22 dezembro 2021

A CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE

(Comentário do 1⁰ tópico da lição 13: A GLORIOSA ESPERANÇA DO APÓSTOLO).

Neste primeiro tópico falaremos sobre a consciência que Paulo tinha diante da morte. Paulo se encontrava preso em Roma, consciente de que não sairia com vida. Entretanto, a herança espiritual que lhe esperava, enchia-lhe o coração de uma esperança que transcendia a sua existência terrena. Paulo estava completamente desapegado da Terra e o seu alvo era apenas ser participante da glória celestial que breve estaria diante dele. O cristão precisa estar consciente de que a sua caminhada com Cristo é um constante enfrentamento, pois, ele vive na contramão do sistema maligno que impera no mundo. O último inimigo a ser vencido nesta guerra é a morte (1 Co 15.26). Escrevendo aos Filipenses, Paulo disse: “Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro”. (Fp 1.21)

1. Uma morte como oferta de sacrifício (2 Tm 4.6). Paulo já havia sido avisado pelo Espírito Santo que em breve seria morto. “...o tempo da minha partida está próximo.” (2 Tm 4.6). Paulo  se refere à sua morte, como uma partida. Segundo o Pr. Hernandes Dias Lopes, a palavra traduzida por “partida”, no grego é “analyses”. Esta palavra era usada em três circunstâncias: 

a. Aliviar alguém de uma carga. Neste sentido, a morte para Paulo era um descanso de suas fadigas. “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem.”  (Ap 14.13). 

b. Levantar acampamento e voltar para casa. Neste aspecto, a morte para Paulo significava mudança de endereço. Ele estava deixando o corpo e partindo para habitar com o Senhor. “Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2 Co 5.8), que ele considerava “incomparavelmente melhor”. (Fp 1.23).

c. Desatar o barco e atravessar para o outro lado. Neste sentido, a morte para Paulo seria fazer a última viagem desta vida de dissabores, rumo à Pátria Celestial, o seu eterno lar. 


Paulo encarava a própria morte não como uma derrota, ou como um fim trágico. Paulo encarava o seu martírio como um sacrifício oferecido a Deus. Por isso, ele usou a expressão “estou sendo oferecido por libação”. A ritual de oferta por libação era uma oferta pacífica ao Senhor, onde era derramado água, vinho, ou o sangue de uma animal, sobre o holocausto. No Antigo Testamento, o líquido oferecido na libação era aspergido ou derramado e tinha um alto valor, como o vinho (Nm 15.7);o azeite (Gn 35.14) ou bebida forte (Nm 28.7). No Novo Testamento, Paulo usa a expressão libação em sentido figurado. Na epístola aos Filipenses, Paulo faz referência a libação no sentido de ter o seu sangue vertido por causa de Cristo: "Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós" (Fp 2.17). Depois, escrevendo a Timóteo, prevendo a proximidade da sua morte, Paulo usa novamente a figura da oferta por libação, fazendo referência à própria morte como um sacrifício, ou uma oferta derramada a Deus. 

2.  “Combati o bom combate” (2 Tm 4.7). A expressão usada neste versículo por Paulo "combati o bom combate", no grego é "agonidzomai". A raiz "agon" originalmente indicava uma assembleia de qualquer natureza. Depois, passou a indicar uma multidão que se reunia para ver as competições atléticas. Era usada também para se referir à própria competição, onde os atletas se esforçavam para alcançar o prêmio ou coroa. Também era usada para se referir a qualquer forma de luta ou batalha. O termo grego "agon"  deu origem à palavra portuguesa "agonizar". Quando Paulo diz que combateu o bom combate é uma referência a lutar respeitando as regras e por uma boa causa, que era a causa de Cristo. Há pessoas que se entregam completamente a um combate, a ponto de sacrificarem a própria vida por uma causa, mas não é o bom combate de Cristo. Então, o mérito aqui não está em combater, mas no "bom combate". 

Paulo faz aqui uma análise positiva da sua trajetória como bom soldado de Cristo. Os critérios usados nesta análise não são do ponto de vista humano, mas do ponto de vista do Senhor. Se Paulo fosse analisar a sua vida ministerial usando os critérios da teologia da prosperidade, o seu ministério teria sido um fracasso e ele seria considerado um derrotado. Não construiu nenhuma catedral, não tinha saúde, não tinha jatinhos nem mansões de luxo. Terminou o seu ministério preso em uma masmorra, sendo condenado à morte.  

3. Gratidão e esperança (2 Tm 4.7,8). Paulo combateu o bom combate, com fidelidade. Ele "acabou a carreira", ou seja, chegou até o fim. Não desistiu e não entregou os pontos no meio da luta. Há obreiros que começam bem, com toda garra e ânimo, mas não completam a carreira. Paulo citou o exemplo de Demas, que era seu companheiro de ministério, mas amou o presente século e o desamparou. Demas é citado pelo menos três vezes nas Epístolas paulinas. Nas duas primeiras, Demas aparece como um companheiro de ministério do apóstolo Paulo: "Saudai-vos Lucas, o médico amado, e Demas." (Cl 4.14); "Saúdam-te Epafras, meu companheiro de prisão por Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores." (Fm 1.23,34). Mas, escrevendo a Timóteo, Paulo diz: "Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica…". (II Tm 4.10).

Além de "acabar a carreira", Paulo "guardou a fé". Tão importante quanto terminar a carreira é guardar a fé. Há pessoas que não desistem da carreira e chegam até o fim. Mas, não guardam a fé e abraçam doutrinas heterodoxas e inovações que não estão de acordo com a Palavra de Deus. Paulo concluiu a sua carreira com fidelidade a Deus, demonstrando no final dela, o sentimento de gratidão a Deus pelo dever cumprido e de esperança, pela certeza do galardão que, pela fé em Cristo, ele esperava (2 Tm 4.8).


REFERÊNCIAS:


LIÇÕES BÍBLICAS / MESTRE. 4⁰ Trimestre de 2021, CPAD. 

ENSINADOR CRISTÃO, N⁰ 87. 4⁰ Trimestre de 2021, CPAD. 

CABRAL, Elienai. O apóstolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apóstolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

LOPES, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009.    

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. págs.  401,402.


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Pb. Weliano Pires

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