Data: 11 de Outubro de 2020
TEXTO ÁUREO:
“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal” (Jó 1.1).
VERDADE PRÁTICA
“Quem zela por um caráter irrepreensível obtém testemunho acerca de sua integridade.”
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 1.1-5.
1 — Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal.
2 — E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3 — E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era também muitíssima a gente ao seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do Oriente.
4 — E iam seus filhos e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam e convidavam as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
5 — Sucedia, pois, que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.
HINOS SUGERIDOS: 61, 133 e 236 da Harpa Cristã.
INTRODUÇÃO
Relembrando a lição anterior
Na semana passada estudamos a primeira lição deste trimestre, com o tema: O Livro de Jó. Tivemos uma aula introdutória sobre o Livro de Jó, falando sobre as questões da autoria, data provável da composição do livro, características literárias, propósito do livro, personagens, os discursos dos amigos de Jó e as respectivas réplicas do patriarca, os discursos de Jó e as perguntas e respostas de Deus, para as principais questões existenciais.
Lição 02
Nesta lição estudaremos três tópicos tópicos sobre as características de Jó No primeiro tópico, estudaremos os aspectos do caráter irretocável de Jó: Jó era um homem íntegro, reto, temente a Deus e desviava-se do mal. Veremos neste tópico o que significa cada uma destas virtudes.
No segundo tópico, destacaremos a sabedoria e a prosperidade de Jó. Jó, a exemplo de muitas pessoas do Oriente antigo, era um conselheiro sábio. Mas, a sua sabedoria consistia no “ser” e não no “ter”, apesar dele ser muito rico. Jó era não apenas rico, ele era também próspero.
O terceiro tópico trata da vida piedosa de Jó. Jó era um homem que tinha um elevado padrão moral e uma vida dedicada à família e consagrada a Deus.
I. JÓ, UM HOMEM DE CARÁTER IRRETOCÁVEL
O texto bíblico afirma que Jó era um homem sincero, reto, temente a Deus e desviava-se do mal (Jó 1.1). O próprio Deus, no diálogo com o diabo deu testemunho destas qualidades de Jó (Jó 1.8).
1. Íntegro (sincero) (v.1). A versão Almeida Revista e Corrigida traz a palavra “sincero” neste texto. Já as versões Almeida Revista e Atualizada, Nova Versão Internacional e outras de linguagem mais atualizadas, trazem a palavra “integro”. A palavra traduzida por íntegro neste texto, em hebraico é “tam”. Tem o sentido de íntegro; inocente, ingênuo, simples; perfeito, que não tem defeito, completo. Na versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, a palavra usada é “alethinós”, que significa “verdadeiro”, derivada de “Aletheia” (verdade). Isto não significa que Jó não tivesse pecado, mas, que ele era verdadeiro e autêntico, sem falsidade.
Existe diferença entre caráter e reputação. O caráter é aquilo que Deus sabe que nós somos e a reputação é o que as pessoas pensam que nós somos.
2. Reto (v.1). A palavra reto, no hebraico é “yasar” e tem o sentido de “justo”, “imparcial” e “direito”. Na Septuaginta, foi usado o termo grego “amemptos”, que significa “irrepreensível”. Então, Jó além de verdadeiro era um homem que se comportava de forma irrepreensível. Esta sempre foi uma característica dos crentes de antigamente, que hoje em dia, infelizmente, está cada vez mais rara. Antigamente, ser crente era sinônimo alguém que era bom pagador, bom pai/mãe de família, pessoa que não falava palavrão, que não revidava as ofensas, que não traía a esposa, etc. Hoje, tem pessoas que tomam um susto quando alguém diz que é crente, porque não parece.
3. Temente a Deus e desviava-se do mal (v.1). Estas duas palavras “temente” e “desviava-se” no hebraico são sur e yare. Significavam respectivamente, “alguém que prestava reverência a Deus e evitava o mal.’ A Septuaginta, usa os termos gregos, “theosebés e apecho”, que também trazem a idéia de alguém que é devoto a Deus e se afasta do mal.
Temer a Deus não significa “ter medo” ou “ter pavor” de Deus. Significa reverenciá-lo e respeitá-lo profundamente, a ponto de obedecê-lo. A expressão “o temor do Senhor” ocorre com bastante frequência nos livros poéticos de Salmos, Provérbios e no Livro de Jó. Tanto em Salmos, quanto em Provérbios, está escrito que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; Pv. 1.7)
É Interessante destacar que Jó viveu em uma época em que as Lei de Deus ainda não havia sido escrita. Também não haviam escribas e sacerdotes que lhe ensinassem a Lei. Mesmo assim, ele era temente a Deus e se afastava da maldade. Muitos problemas acontecem em nosso meio atualmente, porque as pessoas estão perdendo o temor a Deus.
II. JÓ, UM HOMEM SÁBIO E PRÓSPERO
Jó foi um homem muito rico, antes de passar pelas aflições que o seu Livro nos relata. O texto bíblico diz que ele possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas parelhas de bois, quinhentos jumentos e muita gente a seu serviço. Era considerado o maior entre todos do Oriente. Para os padrões da época, que não existia carros, nem máquinas, isso era uma verdadeira fortuna. Porém, Jó não era apenas rico em posses. Ele era sábio e próspero.
1. Um conselheiro sábio. A referência de que Jó era maior que todos os do Oriente, segundo os estudiosos, não se refere apenas à fortuna de Jó. Significa que ele era o maior também em prosperidade e piedade. Há pessoas que são extremamente ricas e cultas, mas, não são sábias.
A sabedoria está relacionada ao modo de viver e não necessariamente ao conhecimento que se tem. Uma pessoa pode ser analfabeta e mesmo assim ser sábia. A verdadeira sabedoria provém de Deus. Conforme dito no tópico anterior, o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” (Tiago 3.13)
2. Um homem próspero. Hoje fala-se muito em prosperidade, no sentido de possuir bens materiais. Mas, a verdadeira prosperidade está relacionada à aprovação de Deus, mesmo que não tenhamos recursos financeiros. Próspero é alguém que está em paz com Deus, mesmo que não tenha mais nada, pois, Deus lhe é suficiente. Jó era próspero, porque Deus se agradava do seu estilo de vida e deu testemunho dele.
Segundo o pastor Geremias do Couto, no seu comentário da Revista Lições Bíblicas, do 4º Trimestre de 2007, “a verdadeira prosperidade é uma conseqüência da obediência do homem a Deus. O crente próspero, segundo o salmista, é alguém que não se compraz com a companhia dos ímpios, mas tem satisfação em obedecer a Escritura.”
Há muito milionários que não são prósperos. Não conseguem dormir e não tem paz consigo, com o próximo e, muito menos com Deus. Tais pessoas não são prósperas.
3. Uma prosperidade baseada no “ser”. Conforme já foi dito, Jó possuía uma fortuna. A sua família era constituída de sete filhos e três filhas. No contexto da época, ter muitos animais terras e muitos filhos era riqueza. Mas, a prosperidade de Jó não consistia naquilo que ele possuía e sim naquilo que ele era. Jó era respeitado por seu caráter irretocável, conforme dito no tópico 1 e por sua vida piedosa, conforme veremos no tópico seguinte. Infelizmente, nos dias atuais, as pessoas são vistas pelo que elas possuem, seja riqueza, poder ou fama. Há uma revista chamada Forbes que exige os nomes dos milionários e muita gente sonha em ter o seu nome lá. A revista Caras, exibe os famosos e muito fazem qualquer coisa para aparecer lá. Nas redes sociais, as pessoas fazem de tudo para obterem muitos acessos e curtidas e ficarem famosos. Mas, isso não é prosperidade.
III. JÓ, UM HOMEM DE PROFUNDA PIEDADE PESSOAL
1. Um homem dedicado à família. Os filhos de Jó faziam confraternizações nas casas uns dos outros, vivendo um clima de harmonia. Jó, como sacerdote familiar, preocupado com eventuais pecados cometidos por seus filhos, oferecia sacrifícios a Deus e intercedia por sua família. Este deve ser o comportamento de todo pai de família que serve a Deus.
Infelizmente, muitos em nome do trabalho, da busca por riquezas e até por envolvimento demasiado com o ministério, negligenciam a sua família. Mas, Deus não se agrada disso. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo disse que “se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” (I Timóteo 5.8). Como pais, temos a obrigação de ensinar aos nossos filhos a Palavra de Deus, com palavras e com o próprio exemplo. (Provérbios 22.5). Devemos também impor limites e não fechar os olhos para o mau comportamento dos nossos filhos como fez o Sumo Sacerdote Eli, Samuel e Davi.
2. Um homem de moral e piedade. Jó era um homem de caráter e moral ilibados e também de uma vida piedosa de oração e comunhão com Deus, em todas as circunstâncias. Jó orava pelos seus filhos e oferecia sacrifícios, nos tempos de riqueza e bonança. Mas, também orou pelos seus “amigos”, no auge da sua amargura, mesmo sendo injustamente acusado por eles de ter cometido pecados.
3. Um homem de vida consagrada. Jó tinha o hábito de levantar de madrugada para orar e buscar a Deus por sua família e oferecer sacrifícios pelos seus filhos. Ter uma vida consagrada a Deus é pertencer exclusivamente a Ele com todo o nosso ser. É confiar em Deus e descansar nEle em qualquer circunstância. É servi-lo e adorá-lo, não apenas pelo que Ele pode fazer, mas, pelo que Ele é.
CONCLUSÃO
Estudamos nesta lição três aspectos da vida do patriarca Jó: O seu caráter, a sua prosperidade e a sua piedade. Vimos nesta lição, que é possível haver reputação e mau caráter em uma pessoa. Isto porque, a reputação é aquilo que fazemos quando estamos sendo vistos. O caráter é aquilo que fazemos quando ninguém está nos vendo.
Também é possível ter conhecimento e não ser sábio, pois, a sabedoria consiste no modo de viver e não no conhecimento teórico que possuímos.
Vimos também, que é possível ter riquezas e não ser próspero, pois, a verdadeira prosperidade está relacionada à aprovação de Deus.
“O temor a Deus deve ser o esteio de nossa vida. Devemos amar ao Senhor, buscá-Lo de todo coração. À medida que vivemos essa devoção, amaremos e cuidaremos de nossa família e viveremos uma vida moral e piedosa que dê testemunho aos outros.”
(Revista Ensinador Cristão, CPAD)
Pb. Weliano Pires
Assembléia de Deus, Ministério do Belém
São Carlos - SP
REFERÊNCIAS:
Revista Lições Bíblicas, Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2020.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. RJ: CPAD, 2015.
ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.287
Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.25).
ANDRADE, Claudionor de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p.37
Revista Ensinador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 4º trimestre 2020.