrando a sua confiança em Deus em qualquer circunstância. O versículo chave de Habacuque é: “O justo viverá pela sua fé (fidelidade)”. (Hc 2.4).

Warren Wiersbe, comentando sobre esse clamor de Habacuque, escreveu: "Habacuque orou pedindo a Deus que tomasse uma providência quanto à violência, às contendas e às injustiças na terra, mas Deus pareceu não ouvir [….] O profeta usa o verbo “clamar”, que significa simplesmente “pedir socorro”, mas em seguida diz: 'gritar-te-ei', que no original significa: 'clamar com um coração perturbado'. "


2- A aparente indiferença de Deus. O profeta Habacuque clamou a Deus, angustiado com a violência e a iniquidade do seu povo. Inicialmente, ele teve a impressão de que Deus não estava indiferente a tudo aquilo e perguntou até quando, Deus ficaria em silêncio diante daquela situação (Hc 1.2,3). Entretanto, esta aparente demora de Deus em agir, na verdade, era a sua misericórdia e longanimidade para com os transgressores. Deus não tem prazer na morte dos ímpios e dá tempo para que eles se arrependam. 

Antes de destruir os povos de Canaã, Deus esperou que o limite da maldade deles se completasse (Gn 15.16).  O povo de Israel permaneceu na escravidão por 430 anos e os cananeus praticavam as mais terríveis abominações. Queimavam os próprios filhos a Moloque, adoravam ídolos e praticavam a prostituição sagrada. Deus, em sua longanimidade, esperou completar o limite da iniquidade, antes de destruir aquelas nações. 

Com o povo de Israel não foi diferente. Eles pecavam e Deus mandava os profetas para repreendê-los e exortá-los ao arrependimento. Muitos reis ímpios, além de não se arrependerem, ainda perseguiam e matavam os profetas. No Reino do Norte, todos os reis foram mais. O rei Acabe e a rainha Jezabel mandaram matar os profetas do Senhor. Alguns foram escondidos em covas por Obadias, mordomo do rei, para escaparem da morte. Muitas maldades foram praticadas, mas o Senhor esperou muitos anos até permitir o cativeiro da Assíria. 

No Reino do Sul, que era governado pela dinastia de Davi, houve muitos reis piedosos, como Asa, Josafá, Uzias, Jotão, Ezequias e Josias. Mas também teve reis ímpios como Roboão, Jeorão, Acazias, Acaz, Manassés, Amom e Zedequias. Estes reis ímpios levaram o povo à idolatria e praticavam a injustiça. Deus os alertou através dos profetas para que abandonassem o pecado, mas eles não deram ouvidos. Por isso, foram entregues ao cativeiro da Babilônia. 

Atualmente também as pessoas mergulham em todo tipo de pecado e maldade, como se Deus não existisse. O Filho de Deus veio a este mundo, pregou a mensagem de salvação e fé, muitos milagres. Mas o seu próprio povo o rejeitou e o crucificaram. Mas Ele ressuscitou e subiu ao Céu. Os seus discípulos continuaram pregando a mensagem dEle e foram barbaramente torturados e mortos pelos judeus e pelos romanos. Hoje, nós continuamos pregando, mas as pessoas não dão ouvidos à nossa pregação. Entretanto, Deus não está indiferente a tudo isso. Ele é longânimo e espera que as pessoas se arrependam e cheguem ao conhecimento da Verdade. Mas um dia, Ele julgará os ímpios e os condenará. 


3- A resposta pronta de Deus. Habacuque clamou a Deus e ficou incomodado porque a resposta não vinha. Entretanto, quando a resposta de Deus veio, ele ficou mais incomodado ainda, pois Deus não deu a resposta que ele esperava. O profeta imaginava que Deus levantaria pessoas entres os nobres de Judá para punir os pecados e crimes que eram praticados ali. Quando Deus lhe revelou que usaria a Babilônia como instrumento de punição ao povo judeu, Habacuque ficou perplexo e indagou a Deus, perguntando por que Ele usaria alguém para punir Judá, sendo aquele povo mais ímpio do que Judá (Hc 1.13). Em sua resposta, no capítulo 2, Deus explicou a Habacuque que os caldeus também receberiam a sua punição pelo que fariam ao povo de Judá (Hc 2.17). 

Na atualidade também há muitas pessoas que clamam a Deus e querem que Ele lhes responda de acordo com a vontade deles. Outros querem ser mais justos e mais misericordiosos do que Deus, dizendo que Deus não condenará ninguém ao lago de fogo e que não há sofrimento eterno. O falso ensino do Universalismo ensina que no final dos tempos Deus salvará a todos. Mas não é isso que a Bíblia ensina. Jesus deixou claro que há dois caminhos: um largo e outro estreito. O caminho estreito conduz à vida e poucos são os que o encontram. O caminho largo, por sua vez, conduz à perdição e muitos são os que entram por ele. Deus é soberano e não submete as suas decisões à opinião humana. Ele é absolutamente justo em tudo o que faz. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 37-41; 47-48.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.  3615, 3516. 

PALMER, Robertson. Comentário do Antigo Testamento: Naum, Habacuque e Sofonias. Editora Cultura Cristã. pág. 181-182.

22 março 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA


Ev. WELIANO PIRES

Com a graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos sobre o avivamento espiritual. Vimos na primeira lição, o conceito de avivamento e as condições para que o avivamento aconteça. Nas lições seguintes vimos os exemplos de avivamento no Antigo e no Novo Testamento. Na sequência, falamos sobre os avivamentos ao longo da história da Igreja. Vimos também o avivamento na vida pessoal do crente, a relação entre o avivamento e a missão da Igreja. Na última lição estudamos o tema "Vivendo no Espírito", discorrendo sobre as obras da carne, o fruto do Espírito e o confronto entre estes dois estilos de vida. 


Esta última lição é uma conclusão dos assuntos estudados no trimestre. Tendo como base na oração do profeta Habacuque, estudaremos preciosas lições das palavras proferidas pelo profeta no capítulo 3 do seu livro. Depois de reclamar com Deus, porque Deus levantou a Babilônia, um povo ímpio para punir Israel pelo pecado, Habacuque ouviu a resposta de Deus no capítulo dois. No capítulo 3, ele inicia dizendo: Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi. Aviva a tua obra, ó Senhor…” (Hc 3.2). No final do capítulo, ele diz que, mesmo que falte tudo em sua vida, do ponto de vista material, ele esperará e se alegrará no Senhor (Hc 3.16-19). Isto nos ensina que todo avivamento genuíno envolve oração, Palavra de Deus, temor e confiança em Deus. 


No primeiro tópico falaremos sobre o clamor pelo avivamento. Veremos a intercessão angustiada do profeta Habacuque, que após ter uma visão sobre os horrores da invasão babilônica e diante da aparente indiferença de Deus, fez uma oração, questionando a Deus, perguntando até quando ele clamaria a não teria resposta. Veremos também a resposta imediata de Deus ao profeta. 


No segundo tópico falaremos sobre o avivamento pela Palavra, com base nas palavras de Habacuque diante da resposta de Deus ao seu clamor. Falaremos da importância de se ouvir a Palavra de Deus. Depois veremos o que significa temer a Deus. Por último, falaremos sobre a necessidade de clamar ao Senhor por avivamento. 


No terceiro e último tópico, veremos que o avivamento, é questão de vida ou morte. O profeta Habacuque sabia que o seu povo havia pecado e que o juízo seria inevitável, por isso apelou para a misericórdia de Deus. Deus é misericordioso e compassivo e bondoso. O profeta Jeremias, em suas lamentações disse que "as misericórdias do Senhor é a causa de não sermos consumidos". (Lm 3.22). Clamemos, pois a Deus pela sua misericórdia e por um avivamento em nossa geração. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 11-12.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 1119.

O AVIVAMENTO PELO FRUTO DO ESPÍRITO


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 12: Vivendo no Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos sobre  o avivamento pelo Fruto do Espírito Santo. Veremos que o Fruto do Espírito Santo e os dons espirituais são características essenciais à vida cristã. Os dons espirituais não são para todos os crentes e são concedidos pelo Espírito Santo a quem Ele quer, para o que for útil. O Fruto do Espírito Santo, no entanto, é indispensável a todos os crentes. Por último, faremos uma breve exposição das nove virtudes do Fruto do Espírito que são inseparáveis e interdependentes. A conclusão que Paulo faz da exposição dessas virtudes é que não há Lei contra o Fruto do Espírito.


1- Fruto do Espírito. O fruto do Espírito, no singular, se opõe frontalmente às obras da carne, vimos no tópico anterior. Muitos não entendem porque o Fruto do Espírito aparece no singular, diferente dos dons que aparecem no plural e são diversos. Isto significa que, as virtudes do Fruto do Espírito são inseparáveis e interdependentes, ou seja, não é possível ter uma e não ter as outras, como acontece com os dons espirituais. Para facilitar o entendimento, os expositores bíblicos comparam o Fruto do Espírito  a uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto. 

O fruto do Espírito Santo é o resultado de uma vida cristã sob a direção e o domínio do Espírito Santo. O amor encabeça esta lista de virtudes e resume as demais, pois não quem ama de verdade tem alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Estas virtudes são produzidas em nosso interior pelo Espírito Santo e estão relacionadas ao nosso caráter. Não podem ser criadas artificialmente ou simuladas. Ou a pessoa anda no Espírito e produz estas virtudes, ou anda segundo a sua própria natureza e produz as obras da carne.


2- Os nove aspectos do Fruto do Espírito (Gl 5.22). O Fruto do Espírito se divide em nove virtudes inseparáveis e interdependentes, como já falamos. O apóstolo Paulo citou estas nove virtudes, escrevendo aos Gálatas. O comentarista fez uma breve exposição de cada delas, citando inclusive, os respectivos termos gregos correspondentes:

a. Amor (gr. ágape). É a mais nobre das virtudes. Somente Deus é capaz de amar com este amor e é Ele que produz em nós este amor sacrificial, capaz de fazer o bem a quem não merece, sem esperar nada em troca. Este não é o amor phileo, que é o amor aos amigos. Também não é o amor storge, que é direcionado aos familiares; nem tampouco, o amor eros, que é a atração sexual. O amor ágape, que é fruto do Espírito Santo, é uma virtudes chamadas de teologais, junto com a fé e a esperança, pois é Deus quem as concede ao ser humano que anda com Ele. Este é o amor de 1 Coríntios 13, que está acima dos dons espirituais.

b. Alegria  (gr. chara). A alegria produzida pelo Espírito Santo no crente, não é a alegria comum, que está relacionada às circunstâncias favoráveis ou a momentos felizes. A alegria como fruto do Espírito transcende às circunstâncias e à própria vida. O crente que tem a alegria do Espírito, alegra-se no Senhor e na esperança que tem nEle (Rm 12.12; Fp 4.4). 

c. Paz (Gr. eirene). A paz que o Espírito Santo produz no crente não é simplesmente ausência de guerra. Não é a paz que o mundo oferece. É a paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, independente das circunstâncias. É a paz que excede a todo entendimento. Infelizmente, em muitos meios ditos evangélicos não há esta paz e as pessoas vivem em disputas pelo poder. 

d. Longanimidade (gr. makrothumia). Longanimidade pode ser dividida em duas palavras: longo e ânimo. Portanto significa manter em paz por muito tempo, mesmo sob ofensas. É a paciência para suportar afrontas e não revidar. 

e. Benignidade (gr. chrestotes). É a disposição para desejar e fazer o bem ao próximo, independente de quem seja. A pessoa benigna jamais faria mal a alguém mesmo que tenha motivos para isso. 

f. Bonda­de (gr. agathosune). É a prática de boas ações. Somente Deus é bom, portanto, só faz coisas boas quem tem Deus no coração, pois as coisas boas vem dele. Quem tem esta virtude do Espírito tem uma boa índole e só pratica o que é bom. 

g. fé / Fidelidade (gr. pistis). Fé neste contexto não se refere apenas à crença na existência de Deus. É a confiança inabalável em Deus, que leva o crente a ser fiel a Deus em todas as coisas, renunciando até a própria vida e praticando boas obras por amor a Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). 

h. Mansidão (gr. prautes). É virtude de quem é brando, dócil, amável e manso nas reações. Jesus é o nosso maior exemplo de mansidão e disse para aprendermos com Ele a ser mansos. A mansidão é o oposto de um comportamento explosivo e descontrolado.

i. Temperança (gr. egkrateia). A palavra grega egkrateia traduzida por temperança, na versão Almeida Revista e Corrigida, é formada por dois vocábulos gregos eg (eu) e Kratos (domínio). Significa, portanto, domínio próprio, autocontrole, moderação e equilíbrio em todas as coisas.


3- Contra o Fruto do Espírito, não há lei. Paulo concluiu o seu ensino sobre o Fruto do Espírito dizendo: "contra estas coisas não há lei".  (Gl 5.23). A lei foi dada a Israel para mostrar o pecado e a incapacidade do ser humano de cumprir a Lei. A graça veio por Jesus Cristo, que concede ao ser humano o Espírito Santo, o qual produz nele estas virtudes e o capacitam a vencer a sua natureza pecaminosa. 

As virtudes do Espírito Santo não são condenadas pela Lei de Deus nem pelas leis dos homens. Estas virtudes cumprem a Lei de Deus mais do que sacrifícios, ordenanças e rituais. O apóstolo Paulo disse que o cumprimento da Lei é o amor: "Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Gl 5.14). 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1182.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pág. 9

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 248.

A RESSURREIÇÃO DE JESUS

(Comentário do 3° tópico da Lição 12: Do julgamento à ressurreição) Ev. WELIANO PIRES O terceiro tópico nos fala da Ressurreição de Jesus, q...