22 março 2024

O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SUA FUNDAMENTAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 12: O papel da pregação no culto)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da fundamentação do Ministério da Palavra. A primeira fundamentação da nossa pregação é que ela deve ser cristocêntrica, ou seja, deve ter Cristo como centro. O segundo fundamento da pregação cristã é que ela deve ser bíblica. Devemos pregar o que está na Bíblia, devidamente interpretado, pois ela é a inerrante, infalível, inspirada e completa Palavra de Deus, o nosso manual de fé e prática. 


1. Deve ser cristocêntrico. O ministério da Palavra não consiste em fábulas e animações de auditórios, mas deve ser cristocêntrico, ou seja, Cristo deve ser o centro da nossa pregação e não o ser humano. A pregação da Igreja Primitiva era cristocêntrica. Os pregadores discorriam sobre a história de Israel, passavam pelos profetas até chegarem a Cristo. Depois disso, anunciavam que Ele era o Messias prometido a Israel, que fora crucificado, mas que havia ressuscitado. Finalmente, anunciavam a necessidade do arrependimento para a salvação dos pecados. 


No dia de Pentecostes, quando a multidão estava atônita, por causa da descida do Espírito Santo, alguns zombaram e disseram que os discípulos estavam bêbados. Imediatamente, o apóstolo Pedro levantou-se e fez um longo discurso, explicando que aquele acontecimento era o cumprimento da profecia de Joel, sobre o derramamento do Espírito Santo. Na sequência falou de Jesus, citando várias profecias do Antigo Testamento que apontava para Ele e  mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Messias prometido a Israel. Por último, finalizou a sua mensagem, chamando o povo ao arrependimento. O resultado foi extraordinário: quase três mil pessoas se converteram (At 2.14-41).


Temos também o caso do diácono Estevão, homem cheio de fé e de sabedoria, que fazia grandes sinais e prodígios entre o povo. Alguns rabinos das sinagogas dos libertinos, dos cireneus, dos alexandrinos, da Cilícia e Ásia, disputaram com ele, mas não podiam vencer à sabedoria e ao Espírito que falava através dele (At 6.8-10). Diante disso, resolveram conduzi-lo ao Sinédrio e acusá-lo de blasfêmia, mediante o suborno de testemunhas falsas (At 6.11-15).


Em sua defesa, Estêvão fez um longo discurso, discorrendo pelas Escrituras desde a chamada de Abraão em Ur dos Caldeus, falando de José e seus irmãos, passando pela libertação de Israel da escravidão no Egito e a peregrinação no deserto, até chegar à conquista da terra prometida (At 7.1-45). Depois, citou Davi e Salomão na construção do templo e acusou as gerações passadas das perseguições e assassinatos dos profetas (At 7.45-50). Finalmente, chegou a Cristo e acusou os seus ouvintes de serem traidores e assassinos do Filho de Deus (At 7.51-53). Isso instigou ainda mais a fúria dos seus algozes que o apedrejaram até à morte (At 7.54-60).


Após a morte de Estêvão, levantou-se uma grande perseguição aos cristãos em Jerusalém e eles tiveram que fugir para escapar com vida. Mas onde chegavam, anunciavam o Evangelho. O diácono Filipe, que depois foi identificado como o evangelista (At 21.8), chegou a Samaria e pregava “a Cristo” (At 8.5). O tema da sua pregação era Cristo e não ele mesmo. Com esta pregação cristocêntrica, confirmada pelos sinais, uma multidão de pessoas se converteu em Samaria (At 8.6-8). 


O apóstolo Paulo também pregação a Cristo, destacando a sua morte e ressurreição (At 17.18). Escrevendo aos Coríntios, disse que “propôs nada saber, senão a Cristo e este crucificado” (1 Co 2.2). Não obstante o seu vasto conhecimento das culturas hebraica, grega e romana, a sua pregação tinha Cristo como tema principal. Tudo o que ele pregava das Escrituras do Antigo Testamento, convergia para Cristo. 

Apolo era um judeu de Alexandria, um pregador eloquente, poderoso nas Escrituras e, certamente, de vasto conhecimento da cultura grega, pois Alexandria era o maior centro cultural daquela época e possuía a maior biblioteca do mundo. Mas a sua pregação era cristocêntrica: “²⁸ Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo.” (At 18.28)


2. Deve ser bíblico. Além de ser cristocêntrica, a nossa pregação deve ser bíblica. Isto porque todas as informações verdadeiras sobre Cristo são as que estão na Bíblia. O próprio Jesus afirmou que os judeus examinavam as Escrituras, porque acreditavam ter nelas a vida eterna, mas (disse Ele), são as Escrituras que de mim testificam (Jo 5.39). Toda pregação sobre Cristo precisa estar fundamentada nas Escrituras. 


Há seitas que se dizem cristãs e falam de Jesus. Mas, o Jesus deles não é o da Bíblia. Para alguns, Jesus não é Deus, mas é um espírito evoluído. Outros dizem que Jesus é apenas um profeta menor do que Moisés e Maomé. Há ainda os que dizem que Ele é um deus, menor do que o Pai. E há os modalistas que dizem que Jesus é a mesma pessoa do Pai, que se manifestou em um modo diferente do Antigo Testamento e que hoje Ele é o Espírito Santo. Nenhuma destas afirmações sobre Cristo tem fundamento nas Escrituras e, portanto, devem ser rejeitadas. 


Infelizmente, o que se prega atualmente em muitas Igrejas que se evangélicas, é autoajuda, triunfalismo, prosperidade neste mundo, antropocentrismo e outros modismos que não têm nenhum fundamento nas Escrituras. Muitas pessoas se decepcionam com Deus por não conhecerem as Escrituras e crerem nesse tipo de pregação. Depois associam estes ensinos a Deus e, quando percebem a falácia, culpam a Deus. A nossa pregação deve ser, obrigatoriamente, bíblica. Como disse Martinho Lutero: “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias.” 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, natureza e a vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. O Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, págs. 99, 103.

21 março 2024

O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SUA IMPORTÂNCIA

(Comentário do 2º tópico da Lição 12: O papel da pregação no culto)


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da importância do ministério da Palavra. O ministério da Palavra é o instrumento usado pelo Espírito Santo para a edificação da Igreja. Falaremos também da importância do Ministério da Palavra na formação de valores cristãos. Vivemos em uma sociedade hostil aos valores do Reino de Deus e se não formarmos uma cosmovisão cristã, a nossa Igreja se amoldará aos padrões do mundo, e consequentemente se afastará de Deus. Por último, veremos que é preciso resistir aos padrões desta geração incrédula e perversa e, para isso, precisamos ser orientados pela Palavra de Deus. 

1. A edificação da Igreja. Na lição passada vimos que uma dos propósitos do culto é a edificação da Igreja. Ali, o comentarista mencionou o verbo grego “Oikodomeo”, que significa construir algo, como na parábola da casa edificada sobre a Rocha. Aqui, ele volta ao tema da edificação da Igreja, através dp ministério da Palavra, mas usa o termo grego “paraklesis”, que tem o sentido de exortar e encorajar a Igreja. 


A ministração da Palavra de Deus é um instrumento usado pelo Espírito Santo para a exortação, consolo e edificação dos crentes. O Espírito Santo faz isso também através dos dons espirituais e ministeriais. Antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos que não os deixaria órfãos, mas enviaria “outro consolador” que ficaria para sempre com eles. 


A expressão grega traduzida por “outro consolador”, é “Allos parákletos”. Allos, significa “outro da mesma espécie”. É diferente de “heteros”, que significa “outro diferente”. A palavra “Parákletos”, é formada por dois termos gregos “pará” (ao lado de) e “Kaleo” (chamar, convocar). Portanto, esta palavra significa um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. 


Sendo o Espírito Santo, o Parakletos (consolador, defensor, intercessor, e ajudador), Ele inspirou os seus servos para escreverem as Escrituras e usa os seus servos para ministrar a Palavra de Deus para a edificação, consolação e exortação da Igreja. Através da Palavra de Deus, o Espírito Santo confronta a nossa velha natureza e nos corrige, ensina, consola e repreende. 


2. Formação de valores. A exposição da Palavra de Deus também é muito importante para a formação de valores cristãos, principalmente nas crianças e jovens. Nós estamos inseridos em uma sociedade, cujos valores são contrários aos valores de Deus. Por isso, a Igreja precisa ensinar sistematicamente a Palavra de Deus, para formar em seus membros uma cosmovisão (forma de enxergar o mundo) cristã. 


Vemos muitos crentes reclamando dos valores do mundo e que estes padrões estão entrando na Igreja. Mas esquecem que o mundo jaz no maligno e irá de mal a pior. Se em muitas famílias e Igrejas, estes valores mundanos estão sendo adotados e porque falta o ensino genuíno da Palavra de Deus para confrontá-los, seja por falta de preparo ou por negligência. 


Devemos nos lembrar que os pais de família e os pastores irão prestar contas diante de Deus pelos filhos e pela Igreja que o senhor lhes entregou. Se ensinarmos e eles não seguirem, a responsabilidade é deles. Mas temos a obrigação de ensinar a Palavra de Deus e confrontar os valores deste mundo. 


3. Resistindo diante de uma cultura sem Deus. Escrevendo aos Romanos, no capítulo 12, versículo 2, o apóstolo Paulo disse: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. A expressão “não vos conformeis” não tem o sentido de conformação, como muitos imaginam, mas de conformidade. Ou seja, o apóstolo não está dizendo para os crentes se revoltarem contra o mundo, e sim para não se amoldarem ou não tomarem a sua forma. 


No mundo atual impera não apenas a cultura sem Deus, mas uma cultura contra Deus.  É um sistema não apenas ateu e sem Cristo, mas, deliberadamente militante contra Deus e contra Cristo. Esta militância anti-cristã está presente em toda parte no mundo atual. 


Contra este sistema maligno, a Igreja do Senhor deve resistir e influenciar a sociedade em que está inserida. Jesus disse que os seus discípulos são o sal da terra e a luz do mundo. As pessoas, no ambiente em que estamos inseridos, devem ver as nossas boas obras e não apenas ouvir os nossos discursos sobre elas. Devemos pregar a Palavra de Deus e também viver os seus valores. 



REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. O Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, págs. 99, 103.

20 março 2024

O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SEU PROPÓSITO

(Comentário do 1º tópico da Lição 12: O papel da pregação no culto)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos do ministério da Palavra e seu propósito. Falaremos da pregação como uma proclamação, com o propósito revelar Deus às pessoas, seja aos que ainda não são crentes, através da pregação evangelística. Na sequência falaremos do caso da conversão de Lídia, uma comerciante de Filipos que ouviu a pregação do apóstolo Paulo e, enquanto ela o ouvia, o Senhor abriu-lhe o coração e ela creu. Por último, falaremos da pregação como instrução. Após a conversão, os novos crentes precisam aprender as doutrinas bíblicas e crescerem espiritualmente. Para isso, se faz necessário o ensino sistemático da Palavra de Deus. Tanto Jesus como os apóstolos, dedicaram boa parte do seu ministério ao ensino da Palavra de Deus. 


1. A pregação como proclamação. O primeiro e mais importante propósito do Ministério da Palavra é proclamar o Evangelho aos que não o conhecem. O verbo grego traduzido por “pregar”, neste caso é Kerissô, e tem o propósito de revelar Deus a quem não o conhece. Este foi o verbo usado para se referir à pregação de João Batista (Mt 3.1), de Jesus (Mt 4.23), de Filipe (At 8.5) e também o apóstolo Paulo usou este verbo para se referir à sua pregação evangelística (Rm 10.8). 


A principal tarefa da Igreja neste mundo é proclamar Cristo aos perdidos. Esta missão não é uma opção, mas uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16.15). Esta pregação deve ser feita também fora dos templos, no evangelismo pessoal. Mas, nesta lição, a nossa ênfase é ao ministério da Palavra em nossos cultos. 


Há alguns anos, as mensagens pregadas em nossas Igrejas tinham como principal alvo, alcançar os pecadores e chamá-los ao arrependimento. Claro que havia também as  pregações nos cultos de ensino, de Oração e Ceia do Senhor, que eram restritos aos crentes. Mas nos cultos públicos e congressos, a prioridade era proclamar o Evangelho aos que não conheciam a Cristo.


Evangelistas como George Whitefield, John Wesley, Charles Finney, Jonathan Edwards, Bernard Johnson, Billy Graham, Geziel Gomes, Napoleão Falcão, Hidekazu Takayama e outros, faziam cruzadas evangelísticas e as Igrejas locais faziam o evangelismo convidando as pessoas. Milhões de pessoas em todo o mundo se converteram a Cristo dessa forma. 


Infelizmente, de uns anos para cá, os cultos em muitas Igrejas pentecostais têm negligenciado a missão de proclamar a Cristo. A maioria das mensagens pregadas são direcionadas aos crentes, com temas de autoajuda, motivação, triunfalismo, prosperidade e avivamento. Os temas dos nossos congressos, com raríssimas exceções, não são voltados para revelar Deus aos que não o conhecem. 


2. O caso emblemático de Lídia (At 16.14). Quando proclamamos fielmente a Palavra de Deus, o Espírito Santo age nos corações, fazendo as pessoas entenderem a mensagem e se entregarem a Cristo. O papel do pregador é orar antes de pregar a mensagem e pregar o Evangelho de Cristo. Não podemos modificar a mensagem para atrair as pessoas. Quem convence o pecador da sua condição de pecador e o convence a se entregar a Cristo é o Espírito Santo e não o pregador.  


O comentarista cita aqui o caso de Lídia, uma comerciante de Filipos, que ouvia a pregação do apóstolo Paulo e Deus lhe abriu o coração (At 16.14). Filipos era a primeira cidade da Macedônia e foi a primeira cidade da Europa a ser evangelizada. Em sua segunda viagem missionária, o apóstolo Paulo teve uma visão, na qual lhe apareceu um homem da Macedônia rogando-lhe que ele fosse lá ajudá-los. Paulo concluiu que Deus estava lhe enviando para aquela região. 


Chegando a Filipos, Paulo e os seus companheiros buscaram um lugar para orar. Próximo ao rio havia algumas mulheres, provavelmente lavando roupas, e entre elas estava Lídia, uma vendedora de púrpura, que era da cidade de Tiatira. Paulo, então, começou a pregar e Deus abriu o coração de Lídia para que ouvisse o que o apóstolo pregava. Ela creu e foi batizada, com todos da sua casa. Depois disso, Lídia rogou aos missionários que ficassem em sua casa e ali começou a Igreja de Filipos. 


Vemos neste exemplo que pregação do Evangelho é o instrumento usado por Deus para convencer os pecadores a se converterem a Cristo. Quando pregamos fielmente a mensagem de Cristo, o Espírito Santo se encarrega de fazer a obra nos corações. Não é nosso papel fazer as pessoas se converterem. A nossa responsabilidade é pregar. 


Certo obreiro foi enviado ao Sertão de Pernambuco, na década de 1960 para pregar o Evangelho em uma das cidades do interior pernambucano. Passando por muitas dificuldades e não vendo ninguém se converter, ele falou para o pastor presidente que queria voltar para a capital, pois ninguém se convertia naquela cidade. O pastor presidente, então, lhe disse: “Eu não coloquei você lá para converter as pessoas e sim para pregar o Evangelho. Quem convence as pessoas é o Espírito Santo. Portanto, continue pregando.”


3. A pregação como instrução. Além de proclamar o Evangelho aos perdidos, a pregação tem o propósito de instruir na Palavra de Deus, os que foram alcançados pela proclamação.  As pessoas que aceitam a Cristo, vem de uma vida de pecado com idéias e costumes mundanos. São pessoas que vieram de outras religiões, ou que não tinham religião e viviam segundo o curso deste mundo. Em Éfeso, Paulo notou que alguns crentes ainda mantinham os velhos costumes e os orientou dizendo: “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.” (Ef 4:17). 


Infelizmente, há alguns pastores que acham que não se deve orientar os novos convertidos, para que eles ‘não saiam da Igreja’. Com isso, eles não crescem espiritualmente e não abandonam o pecado. Através do discipulado, os novos convertidos recebem instruções bíblicas para uma nova vida. O discipulado leva o novo crente a crescer em Graça e Conhecimento, tornando-o espiritualmente maduro e sadio. As pessoas vêm a Cristo do jeito que estão. Mas, não podem continuar assim e só serão transformados mediante o ensino bíblico, confrontando o seu estilo de vida com os padrões da Palavra de Deus.


Os convertidos ao Evangelho precisam aprender, crescer e amadurecer, para também ensinarem a outras pessoas. Por isso há a necessidade do ensino sistemático da Palavra de Deus na Igreja. Os locais mais adequados para se fazer isso é nos cultos de ensino, na Escola Dominical e nas escolas teológicas. É indispensável ao crente, frequentar os cultos de ensino, onde o pastor da Igreja faz a exposição da Palavra de Deus, com um tempo maior e após um período de oração. Igualmente, é imprescindível que toda a Igreja frequente a Escola Dominical, onde é ensinado sistematicamente a Palavra de Deus, com uma excelente metodologia, com um tema, atividades, dinâmicas em classes e perguntas e respostas, em um ambiente propício para o ensino.


Jesus pregou o Evangelho aos perdidos e curou enfermos. Mas, boa parte do Seu ministério foi dedicado ao ensino. Ele ensinou a Sua Doutrina aos seus discípulos, proferindo longos sermões e usando os mais variados métodos de ensino, seja através de parábolas, perguntas, etc. Antes de subir ao Céu, Ele deu várias instruções aos discípulos, entre elas a de ensinar a Sua Palavra. 


Nos primeiros dias da Igreja, os apóstolos, especialmente Pedro, foram os primeiros mestres da Igreja Cristã. Eles não eram doutores, pois, eram pessoas simples e não haviam estudado nas escolas rabínicas. Os discursos inflamados de Pedro e Estevão, foram verdadeiros tratados teológicos, expondo as Escrituras com maestria, de Abraão até Cristo. Depois, com a conversão de Saulo, este passou a ser o principal mestre das Igrejas do Novo Testamento. Entretanto, eles aprenderam por três anos com o Mestre por excelência, Jesus Cristo. 


A Igreja do primeiro século cresceu muito rápido e eles só tinham o Antigo Testamento. Imagine uma Igreja que contava com cento e vinte pessoas, receber três mil novos crentes em um único dia, saltando para quase cinco mil nos dias seguintes! O desafio era enorme e os apóstolos começaram a ensinar diariamente ao povo, aquilo que aprenderam de Jesus.  Com o evangelismo, a Igreja cresce em número. Isso é muito importante, mas, se não houver o ensino da Palavra de Deus, os crentes continuam imaturos. São presas fáceis do adversário e podem até se desviar. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. O Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, págs. 99, 103.

19 março 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada estudamos sobre o culto cristão, que é santo e visa agradar e glorificar a Deus. Há pessoas que pensam que cada um pode cultuar a Deus da maneira que quiser, mas não é isso que a Bíblia ensina. O culto cristão deve ser oferecido a Deus, com santidade, reverência e ordem, visando a adoração ao Senhor e a edificação da Igreja. 

No primeiro tópico, falamos sobre a natureza do culto a Deus. Vimos que o culto é um serviço a Deus. Vimos também que o culto a Deus também deve ser solene, ou seja, com respeito e majestoso. O apóstolo Paulo expôs aos coríntios, princípios que devem regulamentar o culto, para que haja decência, ordem e edificação. 

No segundo tópico, falamos do propósito do culto. O culto cristão deve sempre glorificar a Deus e não agradar a quem quer que seja. Deve ser cristocêntrico e não antropocêntrico. Em muitos lugares não se cultua, nem tampouco se glorifica a Deus. Fazem reuniões profanas e irreverentes, tanto na forma quanto na essência. Além de glorificar a Deus, o culto cristão deve também edificar a Igreja. 

No terceiro tópico, falamos da liturgia do culto, que é uma referência à sequência de atos realizados durante o culto. A leitura e exposição bíblica devem ter primazia em nossa liturgia. Falamos também da adoração entusiástica no culto, ou seja, a manifestação dos dons espirituais, com revelação, línguas e interpretação. Por último, falamos da adoração nos cultos pentecostais, que sempre chamaram a atenção pela alegria espontânea e barulho dos crentes, glorificando a Deus em voz alta, falando em línguas e profetizando. Entretanto, devemos observar o ensino de Paulo aos Coríntios, no capítulo 14, sobre a necessidade de ordem e decência no culto. 

LIÇÃO 12: O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a importância da pregação da Palavra de Deus no culto cristão. Nos primórdios da Igreja Cristã, a pregação da Palavra de Deus e a oração eram as principais ocupações dos apóstolos (At 6.2, 4). Os apóstolos pregavam a Palavra de Deus aos que não eram crentes e ensinavam constantemente o que receberam do Senhor Jesus. Infelizmente, na atualidade, a pregação da Palavra de Deus tem sido negligenciada e substituída por cânticos, entretenimento e autoajuda. Em uma Igreja onde não se prega a Palavra de Deus, a tendência é os membros caírem no pecado e morrerem espiritualmente. 

No primeiro tópico falaremos do ministério da Palavra e seu propósito. Falaremos da pregação como uma proclamação, com o propósito revelar Deus às pessoas, seja aos que ainda não são crentes, através da pregação evangelística. Na sequência falaremos do caso da conversão de Lídia, uma comerciante de Filipos que ouviu a pregação do apóstolo Paulo e, enquanto ela o ouvia, o Senhor abriu-lhe o coração e ela creu. Por último, falaremos da pregação como instrução. Após a conversão, os novos crentes precisam aprender as doutrinas bíblicas e crescerem espiritualmente. Para isso, se faz necessário o ensino sistemático da Palavra de Deus. Tanto Jesus como os apóstolos, dedicaram boa parte do seu ministério ao ensino da Palavra de Deus. 

No segundo tópico, falaremos da importância do ministério da Palavra. O ministério da Palavra é o instrumento usado pelo Espírito Santo para a edificação da Igreja. Outro aspecto importante do Ministério da Palavra é a formação de valores. Vivemos em uma sociedade hostil aos valores do Reino de Deus e se não formarmos uma cosmovisão (visão de mundo) cristã, a nossa Igreja se amoldará aos padrões do mundo e, consequentemente, se afastará de Deus, como aconteceu com a Europa e Estados. A teologia liberal e o secularismo os afastou de Deus. É preciso resistir aos padrões desta geração incrédula e perversa e para isso, precisamos ser orientados pela Palavra de Deus. 

No terceiro tópico, falaremos da fundamentação do Ministério da Palavra. O ministério da Palavra não consiste em fábulas e animações de auditórios. Como não poderia ser diferente, a nossa pregação deve ser cristocêntrica, ou seja, deve ter Cristo como o centro e não o homem. Filipe chegou a Samaria e pregava “a Cristo” (At 8.5). Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse que propôs nada saber, senão a Cristo e este crucificado (1 Co 2.2). O segundo fundamento da pregação cristã é que ela deve ser bíblica. Devemos pregar o que está na Bíblia, devidamente interpretado. Infelizmente, o que se prega atualmente em muitas Igrejas é autoajuda, triunfalismo, prosperidade neste mundo, antropocentrismo e outros modismos que não têm nenhum fundamento nas Escrituras. 

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. O Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, págs. 99, 103.

16 março 2024

A LITURGIA DO CULTO

(Comentário do 3º tópico da LIÇÃO 11: O CULTO DA IGREJA CRISTÃ) 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da liturgia do culto. Quando falamos de liturgia de um culto é uma referência à sequência de atos realizados durante o culto. Veremos neste tópico que a leitura e exposição bíblica devem ter a primazia em nossa liturgia. Todo ensino, manifestações espirituais e conduta devem estar, obrigatoriamente, de acordo com a Palavra de Deus. 


Na sequência, falaremos da adoração entusiástica no culto, ou seja, a manifestação dos dons espirituais, com revelação, línguas e interpretação. Na orientação do apóstolo Paulo aos Coríntios, a adoração aparece em primeiro lugar. Portanto, todo culto deve começar com oração e adoração ao Senhor. 


Por último, falaremos da adoração no culto pentecostal. Os cultos pentecostais sempre chamaram a atenção pela alegria espontânea e barulho dos crentes, glorificando a Deus em voz alta, falando em línguas e profetizando. Entretanto, neste aspecto, devemos observar o ensino de Paulo aos Coríntios, no capítulo 14, sobre a necessidade de ordem e decência nos cultos, pois, Deus é Deus de paz e não de confusão. 


1. A exposição da Bíblia. A exposição da Palavra de Deus era prioridade para os apóstolos. Isso fica evidente na ocasião da escolha dos diáconos. Houve murmuração por parte dos cristãos de fala grega, reclamando que as suas viúvas eram preteridas na distribuição da ajuda aos necessitados. Diante dessa reclamação, os apóstolos disseram que não era razoável que eles deixassem a exposição da Palavra de Deus, para cuidar desse assunto (At 6.1-3). 


O Movimento Pentecostal, muitas vezes foi acusado pelos seus críticos, de valorizar mais a experiência do que as Escrituras. Mas essa acusação não tem fundamento. Os verdadeiros pentecostais têm a Palavra de Deus como o seu manual de fé e prática e submetem ao crivo das Escrituras qualquer manifestação espiritual. 


A Assembléia de Deus, desde a sua fundação pelos missionários suecos em 1911, sempre foi conhecida por ser uma Igreja que tem ensino bíblico, oração e manifestação dos dons espirituais. É tradição na Assembleia de Deus, a Escola Bíblica Dominical, nas manhãs de domingo, e os cultos de ensino da Palavra de Deus, uma vez por semana. 


Nos demais cultos, sempre tivemos um espaço de pelo menos meia hora para a exposição da Palavra de Deus. Em cultos públicos, a exposição bíblica é voltada para a evangelização dos descrentes, caso haja algum presente no culto. Nos cultos onde há apenas crentes, expomos uma palavra de exortação e edificação à Igreja. 


Lamentavelmente, em muitas Igrejas que se dizem pentecostais, esta realidade mudou. Dão muita ênfase aos cânticos e a movimentos estranhos, que nada tem a ver com as manifestações genuínas dos dons espirituais, e deixam de lado a exposição bíblica. 


Os pregadores trocaram a esposição da Palavra de Deus por animação de auditorio e frases de efeito. Em muitas Igrejas, não há mais cultos de ensinos ou Escolas Bíblicas. São movidas a campanhas e práticas estranhas ao Cristianismo. Muitos obreiros do nosso meio frequentam esses locais e acabam copiando estas práticas, para atrair público. 


2. A adoração entusiástica. Nos tempos apostólicos, os cultos eram praticamente informais e não havia um padrão a ser seguido, principalmente, porque eles não tinham templos e se reuniam nas casas, na maioria das vezes às escondidas, por causa das intensas perseguições. Entretanto, nas Epístolas encontramos  menções à leitura das Escrituras, cânticos, orações, pregação da Palavra de Deus, celebração da Ceia e invocação da bênção apostólica. 


Conforme colocou o comentarista, na liturgia mencionada pelo apóstolo Paulo aos Coríntios, a adoração aparece em primeiro lugar. O apóstolo usou a palavra grega psalmon, que é uma referência aos Salmos hebraicos, que era o hinário oficial do povo de Israel, e também era usado pelos primeiros cristãos. 


A adoração nos tempos apostólicos, pelo que podemos perceber através das palavras do apóstolo Paulo, era uma adoração com estusiasmo e alegria, nos moldes dos cultos pentecostais. O apóstolo menciona Salmos, hinos e cânticos espirituais, nas Epístolas aos Efésios e aos Colossenses (Ef 5.19; Cl 3.16). Aos Coríntios, ele faz menção aos dons espirituais: Revelação, língua e interpretação (1 Co 14.26).


Neste aspecto, porém, havia diferenças de uma Igreja para outra. A Igreja de Corinto, por exemplo, era mais voltada para os dons espirituais e cheia de problemas de ordem moral. A Igreja de Éfeso era apegada à ortodoxia doutrinária e à apologética, a ponto de desmascarar os falsos apóstolos. A Igreja de Tessalônica, parece que havia perdido o fervor espiritual, a ponto de Paulo pedir para eles não apagar o Espírito e não desprezar as profecias (1 Ts 5.19, 20). 


3. O lugar da adoração no culto pentecostal. Um das principais características dos pentecostais é o culto alegre e barulhento. Temos até um hino antigo que faz menção ao desaparecimento de um povo barulhento, em alusão ao período após o arrebatamento da Igreja, quando as pessoas irão se perguntar: onde está aquele povo barulhento?


Diferente do que acontece nas Igrejas tradicionais, nos cultos das Igrejas pentecostais os crentes glorificam a Deus em voz alta, falam em línguas estranhas e profetizam. Evidentemente, há muitos excessos e desordem em alguns lugares, que contrariam as orientações do apóstolo Paulo aos Coríntios. 


No culto pentecostal deve haver equilíbrio entre a liberdade de cultuar a Deus, sem deixar de lado a ordem e decência recomendados na Bíblia. Muitos pentecostais pensam que não pode haver regras ou limites para a adoração e uso dos dons espirituais. 


Os Coríntios agiam dessa maneira e o apóstolo Paulo os corrigiu em sua primeira Epístola, no capítulo 14. Claro que deve haver liberdade para a profecia, revelações do Espírito, variedade de línguas e operações de maravilhas. Entretanto, deve haver ordem e decência no uso dos dons espirituais. 


O apóstolo Paulo nos dá algumas recomendações importantes sobre isso:

a) As profecias devem ser uma por vez e devem ser julgadas pela Igreja;

b) As mensagens em línguas estranhas devem ser acompanhadas de interpretação. Se não houver quem interprete, a mensagem não deve ser falada;

c) Os portadores de dons espirituais não estão inconscientes e devem se controlar em cultos públicos. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

OLIVEIRA, Timóteo Ramos. Manual de cerimônias. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.1650.

Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1ª Ed. 1995, p.818.

14 março 2024

O PROPÓSITO DO CULTO

(Comentário do 2º tópico da LIÇÃO 11: O CULTO DA IGREJA CRISTÃ) 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do propósito do culto. Veremos que o culto cristão deve sempre glorificar a Deus e não agradar a quem quer que seja. Veremos também que em muitos lugares não se cultua, nem tampouco se glorifica a Deus. Fazem reuniões profanas e irreverentes, tanto na forma quanto na essência. Por último, veremos que, além de glorificar a Deus, o culto cristão deve também edificar a Igreja. 

1. Glorificar a Deus. O propósito do culto cristão, em primeiro lugar, deve ser glorificar a Deus e não agradar às pessoas que dele participam. É comum ouvirmos pessoas falarem que não gostaram do culto. Ora, o culto não é feito para agradar as pessoas ou para exaltar o ego humano. Em tudo o que fazemos nesta vida, o propósito principal deve ser glorificar a Deus. Antes de fazer qualquer coisa em um culto, devemos nos perguntar se aquilo glorifica a Deus. Se a resposta for não, não devemos fazer. Os reformadores reafirmaram esta verdade eterna, em um dos pilares da Reforma Protestante: Soli Deo Glória. Ou seja, tudo o que fizermos neste mundo deve glorificar a Deus. Sendo assim, tudo o que fazemos no culto deve glorificar a Deus e agradá-lo, pois é a Ele que oferecemos o nosso culto. Se isso não acontecer, o culto perdeu a sua essência e finalidade. 

Evidentemente, há culto com objetivos diferentes: culto evangelístico, culto de ações de graças, culto de oração e culto de ensino da Palavra. Mas todo culto cristão deve ser cristocêntrico, ou seja, Cristo deve ser o centro de tudo, e não antropocêntrico, tendo o homem como o centro. As nossas pregações, hinos e orações devem ter sempre o objetivo de glorificar ao Senhor e fazer a Sua Vontade.

Nos cultos evangelísticos, o objetivo é buscar as almas para Cristo. Em cultos de oração, o objetivo é dedicar um tempo maior à oração, onde falamos com o Senhor e O adoramos. Quando realizamos um culto de ações de graças, glorificamos a Deus, por algo que Ele nos concedeu. Nos cultos de ensino, dedicamos um tempo maior ao ensino da Palavra de Deus. Mas em todos estes cultos temos que glorificar a Deus e não agradar aos ouvintes.

2. Quando não se cultua a Deus. Infelizmente, em muitos lugares não se cultua a Deus, mas se fazem reuniões profanas e irreverentes, tanto na forma quanto na essência. Assim como acontece com o batismo e com a Ceia do Senhor, que foram desvirtuados por alguns e perderam completamente as suas finalidades, assim também acontece com os cultos. Aliás, como vimos no tópico anterior, as pessoas nem chamam mais de culto. Nem poderiam, porque o que acontece nestes ambientes não tem nada de culto a Deus.

Muitas reuniões ditas evangélicas mais parecem desfiles de moda ou shows artísticos. O objetivo de muitas pessoas é ostentar as suas roupas, joias, e carros e talentos musicais. A sensualidade está escancarada para atrair os olhares do público para si. Outros se vestem e se comportam de forma totalmente irreverente, como se estivessem em uma casa de shows, ou estádio de futebol. Isso é uma profanação do culto que deve glorificar a Deus, como falamos acima. 

Para justificar as aberrações que se fazem nestes locais, dizem que o importante é se sentirem bem e se emocionarem. Entretanto, do ponto de vista bíblico, não deve ser assim. Deus estabeleceu princípios para a realização de um culto. Se fosse para cada um cultuar a Deus à sua maneira, Nadabe e Abiú, filhos de Aarão, não teriam sido mortos por queimar incenso no tabernáculo, sem autorização (Lv 10.1,2). Da mesma forma, Uzá não teria sido morto por tocar na Arca da Aliança, afinal de contas, ele só estava ‘tentando ajudar’ impedindo que ela caísse (2 Sm 6.6,7). 

3. Edificar a igreja. Quando falamos de edificação, a referência é à construção de um edifício. O apóstolo Paulo usou esta palavra em sentido figurado para se referir à Igreja do Senhor como um edifício, que é edificado pelos ministros do Senhor e portadores de dons espirituais. Em uma construção, o arquiteto faz a planta do edifício, contendo as medidas e o formato do prédio. A fundação e a estrutura do prédio são projetadas pelo engenheiro civil. Depois que é feita a planta, o engenheiro assume a construção e contrata os construtores para executarem a obra. 

Os construtores não podem alterar o projeto, senão a edificação não será aprovada e pode cair. Da mesma forma, os ministros do Evangelho são edificadores e precisam tomar cuidado com o edifício de Deus, que é a Igreja. O projeto é dele. Ele é o arquiteto e o engenheiro da Igreja. O alicerce da Igreja já foi lançado e os construtores não podem lançar outro fundamento. 

Além de glorificar a Deus, o culto cristão deve também edificar a Igreja. Escrevendo aos Coríntios, falando sobre a necessidade de ordem no culto, o apóstolo Paulo disse: “... Faça-se tudo para a edificação”. Tanto em relação ao uso dos dons espirituais, como no exercício dos dons ministeriais, o objetivo é a edificação do corpo de Cristo (1 Co 14.5,12; Ef 4.12). Os dons espirituais e ministeriais são dádivas de Deus à sua Igreja, para a sua edificação espiritual. Não são para elitizar o crente, ou para torná-lo ‘mais espiritual’ e mais importante que os outros. Os dons devem ser utilizados na Igreja com amor, para que todo o Corpo de Cristo seja edificado.

 

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

OLIVEIRA, Timóteo Ramos. Manual de cerimônias. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.16

Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1ª Ed. 1995, p.818.

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

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