08 dezembro 2022

O TEMPLO DO MILÊNIO


(Comentário do 2º tópico da Lição 11: A visão do Templo e o Milênio)

Falaremos neste segundo tópico sobre o templo do Milênio.  O milênio será uma nova dispensação onde Cristo será, de  fato, o Rei de todas as nações e as governará com justiça e equidade. 


Os detalhes deste templo visto por Ezequiel são totalmente diferentes do templo que ele tinha visto na primeira visão, quando a glória de Deus se foi. Os profetas Isaías e Joel também fizeram menção a este templo, porém Ezequiel foi o único a descrevê-lo. 


Neste novo templo não há menção à Arca da Aliança, utensílios, rituais, pois, estes eram figuras que apontavam para Cristo e tudo se cumpriu nele. Entretanto, há referências aos sacerdotes e aos sacrifícios. Como explicar isso, se Cristo é o sacrifício perfeito e cumpriu todas as exigências da Lei mosaica? Falaremos disso, no quarto ponto deste tópico.

 

1- Um templo diferente. Logo depois da saída do povo de Israel do Egito, Deus ordenou que construíssem um tabernáculo, ou uma tenda móvel para que a presença de Deus se manifestasse nele. O próprio Deus forneceu o modelo, com os compartimentos, medidas e materiais da construção. “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. (Êx 25.8). Deus também concedeu sabedoria a Bezaleel e Aoliabe para trabalharem como ourives e artesãos do tabernáculo (Êx 31.2,6). O tabernáculo era formado por três compartimentos: O pátio, o Lugar santo e o Lugar santíssimo ou Santo dos santos. No pátio do Tabernáculo ficavam o altar do holocausto e a pia de bronze. No Lugar Santo ficavam o candelabro de ouro, a mesa dos pães da proposição e o altar do incenso. No Santo dos Santos ficava a Arca da Aliança e uma tampa que a cobria, chamada de propiciatório.


Durante o reinado de Davi, ele desejou construir um templo para Deus. Mas, Deus rejeitou a proposta, por ele ser um homem de guerra desde a sua mocidade. Porém, Deus lhe falou que o seu filho Salomão construiria o templo. Davi, então, adquiriu o terreno e arrecadou materiais de altíssima qualidade, em abundância, para a construção do templo. No reinado de Salomão, Deus concedeu paz para que ele construísse o templo.


O templo de Salomão foi planejado segundo o modelo do tabernáculo dado a Moisés, com exceção, é claro, das estacas e cortinas que não eram mais necessárias, pois não era móvel como o Tabernáculo. Este templo foi construído com muito esplendor e consagrado a Deus. Na inauguração, a glória de Deus encheu o local, de tal forma, que os sacerdotes e levitas não conseguiram ficar lá dentro. Por causa do pecado generalizado no Reino de Judá, Deus os entregou nas mãos da Babilônia e permitiu a destruição de Jerusalém e deste templo. 


Na volta do cativeiro babilônico, o templo foi reconstruído por Zorobabel e inaugurado no sexto ano de Dario, ou seja, em 516 a.C. Entretanto, este segundo templo era muito inferior ao primeiro, porque além de não terem recursos para uma construção como aquela dos tempos áureos de Salomão, também não tinham conhecimento arquitetônico para isso. Entretanto, os compartimentos e utensílios do templo eram praticamente os mesmos, pois os rituais e sacrifícios continuavam. Durante o domínio romano, este templo foi completamente reformado e ampliado por Herodes Magno, conhecido como “Herodes, o Grande'', que governou a Judéia entre 37 e 4.a.C. O tempo total da reforma durou 46 anos. Este segundo templo foi totalmente destruído pelo exército romano, no ano 70 d.C. 


Ezequiel teve a visão desse templo, catorze anos após a destruição de Jerusalém e do primeiro templo (Ez 40.1). Ezequiel viveu em Jerusalém até aos 25 anos de idade. Ele era de uma família sacerdotal e, portanto, conhecia bem o templo de Salomão. A descrição que ele faz do templo é semelhante à do templo que havia sido destruído pelos babilônios. Entretanto, as medidas não são as mesmas e não aparecem neste templo visto por Ezequiel, os utensílios que faziam parte do tabernáculo e do templo de Jerusalém. Aliás, justamente por causa destas diferenças deste templo da visão de Ezequiel, em relação ao templo de Salomão, houve relutância de alguns rabinos para aceitarem o livro como canônico.  


Este templo também não é o templo que foi construído depois por Zorobabel, pois as medidas, as características e até a geografia do local do templo descritas por Ezequiel não são as mesmas do segundo templo.  Também não é o terceiro templo que está sendo planejado por Israel e será construído. Este será profanado pelo Anticristo e destruído pouco antes da Batalha do Armagedom. 


Então, que templo seria este que Ezequiel viu? Alguns sugerem que este templo não seria literal e que seria apenas simbólico para indicar a restauração espiritual de Israel. Entretanto, a interpretação mais coerente é que este templo será construído em Jerusalém e se refere ao período do governo milenial de Cristo, que virá após a Grande Tribulação. 


2- Uma dispensação diferente. Para entendermos este ponto, se faz necessário explicar o que é dispensação, no sentido teológico. O Dispensacionalismo é um sistema de teologia que vê o mundo como se fosse um “lar” que é gerenciado por Deus. A palavra “dispensação” tem o sentido de “administração” ou “mordomia” e é usada por Paulo no Novo Testamento: “De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”. (Ef 1.10); “Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada.” (Ef 3.2). 


A interpretação dispensacionalista fundamenta-se com base na interpretação literal e consistente da Bíblia (desde Gênesis até o Apocalipse). Também faz distinção entre Israel e a Igreja e enfatiza a glorificação de Deus através da sua criação ao longo dos anos. Esta linha de interpretação bíblica divide a história humana em sete períodos chamados de dispensações: 


a. Dispensação da inocência: Período que se estende desde a criação de Adão até a expulsão do Éden.

b. Dispensação da consciência: Desde a queda do primeiro casal até o dilúvio.

c. Dispensação do governo humano: Desde o dilúvio até a confusão das línguas na tentativa de construção da Torre de Babel. 

d. Dispensação da promessa: Desde a chamada de Abrão em Ur dos Caldeus, até o fim do cativeiro de Israel no Egito.

e. Dispensação da Lei: Desde a saída de Israel do Egito até a crucificação de Jesus. 

f. Dispensação da Graça: Desde a ressurreição de Jesus até o arrebatamento da Igreja. 

g. Dispensação do Milênio: Desde a manifestação gloriosa de Cristo até o Juízo final. 


Atualmente vivemos a sexta dispensação, chamada de dispensação da Graça, Era da Igreja, ou Dispensação do Espírito. Esta dispensação representa um intervalo entre a 69ª semana de Daniel e a 70ª. Neste período, devido à rejeição de Israel ao Messias, Deus abriu a oportunidade a todos os povos para serem salvos, formando um só povo: a Igreja. Após o arrebatamento da Igreja, Deus voltará a tratar com Israel. Iniciará a contagem da 70ª semana de Daniel que será a Grande Tribulação. No final dos sete anos, Jesus retornará novamente com a Igreja e estabelecerá o seu Reino de mil anos sobre a terra, que será a Dispensação do Milênio. 


Nesta dispensação do Milênio haverá mudanças profundas na terra. Estudaremos este assunto com mais detalhes, na última lição deste trimestre. Neste período a terra será restaurada. Todos voltarão a ser vegetarianos e terão longevidade. Deus tirará também a ferocidade dos animais, que também serão vegetarianos como no princípio. “O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá feno, como o boi, mas o pó será a comida da serpente. Não farão nem mal nem destruição em todo o meu santo monte, diz o Senhor.” (Is 65.25). As Testemunhas de Jeová confundem isso com a eternidade e, por isso, dizem que a eternidade será um paraíso na terra. 


3- Um ritual diferente. Assim como o templo visto por Ezequiel era diferente do templo de Salomão e do segundo templo feito por Zorobabel e ampliado por Herodes, o ritual feito neste templo também será diferente. O objeto mais importante do tabernáculo e do templo era, sem dúvida nenhuma, a Arca da Aliança, pois ela era representava a presença de Deus. A Arca era um baú retangular feito de madeira de cipreste e revestido de ouro por dentro e por fora. As suas medidas eram em medidas atuais: 1,20m x 90 cm x 90 cm. Em cada extremidade inferior da Arca, havia uma argola de ouro, onde eram colocadas duas varas que serviam para transportar a Arca. Em cima da Arca havia uma tampa feita de ouro puro, chamada de "propiciatório". Nesta tampa ficavam as figuras de dois querubins, feitos de ouro, colocados um de frente para o outro, com suas asas estendidas. Em cima do propiciatório o sacerdote derramava o sangue dos animais para aplacar (propiciar) a ira de Deus sobre o povo. Por isso era chamada de “propiciatório”. 


A Arca ficava no lugar Santo dos Santos e não podia ser vista ou tocada pelo povo. Somente os sacerdotes tinham acesso a ela e poderiam transportá-la, nos tempos do tabernáculo. Nos tempos do Sumo sacerdote Eli, os seus filhos a levaram para a guerra, com um amuleto para vencer a guerra, mas foram derrotados. Os filisteus levaram a Arca para a sua terra e ela permaneceu lá por 20 anos. Durante o reinado de Davi, ele a trouxe de volta para Jerusalém com grande júbilo. Porém a Arca desapareceu completamente dos relatos bíblicos e não se sabe ao certo quando ela desapareceu. O profeta Jeremias faz menção a ela dizendo:  “Naqueles dias, diz o SENHOR, nunca mais se dirá: A arca do concerto do Senhor Nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão; isso não se fará mais”. (Jr 3.16). Alguns sugerem que ela foi capturada junto com os demais objetos do templo pelo exército de Nabucodonosor. Outros dizem que Jeremias a teria escondido para evitar que os babilônios a levassem, mas não há nenhuma evidência histórica disso. 


Mesmo sendo tão importante para o Judaísmo, a Arca não aparece no templo visto por Ezequiel, nem no templo de Zorobabel. Isso mostra que no templo do milênio ela não existirá. A Arca se tornará desnecessária pois no milênio, a presença de Deus será Cristo que reinará pessoalmente com o seu povo. Por isso, não necessitará mais desta representação. A Arca era símbolo do Antigo Pacto de Deus com Israel. No Novo Pacto, no Milênio, a Arca será substituída pela presença do Filho de Deus, o Messias prometido a Israel.


4- Como explicar os sacrifícios no Milênio? Como vimos acima, o templo será diferente dos anteriores e os rituais também serão diferentes, pois será uma nova dispensação. Entretanto, Ezequiel menciona os sacrifícios e diz que os descendentes de Zadoque oferecerão um bezerro como sacrifício pela expiação do pecado. (Ez 43.18-27). Como isto se explica, visto que Cristo é o sacrifício perfeito, cumpriu toda a Lei e tornou obsoleto os sacrifícios de animais? 


Há várias interpretações sobre este assunto, mas a que mais faz sentido é a que diz que os sacrifícios serão memoriais para relembrar o sacrifício de Cristo, assim como fazemos com a Ceia do Senhor atualmente, que também será celebrada no Reino de Deus, como disse Jesus (Mc 14.25). O saudoso pastor Antonio Gilberto, uma referência do ensino teológico da Assembléia de Deus, comentou na Bíblia de  Estudo  Pentecostal que estes sacrifícios não serão como os dos primeiros templos para cobrir o pecado, pois o sacrifício de Jesus é suficiente para tirar o pecado do mundo. Este memorial não será para a Igreja e sim para o povo judeu como nação sacerdotal, para relembrar o que Deus fez no passado. 


REFERÊNCIAS:


LOPES, Hernandes Dias. HEBREUS: A Superioridade de Cristo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2018.

TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 791.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 341.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2993; 3355.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1897-1898.

HARRISON, K. Jeremias e Lamentações. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pág. 53.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 353; 806-807.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1223

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 545-553.


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Ev. Weliano Pires

06 dezembro 2022

SOBRE O QUE VEM DEPOIS DA RESTAURAÇÃO


(Comentário do 1º da Lição 11: A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO)


Neste primeiro tópico falaremos sobre o que virá depois da restauração espiritual de Israel, traçando o caminho do retorno da glória de Deus para o templo, pela porta oriental. Há três observações importantes sobre o retorno da glória de Deus: A glória de Deus virá do Oriente; a terra resplandecerá por causa da glória; e um ser semelhante a um homem, cuja voz é como o som de muitas águas. A estrutura e o formato dos discursos do profeta continuam os mesmos da primeira visão descrita no capítulo 8, que estudamos na Lição 3, quando falamos da visão que Ezequiel teve das abominações praticadas no templo.  


1- A porta oriental do Templo (v.1). Na lição 4, quando estudamos sobre a saída da glória de Deus do templo, vimos que esta saída se deu gradualmente. Primeiro, a glória de Deus saiu do lugar santíssimo, onde estavam os querubins, mas ainda permaneceu no templo. Depois, pousou na entrada do templo e, por fim, saiu pela porta oriental e pousou no Monte das Oliveiras. A partir desta saída, o templo embora continuasse esplendoroso, ficou vulnerável e os inimigos de Israel o saquearam e o destruíram. Este templo foi reconstruído por Zorobabel, mas era muito inferior ao primeiro. Depois, Herodes, o grande, reformou este segundo templo e o ampliou. Mas este também foi totalmente destruído pelos romanos, em 70 d.C. Falaremos mais sobre este assunto no segundo tópico desta lição.


Nesta nova visão, Ezequiel foi levado à mesma porta oriental do templo e viu a glória de Deus fazer o caminho inverso e retornar pela mesma porta de onde havia saído. O Espírito Santo fez Ezequiel e os seus destinatários originais entenderem que, da mesma forma que a glória de Deus se afastou por causa do pecado, ela voltará pelo mesmo caminho, quando houver a restauração espiritual de Israel. Se nos entregarmos ao pecado, a glória ou a presença de Deus se afastará de nós, pois Deus é absolutamente santo e não pode conviver com o pecado. Por outro lado, se abandonarmos o pecado e nos voltarmos para Ele, a sua presença retorna, pois Deus é misericordioso e está pronto a nos perdoar. 


2- Três observações importantes (v.2). No versículo 2, do capítulo 43, Ezequiel descreve o seguinte: “E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.” O comentarista nos mostra três observações importantes na visão do profeta Ezequiel, descritas neste versículo:

a. A glória de Deus “vinha do caminho do oriente”. Isso nos remete ao nascer do sol, que nasce no Leste e ilumina todo o horizonte. Da mesma forma, a glória de Deus virá sobre Israel e será vista por toda a humanidade. O sol também é uma figura do governo de Cristo, pois Malaquias diz: “Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o Sol da Justiça e salvação trará debaixo das suas asas..” (Ml 4.2a).


b. A sua voz era como a de muitas águas. Na primeira visão de Ezequiel, no capítulo 1.24, ele diz que ouviu “o ruído como o som de muitas águas”. No Apocalipse também, o apóstolo João viu Jesus glorificado e descreve o som da sua voz, como “a voz de muitas águas” (Ap 1.15c). Esta figura do som de muitas águas mostra a imensidão do poder de Deus, pois as muitas águas derrubam tudo por onde passam e são temidas. Este som, portanto, é mais uma indicação de que o retorno da glória de Deus ao templo é a personificação do Messias.

c. A terra resplandeceu por causa da sua glória. Isso também nos remete à visão de Isaías 6, quando os serafins diziam: “Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos. Toda a terra está cheia da sua glória”. Ezequiel viu na visão do capítulo 1, um ser em semelhança de um homem (Ez 1.26). Este aspecto das visões de Ezequiel aponta para o Messias pré-encarnado. Estas manifestações de Cristo, antes da encarnação do verbo, são chamadas de “Cristofania”, palavra formada a partir de dois vocábulos gregos, Christos (ungido) que é a tradução do hebraico Mashiah se refere ao Filho de Deus e phainein” (mostrar ou manifestar). Jesus é a manifestação plena da glória de Deus. O apóstolo João testificou isso dizendo: “...Vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).


3- As reminiscências (v.3). A palavra reminiscência vem do latim “reminiscentĭa” e se refere a uma representação mental de uma situação, feito ou outra coisa que teve lugar no passado. É usada também para designar uma pequena lembrança que alguém possui de algo que já não existe. No subconsciente do profeta, ainda estavam as lembranças do templo de Jerusalém e da cidade, que haviam sido destruídos pelos caldeus, catorze anos antes. Também estão presentes nesta visão, os mesmos elementos das visões anteriores: o trono, os querubins e o santuário. Entretanto, as circunstâncias são diferentes. Nas visões anteriores, Deus falava das abominações praticadas pelo seu povo, da saída da glória de Deus e do julgamento através do cativeiro. Agora, embora os elementos da visão sejam os mesmos, a mensagem é de esperança e restauração espiritual para o povo de Deus. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 129, 130.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3339.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 237.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. págs. 521, 522.


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Ev. Weliano Pires

05 dezembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO


Na Lição 04 vimos que a Glória de Deus deixou o templo, por causa das abominações que eram praticadas no local. Na lição passada estudamos a profecia de Ezequiel 37, que trata da restauração nacional e espiritual de Israel. A lição desta semana é uma continuidade da lição passada, pois trata da visão que Ezequiel teve do retorno da Glória de Deus ao templo. É uma referência ao templo que haverá no Milênio, quando Jesus vier em glória, para reinar em Jerusalém por mil anos.


O primeiro tópico fala sobre o que virá depois da restauração espiritual de Israel, traçando o caminho do retorno da Glória de Deus para o templo, pela porta oriental. Há três observações importantes sobre o retorno da Glória de Deus: A Glória virá do Oriente; a terra resplandecerá por causa da Glória; e um ser semelhante a um homem, que é o Messias. A estrutura e o formato dos discursos do profeta continuam os mesmos da primeira visão. 


O segundo tópico fala sobre o templo do Milênio. Os detalhes deste templo visto por Ezequiel são totalmente diferentes do templo que ele viu na primeira visão, quando a Glória de Deus se foi. Neste novo templo não há menção à Arca da Aliança, aos rituais e utensílios,pois, eram figuras que apontavam para Cristo e tudo se cumpriu nele. Entretanto, há menção aos sacerdotes e sacrifícios. Como explicar isso, se Cristo fez o sacrifício perfeito e todas as exigências sacrifícios da Lei se cumpriram nele? Falaremos disso neste segundo tópico. O milênio será uma nova dispensação onde Cristo será, de fato, o Rei de todas as nações e as governará com justiça e equidade. 


O terceiro tópico fala sobre santidade e glória. Diferente da outra visão que Ezequiel tivera, quando se praticavam abominações no templo e a glória de Deus se foi, agora o profeta viu o retorno da glória de Deus, que encheu o templo, como aconteceu nos dias de Moisés e Salomão. Ezequiel viu também um guia celestial, cujas características são iguais às manifestações teofânicas do Cristo pré-encarnado. Nesta nova dispensação haverá santidade plena e não entrará nada imundo no templo.


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 127-128.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3339.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 237.

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Ev. Weliano Pires

01 dezembro 2022

SOBRE O MILAGRE DO SÉCULO XX


(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A restauração nacional e espiritual de Israel).

Neste terceiro tópico falaremos sobre o grande milagre do século XX, que foi o renascimento do Estado de Israel em só um dia. Israel é um testemunho vivo perante as nações, da soberania de Deus e do cumprimento das suas promessas. Várias nações já se levantaram para varrer esse povo do mapa, mas foram reduzidas a nada. Israel ressurgiu como nação, depois de 1878 anos de diáspora. Entretanto, falta ainda o cumprimento da restauração espiritual, que será o assunto da nossa próxima lição.


1- O testemunho de Deus para o mundo. A nação de Israel é um testemunho vivo de Deus para a humanidade. Sob vários aspectos, desde a sua formação, o povo de Israel é uma coletânea de milagres. Israel é um povo singular no mundo, pois foi formado pelo próprio Deus para, através deste povo, trazer o Salvador do Mundo. 


Tudo começou com a chamada de Abrão, em Ur dos Caldeus, na antiga Mesopotâmia. Deus o chamou e lhe disse para sair da sua terra, do meio dos seus parentes e ir para uma terra, a qual Deus lhe mostraria. Abrão creu e saiu, sem saber para onde ia. Quando chegou à terra de Canaã, Deus fez uma aliança com Abrão e sua esposa Sarai. Primeiro, mudou-lhes os nomes, respectivamente, para Abraão e Sara. Deus prometeu abençoá-los e fazer deles uma grande nação, não tendo eles filhos ainda e tendo já idade avançada para gerá-los. 


Os anos se passaram e Sara, vendo que a promessa de ter filhos não se cumpria, combinou com o seu marido para que ele tivesse um filho com a sua escrava Agar, uma prática comum naquela época. Abraão aceitou a proposta e nasceu Ismael, que foi o pai dos povos árabes. Entretanto, Deus falou novamente com Abraão e Sara e reafirmou a promessa de que ambos seriam pais de um filho, que seria chamado de Isaque e dele, Deus formaria uma grande nação. Quando Abraão tinha 100 anos e Sara 90, Isaque nasceu. 


Isaque cresceu, casou-se com Rebeca e teve dois filhos: Esaú e Jacó. Deus escolheu Jacó para, a partir dele, formar o povo de Israel. Jacó teve 12 filhos e uma filha. Dos doze filhos, Deus formou as doze tribos de Israel. A tribo de Levi foi a tribo sacerdotal e não foi contada e a tribo de José se dividiu em duas: Manassés e Efraim. 


José foi vendido como escravo pelos seus irmãos e foi levado ao Egito. Lá, Deus o fez governador geral do país. Com a grande fome de sete anos, os filhos de Jacó foram ao Egito em busca de alimentos e depois José os trouxe para aquele país. O povo se multiplicou e, após a morte de  José e dos seus irmãos, os egípcios escravizaram os Israelitas. Mas, Deus os libertou da escravidão através de muitos milagres e os conduziu à terra prometida, sob a liderança inicial de Moisés e depois de Josué. 


Após a morte de Josué, sem liderança, a nação caiu na anarquia e cada uma fazia o que achava correto. Neste período, entregaram-se à idolatria, num ciclo vicioso: pecavam e eram subjugados por inimigos levantados por Deus; na servidão, clamavam a Deus e Deus os socorria. Isso aconteceu por aproximadamente 300 anos,  até os dias de Samuel, quando o povo pediu um rei e teve início a monarquia com Saul. 


Saul começou bem, mas depois foi reprovado por Deus. Deus levantou Davi como rei e fez com ele uma aliança. Depois de Davi, veio o seu filho Salomão, que casou-se com muitas mulheres e estas o levaram à idolatria. Por causa disso, Deus permitiu a divisão de Israel em dois reinos: o Reino do Sul, com as tribos de Judá e Benjamin, sob a liderança da família de Davi; e o Reino do Norte com as outras dez tribos, que foi governada por várias dinastias, todas ímpias. 


O pecado das tribos do Norte fez com que eles fossem levados para o cativeiro da Assíria, em 722 a.C. e nunca mais voltassem. O Reino do Sul seguiu o mesmo caminho e foi levado ao cativeiro babilônico, a partir de 605 a.C., até a destruição de Jerusalém em 586 a.C. Entretanto, por causa da aliança de Deus com Davi e a promessa da vinda do Messias, Deus os trouxe de volta, 70 anos depois. 


De volta à sua terra, depois o povo judeu foi dominado pelos gregos e depois pelos romanos. Quando o Salvador veio ao mundo, eles o rejeitaram e o condenaram à morte dizendo: "o seu sangue caia sobre nós e os nossos filhos." Por causa dessa rejeição, Deus permitiu que os romanos destruíssem a nação e os expulsassem da sua terra. Os Israelitas que fugiram, permaneceram espalhados pelo mundo por 1878 anos. Mas Deus cumpriu a promessa de trazê-los de volta e restaurar a nação. 


Hoje, Israel é uma nação forte militar, tecnológica e economicamente. Na visão de Ezequiel, Israel já recebeu nervos, carne e pele, falta apenas o espírito entrar neles, ou seja, a restauração espiritual. 

 

2- O status de Jerusalém entre as nações. No Sermão profético, proferido por Jesus aos seus discípulos pouco antes da sua morte, o Senhor Jesus prenunciou que a cidade de Jerusalém seria pisada pelos gentios: “Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação.” (Lc 21.20); “E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.”(Lc 21.24). Este cerco aconteceu no ano 70 d.C, quando o exército romano, liderado pelo general Tito, invadiu Jerusalém e a destruiu. Os horrores desta invasão e destruição de Jerusalém foram descritos em detalhes horripilantes, pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, no livro "Guerras dos Judeus", publicado no ano 75 d.C.:


 “É, então, um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como os homens agüentaram quanto ao seu alimento. A fome foi demasiado dura para todas as outras paixões, a tal ponto que, os filhos arrancavam os próprios bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos, quando viam alguma casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro tinham conseguido alguma comida e, então, eles arrombavam as portas e corriam para dentro. Os velhos, que seguravam bem sua comida, eram espancados, e se as mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado por fazerem isso.” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).


Posteriormente, sobre as ruínas de Jerusalém, o imperador Adriano reconstruiu a cidade em 131 d.C. e deu-lhe o nome de Élia Capitolina. Nesta nova cidade foi estabelecida uma colônia romana e no local do templo, foi construído um templo ao deus Júpiter. Isso gerou revolta dos judeus, provocando a Revolta de Barkokebas, em 132 d.C. 


A partir do Século IV, com a conversão do imperador Constantino, o Cristianismo tornou-se a religião oficial do império. Com isso, vários símbolos cristãos foram construídos em Jerusalém. Por volta do ano 300 d.C, o império romano dividiu a administração em duas partes, para melhorar a sua eficiência. A parte Ocidental, cuja capital continuou sendo Roma, e  a parte oriental, com capital em Bizâncio, que se tornou Constantinopla. A parte ocidental entrou em decadência, com vários saques a Roma. O lado oriental, no entanto, permaneceu unificado e se tornou o Império Bizantino. 


O Cristianismo predominou em todo o Império Bizantino, apesar das muitas distorções criadas pelo papado. A partir do Século XII, vários monarcas árabes se converteram ao Islamismo e passaram a atacar o império. Finalmente, em 1453 d.C. aconteceu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos e o  fim do Império Biazntino. A partir de então, Constantinopla passou a se chamar Istambul. O império Otomano dominou Jerusalém por cerca de 400 anos. Este domínio só teve fim na primeira guerra mundial, quando os turcos se aliaram aos alemães contra os ingleses e foram derrotados. A partir daí, a Palestina passou ao domínio britânico, até à criação do Estado de Israel, em 1948.


Atualmente, Jerusalém é uma cidade que fica no território de Israel e a sede do governo. Jerusalém foi proclamada como capital de Israel em 1949 e a cidade foi dividida entre Israel e Jordânia, ficando apenas uma parte como capital de Israel. Na guerra dos seis dias, em 1967, Israel assumiu o controle da cidade, porém, a comunidade internacional não reconhece este domínio. Para o mundo, a capital de Israel continua sendo Tel Aviv. É lá que ficam as embaixadas. Há uma disputa histórica pelo domínio da cidade, entre palestinos e israelenses. Recentemente, o governo dos EUA, na gestão Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e o governo brasileiro seguiu na mesma direção. Esta disputa por Jerusalém durará até o fim do tempo dos gentios, que terminará no Milênio.


3- Restauração espiritual. Na última parte da profecia, o Senhor diz: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o Senhor , disse isso e o fiz, diz o Senhor.” (Ez 37.14). É uma referência à restauração espiritual da nação de Israel. O profeta Zacarias também profetizou esta restauração espiritual de Israel: “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.” Zc 12.10).


No final da Grande Tribulação, os exércitos do Anticristo se unirão para destruir Israel. Israel clamará a Deus e Jesus virá em glória com a Igreja, que já estará no Céu, para socorrê-los. (Zc 14.1-3; Ap 19.11-21). Estudaremos este assunto na próxima lição. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 125.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3085; 3316;

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry: Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 429.

MESQUITA, Antônio Neves de. Jeremias. Editora JUERP.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 455-456.

História de Jerusalém - Brasil Escola.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança: Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 355.


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Ev. Weliano Pires





30 novembro 2022

SOBRE A DISPERSÃO DOS JUDEUS ENTRE AS NAÇÕES

(Comentário do 2 tópico da Lição 10: A restauração nacional e espiritual de Israel).

Neste segundo tópico falaremos sobre as dispersões de Israel e Judá entre as nações ao longo da história. Em seguida, falaremos do renascimento do Estado de Israel, que aconteceu em 14 de maio de 1948, com a declaração de independência, após a última diáspora que durou 1878 anos. A aprovação na ONU do Estado de Israel ocorreu em 29 de novembro de 1947, em um só dia, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha. Cumpriu-se assim, a profecia de Isaías 66.8: “...Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos.”


1- As diásporas de Israel e Judá. A palavra diáspora tem origem no termo grego “diasporá”, que descrevia inicialmente, a condição de angústia espiritual que acompanhava a dispersão dos judeus. Na versão grega Septuaginta, os tradutores usaram esta palavra para se referir à situação angustiante dos israelitas nos cativeiros da Assíria e Babilônia. Durante mais de 2000 anos, esta palavra era usada exclusivamente para as dispersões do povo judeu, seja por dominações políticas, antissemitismo, ou por preconceito religioso. A partir do Século XX, outros povos que também foram dispersos, passaram a usá-la para se referirem às dispersões do seu povo. Os primeiros a fazerem isso foram os armênios, que sofreram genocídio do império Otomano, e os afrodescendentes, que foram vítimas do tráfico de escravos, fugiram de guerras e também se espalharam pelo mundo. 


A primeira diáspora do povo de Israel aconteceu no Reino do Norte, em 722 a.C. quando Salmaneser, rei da Assíria, dominou Israel, durante o reinado de Oséias por três anos e, depois de notar que havia conspiração por parte do rei de Israel, transportou todo o povo para a Assíria. Além de transportar o povo de Israel para o cativeiro, o rei da Assíria trouxe outros povos, para habitarem na região. Estes povos deram origem aos samaritanos. (2 Rs 17.3-6; 24). Por isso, os judeus não se comunicavam com os samaritanos nos tempos de Jesus (Jo 4.9).

 

A segunda diáspora aconteceu no Reino do Sul, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, dominou o povo de Judá, em 605 a.C. Nesta ocasião, foram levados para a Babilônia o rei Jeoaquim, Daniel, os seus companheiros e outros membros da família real. No lugar de Jeoaquim, Nabucodonosor deixou o seu filho Joaquim, como um vassalo da Babilônia em Jerusalém. Porém, ele se rebelou e também foi levado para a Babilônia em 597 a.C. Com o rei Joaquim foram levados mais sete mil judeus, entre eles, o profeta Ezequiel. No lugar de Joaquim, Nabucodonosor deixou o seu tio Zedequias como vassalo da Babilônia. 


Zedequias foi aconselhado por Jeremias a não se rebelar contra a Babilônia, mas ele preferiu dar ouvidos aos falsos profetas que diziam o contrário. Por causa disso, em 586 a.C., o exército babilônico invadiu Jerusalém, queimou a cidade, destruiu o templo, deixando milhares de mortos e levou o povo para o cativeiro. Ficaram na terra de Judá apenas alguns idosos e deficientes na mais absoluta miséria. 


Depois de 70 anos, com o decreto do imperador Ciro, da Pérsia, os judeus foram autorizados a voltarem para a sua terra. Entretanto, muitos deles se adaptaram à vida no exílio e continuaram vivendo em comunidades judaicas, fora da sua pátria. Isso continuou com os domínios grego e romano, que vieram depois da Pérsia. 


A última diáspora aconteceu no ano 70 d.C. Depois de uma revolta iniciada em 66 d.C., pelo grupo dos Zelotes contra Roma, com vários assassinatos e atentados terroristas, o general romano, Tito, invadiu Jerusalém, destruiu a cidade e os judeus que não foram mortos fugiram e se espalharam pelo mundo. Esta, sem dúvida, foi a maior e mais longa diáspora judaica, pois permanece até aos dias atuais. Mesmo depois do ressurgimento do estado de Israel, ainda há mais judeus vivendo fora, do que na terra de Israel. 


Na visão de Ezequiel, após ele profetizar sobre os ossos secos, antes deles reviverem totalmente, acometeu um processo: Primeiro, houve um ruído e um rebuliço dos ossos se juntando. Em seguida, cresceram nervos e carnes e estendeu-se a pele, mas não havia neles espírito. Esta sequência mostra exatamente como se deu o processo do ressurgimento do estado de Israel. No final do Século XIX, devido ao crescimento do antissemitismo, surgiu na Europa um movimento político chamado Sionismo, que defendia a criação de um estado nacional, para abrigar o povo judeu na palestina. O idealizador deste movimento foi o jornalista húngaro, Theodor Herzl, com a sua obra "O Estado Judeu". Em 1897 foi organizado na Suíça, o primeiro Congresso Mundial Sionista, para debater o assunto. Foi aprovado neste congresso: o envio de uma comissão para a Palestina, para avaliar a possibilidade de ocupação da terra; os judeus deveriam ocupar a mesma terra, da qual haviam fugido; e a compra das terras que seriam ocupadas. Em 1917, com a primeira guerra mundial, o Movimento Sionista ganhou apoio dos britânicos, porém, enfrentava grande resistência dos povos árabes. A esta altura, muitos judeus já haviam imigrado para a região e os conflitos entre judeus e árabes se intensificaram. Com a ascensão dos nazistas ao poder na Alemanha, o seu ódio e perseguição aos judeus gerou o chamado Holocausto, que resultou na morte de 6 milhões de judeus. Finalmente, em 27 de novembro de 1947, na primeira Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo brasileiro, Osvaldo Aranha, foi aprovada a criação do Estado de Israel. Em 14 de maio de 1948 foi publicado o primeiro Diário Oficial de Israel. As tropas britânicas deixaram o local e Israel tornou-se novamente um estado independente.


2- Renasce Israel. Na visão de Ezequiel, após ele profetizar sobre os ossos secos, antes deles reviverem totalmente, aconteceu um processo: 

Primeiro, houve um ruído e um rebuliço dos ossos se juntando. Em seguida, vieram nervos, cresceu a carne e estendeu-se a pele, mas não havia neles espírito. Esta sequência mostra exatamente como se deu o processo do ressurgimento do estado de Israel. 


No final do Século XIX, devido ao crescimento do antissemitismo, surgiu na Europa um movimento político chamado Sionismo, que defendia a criação de um estado nacional, para abrigar o povo judeu na palestina. O idealizador deste movimento foi o jornalista húngaro, Theodor Herzl, com a sua obra O Estado Judeu. Em 1897 foi organizado na Suíça o primeiro Congresso Mundial Sionista para debater o assunto. Foi aprovado neste congresso: o envio de uma comissão para a Palestina para avaliar a possibilidade de ocupação da terra; que os judeus deveriam ocupar a mesma terra, da qual haviam fugido; e a compra das terras que seriam ocupadas. 


Em 1917, com a primeira guerra mundial, o Movimento Sionista ganhou apoio dos britânicos, porém, enfrentava grande resistência dos povos árabes. A esta altura, muitos judeus já haviam imigrado para a região e os conflitos entre judeus e árabes se intensificaram. Com a ascensão dos nazistas ao poder na Alemanha, o seu ódio e perseguição aos judeus gerou o chamado Holocausto, que causou a morte de 6 milhões de judeus. 


Finalmente, em 27 de novembro de 1947, na primeira Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo brasileiro, Osvaldo Aranha, foi aprovada a criação do Estado de Israel. Em 14 de maio de 1948 foi publicado o primeiro Diário Oficial de Israel. As tropas britânicas deixaram o local e Israel tornou-se novamente um estado independente.


3- Restauração nacional (vv.6-8). Com a criação e independência do estado de Israel, cumpriu-se aqui, a primeira parte da profecia que foi a restauração nacional. Todo o ajuntamento dos ossos, nervos, carne e pele, simbolizava a volta do povo de Israel à sua terra e a sua restauração nacional.


Entretanto, falta ainda a restauração espiritual, representada pela entrada do espírito nos corpos que se formaram a partir dos ossos secos (Ez 37.9,10). Esta segunda parte da restauração acontecerá somente no Milênio, quando o Senhor Jesus vier em glória para estabelecer o Seu Reino de mil anos em Jerusalém. Neste período, todo o Israel será salvo, como disse o apóstolo Paulo na Epístola aos Romanos. Vale destacar que todo o Israel significa os remanescentes e não todos os israelitas. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 121-122, 126. ALMEIDA, Abraão. Israel, Gogue e o Anticristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 46-47. CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3316. BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 349. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1223).


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Ev. Weliano Pires

29 novembro 2022

SOBRE O SIGNIFICADO DO VALE DE OSSOS SECOS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 10: A restauração nacional e espiritual de Israel)


Este primeiro tópico traz o significado da visão do vale de ossos secos, que Ezequiel teve. O Senhor explicou ao profeta que aquela visão representava a casa de Israel. O povo de Israel estava no cativeiro, mas voltariam à sua terra, depois seriam dispersos novamente. Entretanto, Deus prometeu restaurá-los novamente, nacional e espiritualmente.


1- Os Ossos Secos (vv. 1,2). Ezequiel descreve a visão do capítulo 37, nos versículos 1 e 2, dizendo que a mão do Senhor veio sobre ele e o levou "em espírito" a um vale. Ele não diz que vale era este, ou se era um lugar geográfico real. Na visão que ele tivera anteriormente, quando viu as abominações no templo, ele também foi levado em espírito e não corporalmente, porém, tratava-se de um lugar real, conhecido do profeta. 


No capítulo 3, quando Deus o constituiu como "O Atalaia de Israel", Deus ordenou que ele descesse ao vale e lá, o Senhor falaria com ele: "E a mão do Senhor estava sobre mim ali, e ele me disse: Levanta-te e sai ao vale, e ali falarei contigo. E levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto". (Ez 3.22,23). O artigo definido "o", que aparece junto à preposição "a", antes da palavra "vale" indica que era um lugar conhecido do profeta. Não é o caso do vale da visão dos ossos secos, onde ele fala que era "um vale" e que ele foi "levado em espírito". 


Também não é possível saber se a multidão de ossos secos vista por Ezequiel eram reais, ou apenas uma visão. Entretanto, na invasão babilônica à terra de Judá, a carnificina foi gigantesca e morreram milhares de judeus. O profeta Jeremias profetizou isso, bem antes de acontecer: "E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará". (Jr 7.33). Moisés também havia alertado o povo antes de adentrarem à terra prometida de que o castigo para a idolatria seria o cativeiro e cadáveres insepultos, sendo comidos por aves de rapina: "E o teu cadáver será por comida a todas as aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará." (Dt 28.26). Então, embora fosse possível encontrar um vale cheio de ossos humanos naquela época, não sabemos se esta visão era uma cena real, com uma multidão de esqueletos secos, ou apenas uma ilustração. O fato é que Israel estava no cativeiro, a sua terra estava desolada e eles não tinham nenhuma esperança de retornarem, apesar das profecias que indicavam que o cativeiro duraria setenta anos e que Deus os traria de volta à sua terra. 


2- O Significado. Quando falamos em visão, estamos nos referindo a uma revelação visível de Deus a alguém, estando esta pessoa acordada. Existem visões que são sobre fatos reais e se referem ao tempo presente. Nos dias do rei Acabe, por exemplo, o profeta Micaías viu Israel disperso como ovelhas que não têm pastor. Nesta visão, Deus mostrou que Acabe seria morto na guerra contra a Síria no presente e, de fato, isso aconteceu. 


Existem também visões que são simbólicas, cujos significados não são revelados, como algumas visões de Daniel, as de Zacarias e as do Apocalipse. Nestes casos, é preciso estudar os símbolos, comparar com outros textos bíblicos e fazer a devida interpretação. Nesse tipo de visão, é possível haver mais de uma interpretação.


Há também visões que, apesar de serem simbólicas e serem para o futuro, no próprio texto bíblico tem a explicação do significado. É o caso desta visão do vale de ossos secos. Ezequiel teve a visão, recebeu ordens para profetizar aos ossos secos, dizendo que o Senhor iria ordenar ao espírito que entrasse neles e lhes nasceria carnes, nervos e peles, e assim aconteceu. 


Depois disso, Deus explicou o que significava aquela visão: "...Estes ossos são toda a casa de Israel; eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados." (Ez 36.11). O povo encontrava-se no exílio, distante da sua pátria e, para piorar, Ezequiel havia recebido a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo. Portanto, não havia mais nenhuma esperança de retorno à sua pátria e eles se sentiram como esqueletos humanos, sem nenhuma chance de voltar a viver. Alguém que está no exílio, mas o seu país ainda existe, tem esperança de que mude o governo e ele possa voltar. Mas, em Israel não havia mais estado e a nação havia sido devastada pela Babilônia.


3- As promessas de Deus. Deus prometeu que se Israel se afastasse da Sua Lei e entregasse ao pecado, Ele os puniria com o cativeiro (Lv 26.33-37; Dt 28.25,36,37). Israel não deu ouvidos e as promessas divinas foram cumpridas, tanto no Reino do Norte, que foi levado para a Assíria, quanto no Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia. Agora, com esta visão, Deus mostrou a situação de desesperança de Israel, como um vale de ossos secos, que não tem nenhuma chance de voltar a viver por meios naturais.


Entretanto, em meio a esta situação desoladora do cativeiro, Deus prometeu trazê-los de volta, como aliás, já havia prometido antes mesmo deles irem: “E há esperanças, no derradeiro fim, para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para o seu país. (Jr 31.17). No cativeiro, o Senhor reafirmou a sua promessa de restauração: “Portanto, dize: Assim diz o Senhor Jeová: Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra de Israel. (Ez 11.17). Nos versículos 11 a 14, do capítulo 37 de Ezequiel, depois de explicar a Ezequiel que aqueles ossos secos simbolizam a casa de Israel, de novo, Deus promete a restauração deles.


No 4º Trimestre de 2007, estudamos o trimestre inteiro, sobre as promessas de Deus, com comentários do renomado pastor, Geremias do Couto. Na primeira lição estudamos sobre “o caráter das promessas de Deus”. O comentarista nos ensinou que as promessas de Deus são um “ato amoroso, por meio do qual, o Senhor estabelece um compromisso fiel e santo com os seus servos”.


É importante lembrar que existem vários tipos de promessas de Deus: as promessas gerais, as promessas individuais, as promessas para Israel e as promessas para a Igreja. Há também, promessas que são incondicionais, ou seja, elas irão se cumprir, independente das ações humanas. Eis alguns exemplos de promessas incondicionais: a vinda de Jesus, o triunfo da Igreja, a condenação dos pecadores impenitentes, etc. Entretanto, há promessas de Deus que são condicionais à obediência, ao arrependimento, às contribuições, à oração, à perseverança, etc. Portanto, precisamos ter muito cuidado para não aplicar promessas que foram feitas a Israel, em um determinado momento, à Igreja ou ao crente em particular.


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Ev. Weliano Pires

RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA

SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD Chegamos ao final de mais um trimestre e rogamos a Deus que as ricas bênçãos continuem a se de...