01 dezembro 2021

AMOR E FÉ NA IGREJA

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 10: Paulo e seu amor pela Igreja).

O amor e a fé são duas virtudes fundamentais na vida cristã. Ambas provêm de Deus e são indispensáveis na vida do cristão. Paulo descreve o amor como um caminho excelente, que está acima de todos os dons espirituais e sacrifícios (1 Co 13). O autor da Epístola aos Hebreus, por sua vez, diz que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6a). O apóstolo Paulo falou bastante sobre o amor e sobre a fé em seus escritos. Geralmente, estas palavras aparecem juntas ou relacionadas, indicando que há uma correlação inigualável entre ambas.


1.  Amor, uma palavra proeminente nas cartas de Paulo. Paulo demonstra em seus escritos que a expressão máxima de amor foi manifestada por Deus, através do seu Filho Jesus Cristo. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nos ainda pecadores” (Rm 5.8). Jesus também já havia dito isso aos seus discípulos, em outras palavras: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16) “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” (Jo 15.13). O amor de Deus consiste em oferecer perdão e salvação a quem não merece. Entretanto, diferente do que pensam os calvinistas, é preciso o ser humano responder ao amor de Deus. Para responder a este amor, é necessário a fé. Jesus disse que “Quem crê no Filho tem a vida eterna; aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.” (Jo 3.36). Vemos, portanto, a relação entre amor e fé. Tanto um como o outro não consistem em sentimentos, mas em ações e decisões. Deus nos amou e deu-nos o Seu Filho Unigênito para nos salvar. Se  nós o amarmos, demonstraremos este amor através da fé, que não é apenas a crença abstrata na existência de Deus. Tiago disse que os demônios também crêem e estremecem, mas, não obedecem. Disse ainda que a fé sem as obras é morta. (Tg 2.19,20).


2.  A fé e o amor no ensino de Paulo. Paulo foi o escritor do Novo Testamento que mais falou sobre fé e amor. Na Epístola aos Romanos, por exemplo, há muitos textos falando sobre a fé. Logo no início, Paulo fala da “obediência por fé” (Rm 1.5). Depois, ele diz que no Evangelho se manifesta a Justiça de Deus, ‘de fé em fé” e cita o texto de Habacuque que diz que o justo viverá da fé. Paulo fala também constantemente em Romanos sobre a justificação pela fé. Para entendermos isso, é importante sabermos o que é fé, do ponto de vista bíblico, pois, as palavras variam e perdem o sentido original, quando são traduzidas de um idioma para outro e com as atualizações da linguagem. Com a palavra fé, não foi diferente. Muitas pessoas hoje em dia confundem fé com crença no absurdo ou confissão positiva. 


2.1. Fé. Os escritores do Novo Testamento usaram a palavra grega “pistis”, que foi traduzida por “fé”. Em seu significado original, “pistis” é usada para descrever a convicção ou a crença, que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e às coisas divinas. A fé também é a convicção de que Deus existe, é o criador, governa todas as coisas e é o provedor e doador da salvação eterna em Cristo. No Novo Testamento é a convicção inabalável de que Jesus é o ungido de Deus, através do qual nós obtemos a salvação eterna no reino de Deus. O conceito de fé também traz a ideia de confiança, fidelidade, lealdade a Deus ou em Cristo.


Há pelo menos três tipos de fé: 

a) A fé natural, que todo ser humano tem, inclusive os ateus; 

b) A fé salvífica, que é um dom de Deus e vem através da Palavra de Deus; 

c) A fé como um dom espiritual, concedido pelo Espírito Santo para edificar a Igreja. 

2.2. O amor. Assim como aconteceu com a fé, o conceito de amor foi esvaziado e deturpado com as traduções e atualizações linguísticas. O amor, do ponto de vista bíblico, não se refere a um sentimento abstrato ou a declarações poéticas como no romantismo. O amor bíblico consiste em desejar e trabalhar pelo bem do outro, independente de quem seja. No grego há quatro palavras traduzidas por amor em português:


a) Ágape. Nas versões mais antigas da Bíblia, esta palavra foi traduzida por "caridade" e se referia a um mero sentimento, mas a uma entrega voluntária e sem interesses, em favor do próximo. Este é o amor que Deus nos ofereceu e é o que espera de nós. Paulo dedicou o capítulo 13 de 1 Coríntios para falar de "Ágape". Paulo o descreveu como o amor paciente, benigno, não invejoso, não leviano e não soberbo. Este amor não é indecente, não é egoísta, não suspeita mal, nem se alegra com a injustiça. É impossível ao homem, por sua própria natureza, produzir um amor com estas características. Isso provém de Deus, que é amor em sua essência. 

b) Philos. Refere-se a um sentimento de simpatia natural, de amizade verdadeira e carinho que alguém dispensa aos seus amigos e entes queridos. Desta palavra derivam as palavras filantropia e Filadélfia, que significam respectivamente, amor ao ser humano e amor aos irmãos. 

c) Storge. Este é o amor familiar. Significa carinho ou afeição, existentes entre pais e filhos e parentes consanguíneos. Esta palavra não aparece na Bíblia. Mas, há uma derivação dela "astorgos", no sentido negativo, que foi traduzida por “sem afeição” (Rm 1.31; 2 Tm 3.3).

e) Eros.  Refere-se ao amor entre homem e mulher no sentido de atração física. É o amor que é composto de paixão e romantismo e tem o sentido de desejo passional, sensual e sexual. Esta palavra não aparece no Novo Testamento, provavelmente, pelo fato de ser usada naquela época em sentido promíscuo.

 

3. A dimensão prática do amor na igreja. O amor no Novo Testamento tem conotação prática e não apenas teórica como nos romances. O Senhor Jesus, para explicar a dimensão do amor ao próximo, contou a conhecida parábola do samaritano. Nesta parábola, um judeu descia de Jerusalém para Jericó. No meio do caminho foi atacado por ladrões que o agrediram violentamente e o deixaram desacordado. Em seguida, passaram pelo mesmo caminho, um sacerdote e um levita. Ambos viram o homem agonizando e nada fizeram para ajudá-lo. Por último, passou um samaritano, que era visto pelos judeus como impuro, por serem descendentes de outros povos que os assírios trouxeram para habitar em Samaria, na época do cativeiro. Este samaritano parou, fez curativo nos ferimentos do homem e o conduziu à cidade mais próxima para tratamento, bancando todas as despesas. Esta ilustração se tornou exemplo de amor ao próximo, sem interesses e sem propaganda. 


Paulo também fala do amor ao próximo neste sentido: "O amor seja não fingido" (Rm 12.9) "Amai-vos cordialmente uns aos outros, com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros". (Rm 12.10). "Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer…" (Rm 12.20a). "A ninguém pagueis mal com o mal". (Rm 12.17). Portanto, o amor se manifesta em nossas atitudes em relação ao outro e não nas palavras. Paulo disse que "o amor é o cumprimento da lei, pois o amor não faz mal ao próximo". (Rm 13.10).


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Pb Weliano Pires

REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. O apóstolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do apóstolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

LOPES, Hernandes Dias. Romanos O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pág. 213-214; 435-436.  

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 842.        

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 544.     

Site Estilo Adoração: 

https://estiloadoracao.com/o-que-significa-amor-agape-philos-eros/. Acesso em 01/12/2021.    

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 901.

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